[Galícia] Por um 1º de maio revolucionário

As organizações CNT, CGT e a Biblioteca Anarquista La Maldita convocam a uma manifestação em Burgos para esta quarta-feira, 1º de maio, que iniciará a partir das 13:00 horas desde a plaza del Cid. Publicamos em seguida o manifesto conjunto por um 1º de maio revolucionário e combativo.

Por um 1º de maio revolucionário. Por um 1º de maio emancipador e combativo.

Poderíamos começar este texto como tantos outros do 1º de maio denunciando as más condições de vida da classe trabalhadora, os contratos lixo, a maquilagem ao capitalismo dos partidos de esquerda enquanto os abusos da patronal e do empresariado se sucedem.

Falar também dos casos repressivos a sindicalistas como os de “La Suiza” em Xixón, “os 6 de Zaragoza” ou a repressão brutal que exerce o Estado contra todos e todas as que obstaculizem seus planos de negócio.

Poderíamos seguir com as cifras de mortos em acidentes laborais (721), amputados e enfermos, e colocar o aumento com relação ao ano anterior em porcentagens.

Depois denunciar a corrupção do PSOE e do PP; a dos juízes e policiais, a de carcereiros e chefes. Denunciar também os meios de comunicação por mentir-nos uma e outra vez de maneira descarada, para manipular-nos em função dos interesses de seu pagador. E recordar também o perigo da fascistização social, a ameaça do punitivismo, do militarismo, do patriotismo e do belicismo ao qual nos arrasta o pensamento dirigido e dominante, assim como a deriva totalitária e repressiva adotada pelos Estados. Poderíamos falar-te dos perigos da tecnologia digital e da perda de uma parte muito importante da essência do ser humano. De como nos isola gerando um marco perfeito para a alienação capitalista.

Poderíamos denunciar os genocídios que assolam o mundo, as guerras e os interesses da indústria militar; o trato de seres humanos e as mortes nas fronteiras, delegacias e CIES. Neste mundo a morte gera dinheiro. A destruição da vida e do planeta geram dinheiro.

O duplo critério dos Estados, as duas caras do poder, a hipocrisia dos organismos internacionais que sendo parte do problema, tomam decisões que se traduzem em incontáveis perdas de vidas humanas.

E depois, o quê? Tomamos um chopinho e… até o ano que vem? Não!

Há que parar a maquinaria: a solução nós a temos, os e as trabalhadoras. Há que recuperar a greve internacional insurrecional como medida de pressão. Comprometer-nos com a luta por um mundo justo e apostar em defender a vida até suas últimas consequências. É urgente.

Basta de meias medidas. O capitalismo não é reformável. O Estado e suas instituições nunca serão neutras. Até que não acabemos com o capitalismo e o Estado, jamais seremos livres.

Basta de falsas esperanças, de discursos hipócritas, basta de seguidismos, basta de poses e eloquências.

Recuperemos o espirito revolucionário do movimento libertário, a solidariedade, o apoio mútuo, a ação direta, a desobediência, a ruptura, o conflito permanente com a dominação e com seus defensores sejam da cor que for.

Tomemos as ruas uma vez mais, apostemos pela revolução social frente à barbárie capitalista e genocida.

POR UM PRIMEIRO DE MAIO QUE NOS LEVE A UMA GREVE INTERNACIONAL INSURRECIONAL.

CNT, CGT, BIBLIOTECA LA MALDITA

Fonte: https://diariodevurgos.com/dvwps/por-un-1o-de-mayo-revolucionario.php

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Folha no rio
vai para o mar sem volta –
chorão se renova.

Anibal Beça

Rapper Toomaj Salehi condenado à morte no Irã

Um tribunal revolucionário iraniano condenou hoje (24/04) à morte o conhecido ‘rapper’ Toomaj Salehi por sedição, propaganda contra o sistema e incitação a tumultos durante os protestos que se seguiram à morte da jovem curda Mahsa Amini, em 2022.

A condenação foi divulgada por Amir Raesian, advogado de defesa do ‘rapper’, que se encontra detido há mais de ano e meio pelo apoio ao movimento de contestação.

Centenas de pessoas morreram durante os protestos que se seguiram à morte, em 16 de setembro de 2022, da jovem curda iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, três dias depois de detida pela polícia da moralidade por alegadamente não ter respeitado o código de vestuário muito rigoroso imposto às mulheres no Irã.

“O tribunal revolucionário de Isfahan […] condenou Toomaj Salehi à pena de morte por corrupção na Terra”, uma das acusações mais graves no Iran, disse o advogado do cantor, Amir Raesian, citado pelo diário Shargh, acrescentando que vai recorrer da decisão.

O advogado explicou que o tribunal considerou as acusações de sedição, conluio e propaganda contra o sistema e incitação a motins contra Salehi como exemplos de “corrupção na terra” e por isso proferiu a sentença de morte contra o músico.

A acusação de corrupção na Terra abrange uma série de crimes contra a segurança pública e a moralidade islâmica.

Raesian considerou que a sentença “não tem precedentes” e anunciou que recorrerá da decisão.

Salehi foi preso no final de outubro de 2022 e acusado de “corrupção na terra” por apoiar os protestos desencadeados pela morte de Amini.

Em julho de 2023, um outro tribunal revolucionário condenou Salehi a seis anos e três meses de prisão, sentença que foi rejeitada em recurso pelo Supremo Tribunal, que devolveu o caso a um tribunal de primeira instância para o estudar novamente.

Em novembro de 2023, Salehi foi libertado sob fiança, mas acabaria novamente preso apenas onze dias depois.

O ‘rapper’ e dissidente, conhecido pelo seu nome próprio – Toomaj -, já entrou em confronto com as autoridades no passado e foi condenado a seis meses de prisão e multa em janeiro de 2022 por “provocar violência e insurreição”, embora a pena de prisão tenha sido suspensa.

O cantor Shervin Hajipour também foi condenado a três anos e oito meses de prisão por “propaganda contra o sistema e incitação a motins” pela sua canção “Baraye” (Stop), que se tornou o hino dos protestos.

A morte de Amini gerou fortes protestos que durante meses pediram o fim da República Islâmica e só desapareceram após uma repressão que causou 500 mortes e a prisão de pelo menos 22 mil pessoas e na qual foram executados oito manifestantes, um deles em público.

Muitas mulheres deixaram de usar o véu após os protestos como um gesto de desobediência civil e agora as autoridades levaram a chamada Polícia da Moralidade de volta às ruas para reimpor o uso do traje islâmico.

Fonte: agências de notícias

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agência de notícias anarquistas-ana

Na noite escura
um mar de espuma
chama pela lua

Eugénia Tabosa

[Espanha] 1º de maio de 2024: “Os mesmos conflitos, as mesmas reivindicações”

Mais uma vez a mesma música (de merda) está tocando. A letra pode ser um pouco diferente, mas a melodia de fundo do espetáculo da mídia nos lembra que os conflitos do passado ainda estão vivos e bem. Caso algum de nós tenha ficado confuso, a “crise de 2008” derivada da especulação imobiliária nunca desapareceu (o número crescente de famílias despejadas prova isso), o preço da vida continua subindo ano após ano, a Palestina foi ocupada por décadas e sua população exterminada impunemente, e o recorde de temperatura global foi quebrado em 2023 (antes acontecia em 2022 e assim por diante) e estamos caminhando com precisão milimétrica para um colapso ecológico e talvez para a próxima extinção.

