Irmãs e irmãos, abram os olhos: esse tal “PL da Devastação”, não é um simples projeto de lei – é mais uma legalização do ecocídio. Aprovado na calada da noite por um Congresso obviamente fascista, ele não existe para “agilizar processos”, mas para abrir caminho livre à pilhagem capitalista, com um alvo claro: o petróleo da Foz do Amazonas.
O capitalismo não erra, não vacila – ele avança com precisão assassina. Enquanto o planeta sangra, as corporações esfregam as mãos. A Amazônia, uma das últimas fronteiras de resistência, está na mira. A Licença Ambiental Especial (LAE) é a arma perfeita: um carimbo verde para que a Petrobrás e suas sócias internacionais transformem manguezais e territórios sagrados em poços de petróleo. Doze meses para decidir o destino de um ecossistema milenar? Isso não é eficiência – é um tiro na nuca da natureza.
E não se iludam com a farsa da “regulação”. O Estado não é mediador, é cúmplice. O licenciamento virou uma piada macabra: agora, os próprios destruidores podem autodeclarar que seu projeto é “seguro”. O agronegócio, a mineração, as petrolíferas – todos ganham carta branca para saquear, enquanto órgãos como o ICMBio e a Funai são amarrados e amordaçados. Terras indígenas não homologadas? Áreas de proteção? Tudo vira zona de sacrifício no altar do lucro.
Eles sabem que o petróleo na Foz do Amazonas é a gota d’água. Sabem que um vazamento ali seria uma sentença de morte para ecossistemas inteiros. Mas não importa. O capitalismo não tem ética, não tem futuro – só tem sede infinita de acumulação. E quando o colapso vier, quem pagará? Os povos da floresta, os pobres das periferias, os que sempre foram tratados como descartáveis.
Mas nós não somos descartáveis. E não vamos assistir de braços cruzados. Se o Estado entrega a Amazônia de bandeja, nossa resposta tem que ser direta e sem perdão: ocupação, resistência, sabotagem. Não há mais tempo para petições ou diálogo com esse sistema podre. Eles declararam guerra – e guerra não se vence com discursos.
A hora é agora. Ou matamos o capitalismo, ou ele mata tudo. Pela Terra Livre – até a última consequência.
• “Se o grande criador deixou esse óleo com o gás nas profundezas, distante do nosso alcance, é porque não é coisa boa, é coisa que só traz destruição, poluição, pobreza, ganância, doenças e discórdias. Trazer essa massa podre e poluente das profundezas é trazer tudo que é ruim para os nossos territórios. Amazônia livre de petróleo e gás!”
• “Hoje, estamos enfrentando um grande problema dentro do nosso território. Já estamos sendo diretamente atingidos pela exploração de gás. Nossa floresta, nossa fauna, nossos peixes, nossos animais estão desaparecendo. As grandes mineradoras estão ganhando espaço dentro do nosso território, invadindo, destruindo. E ainda temos um presidente [Lula] que continua vendendo blocos dentro do nosso Brasil. Ele não pensa nas dificuldades dos povos indígenas, não considera que vivemos nesses territórios há décadas”
• “Sem a população indígena no mundo, não há proteção, não há mudança climática. Se acabarem com os povos indígenas, acabam com as chances de reverter a crise cilimática. Vamos somar forças e dizer não ao petróleo, não à mineração, não ao garimpo e vamos gritar juntos: demarcação, demarcação!”
Cacique Jonas Mura, aldeia Gavião Real, Silves, Amazonas
Há 77 anos ele vem desabrigando, saqueando e exterminando a população palestina. Seguindo incessantemente a ideologia sionista nacionalista e expansionista, estabeleceu um regime de apartheid contra os habitantes árabes. A política colonialista está em andamento, expandindo constantemente seu território. No último ano e meio, vem realizando uma operação genocida na Faixa de Gaza, matando dezenas de milhares de pessoas e levando-as à fome, com o objetivo declarado de removê-las completamente da região por qualquer meio necessário. Ao mesmo tempo, está demolindo campos de refugiados na Cisjordânia, mutilando e assassinando pessoas em combate e liderando as atrocidades das milícias dos colonos. Em âmbito internacional, aplica a doutrina da “guerra preventiva” e, somente no ano passado, conduziu operações de combate em estilo policial no Líbano, na Síria, no Iêmen e, mais recentemente, no Irã.
O estado Grego é cúmplice
Em seu esforço para aumentar seu poder geopolítico e atender a seus interesses nacionais, é o aliado mais disposto e leal de Israel na região do Mediterrâneo, oferecendo total cooperação nos níveis político, militar, energético e econômico. Se ainda há algo a ser feito nessa situação sombria, é minar os planos do estado Grego e os interesses israelenses na Grécia.
De todo o coração ao lado da luta pela dignidade
Solidariedade com a luta Palestina por terra e liberdade
Assembleia de anarquistas contra os pilares auto-evidentes do regime de poder
A CGT, FIEL AO SEU COMPROMISSO COM A MEMÓRIA LIBERTÁRIA
Mais uma vez, a central sindical anarcossindicalista soriana prestará homenagem aos anarquistas assassinados durante o golpe de Estado e a repressão franquista.
