Depois de Varkiza [1], da Politécnica [2], da Faculdade de Química em 1979 [3], dezembro de 2008, e mais um grande número de exemplos, a realidade vem mais uma vez revelar o verdadeiro papel do Partido que sistematicamente trai toda luta popular. E se até agora por anos sufocou, com seus órgãos políticos, qualquer greve determinada e generalizada, se caluniam todas as revoltas tachando-as de “provocações”, a partir de agora a história deixa claro que não eram “meros erros políticos”, mas uma posição consciente e deliberada de defender a ditadura parlamentar e relações sociais e financeiras capitalistas. Foi o que fizeram ontem (20 de outubro), novamente, embora tenham convocado as pessoas às manifestações pedindo a derrubada do Governo. Protegeram a sessão parlamentar agindo de maneira mais bárbara que a própria polícia, abrindo cabeças e entregando manifestantes às forças repressivas. O pior de tudo é que legitimaram o Estado quando este matou um de seus companheiros, culpando pela morte a violência paraestatal.
Desde ontem, de maneira definitiva e irreversível, o chamado “Partido Comunista” não é nada mais que um obstáculo na tentativa de enterrar o cadáver parlamentar. Portanto, qualquer ser humano livre lutando por sua dignidade nestes momentos cruciais deve ser considerado politicamente como um alvo a atingir. Estas linhas não devem ser entendidas como uma divisão no movimento. Podemos ter problemas e objetivos comuns com os votantes medianos do “Partido Comunista”, mas as políticas e práticas das cúpulas a que estão ligadas seguem as ordens do Governo e os enviados do FMI, da UE e do BCE. Nunca marchamos com eles, nunca estarão do nosso lado. Devemos lembrar que o “Partido Comunista” vai agir sempre como uma quinta coluna do regime ditatorial, esperando mais uma vez alcançar algumas migalhas da mesa do parlamento, como fizeram em 1990 [4].
A posição de todos os grupos políticos, parlamentares ou não, que apoiaram a atuação do ‘Partido Comunista’, indiretamente, através do seu silêncio, ou diretamente em suas declarações, é igualmente inaceitável. Enquanto todos estes partidos persistem em seu compromisso parlamentar de servir de correia de transmissão das ordens da TROIKA, e recebendo em troca suculentos salários, serão responsáveis pelo que aconteceu até agora e o que está para acontecer. Seus votos negativos aos memorandos e às novas leis mostram precisamente o seu papel na ditadura: fornecer um álibi, uma imagem de polifonia e democracia para que os pobres continuem contando os votos de cada votação de leis que abolem o seu futuro, para alimentar a ilusão de que alguém fala em seus nomes e de seus interesses – para deixar a oposição nas mãos de políticos profissionais e não sentir a necessidade de reagir imediatamente e em pessoa. Todas as votações, inclusive de partidos extra-parlamentares de extrema-esquerda não é nada mais do que o óleo no mecanismo da máquina e uma legitimação da atual ditadura parlamentar.
Desde 25 de maio, quando nos juntamos pela primeira vez na praça, temos experimentado a democracia direta como a capacidade de cada um de nós a participar, discutir, dar forma de idéias em conjunto, de forma autônoma, longe de rótulos ideológicos e parlamentares. Nós ficaremos aqui, contra seu parlamentarismo em falência e sua burocracia.
ESTAMOS TOMANDO NOSSAS VIDAS EM NOSSAS MÃOS
DEMOCRACIA DIRETA AGORA
Assembléia Popular Sintagma
Sexta-feira, 21 de outubro de 2011
[1] Em 1945 se firmava o acordo de Varkiza, em que o Partido Comunista concentrava a luta armada e a milhares de resistentes da Guerra Civil em troca de sua legalização no novo regime.
[2] Referência à posição do PC durante a Revolta da Politécnica, em 1973, na qual os participantes foram acusados de ser “agentes provocadores”.
[3] Durante a ocupação dessa faculdade, membros do PC ajudaram a polícia a desalojá-los.
[4] Nesse ano o PC compartilhou o poder no país com os dois partidos majoritários.
agência de notícias anarquistas-ana
no poste
duas casas de João-de-Barro
rua iluminada
Joaquim Pedro
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!