Em meio ao turbilhão atual do capitalismo homicida e predatório (nem as pessoas nem a natureza importavam em seus objetivos), há vários fatos que, embora previsíveis, não deixam de nos perturbar. O cinismo e a hipocrisia são a regra geral na classe política. O grande capitalismo “devora” o tecido social e produtivo dos territórios, descentralizando a economia e criando monopólios que especulam com a própria vida. A perturbadora capacidade de tomada de decisões e a influência das elites sobre a geopolítica mundial, quando é de seu interesse colocar a máquina de guerra em movimento porque há dinheiro a ser ganho. A guerra é um grande negócio. E, por último, mas não menos importante, a indiferença que caracteriza as sociedades atuais, nas quais o individualismo e o consumismo torpedeiam a solidariedade e a ação coletiva.

As lutas de hoje são titânicas, aparentemente intratáveis. Dada a situação, o princípio de “agir localmente com uma visão global” é necessário. São as organizações de base, os sindicatos, as organizações de bairro, os ateneus e os grupos culturais que devem enfrentar os conflitos locais de forma horizontal e com fraternidade entre os membros da comunidade. A história nos mostra repetidamente que os sucessos do movimento trabalhista são o resultado da consciência e da ação coletiva. Não há ferramentas mágicas, não. A luta assumirá diferentes formas, mas permanecerá a mesma em sua essência. Daí o slogan “Mesmos conflitos, mesmas reivindicações”.

E estamos fartas de viver em um mundo cada vez mais hostil e irrespirável. Cansadas de sermos menosprezadas por nossa força de trabalho, com jornadas intermináveis, salários ridículos e desequilibrados, estamos aprendendo a contestar, a enfrentar os conflitos, a nos organizar, a não nos deixarmos enganar pela propaganda da mídia. Vejam como nossa sociedade está avançada e como as mulheres, que já são maioria nas pastas ministeriais, estão empoderadas! Mas não nos enganam, não importa quantas mulheres estejam no poder, a estrutura e a sociedade ainda são machistas. As trabalhadoras estão bem cientes disso.

Com os jovens incapazes de se emancipar e com as famílias exauridas pelo aumento do custo de vida, as antigas reivindicações dos trabalhadores de Chicago nunca perderam sua relevância. Não percamos a esperança de que, juntos, podemos construir o mundo que merecemos. E, como os antigos revolucionários disseram com razão, a liberdade não é tanto o fim mas o meio. Vamos praticá-la com virtude.

Pelas trabalhadoras da hotelaria em León, pelas companheiras da Suiza, contra a precariedade nas residenciais e nos serviços sociais, contra os abusos dos patrões e sempre a favor da autogestão no trabalho. A união de todas é a força do sindicato.

Contra o afã de lucro de uma minoria e a arbitrariedade do poder,

solidariedade dos trabalhadores e das trabalhadoras, autogestão e sempre liberdade!

leon.cnt.es

agência de notícias anarquistas-ana

Rosa branca se diverte
Pétalas no vento
Imitam a neve.

Vinícius C. Rodrigues

[Espanha] A entrega dos restos do companheiro Emilio Pedrero Mardones

Sabíamos que não teríamos o microfone para poder participar no ato de exumação de quem militou na CNT e na FAI, Emilio Pedrero, e isso nos parecia bem porque nos disseram que só interviria a ARMH de Valladolid (Associação para a Recuperação da Memória Histórica) e os familiares das vítimas que o desejassem.

Sabíamos que podíamos estar presentes com nossas bandeiras e nossos faixas  para homenagear nosso companheiro torturado e assassinado em agosto de 1938 porque tínhamos o beneplácito da família e o consentimento, de palavra, do presidente da ARMH que levou ao sindicato o convite para estar no ato.

Pensávamos que no ato estaríamos os familiares das vítimas, os familiares ideológicos dos assassinados, os próprios membros da ARMH e os atores e atrizes que voluntariamente puseram o ponto emotivo ao ato.

Mas nos encontramos com uma ministra, um alcaide de Valladolid e um representante da Junta de Castilla y León, rodeados de meios de comunicação, monopolizando todo o protagonismo e ignorando as famílias, pois os jornalistas nem se aproximaram para lhes perguntar.

E, claro, protestamos. Fizemos ouvir nossas queixas que eram também as queixas de muitos familiares. Dissemos à princípio que estávamos de acordo com o silêncio das organizações onde militaram os assassinados porque o protagonismo devia ser das famílias. Mas não entendíamos o protagonismo que foi dado a uns políticos que nada tinham que ver com os mortos; que mantêm as “honrarias” franquistas no escudo da cidade; que não ordenam retirar as placas dos golpistas nas fachadas das igrejas, que seguem consentindo nomes de franquistas nas ruas de muitos povoados de Valladolid; os que diziam “para a memória zero euros”; os da nova lei de concórdia, esses que querem “evitar um uso partidário da história”; os que, definitivamente descendem, ao menos ideologicamente, dos assassinos golpistas.

Protestamos, quando o evento ainda não havia começado, porque nos parecia um escárnio o que estavam fazendo com os familiares de nossos assassinados. A raiva foi crescendo ao ver o protagonismo que estavam dando ao alcaide de Valladolid com quem temos solicitada uma reunião desde janeiro deste ano, para recuperar o espaço de memória libertária que tínhamos no cemitério e desapareceu quando se preparava o terreno no início das primeiras escavações da ARMH nas fossas do cemitério.

Os políticos, do PSOE e do PP, que nunca fizeram nada, ou quase nada, pela memória histórica estavam presentes no evento. A quê vinham? Para sair na foto, para rir de todas nós? O quê faziam ali?

Nos indignamos quando, uma vez começada a cerimônia o presidente da ARMH estragou nosso protesto por denunciar que se dava mais protagonismo aos políticos que às famílias; quando se fez um elogio dirigido à Junta de Castilla y León levando-lhes a cara em políticas de memória e implorando-lhes que “revisem a futura lei de concórdia”.

Todos sabemos quais foram essas políticas memorialistas: Foram os últimos do Estado em fazer uma lei (onze anos depois de entrar em vigor a lei socialista de Zapatero). Fizeram um decreto que nem sequer tem valor de lei, sem nenhum tipo de consenso, ainda que podiam ter buscado com as diferentes associações, partidos e sindicatos, mas tinham a maioria absoluta, para que tentar o consenso. Algumas das exumações tentaram boicotar, como a do povoado de Villadangos del Páramo, onde o alcaide do PP pôs todos os obstáculos. As subvenções aportadas para as exumações, provenientes da administração central, são controladas e distribuídas entre as associações “oficiais” pela própria Junta que na realidade não põe nem um euro.

Tudo isto é o que tanto aplaudem e parece bem ao presidente e membros da ARMH de Valladolid? Esta é, segundo disse textualmente o presidente da ARMH de Valladolid, a “atuação digna” da administração autônoma desde 2002?