Na data marcada de 18 de julho e como tem se tornado habitual nos últimos anos, o Sindicato de Ofícios Vários da CGT de Soria dedicará o dia para lembrar aquelas pessoas que formaram o incipiente Movimento Libertário na província de Soria e que foram ceifadas pelas hordas fascistas após o Golpe de Estado de 1936.
Embora os números de filiados variem de acordo com as fontes, a Confederação Nacional do Trabalho tinha pelo menos 500 pessoas filiadas na província, um número que os próprios sindicalistas estimam em até 2.000. Muitos deles foram reprimidos, e mais de 50 assassinatos estão atualmente documentados, embora deva ser observado que o número real é, sem dúvida, maior, pois seria necessário adicionar todas as vítimas que ainda não foram rigorosamente documentadas. Tudo isso sem levar em conta aqueles que sofreram a repressão em suas outras formas, como a prisão ou o exílio.
A jornada começará às 18h30 com uma oferenda floral no cemitério de Soria, no muro que testemunhou algumas das execuções e onde o sindicato colocou uma placa comemorativa em 2018. A Confederação Geral do Trabalho convida todos os cidadãos a participarem do evento.
Em seguida, uma mesa de informações será montada na Plaza de Las Balsas, ao lado de la Plaza de Toros, onde material informativo será disponibilizado a todos os interessados, incluindo cópias do fanzine El Movimiento Libertario en la Provincia de Soria publicado pelo próprio sindicato em 2023, que será distribuído gratuitamente.
A jornada também contará com o apoio, como nas edições anteriores, da Associação Recuerdo y Dignidad, sem cuja pesquisa a memória das vítimas anarquistas seria ainda mais turva.
Em 3 de maio de 2025, aconteceu a festa de comemoração do 30º aniversário da Comuna de Urupia.
• Entre Brindisi e Taranto fica a histórica ecovila de Urupia, fundada há 30 anos por um grupo de anarquistas de Salento — na época, quase todos editores da revista Senza Patria — e um grupo de artistas radicais de teatro alemão.
• Após três anos de reuniões preliminares, o projeto decolou oficialmente em 1995 com a compra de vários edifícios rurais e aproximadamente 24 hectares de terra na zona rural de Francavilla Fontana, em Salento.
• Os princípios fundadores da comuna são, acima de tudo, a ausência de propriedade privada e o princípio do consenso, ou seja, decisões unânimes. A intenção das pessoas que iniciaram o projeto era que a Comuna representasse a realização prática de uma utopia libertária, um laboratório diário de autogestão.
• “Alguns de nós não queríamos mais trabalhar “sob o comando de um patrão”, outros não queriam enriquecer os “senhorios” com aluguel, e outros ainda queriam viver no campo. Mas todos nós queríamos criar um laboratório para experimentar estilos de vida alternativos, compartilhando nossas coisas.”
• “Quanto de tudo isso conseguimos alcançar, isso também é difícil de dizer (…); longe de nós presumir que chegamos perto de alcançar tais ideais; ao contrário, vivemos diariamente com a consciência da dificuldade desse caminho.”
• Urupia produz azeite, vinho, produtos de panificação e outros produtos agrícolas, organiza atividades culturais e diversos cursos, uma escola libertária aberta a crianças de fora da comuna e a professores externos…
Em 14 de julho de 2025, convocamos uma manifestação por Maja – presa em Budapeste e em greve de fome há 40 dias. Na manhã de 14 de julho, foi anunciado que Maja havia encerrado sua greve de fome; a manifestação foi realizada mesmo assim. As reservas físicas de Maja estão esgotadas, o que significa que seus órgãos podem sofrer danos irreversíveis devido à privação de nutrientes. Maja já sofre de graves problemas cardíacos.
No entanto, as reivindicações de Maja ainda não foram atendidas! No fim de semana, o Ministro das Relações Exteriores Wadephul, da CDU, declarou que esforços estão sendo feitos para melhorar as condições prisionais de Maja. Mas isso não basta. Resultados são necessários, e urgentes! Foi o desespero que forçou Maja a tomar essa medida drástica. As condições prisionais de Maja eram e continuam sendo insuportáveis.
Estimamos que aproximadamente 1.000 pessoas responderam ao nosso chamado para uma manifestação em solidariedade a Maja (a polícia estima que foram 850). A manifestação transcorreu sem incidentes graves. Durante todo o protesto, houve um apoio constante e efusivo à causa de Maja, e vários fogos de artifício foram disparados. Após o término da manifestação, alguns companheiros e companheiras decidiram continuar por conta própria e marcharam pelo bairro em uma manifestação espontânea.
A manifestação começou com um comício na Felsenkeller, incluindo uma apresentação do BASC [1] descrevendo a situação atual de Maja. De lá, a marcha continuou pela Karl-Heine-Straße, Merseburger Straße, Enderststraße, Lützner Straße e Josephstraße, retornando à Karl-Heine-Straße. A manifestação terminou em Jahrtausendfeld. Um comício improvisado foi realizado na esquina da Karl-Heine-Straße com a Merseburger Straße, onde a declaração de Maja sobre o fim da greve de fome [2] foi lida novamente.