Nos indignamos quando se fez referência à solidão da ARMH e a pouca ou nenhuma colaboração de outras associações e organizações sindicais obviando que nossa organização, a CNT, pequena e sem subvenções, mantem uma pessoa voluntária do sindicato colaborando nas escavações desde a uns anos.

Nos incomodou o tratamento para as três famílias que foram recolher os restos de seus parentes assassinados. Tiveram que deslocar-se desde suas localidades por seus próprios meios, em seus veículos particulares e nem sequer se teve a deferência de convidá-las ao menos ao almoço.

A ministra, o alcaide e a representante da Junta tinham um espaço reservado para estacionar os carros oficiais que os levaram. Não sabemos se, também, foram comer todos juntos com o presidente da ARMH de Valladolid.

Nossa presença no encontro foi digna, não interrompemos a celebração, tão só protestamos pelo protagonismo que estavam dando a quem não devia estar ali presente. Só demos, no transcurso do ato, uns Vivas! à anarquia, ao comunismo libertário e ao companheiro Emilio quando a família recolhia seus restos.

Ficamos com a satisfação de nosso posicionamento, nossa rebeldia e o carinho para conosco da família de Emilio. O sobrinho neto, Saturnino, não quis nos devolver a bandeira vermelho e negra com a qual cobrimos os restos do companheiro pois seu desejo era enterrá-lo com ela na fossa familiar de León. Claro, nós a presenteamos com todo nosso afeto.

A Emilio, o médico do povoado, a CNT e sua família, lhe farão brevemente uma homenagem confederal na cidade de León onde esperamos que vão companheiras libertárias de todas as tendências.

VIVA A CNT!

SAÚDE E ANARQUIA

Fonte: https://www.cnt.es/noticias/la-entrega-de-los-restos-del-companero-emilio-pedrero-mardones/

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

sapo cururu
na beirada do ribeiro
coaxa bem baixinho

Silva

[Portugal] 50 anos do 25 de Abril de 1974: uma visão anarquista

Todas as datas redondas conduzem-nos a um balanço entre as expectativas criadas e os resultados concretos. O 25 de abril de 1974 é um destes casos, objeto de balanços e análises sempre que passa mais um aniversário.

Do ponto de vista anarquista, o golpe militar de 25 de abril – transformado em revolução até ao 28 de setembro e, depois, em processo revolucionário cada vez mais condicionado pelos aparelhos políticos até ao golpe de direita de 25 de novembro de 1975 – resolveu duas questões importantes existentes na sociedade portuguesa: o fim da guerra colonial, devido à pressão dos militares que, nas colónias, pararam a guerra não querendo continuar a ser carne para canhão e dos jovens que se recusaram a embarcar, tornando impossível a continuidade da guerra de agressão contra os povos africanos da Guiné, Angola e Moçambique; e a liberdade de associação e de expressão que tomou conta das ruas e que levou às mais variadas formas de auto-organização das populações, com o fim da PIDE e da censura à imprensa.

Durante estes 50 anos, no entanto, muito ficou por fazer numa sociedade que continua dividida entre os que tudo têm e aqueles a quem tudo falta e onde os níveis de exploração de quem trabalha continuam em patamares muito elevados. Apesar das reformas de velhice, do SNS, do surgimento de diversos sistemas de apoio, o fosso entre ricos e pobres ainda é avassalador; a corrupção está entranhada nos principais sectores económicos, políticos e financeiros do país; as novas migrações e a destruição do meio ambiente, em plena época de alterações climáticas profundas, levantam questões novas e urgentes; a participação direta das populações na resolução dos seus problemas é cada vez mais substituída pela intermediação política e partidária profissionalizada, com pouco ou nenhum contato com a  realidade e servindo interesses particulares.

O sector cooperativo e de apoio-mútuo tem vindo a definhar com o aparecimento de grandes conglomerados económicos, visando apenas o lucro e utilizando práticas sistemáticas de destruição da concorrência, ao mesmo tempo quevastas áreas do território são deixadas ao abandono, com uma agricultura predadora, que conduz à desertificação humana e física do interior e a uma sobrelotação (e muitas vezes, em paralelo, também a uma gentrificação) do litoral, em que a atividade turística massificada destrói as relações de proximidade e vizinhança e o equilíbrio com a natureza.

Num mundo em que novas guerras surgem e antigas guerras ressurgem, o militarismo e o apelo a que se gaste mais com as forças armadas e militarizadas, quando se volta a falar do regresso do serviço militar obrigatório, são sinais de retrocesso no caminho da construção de um mundo mais solidário e mais empenhado na paz, em que as fronteiras não dividam, mas unam os povos. Do mesmo modo, a repressão policial sobre os mais indefesos, nomeadamente as minorias que vivem nos bairros periféricos das grandes cidades, o racismo e a intolerância para com a diferença são marcas deste tempo que se queria global e em que cada vez aparecem mais os sinais de múltiplos identitarismos, que atomizam e isolam em vez de unir.

Também a alienação, alimentada pelas redes sociais e por uma comunicação social ao serviço dos grandes interesses económicos e partidários, tem crescido, fazendo com que os valores do fascismo e da extrema-direita, consubstanciados no “Deus, Pátria, Família” de antanho, estejam a ressurgir, com o florescimento de inúmeras religiões e seitas que, a coberto da liberdade religiosa, se instalam por todo o lado, da grande cidade à mais pequena aldeia.

Para quem, como os anarquistas, sofreram as prisões do fascismo e o combateram durante dezenas de anos, o fim da PIDE e da censura, a possibilidade de auto-organização e de livre expressão são bens relevantes em si mesmos, mas não suficientes, quando em aberto está ainda a propriedade privada dos grandes meios de produção; a ausência de órgãos de democracia direta nos setores relevantes da organização social ou as inúmeras desigualdades (económicas, de género, sociais ou mesmo culturais) que ainda grassam na sociedade portuguesa.

É contra isto que continuamos o combate. Por um mundo solidário, de bem estar económico e de igualdade efetiva, sem exploração nem opressão. É um longo caminho. Mas cá continuaremos. Por mais 50. Ou 100 anos. Porque “o caminho faz-se caminhando”.

Coletivo Portal Anarquista

Abril de 2024

colectivolibertarioevora.wordpress.com

agência de notícias anarquistas-ana

Todos dormem.
Eu nado na noite que
entra pela janela.

Robert Melançon

[Espanha] 1º de maio. Recupera tua vida

Pela redução da jornada laboral sem perda de salário

Na CGT temos claro que a redução da jornada laboral já está presente no debate público. Trata-se de uma disputa pela riqueza e os recursos, um conflito entre a classe trabalhadora e o capital. Principalmente falamos de uma batalha pelo tempo dedicado ao trabalho que implica também a distribuição da riqueza que geramos. Por isso, para este 1º de maio, queremos que o debate sobre a redução da jornada esteja mais presente que nunca nas ruas, mas antes vamos nos fazer uma série de perguntas:

Quantos dias chegas à casa arrebentada depois do trabalho?

Quantas vezes te encontras com que ao final do dia, depois de ter feito a compra, preparado a comida, limpado e organizado as tarefas de cuidados não tens quase nem tempo para descansar?