A manifestação foi pacífica e a polícia permaneceu sob controle apesar dos disparos pirotécnicos.
A greve de fome de Maja pode ter acabado, mas as péssimas condições da prisão não! Mantenha-se informado, participe de ações ou tome você mesmo uma atitude!
Uma última observação: a manifestação foi um exemplo poderoso de mobilização autônoma. Não se trata de mostrar quem somos, mas sim o que podemos fazer. Muitos grupos simplesmente se envolveram sem se preocupar em ter uma boa imagem coletiva. Consideramos a manifestação um sucesso — não o nosso sucesso, mas um sucesso coletivo e autônomo, que se deveu principalmente ao fato de muitas pessoas quererem apoiar a luta de Maja.
No sábado, dia 19 de julho, a partir das 19h30, vamos nos reunir no Espaço Anarquista 19 de Julho, na via Rocco da Cesinale 18, para comemorar o décimo quarto aniversário deste espaço autogerido que, em continuidade com as atividades do Grupo Anarquista C. Cafiero no bairro da Garbatella, foi reativado, acolhendo inúmeros encontros, conferências, lançamentos de livros, exibições, oficinas e apresentações teatrais, musicais e cinematográficas. Neste espaço foram divulgadas publicações libertárias e anarquistas em diversas línguas, entre muitas outras atividades.
Entre as principais iniciativas estão a Biblioteca Popular Fabio Iacopucci e o projeto de arquivo promovido por Tommaso Aversa.
Os últimos dois anos foram muito intensos devido às constantes ameaças de despejo, mas igualmente forte tem sido a solidariedade concreta que até hoje acompanha e dá vida aos nossos projetos autogeridos.
Grupo Anarquista C. Cafiero – FAI Roma www.cafierofairoma.wordpress.com
Nestes últimos dias, temos presenciado uma constante de ataques racistas e de violência da extrema-direita, amparados pela inação das forças de segurança e pelas declarações xenófobas de políticos. O que está acontecendo em Torre Pacheco [na região de Múrcia] é puro nazismo — consequência direta das falas racistas de líderes de partidos políticos como VOX e PP. Como sindicato de classe, transfeminista, internacionalista, libertário e antifascista, a CGT denuncia o que está acontecendo e faz um chamado de apoio e solidariedade a todas as pessoas que estão sofrendo as investidas de nazistas violentos — aconteçam onde acontecerem.
Em Torre Pacheco, a população mais institucionalmente desfavorecida, menos assistida socialmente, composta majoritariamente por trabalhadores migrantes, foi apontada como culpada por um episódio isolado de violência que nada tem a ver com raça, mas sim com a miséria. A miséria de uma sociedade capitalista cooptada pela tirania da imagem e da violência. Os nazistas que desfilam tranquilamente pelas ruas de Torre Pacheco, ou de outras localidades do Estado espanhol, são filhos brancos das declarações irresponsáveis e fascistóides de políticos como Abascal, Feijóo e companhia. A bandeira que levantam é a do patriarcado mais agressivo, homofóbico, racista… aquela que rejeita sentimentos e cultiva o ódio como atmosfera. Espalhar medo entre a população migrante é imperdoável; apontar e acusar pessoas indiscriminadamente por sua raça é racismo e fascismo em estado puro.
Na CGT, temos clareza sobre de que lado da barricada estamos: ao lado do povo que acredita na solidariedade entre os povos e no contrapoder da classe trabalhadora organizada — venha de onde vier, tenha a origem que tiver. Os países do Sul Global são vítimas da opulência daqueles que ocupam os camarotes dos grandes estádios de futebol no “mundo desenvolvido”. Nos bairros e vilarejos onde vive a classe trabalhadora, sofremos violência cotidiana por causa de um evidente abandono institucional — o problema não são as raças. De uns anos pra cá, o fascismo foi infiltrando sua mensagem pelas redes sociais, pela mídia privada, até entrar nas instituições. A partir daí, espalhou seu sopro de morte, até encorajar grupos de valentões machistas, cheios de testosterona e ignorância. A essência do fascismo: espalhar o terror entre o povo para proteger o patrão. Algumas televisões riram das piadas dos Desokupas e de outros nazistas parecidos — aí estão os resultados…
Desde a CGT, fazemos um chamado à solidariedade com as pessoas que estão sofrendo violência racista. Denunciamos a irresponsabilidade de todas as instituições, começando pela prefeitura de Torre Pacheco, pela Comunidade e pela Delegação do Governo. Enquadrar o ocorrido como um problema de “insegurança pública” é, mais uma vez, deturpar a realidade. Em El Ejido, o racismo perseguiu os pobres, não a justiça. A classe trabalhadora migrante é nossa irmã, sabemos muito bem que as raças não nos separam. Uma sociedade sem justiça social é uma sociedade de misérias e miseráveis. Ameaçar, agredir pessoas e quebrar vitrines com total impunidade, para amedrontar crianças, jovens, adultos e idosos que vieram de outros países para trabalhar onde muitos dos que protestam jamais trabalhariam — isso é nazismo miserável.
Uma celebração da cultura DIY (Faça Você Mesme) e da produção autônoma, a produção política efêmera dessa editora é gloriosamente analógica e anticapitalista.
Por Ellis Tree | 23/06/2025
Quando você cresce em West Cumbria, onde “há mais ovelhas do que seres humanos”, e curte arte, punk e anarquia, é necessário criar ativamente uma cena cultural diferente da monotonia do campo. Essa é a perspectiva de Cj, artista por trás da Black Lodge Press. Tendo “sempre vivido no meio do mato”, como ele diz, esse tipo de tranquilidade teve, após reflexão, uma grande influência em seu trabalho.
Tudo começou com uma obsessão pela música punk, que teve início ainda na escola primária, e mais tarde se transformou em um amor pela impressão e pelos zines. Com o tempo, Cj se conectou aos vários movimentos políticos existentes nas cenas punk e DIY: “Onde eu morava, em West Cumbria, você tinha que fazer tudo sozinho. Isso significava que eu estava criando meus próprios zines e publicando coisas por conta própria desde muito jovem.”
Faz sentido que Cj tenha acabado criando a Black Lodge Press: um projeto de impressão independente que está em funcionamento há mais de uma década, dedicado a todos os aspectos anarquistas, queer e antifascistas. Quando a editora começou, há tantos anos, Cj teve a simples ideia de compartilhar e distribuir seus próprios zines e quadrinhos junto com os de amigos próximos. Trabalhando em uma loja de quadrinhos em Newcastle na época, ele já tinha um lugar para colocar suas primeiras cópias em uma plataforma. “Todo o projeto se parece com aquela cena do filme ‘Withnail and I’, em que eles saem de férias por engano”, diz ele. “Eu sempre sinto que me tornei um artista por engano, não treinei para me tornar um e não estudei arte depois da escola – simplesmente aconteceu.”
Desde o início da editora, Cj tem criado todos os tipos de material político, estampando camisetas – uma reminiscência de seus dias de pintura de telas para produtos de bandas – bem como fazendo pôsteres ou impressões independentes. Grande parte de sua produção criativa foi influenciada por faixas políticas, a linguagem visual do ativismo e da ação direta. “Inspirei-me muito em protestos ao longo dos anos, muitas vezes adaptando alguns dos slogans ou palavras que foram escritos em faixas de protesto para o trabalho que faço”, compartilha Cj. Algumas das mensagens que acabam sendo transferidas para a página também podem ser uma versão de letras de músicas ou apenas algo “que me vem à cabeça”, diz Cj. “De longe, o trabalho mais popular que produzi é Growing a garden is a radical and beautiful act (Cultivar um jardim é um ato radical e belo), e muitas vezes me perguntam “quem disse isso?”, e eu não sei o que dizer às pessoas, é apenas algo que me veio à cabeça naquele momento!”
Sem muito contato com o Photoshop, Cj usa uma série de técnicas antigas de criação de imagens para construir as colagens de imagens e ilustrações que se cruzam com suas mensagens políticas. Usando fotografias antigas de revistas ou publicações centenárias e alguns desenhos, Cj pode ser encontrado frequentemente trabalhando à mão e digitalizando composições com sua tipografia preferida: Friz Quadrata (uma homenagem à banda punk americana dos anos 80 Black Flag), preparando tudo isso para impressão em “um software barato que baixei da Internet anos atrás chamado Pixelmator”, diz ele.
Quanto aos métodos de impressão, o artista usa a Risograph há cerca de 20 anos, portanto, “sem parecer um idiota”, ele afirma, “Eu já gostava muito dela antes de se tornar tão legal, se é que você me entende. Houve um período em que as pessoas que não tinham dinheiro para imprimir coisas usavam máquinas Risograph, então eu sempre imprimi com Riso simplesmente porque é muito barato”. Além de sua acessibilidade, Cj se apaixonou pela técnica ao longo dos anos por sua textura granulada e pelas diferenças sempre sutis que ela proporciona em cada impressão.
Como toda a prática de Cj, o material impresso foi adquirido em espaços comunitários DIY e em experimentos pessoais: “Os espaços de DIY são as coisas mais preciosas que temos, porque eles existem para que possamos produzir arte de uma forma que não seja afetada pelo poder do capitalismo, que corrói a alma”, diz ele. Muito do que a Black Lodge Press tem feito durante todos esses anos é esse tipo de produção autônoma. “Não estou procurando convencer ninguém sobre nada com meu trabalho, trata-se de celebrar uma cultura de resistência e alegria”, conclui CJ. “A cultura DIY é minha vida. De certa forma, sempre foi e sempre será. Acho que se você quiser fazer algo sem nenhuma forma de censura ou restrição, pode fazer você mesmo. Você não precisa ter editoras ou galerias por trás de você nem nada, você pode fazer tudo sozinho.”
A 19ª Feira Anarquista do Livro de Nova York está recebendo propostas para mesas, palestrantes, oficinas e compartilhamento de habilidades para os dias 13 de setembro (presencial) e 14 de setembro (virtual/internacional). Procuramos artistas, organizadoras, autoras, agitadoras e praticantes do “faça-você-mesma” para submeterem ideias que componham um dia inteiro de discussões e atividades radicais.