Com que frequência sentes que não tens tempo para ver tuas filhas e filhos, para cuidar de teus familiares ou para ter tempo livre?

Quanta vida passamos no trabalho obrigados a entregar o melhor de nossa saúde e de nosso tempo em troca de um salário que dá apenas para poder viver e pagar o aluguel, enquanto os empresários se enriquecem as nossas custas?

Faz mais de 100 anos o movimento obreiro libertário conseguiu conquistar a jornada laboral de oito horas e, atualmente, comprovamos que os avanços em produtividade e tecnologia serviram exclusivamente para aumentar a riqueza de modo exponencial das grandes empresas e capitalistas. Enquanto isso, seguimos tendo a mesma jornada laboral. Isto tem que mudar! Assim como lutamos por salários dignos e melhores condições laborais,  é o momento de batalhar para reduzir a jornada laboral de uma maneira contundente e sem redução de salário.

Desde a CGT somos conscientes de que o desenvolvimento desta reivindicação não será simples. Cada setor, empresa ou centro de trabalho apresenta realidades complexas e dispares e conquistar uma redução da jornada laboral implica percorrer um caminho até chegar a uma redução de jornada muito mais ampla e contundente que a proposta pelo Governo, uma redução de jornada que nos faça recuperar nossas vidas.

Em que beneficiará a redução de jornada aos e as trabalhadoras?

  • Mais tempo livre: para ter tempo para dedicar ao que realmente queremos e que nos realiza como pessoas, para poder pôr a vida no centro.
  • Melhor distribuição do tempo nas tarefas de cuidados no lar: para avançar para uma divisão mais equitativa entre homens e mulheres valorizando esses trabalhos de cuidados tão necessários para a manutenção da vida.

Fonte: Secretariado Permanente do Comitê Confederal da CGT

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Muitos ventos sopram.
Dentro e fora de mim uivam
lobos que não sou.

Urhacy Faustino

Líder mapuche Héctor Llaitul condenado no Chile

De origem mapuche, Llaitul é uma figura indígena bem conhecida no Chile e se tornou notável por exigir a devolução de terras ancestrais aos povos nativos do país.

Na segunda-feira (22/04), um tribunal chileno considerou o conhecido líder mapuche Héctor Llaitul culpado de um delito, segundo o tribunal, de agressão à autoridade e atos violentos cometidos em duas regiões do sul do país.

No entanto, o tribunal só anunciará a sentença no início de maio, depois de decidir que Llaitul, que lidera a organização indígena Coordinadora Arauco Malleco (CAM), seria culpado de outros delitos, incluindo invasão violenta e roubo, de acordo com a lei de segurança do Estado que data da época da ditadura militar de Pinochet.

Ao ler o veredicto, a juíza Rocío Pinilla observou que o tribunal considerou que havia “provas abundantes de que o acusado aparece cometendo atos perturbadores” em vídeos e imagens que foram adicionados ao processo judicial.

De acordo com o tribunal, “foi demonstrado que o telefone (de Llaitul) tinha conversas e imagens que credenciavam sua participação nesses ataques de 2020”.

“O veredicto de condenação pelos crimes de incitação e apologia à violência, nos termos da Lei de Segurança do Estado, como delito reincidente”, disse o tribunal.

Durante vários anos, o Estado chileno culpou a CAM, sob a liderança de Llaitul, por supostos incêndios criminosos e ataques armados a máquinas florestais, caminhões e edifícios pertencentes a empresas florestais localizadas em territórios expropriados do povo mapuche.

De origem mapuche, Llaitul é uma figura indígena bem conhecida no Chile e se tornou notório por exigir a devolução de terras ancestrais aos povos originais do país.

O líder indígena foi preso em agosto de 2022 e, desde então, está sob custódia no Complexo Penitenciário de Biobío, a cerca de 500 quilômetros da capital chilena.

Os promotores chilenos estão buscando uma sentença de 25 anos de prisão por crimes cometidos entre 2020 e 2022, enquanto Llaitul chamou o julgamento contra ele de “perseguição política” motivada por um “choque cultural”.

“Aqui houve um choque cultural que levou a um julgamento criminal”, que “tem a ver com essa impossibilidade de entender o que é a causa mapuche”, disse ele em sua última declaração aos tribunais antes do anúncio da sentença.

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agência de notícias anarquistas-ana

sementes de algodão
agora são de vento
as minhas mãos

Nenpuku Sato

Barbárie no Sudão: um pedido desesperado de ajuda dos anarquistas do Sudão!

Na última edição da revista francesa Anarchosyndicalisme, a CNT-AIT fez eco ao apelo à solidariedade dos anarquistas do Sudão.

Desde 15 de Abril de 2023, que eclodiu uma terrível guerra entre duas facções militares – as Forças de Apoio Rápido (ou milícias Janjaweed) contra o Exército oficial – os civis têm vivido num clima de “puro terror” devido a um “conflito implacável” e sem sentido”, denunciada pela ONU à indiferença geral. Pelo menos 15 mil pessoas morreram e mais de 26 mil ficaram feridas, mas estes números estão certamente subestimados. Existem 11 milhões de pessoas deslocadas internamente, 1,8 milhões de exilados, 18 milhões de pessoas correm risco agudo de fome. 8 milhões de trabalhadores perderam o emprego e os rendimentos. 70% das áreas já não têm água nem eletricidade, 75% dos hospitais estão destruídos, 19 milhões de estudantes interromperam os estudos, 600 estabelecimentos industriais foram destruídos e saqueados, bem como 110 bancos, 65% da agricultura foi destruída, 80% dos insumos (fertilizantes, agrotóxicos, máquinas agrícolas e colheitadeiras) da área irrigada de Geziera – a maior do mundo – foram saqueados e destruídos…

O silêncio dos meios de comunicação e dos militantes em torno do Sudão permite que os soldados de ambos os campos cometam um verdadeiro genocídio com total impunidade. O conflito entre os dois clãs tem muitos componentes: étnicos, com o seu cortejo de genocídios recíprocos (segundo a ONU); “imperialista”, porque cada um dos dois grupos que se confrontam é apoiado por diferentes potências estrangeiras que cobiçam o Sudão pelos seus recursos naturais e pela sua localização estratégica. Mas acima de tudo é uma guerra “contrarrevolucionária”. Ao colocar fogo e sangue no país, destruiu as esperanças da revolução civil e democrática. E empurrou muitos ativistas envolvidos na revolução para as estradas do exílio. Ao desestabilizar completamente o país, esta guerra permite que os executivos do antigo regime permaneçam no cargo sem serem julgados pelos crimes que cometeram durante décadas (durante a ditadura militar e depois o golpe de Estado). (Fonte: SudfaMedia, mídia participativa franco-sudanesa https://sudfa-media.com)

Os Comités Revolucionários, nos quais participam os nossos companheiros anarquistas, estão a tentar manter a sua atividade, mas isso está a tornar-se cada vez mais difícil, com a escalada da violência das duas facções militares.