O evento busca engajar tanto pessoas novas na política radical quanto quem já está há tempos na luta, e acolhe uma grande diversidade de temas. Algumas sugestões incluem: introdução à anarquia, práticas de cura, veganismo e libertação animal, história/prática anarquista ou radical, anarquismo negro, abolicionismo, reprodução social, antirracismo/combate ao racismo, anarquismos ao redor do mundo, perspectivas anarquistas sobre eventos atuais e formas emergentes de violência estatal, ajuda mútua, ativismo por moradia, modelos de organização, responsabilização em espaços organizativos, justiça transformadora, solidariedade global/solidariedade além das fronteiras dos Estados, projetos DIY, sustentabilidade/ecologia e/ou anarquismo verde, anarcafeminismo, organização/prática queer, cultura de segurança, arte radical/anarquista e espaços radicais.
Incentivamos especialmente a participação de pessoas envolvidas em formações radicais ativas (em sentido amplo), coletivos e espaços radicais, ou autoras recentes, como palestrantes e participantes de mesas. Também encorajamos fortemente oficinas práticas e/ou colaborativas.
As atividades ocorrerão nos dois dias. Em 13 de setembro, exclusivamente de forma presencial, durante a feira do livro e em seu entorno. Em 14 de setembro, as atividades serão virtuais, com transmissão a partir do P.I.T.
As propostas serão aceitas e confirmadas de forma contínua até 15 de agosto de 2025. Faremos o possível para garantir uma programação completa, diversa e vibrante de temas durante o dia da feira. Trabalharemos junto às pessoas proponentes para encontrar o melhor espaço/forma/plataforma para viabilizar sua participação.
A duração das mesas, falas ou oficinas pode variar. Este ano, estamos buscando apresentações e mesas mais curtas, além de oficinas e compartilhamentos de habilidades. Como nos anos anteriores, haverá múltiplos espaços/locais com configurações e níveis de acessibilidade distintos. Por favor, indique a duração da sua atividade no formulário de inscrição e informe qualquer necessidade de equipamentos ou de acessibilidade, faremos o possível para atender.
Se você estiver organizando uma mesa/oficina virtual, por favor envie também um pequeno texto indicando como gostaria de ser apresentade, ou como gostaria que sua fala fosse introduzida.
No próximo domingo, 20 de julho, o sindicato CNT Ciudad Real convocou uma manifestação na Plaza Mayor de Ciudad Real com o objetivo de exigir a libertação das 6 de La Suiza. No último dia 10, as seis sindicalistas, condenadas a mais de três anos de prisão por exercerem ação sindical contra uma confeitaria, se entregaram voluntariamente após determinação do juiz Lino Mayo.
O Tribunal Supremo confirmou recentemente as penas individuais de dois anos de prisão por obstrução à justiça e um ano e meio por coação, além do pagamento de 150 mil euros como indenização ao proprietário da confeitaria La Suiza, em Gijón, que alegou ter fechado o estabelecimento devido aos protestos em frente ao local após a demissão de uma das hoje condenadas — mesmo tendo anunciado anteriormente que já havia decidido transferir o ponto.
Todos os sindicatos se reuniram na última quinta-feira na Plaza Mayor de Gijón para demonstrar apoio às “6 de La Suiza”.
“Esperamos que todas as pessoas que consideram importante o nosso direito de defender as condições de trabalho e exercer ação sindical se juntem a nós no próximo domingo para demonstrar apoio às companheiras nesta situação difícil“, declarou Juan Carrascosa, secretário-geral do sindicato.
“Exigimos que elas não passem nem mais um minuto na prisão. Não podemos permitir que isso aconteça e depois chamá-lo de democracia“, concluiu Laura Barriga, secretária de ação sindical.
DOMINGO, 20 DE JULHO 20h – PLAZA MAYOR CIUDAD REAL CONCENTRAÇÃO
Pela liberdade das 6 de La Suiza ELAS NÃO LUTAVAM APENAS PELOS DIREITOS DELAS, LUTAVAM PELOS SEUS TAMBÉM!!
Como era de se esperar, mais uma vez a polícia (DAEB), em colaboração com os juízes corruptos, fez o que sabe melhor: “cozinhar”, manipular, montar os julgamentos e obter o resultado desejado. Assim, com grande audácia, o promotor Pappas Spyridon, em apenas uma hora, sem argumentos substanciais e sem uma imagem clara da situação, “embalou” a maioria dos acusados, atribuindo a cinco deles a acusação de 187A: organização terrorista. Um rótulo específico usado frequentemente pelo estado e pelo Judiciário para reprimir seus inimigos. Em outras palavras, aqueles que escolheram se opor ao canibalismo social, que se recusam a ser escravos dos patrões, que não aceitam que poucos governem os muitos, por uma vida de liberdade. Liberdade é um fundamento básico da vida; está na natureza do ser humano, e mais ainda dos prisioneiros, buscá-la.
Assim, na quinta-feira, 10/07, nos tribunais de Loukareos, alguns dos acusados escolheram o caminho da liberdade, mesmo com risco à própria vida. Apesar das medidas de segurança do aparato estatal e sem qualquer escrúpulo quanto às consequências dessa decisão, eles confrontaram os policiais, conseguiram tomar a arma de um deles e imobilizar outro. No entanto, ao tentarem libertar os demais acusados, os policiais se reagruparam e a tentativa de fuga foi frustrada.
Eles podem não ter conquistado a liberdade desta vez, mas conseguiram humilhar todo o sistema de segurança e seus policiais armados, enviando uma forte mensagem de solidariedade e mostrando que, com risco e vontade, tudo é possível. O que está escrito acima não é algo que se ouvirá ou lerá na mídia manipuladora, ela sabe muito bem como encobrir os erros e sujeiras de seus patrões.
P.S.: Palavras de grandes papagaios jornalísticos.
A liberdade de expressão é um direito sagrado e inviolável em uma democracia.
O ministro Alexandre Silveira – Ministro de Minas e Energia do governo Lula 3 – já defendeu a instalação de reatores nucleares na Amazônia para abastecer comunidades com energia elétrica. Algo que parece insano, tanto pelos riscos como pelo alto custo da fonte. Mas o pior é que há um fundo de verdade nesses planos.
Segundo a Folha de S. Paulo, o governo estuda comprar usinas nucleares flutuantes para uso na Amazônia, ofertadas pela ROSATOM, estatal da Rússia, no escopo da aproximação entre os dois países no segmento atômico. A ROSATOM ainda quer aprofundar a parceria iniciada em março para a exploração conjunta de urânio na mina de Caetité, na Bahia.
>> Rússia oferece usinas nucleares flutuantes para a Amazônia, leia mais aqui:
A indústria bélica do Brasil atingiu um novo recorde no primeiro semestre do ano, com exportações de US$ 1,31 bilhão; índice representa 73% do recorde de 2024
A indústria bélica do Brasil continua consolidando sua posição como um player-chave no comércio internacional do setor, atingindo um novo recorde de exportação de US$ 1,31 bilhão durante o primeiro semestre do ano. Esse montante representa 73,6% do total exportado ao longo de 2024, ano que já havia batido recorde histórico com US$ 1,78 bilhão, o melhor resultado em mais de uma década.
Atualmente, o Brasil exporta produtos e serviços de defesa para cerca de 140 países em todos os continentes. Entre os itens mais exportados estão aeronaves, peças e componentes, armamentos leves, munições, armamentos não letais e serviços de engenharia em produtos de defesa.
A crescente, segundo o Secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa do Governo Lula, Heraldo Luiz Rodrigues, é reflexo de um setor cada vez mais competitivo, além da busca constante pela autonomia e por oportunidades comerciais dentro e fora do país. “Desempenhamos um papel fundamental no auxílio às exportações de produtos de defesa, o que abrange o desenvolvimento tecnológico necessário para que os produtos sejam de última geração, financiamentos e seguros e auxílio comercial e propaganda dos produtos da nossa Base Industrial de Defesa (BID)”.
A BID possui em seu portfólio 283 empresas e 2064 produtos cadastrados no Ministério da Defesa, como aeronaves, embarcações, soluções cibernéticas para proteção de dados, radares, sistemas seguros de comunicação e armamentos.
Uma homenagem ao “ladrão cavalheiro” de Maurice Leblanc, um ícone cultural anarquista
~ Maurice Schuhmann ~
Em 15 de julho de 1905, foi publicada na revista francesa de divulgação científica Je sais tout a primeira história protagonizada pelo ladrão cavalheiro Arsène Lupin. Escrita por Maurice Leblanc e inspirada na famosa Strand Magazine e nas histórias de Sherlock Holmes, A prisão de Arsène Lupin introduziu um novo herói pulp francês. Como homenagem à inspiração britânica, Lupin enfrenta repetidamente o mestre detetive Herlock Sholmes e, fiel ao seu lema, sempre consegue escapar: “Você não pode prender um Arsène Lupin!”
Arsène Lupin é uma das figuras mais conhecidas da cultura pop originadas na França. Durante sua vida, Maurice Leblanc escreveu 20 romances, duas peças de teatro e mais de 30 contos com seu brilhante ladrão. Adaptações para o cinema, séries de televisão e versões em quadrinhos surgiram desde cedo. Hoje, as histórias existem também no mangá de Takashi Morita, e a juventude de Lupin foi adaptada para livros e HQs infantis.
Mas Arsène Lupin foi além de fundar um novo gênero dentro do romance policial francês. Por meio de seu personagem, cujo nome seria uma provocação ao vereador parisiense Arsène Lopin, que Leblanc desprezava, o autor também expressou sua simpatia pelo anarquismo. Lupin desafia constantemente as instituições do Estado e rouba membros da elite, isto é, aqueles que lucram com a sociedade capitalista, escapando repetidamente das mãos da lei. É quase uma forma de luta de classes, uma postura especialmente evidente em histórias como A Agulha Oca (L’Aiguille creuse) e 813.
Contudo, ao contrário da prática comum entre os ilegalistas anarquistas da época, que doavam parte de seus saques para as famílias de companheiros presos ou para causas anarquistas, Lupin guarda seus espólios. Segundo A Agulha Oca, ele os esconde nas falésias de Étretat.