Na sequência do apelo à solidariedade, recebemos mais de 1.200 euros (incluindo 200 euros dos companheiros do Fórum Anarquista de Língua Curda, KAF) que puderam ser transmitidos aos companheiros sudaneses. Esta solidariedade permitiu-lhes organizar distribuições humanitárias de cobertores, produtos de higiene (proteção periódica, sabonete, pasta de dentes) e leite infantil. Foi organizada uma área de recepção para crianças, com materiais de desenho e também aulas de ensino fundamental, permitindo que as crianças escapassem um pouco da loucura da guerra.

Mas hoje a situação está realmente se tornando impossível. A violência dos grupos militares é desencadeada. As milícias Janjaweed comportam-se como bárbaros em relação aos civis. Eles assassinaram a nossa parceira Sarah depois de a violarem. Por seu lado, os soldados prenderam e torturaram os revolucionários, acusando-os de serem aliados dos Janjaweed. Os nossos companheiros necessitam urgentemente de se abrigar nos países vizinhos. Transmitimos o seu apelo desesperado ao movimento anarquista internacional.

Se desejar contribuir para a solidariedade, pode enviar os seus cheques nominais à CNT AIT para; CNT-AIT 7 rue St Rémésy 31000 Toulouse, ou na plataforma PayPal: https://www.paypal.com/paypalme/cntait1

تدعوكم مجموعة اناركين سودان للتضامن معها لكي تستطيع مواصلة نشا طها التحرر

|| O grupo de anarquistas sudaneses convida-o a mostrar solidariedade para que possa continuar a sua atividade de libertação ||

Saudações dos camaradas revolucionários do Sudão a todos os anarquistas do mundo

Depois do regime ter tentado destruir e desmantelar a gloriosa Revolução de Dezembro, a eclosão da Guerra de 15 de Abril, que provocou a deslocação de 15 milhões de sudaneses, o sofrimento de toda a população, o início da fome e a deterioração da situação humanitária. E agora as brigadas islâmicas lançaram campanhas contra os revolucionários e fizeram inúmeras detenções e renúncias.

O grupo de anarquistas sudaneses convida-vos a mostrar-vos solidários para que possam continuar a sua grande atividade de libertação e retomá-la, inclusive a partir do estrangeiro.

Esperamos a sua contribuição para abrigar certos camaradas ameaçados de prisão arbitrária fora do país.

Abaixo o regime militar fascista, abaixo as brigadas Janjaweed

Não à prisão de revolucionários, Não à tortura de revolucionários

Viva a Revolução Livre de Dezembro!

Reunião de anarquistas sudaneses

O QUE FAZER EM SOLIDARIEDADE COM O POVO SUDANÊS?

Você pode fazer muito, individualmente ou com poucas pessoas. O importante é falar do Sudão para que o maior número possível de pessoas seja informada sobre o que lá acontece!

1) Mantenha-se informado sobre a situação no Sudão através do site da mídia participativa franco-sudanesa SudfaMedia, https://sudfa-media.com)

2) Envie mensagens de solidariedade para contact@cnt-ait.info que repassaremos aos nossos colegas anarquistas no Sudão

3) Falem nas redes sociais, com as suas famílias, com os seus amigos, com os seus colegas de trabalho, sobre o Sudão, a sua revolução e a abominação do exército e das forças rápidas e dos islamistas

4) Organizar distribuições de folhetos, mesas de imprensa, recolhas solidárias, eventos de solidariedade com o povo sudanês, contra os massacres.

#العسكر_للثكنات_والجنجويد_يتحل

Os soldados nos quartéis e as milícias (janjawid) devem dissolver-se

#لاتفاوض_لاشراكة_لامساومة

Sem negociação, sem parceria, sem barganha

#ضد_الحرب

Contra a guerra

#السلطة_سلطة_شعب

O poder é o poder do povo

#السلام والحرية والتضامن

Paz, liberdade e solidariedade

Não abandonemos os anarquistas do Sudão! A solidariedade e a ajuda mútua nos fortalecem!

Encontro de anarquistas do Sudão e CNT-AIT França

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agência de notícias anarquistas-ana

A pedra
nada pergunta ao rio
sobre água e tempo.

Yeda Prates Bernis

[Itália] Última operação repressiva contra anarquistas

A DIGOS (polícia política) e a promotoria pública de Turim impuseram medidas de controle a 19 companheiros e companheiras no âmbito da operação “Cidade” em relação aos incidentes ocorridos em uma manifestação de apoio ao prisioneiro anarquista Alfredo Cospito realizada em 4 de março de 2023 em Turim (3 prisões domiciliares, 7 pessoas sob toque de recolher e obrigadas a se apresentar diariamente e 8 outras obrigadas a se apresentar diariamente). Nessa operação, 75 pessoas de toda a Itália foram acusadas. A polícia está acusando-as de desordem pública e ataques contra a autoridade.

Essa operação é mais uma das operações lançadas nos últimos meses por promotores e policiais em toda a Itália para paralisar o movimento de solidariedade anarquista. Centenas de anarquistas foram submetidos a medidas rigorosas de controle e restrição de movimento: prisão domiciliar, toque de recolher, proibição de sair de sua cidade ou região, retirada de passaporte, obrigação de assinar na delegacia de polícia, liberdade condicional… Sem mencionar o custo econômico de preparar a defesa jurídica e os custos pessoais dessas medidas: impossibilidade de desenvolver a vida e relações diárias normais, estresse, perda de emprego, etc.

Agora, mais do que nunca, vamos fortalecer a solidariedade e a cumplicidade internacionais!

Estejamos lado a lado com aqueles e aquelas que lutam!

A n a r q u i s t a s

22 de abril de 2024.

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agência de notícias anarquistas-ana

Apenas um pássaro
Companheiro do caminho
Pelo campo seco.

Senna

[Reino Unido] Lançamento: A “boa guerra” dos anarquistas imigrantes italianos nos Estados Unidos 1914-1920

Nos Estados Unidos, entre 1914 e 1920, foi desencadeada a maior ofensiva revolucionária armada do século XX contra as instituições governamentais, judiciais, industriais e financeiras do país capitalista mais importante do planeta. Essas ações diretas não foram obra das facções militantes de um partido político ou de um movimento de massa mais ou menos radical, mas de um punhado de anarquistas que haviam emigrado da Itália no início do século. Foi desse contexto que surgiram Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, tristemente famosos por sua execução na cadeira elétrica em 1927.

O mau exemplo para a posteridade é por que as ações diretas desses imigrantes subversivos caíram nas mãos daqueles que têm todo interesse em pacificá-las, escondê-las e difamá-las. Mas contra todo realismo político, esses anarquistas, apesar de seu número limitado, atacaram toda autoridade. Contra todas as probabilidades, eles se recusaram a se resignar aos seus recursos limitados e lutaram obstinadamente para superá-los. Contra todo idealismo ilusório, eles não hesitaram em recorrer à violência. Contra todas as concessões estratégicas, eles nunca desistiram de seus sonhos. Contra todos os clichês, nunca colocaram a liberdade individual contra a necessidade de associação. Aqui foi forjada uma ética genuína de vida a partir do amor pela liberdade e do ódio ao poder, desafiando qualquer ideologia política. Foi aqui que a faísca foi acesa entre sonhos e realidade, amor e revolta, beijos e dinamite, rosas e barricadas, que caracterizaram a “boa guerra” desses anarquistas italianos.