Durante muito tempo, circularam rumores de que o personagem de Leblanc teria sido inspirado na vida do ilegalista francês Marius Jacob, o chamado travailleur de nuit (“trabalhador noturno”). Pouco antes da primeira história de Lupin ser publicada, Jacob havia sido julgado em Paris. Embora pesquisas mais recentes tenham em grande parte refutado essa teoria, há muitas semelhanças marcantes entre o herói pulp e as práticas dos ilegalistas franceses da época.
Hoje, a fama de Arsène Lupin foi comercializada sem pudor. A antiga casa de Maurice Leblanc em Étretat foi transformada em museu dedicado a ele, e fãs podem seguir os passos do mestre ladrão usando um aplicativo no estilo Pokémon Go. Mas embora as aventuras de Lupin tenham gerado inúmeros derivados, suas implicações anarquistas são frequentemente ignoradas.
Boa tarde, Lucía. Passados alguns meses desde a realização do congresso e da exposição em nossa Fundação, qual é a lembrança que você guarda de todo o turbilhão organizativo?
Turbilhão é a palavra certa! Com María Migueláñez, trabalhamos muito desde junho de 2023 para organizar o congresso, que são eventos geralmente planejados com um ano de antecedência, mas no nosso caso tínhamos menos tempo. Em dezembro daquele ano, a quatro meses do congresso, acrescentamos a ideia da exposição na Fundação Anselmo Lorenzo e Jordi Maíz entrou para a equipe. Então, esses últimos quatro meses, desde o final de 2023 até o momento da inauguração do congresso e da exposição, em março de 2024, foram realmente muito intensos. Destaco desse período principalmente o trabalho colaborativo com María e Jordi, que foi enriquecedor e prazeroso, apesar de tudo estar muito corrido. É importante lembrar que fizemos quase tudo online, porque estávamos divididos entre Madrid, Baleares e Barcelona (eu também passei um tempo no Uruguai, nesse meio tempo). Durante esse período, contamos com a colaboração da Fundação, especialmente de Juan Cruz, de todos os autores e autoras dos textos do catálogo, que trabalharam sob muita pressão, do nosso diagramador José Luis Corrales e do nosso impressor Israel Domíngues. Foi um esforço conjunto e, apesar de exaustivo, foi reconfortante saber que éramos muitos e muitas a pensar que esses eram eventos importantes, que valiam a pena dedicar tempo e trabalho.
Tanto o congresso quanto a exposição serviram para reunir o trabalho de muitos pesquisadores e pesquisadoras que estão resgatando o papel das mulheres no mundo do livro e da imprensa anarquistas. Por nossa parte, achamos necessário que todo esse trabalho permeie a própria militância anarquista atual. Como você acha que seu trabalho pode ser divulgado em fóruns não especializados em pesquisa acadêmica?
Essa é uma pergunta crucial. Já fizemos várias coisas nesse sentido, mas sempre é possível fazer mais. Por exemplo, oferecemos uma série de visitas guiadas à exposição e participamos da feira do livro de Madrid no estande da FAL, assim como na feira do livro anarquista de Bilbao, onde Sonia Turón apresentou o catálogo. Também fizemos uma entrevista para a Píkara, que depois foi replicada em inglês no site da Freedom. Nos encarregamos de que o catálogo chegasse a pessoas e bibliotecas de diversos âmbitos, e continuamos distribuindo sempre que temos oportunidade. Com María, agora estamos no difícil processo de editar dois livros a partir do trabalho do congresso, e um deles foi pensado para um público mais geral. Estamos abertas a continuar conversando sobre isso sempre que houver oportunidade, para alcançar mais pessoas.
O redescobrimento do papel desempenhado pelas mulheres historicamente no movimento libertário está sendo impulsionado por diversas iniciativas, promovido por coletivos muito distintos, desde o âmbito militante até o mundo acadêmico. Na sua opinião, e correndo o risco de ser simplista, quais seriam os traços predominantes das mulheres que, pelo menos até 1939, participaram do mundo editorial anarquista?
É difícil dar uma resposta geral, mas acho que, a partir do que ouvimos no congresso e vimos na exposição “Moldeadoras da Ideia”, posso dizer algumas coisas, mesmo que não se apliquem a todas elas. A primeira, para mim, tem a ver com o poder da educação, considerando o que essas mulheres alcançaram, seja com uma instrução básica ou mais avançada, ou sendo diretamente autodidatas. Sem dúvida, essa é uma característica de todo o movimento anarquista, mas não deixa de me impressionar, porque até meados do século XX, o fato de uma mulher ser tão ou mais educada que um homem era algo incomum, e para isso era necessário uma série de coincidências, mas principalmente uma enorme vontade da parte delas. Uma segunda coisa seria a importância das configurações familiares e de casal, do mundo dos vínculos em geral. Muitas dessas mulheres foram criadas em lares anarquistas ou criaram esses lares depois. O fato de fazerem parte dessas configurações, por um lado, contribuiu para sua formação, sua cultura política e sua capacidade de ação e influência, mas também para sua invisibilidade. Especialmente nos casais heterossexuais, há vários casos de homens e mulheres anarquistas que se potencializaram mutuamente, que faziam um verdadeiro trabalho em equipe, mas onde apenas, ou principalmente, a figura do homem é a que se destaca e é lembrada. Um terceiro elemento poderia ser como, na cultura impressa, que exigia pessoas para cumprir diversas funções, as mulheres fizeram valer o que sabiam ou o que tiveram que aprender no caminho, desde compor páginas até cobrar assinaturas, escrever e traduzir textos. Nessa cultura impressa, tão central para o movimento anarquista, elas abriram espaço e a transformaram substancialmente.