Uma história que não conhece autoridade nem obediência.

Edições Roofdruk/Compass, janeiro de 2024, 336 páginas // 12 euros

O livro está disponível em: rupture.noblogs.org

Tradução > fernanda k.

agência de notícias anarquistas-ana

No bosque encantado
Um filhote de coruja
Passeia tranquilo.

Camille Cristina Ostoulk

[França] Jogos Olímpicos: a conta dispara

Faltando apenas alguns meses para o início dos Jogos Olímpicos, a conta está se aproximando dos 9 bilhões de euros e provavelmente ultrapassará os 10 bilhões de euros. Inicialmente, o orçamento era de 3,8 bilhões de euros. Portanto, o orçamento projetado mais do que dobrou. E dentro desse orçamento colossal, pelo menos 5 bilhões de euros de dinheiro público.

Entre os exemplos de gastos faraônicos, uma piscina superfaturada em Saint-Denis, planejada para as Olimpíadas, ficará inutilizada. Originalmente estimada em 68 milhões de euros, a piscina construída pela multinacional Bouygues teve seu preço aumentado massivamente: 174 milhões. Um aumento de 300%, e quem paga é o Estado. Exceto pelo fato de que ela foi considerada pequena demais para a federação de natação. Portanto, os eventos de natação em reta não serão realizados lá, mas em um estádio de rúgbi convertido em uma piscina.

O custo de 10 bilhões de euros das Olimpíadas é exatamente o que a reforma previdenciária deveria “economizar”. Em outras palavras, apenas as duas semanas dos Jogos Olímpicos representam o roubo de anos de vida de dezenas de milhões de funcionários!

E ao mesmo tempo, o governo suprime também bilhões para os serviços públicos essenciais. Em fevereiro, o Ministro da Economia anunciou o corte de 10 bilhões de euros do orçamento. Exatamente 8 mil postos de trabalho a menos no ensino, 7,5 mil na pesquisa, 2 bilhões de euros cortados do ministério da ecologia, 400 postos de trabalho suprimidos da diplomacia e centenas de milhões de euros a menos para os Ministérios da Saúde e da Solidariedade…

Se ao menos os Jogos Olímpicos beneficiassem a população. Mas não: os ingressos são inacessíveis para a grande maioria das pessoas, será apenas um festival de policiamento totalitário. Pior ainda, essa prodigalidade de gastos provavelmente resultará em um fiasco monumental, dado o despreparo, o mau gosto e a incompetência dos gestores da Nação start-up que estão a preparar as Olimpíadas. Os Mozarts das finanças definitivamente gastam o dinheiro público com sabedoria…

Fonte: https://contre-attaque.net/2024/04/15/jeux-olympiques-la-facture-senvole/

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agência de notícias anarquistas-ana

Luz crepuscular
Um último arco-íris
Na ponta do pinheiro

Teruko Oda

[Itália] Contra o G7 energia e meio ambiente. ENI: sangue, petróleo, guerra.

Neste ano o G7, a rede que une os setes países mais industrializados, é presidida pelo governo italiano. A cimeira final, da qual participarão os chefes de Estado, ocorrerá em Bari em junho. De 28 a 30 de abril, o vértice dedicado à energia e ao meio ambiente se realizará no palácio da Reggia di Venaria.

A escolha de juntar estas duas temáticas, fazendo convergir para Venaria os ministros e os seus sherpas [no G-20, G-7, etc, os sherpas são os líderes de cada país que encaminham as discussões e acordos até a cúpula final com chefes de Estado e de Governo], é por si só um indicativo da vontade de considerar a tutela do meio ambiente como uma variável dependente das orientações das matérias de energia, numa clara relação de hierarquia. Se pensarmos que a última COP, dedicada à catástrofe climática em curso, ocorreu no Catar, um país que boia em um mar de gás e petróleo, e a próxima será de 11 a 22 de novembro no Azerbaijão, que deve a própria sorte ao fato de ser um hub energético baseado principalmente nas fontes fósseis, compreende-se bem que a lógica do lucro prevalece sobre qualquer outro, sempre ambíguo, projeto de transição ecológica.

A transição ecológica deve ser um bom negócio: enquanto não o for, as fontes fósseis continuarão a ser a escolha privilegiada pelos governos e pelas multinacionais energéticas. A campanha de Plenitude é martelante. Spots, outdoors, banners, eventos, inserções publicitárias, mostram cenários de “descarbonização”, “economia circular”, “sustentabilidade”. Em 2019, o administrador, delegado Claudio Descalzi, falou de uma “chamada coletiva à ação”, de assumir “grandes responsabilidades” frente à “necessidade de intervir ativamente para contrastar as mudanças climáticas”.

Conversa furada e fumaça nos olhos.

Neste ano, ENI disse claro e em bom tom que as renováveis custam muito e rendem pouco, portanto, a Entidade Nacional Hidrocarbonetos continuará a investir em modo maciço em gás e petróleo. De 2019 até hoje, graças a uma série de compras, ENI tornou-se “a segunda maior companhia E&P – exploração e produção – na Noruega, com reservas e recursos totais da ordem de cerca 1,9 bilhão de barris de petróleo”. Nas águas profundas da bacia de “Kutel”, na Indonésia, ENI assumiu a concessão do bloco de exploração de West Ganal, com 1,7 bilhão de metros cúbicos de gás da jazida “descoberta” em Maha.

A exploração das jazidas de gás egípcio alcançou níveis recorde. Estes são alguns exemplos. Em 15 de março deste ano apresentou o seu Capital markets update 2024-2027 com o qual o cão com seis patas [símbolo da ENI] traça o seu plano de desenvolvimento industrial para os próximos anos. O elemento central permanece, a exploração e produção de combustíveis fósseis: a ENI ao invés de desacelerar, acelera. “A produção Upstream tem previsão de crescimento a uma taxa média anual de 3-4% até 2027”. Esta escolha, em evidente contraste com aquilo que foi declarado em 2021, levará a um aumento significativo das emissões climaticidas.

Segundo Greepeace Italia, ReCommon e Reclaim Finance, que realizaram uma análise da estratégia climática do Cão com seis patas, até 2027 “ENI prevê aumentar a produção de petróleo e gás e mantê-la constante até 2030. Fazendo assim, a sua produção será 71% superior ao cenário de emissões brutas zero”. Permanecem marginais as atividades com energia limpa: “Para cada euro investido pela ENI em combustíveis fósseis, menos de sete centavos foram investidos em energias renováveis sustentáveis”.

Outra constante é a estreita interconexão entre as numerosas missões militares italianas na África (mas não somente) e os interesses da ENI.

Missões militares no exterior entre gás, petróleo e urânio

A diplomacia em armas do governo para garantir os lucros da multinacional petrolífera vão da Líbia ao Sahel ao Golfo da Guiné. Estas áreas têm uma importância estratégica para os interesses da ENI, porque é onde se encontram os maiores produtores africanos de gás e petróleo. O objetivo é a proteção das plataformas offshore e das implantações de extração.

A ENI representa hoje a ponta de diamante do colonialismo italiano na África.

A bandeira do cão com seis patas da ENI tremula ao lado daquela tricolor nos lugares onde a desertificação e a predação dos recursos maceram as vidas de tantos lugares de quem lá vive.

À guerra neocolonial pelo controle dos recursos energéticos acompanha a ofensiva contra as pessoas em viagem, para caçar os migrantes nas barcaças líbias, onde torturas, estupros e homicídios são fatos normais. As migrações em direção aos países ricos são fruto da feroz política predatória neocolonial.

Niger. A nova fronteira do colonialismo made in Italy

Setenta milhões de euros. É a cifra estipulada em julho de 2022 pela União Europeia para suportar o exército do Niger. Dinheiro que Bruxelas tem dificuldade para gerir desde que, em fim de julho de 2023, em Niamey, os militares guiados pelo general Abdourahamane Tchiani depuseram o presidente Mohamed Bazoum.

Alguns dos estados-membros da União, de maior peso, tem posições divergentes sobre o argumento. França e Alemanha, por exemplo, forçam para retirar os fundos e destiná-los a outros estados da África ocidental. A Itália, ao contrário, defende a manutenção de um diálogo com Niamey para encontrar um compromisso com a junta militar no poder, o autoproclamado Conselho nacional para a salvaguarda da pátria.

Os 70 milhões de euros ordenados pela UE para equipar as forças armadas nigerinas são de fato geridos pela União das Agências das Indústrias de Defesa (AID), entidade controlada pelo Ministério da Defesa italiano. Uma boa poupança para manter a própria presença militar no Niger, depois da retirada dos franceses e, mais recentemente, dos estadunidenses, que foram intimados a abandonarem a base por drones de Agadez. No ínterim, no país subsaariano, para além do tom de revanche anticolonial adotado pelos novos senhores de Niamey, apareceram e se inseriram novos atores, a China e, desde 11 de abril, os russos do Africa Corps (ex Wagner), que mesmo não sendo tropas regulares, seriam dependentes do Estado, não mercenários privados.

A Itália mantém boas relações com os golpistas no governo e entende que possa permanecer no país, onde há dois anos têm uma base própria. O governo Meloni declarou que os militares italianos retomarão o adestramento das tropas nigerinas.

O contingente militar tricolor é uma peça fundamental na externalização da guerra aos migrantes e, não secundariamente, para o controle dos recursos de urânio do país. O urânio está na base do combustível para as centrais nucleares e para as bombas atômicas.

Na Itália a propaganda a favor da energia nuclear, agora levada pela Cop como fonte equiparável às renováveis, é sempre mais martelante.

Entre urânio, migrantes e redefinições dos equilíbrios e das áreas de influência o imperialismo italiano procurar cavar seu próprio espaço.

O gás azeri, a questão armênia, as armas de Leonardo [indústria bélica italiana].

A república de Artsakh, um enclave em território azeri, constituída entre 1992 e 1994, não existe mais: em setembro de 2023, depois de uma no de assédio, foi ocupada pelas tropas azeris com uma operação de limpeza étnica que levou à expulsão de mais de 100 mil armênios. Poucos meses antes, Leonardo com o beneplácito do ministro da Defesa Crosetto havia fornecido aviões e mísseis que foram empregados na guerra em Artsakh por militares treinados em nosso país.

A abertura em direção ao regime de Baku da parte de toda a União Europeia tem uma razão precisa: o gás azeri, que tem substituído boa parte daquele russo no fornecimento para a Europa.

Em 2023 as importações de gás russo na Europa caíram: de 42%, em 2021, para 14%.

Por esta razão ninguém moveu um dedo pela população armênia obrigada a fugir e é provável que se o Azerbaijão devesse atacar e anexar o sul da Armênia, como promete faz tempo, o cenário não se modificaria. E para quem tem justamente denunciado a ditadura de Putin e os seus métodos sujos e brutais, precisaria recordar que Ilham Aliyev comporta-se com uma elegância similar ao seu homólogo de Moscou.

A conexão entre escolhas energéticas, interesses da ENI e guerra com armas made in Italy, são absolutamente transparentes.

De 28 a 30 de abril na Reggia de Venaria, 7 dos principais responsáveis pelas guerras, poluição, exploração, catástrofe climática, se sentarão em uma mesa para colocar em cena um espetáculo que misturará declarações pomposas sobre o planeta, com a falação sobre o desenvolvimento e o bem-estar, que, ainda uma vez estarão ligadas ao aumento infinito da produção.

Opormo-nos à guerra, à lógica do lucro, é uma das chaves para desacelerar a catástrofe ambiental em curso.

Pará-los é possível. Pará-los é necessário.

Desde nossa casa.

Lutemos contra o neocolonialismo tricolor, boicotando a ENI e as fábricas de armas, impeçamos o retorno da energia nuclear, bloqueamos as missões militares no exterior.

Domingo 28 de abril

14 horas

Parque Galileo Galilei em Venaria (TO)

seção antimilitarista

contra o G7 energia e meio ambiente

contra o ENI, a lógica extrativista, as missões militares neocoloniais da Itália

Assembleia Antimilitarista de Turim 

Fonte: https://www.anarresinfo.org/no-al-g7-energia-ed-ambiente-eni-sangue-petrolio-guerra/

Tradução > Carlo Romani

agência de notícias anarquistas-ana

No Templo Horyuji
O perfume das orquídeas
Parece moderno.

Kyoshi

[Chile] Contra a miséria neoliberal | Necessária é a juventude combativa

A juventude combativa não surge por acaso, mas é a resposta direta a um sistema capitalista que gera várias misérias e cujas consequências terríveis são tangíveis.

É contra a pobreza e em um contexto de ditadura que Erick Rodriguez e Ivan Palacios (moradores de Poblacion Simon Bolivar) começaram sua luta, pois, como tantos outros, perceberam que a única saída ante a precariedade é a luta e a organização e que a única resposta à repressão exercida pela ordem burguesa para sustentar seus privilégios é a violência revolucionária e a autodefesa popular com todas as suas formas e métodos conhecidos.

Erick e Ivan nessa luta sofrem com os ataques da inteligência do Estado que através da infiltração suja acaba com seus corpos de forma covarde, mas o que temos que destacar aqui são lições e acima de tudo a reivindicação desses jovens que viveram uma vida curta, mas determinada de combate revolucionário com as consequências naturais.

Os combatentes são homenageados com lutas constantes nas ruas e não com uma postura vitimista.

Seus assassinos ficaram impunes em sua tarefa repugnante de aniquilar a subversão para que os novos administradores do capital pudessem ser instalados nas cadeiras do poder. Concertacionistas, direitistas e social-democratas desfilaram durante essas últimas três décadas limitando-se a desviar os recursos do país e a defender a ordem que lhes dá impunidade para saquear o povo. Esse contexto de choque e baixíssima mobilização social lhes convém perfeitamente, mas aqui continuamos a levantar as bandeiras negras da rebeldia porque vivemos para lutar.

Luta combativa e organização revolucionária por Erick e Ivan e, acima de tudo, pelo nosso desejo de mudar tudo para que tudo realmente melhore para que nossa classe possa viver com dignidade.