Já focando no maravilhoso catálogo da exposição, quais são as contribuições mais importantes dele no contexto da bibliografia especializada na relação entre as mulheres, o mundo cultural e o anarquismo?
Acho que a contribuição pode ser vista em dois níveis: o primeiro tem a ver com o trabalho de busca que foi feito nos ricos acervos da Fundação, com o apoio fundamental de Juan Cruz. Um arquivo cheio de tesouros, e aqueles que se aproximam dele nunca saem de mãos vazias, mas desta vez éramos três pessoas, com conhecimentos e expertises diferentes, o que nos permitiu encontrar ou recuperar objetos de arquivo muito diversos, e complementá-los com alguns de nossas próprias coleções ou com objetos cedidos por outras instituições e pesquisadores. É uma maneira de dar vida aos acervos que nunca havia experimentado e que acho que conseguimos transmitir no catálogo, onde parte desses materiais selecionados é reproduzida. A segunda contribuição tem a ver com a convocação de especialistas em cultura anarquista, muitos de longa trajetória, e a solicitação de um tipo de texto peculiar: que fosse breve, mas ao mesmo tempo não centrado em um único caso, sobre um tema que pudesse ter um alcance quase global no que diz respeito às mulheres na cultura anarquista. A maioria desses pesquisadores publica frequentemente em diversos meios, o que foi distintivo foi tê-los juntos, poder publicá-los em espanhol e acompanhados pelas imagens da exposição.
Tanto você quanto os outros dois curadores da exposição, María Migueláñez e Jordi Maíz, trabalham há muito tempo com temas libertários no âmbito da pesquisa acadêmica. Qual é o estado dos estudos sobre o anarquismo no âmbito universitário? Você acha que há diferenças significativas entre a Europa e a Ibero-América?
Na minha experiência, que é menos longa que a dos meus colegas, o campo dos estudos anarquistas varia muito de um lugar para outro, e aqueles que trabalhamos com esses temas formamos redes porque nem sempre temos pesquisadores trabalhando com temas afins por perto. Na minha universidade de origem, no Uruguai, há um grupo de colegas que vem se dedicando a isso de maneira muito sistemática, então tive muita sorte de tê-los por perto quando comecei. A proximidade com Buenos Aires ajuda muito, porque há outros pesquisadores lá, muitos vinculados ao Cedinci, que se inserem em uma tradição de estudos anarquistas no Cone Sul. Essa tradição vem de longe, mas ultimamente pode ser vista na organização de congressos de pesquisadores que ocorreram desde 2017, primeiro na Argentina, depois no Uruguai, e no Brasil, o próximo será em 2025 no Chile. Tudo isso fala de uma boa saúde da área, em um contexto em que – talvez não seja necessário lembrar – fazer pesquisa é cada vez mais difícil e as condições de trabalho dos universitários são pouco confortáveis, pelo menos em comparação com outros lugares. Conheço pouco do desenvolvimento do campo em outras áreas da América Latina, então não sou uma informante qualificada além da região.
No nível europeu, não é fácil generalizar porque cada país tem sua situação particular, que às vezes se resume ao que acontece em alguns departamentos ou universidades. Posso dizer que este ano foi realizado o oitavo congresso da Anarchist Studies Network, na Universidade de Ulster, em Belfast, Irlanda. Desta vez não pude participar, mas pelo que li, foi muito concorrido e com muitas apresentações interessantes, principalmente de reflexão sobre conceitos anarquistas. No ano passado, no encontro de Saint-Imier, pude ver também como indivíduos e coletivos investigam e transmitem a história mais recente do anarquismo. Nesses âmbitos, em geral, convivem pesquisadores independentes e associados a universidades. E, além de discordâncias e diferenças entre os estilos de uns e outros, acho que há uma mútua nutrição que é boa e vale a pena promover.
Para finalizar, você pode nos contar com um pouco mais de detalhes quais são seus projetos de pesquisa atuais?
No momento, estou no segundo ano de uma pesquisa financiada que tem como objeto as traduções literárias na imprensa anarquista de várias cidades do espaço atlântico, na virada do século. É um tema que venho trabalhando para a imprensa do Rio da Prata e que agora estou tentando ampliar, usando ferramentas das humanidades digitais para abranger um volume significativo de periódicos, em vários idiomas. Tem sido um desafio aprender a trabalhar com certas ferramentas e, principalmente, incorporar a lógica da análise em grande escala. Em breve, espero poder compartilhar algumas das descobertas e tirar conclusões gerais que possam ser úteis para as pessoas interessadas.
entra neste site: www.imprimaanarquia.com.br
Parabéns, camarada Liberto! O pessoal da Ana poderia informar como adquirir a obra. Obrigada!
Obrigado pela traduçao
Oiapoque/AP, 28 de maio de 2025. De Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque – CCPIO CARTA DE REPÚDIO…
A carta não ta disponível