18 DE ABRIL, CONTRA A MISÉRIA NEOLIBERAL!

NECESSÁRIA É A JUVENTUDE COMBATIVA!!!

Grupo de Propaganda Revolucionária – La Ruptura

agência de notícias anarquistas-ana

De ponta-cabeça,
O rouxinol entoa
As primeiras notas.

Takarai Kikaku

Entrevista com a ERA, organização anarquista iraniana e afegã

Por Centro de Cultura Libertária da Amazônia – CCLA | 23/04/2024

Hoje, damos continuação à nossa série de entrevistas de caráter internacional com organizações, coletivos ou indivíduos isolados que desempenham um papel no desenvolvimento político, social das nossas ideias.

A companheirada do Irã e do Afeganistão, com a organização anarquista ERA, atua num contexto nacional complexo e hostil. Por esse motivo, quisemos dar voz a essas companheiras e esses companheiros e que essa voz seja ouvida em ampla escala, pois se a gente considera habitualmente ser difícil a prática do anarquismo no período atual, existem contextos em que a atuação se torna claramente um ato de muita coragem.

Portanto, agradecemos muito a essas pessoas por ter respondido às nossas perguntas com tamanha boa vontade e disponibilidade, sabendo que toda troca de mensagem pode ser perigosa e equivaler a penas pesadas de prisão… ou pior.

CCLA: Quais são os principais campos de luta que vocês já desenvolveram e os que planejam desenvolver em um futuro próximo?

Era: Nosso núcleo inicial foi formado fora do Irã em 15 de dezembro de 2009. E em 2018, formamos a União dos Anarquistas do Afeganistão e do Irã. E depois disso, formamos a Federação Anarquista Era. Nós (Federação e outros anarquistas), como todos os anarquistas do mundo, temos uma presença prática ou intelectual em todos os movimentos (de mulheres, trabalhistas, estudantis, ambientais, de proteção animal, etc.) no Irã e no Afeganistão e, naturalmente, temos atuações diretas ou indiretas próprias. Tínhamos esperança e ainda temos de poder formar uma federação anarquista para os países árabes junto com os anarquistas árabes, considerando que o Irã e o Afeganistão juntos são povoados por vários milhões de árabes. Além disso, esperamos que um dia possamos formar uma rede anarquista turca com os anarquistas dos países de origens turcas, considerando a presença de uma população de várias dezenas de milhões de habitantes dessas origens no Irã e no Afeganistão.

CCLA: As lutas das mulheres em seu país são muito bem conhecidas e comentadas. Sua organização tem companheiras mulheres? Em caso afirmativo, como elas contribuem para a luta em andamento?

Era: Em suma, uma parte significativa des nosses companheires no Irã e no Afeganistão são mulheres e LGBTQI+. As lutas em andamento no Irã se dão em duas áreas principais: uma é a luta civil e pública para dizer não ao hijab obrigatório e à repressão por não observância do hijab obrigatório por grande parte das mulheres da sociedade iraniana, à qual nossas companheiras também estão associadas como uma pequena parte da sociedade feminina iraniana. O segundo campo de luta é a luta secreta, que inclui a maior parte da luta das companheiras da Federação. no Afeganistão, desde 15 de agosto de 2021. Quando o governo entregou o poder aos Talibãs, testemunhamos a presença de mulheres afegãs protestando. Dois dias depois, em 17 de agosto, elas saíram às ruas contra a presença dos Talibãs e, depois disso, as mulheres que protestavam formaram dezenas de grupos de campanha contra os Talibãs. E continuamos a apoiar a luta das mulheres que protestam contra os Talibãs, e o perigo de excluir as mulheres da presença da sociedade afegã é muito sério, e as companheiras da Federação apoiaram essas lutas de várias maneiras.

>> Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui:

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agência de notícias anarquistas-ana

um tufo de algodão
flutuando na água
uma nuvem

Rogério Martins

[França] Lorient (Morbihan): Duas jovens sob custódia da polícia por pichações anarquistas

Duas jovens de vinte e poucos anos foram presas pela Polícia Nacional por volta das 23h45 de sábado, 20 de abril de 2024, em Lorient. Elas são suspeitas de terem feito várias pichações no centro da cidade. Cerca de vinte inscrições podem ser vistas na área ao redor da rua de l’Enclos du Port, rua Jules-Le-Grand e rua du Maréchal-Foch. A maioria delas representa símbolos anarquistas, reconhecíveis pelo ‘A’ circulado. “Há acrônimos anarquistas e outros sem nenhum significado específico. Alguns são insultos às forças da lei e da ordem”, disse a Polícia Nacional.

As duas mulheres acusadas foram levadas sob custódia após se recusarem a fornecer suas identidades. Elas foram entrevistadas à tarde e “decidiram permanecer em silêncio. Apesar disso, conseguimos identificar suas identidades. Elas já eram conhecidas da polícia”. Embora tenham sido liberadas ao final de sua custódia policial, as duas acusadas serão convocadas a comparecer ao tribunal em uma data posterior. A investigação ainda está em andamento para avaliar os danos. “Até o momento, duas pessoas apresentaram queixas sobre os danos”.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

A orquídea –
a cada instante
o silêncio é outro.

Constantin Abaluta

24 de abril de 2024, 70° aniversário de Mumia Abu-Jamal

Mumia Abu-Jamal está há quase 43 anos encarcerado nas prisões estadunidenses. Acusado da morte de um policial e condenado a morte em 1982, em 2011 sua pena foi comutada para prisão perpétua sem acesso à liberdade condicional.

Um lutador incansável desde dentro das prisões, uma referência inegável de dignidade e temperança nas mais terríveis condições de encarceramento e isolamento.

Já falamos muitas vezes sobre o jornalista Mumia e seu compromisso com a defesa dos direitos humanos, como evidenciado pelos seus numerosos livros escritos atrás das grades, bem como pelas suas intervenções radiofônicas na Prison Radio, o meio de comunicação estadunidense que dá voz aos presos, aos seus familiares e apoiadores. Menos vezes falamos do sofrimento deste homem, separado da família há quatro décadas, da morte de sua esposa no ano passado e dos seus graves problemas de saúde.

Por seu lado, Mumia continua lutando – com a sua caneta e a sua voz – pela abolição das prisões, pela abolição da pena de morte, das penas de prisão perpétua e de encarceramento em massa nos seu país e noutros lugares do mundo.

Com ele, atuemos por erradicar estes castigos cruéis e desumanos.

24 de abril.

70° aniversário de Mumia Abu-jamal!

Há quase 43 anos preso, é muito tempo! Mumia precisa ser solto imediatamente, e reparação para ele e sua família.

Vamos nos mexer, Mumia LIVRE JÁ!!!

Surpreendentemente, as prisões pioraram com o passar do tempo, não melhoraram. E agora o sistema carcerário é maior do que jamais teríamos imaginado. Por isso, nos fazem falta mais movimentos para mudar as condições nas prisões, não menos. E a abolição das prisões têm que estar sobre a mesa. Queremos liberdade. Queremos liberdade. Queremos liberdade. Dizemos todos nós.” – Mumia Abu-Jamal

agência de notícias anarquistas-ana

No tronco já velho
de olhos arregalados
a coruja espreita.

Marly Barduco Palma