O Brasil desenvolveu a terceira maior bomba termobárica do mundo

Com 9 toneladas de explosivo e um raio de destruição de 1 km, a bomba termobárica Trocano é a mais potente da América Latina, sendo comparada à MOAB dos EUA e à FOAB da Rússia.

O Brasil desenvolveu uma das bombas mais poderosas do mundo, a Trocano, um artefato termobárico projetado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e financiado pelo Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) e pela Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB). Inspirada na MOAB (Massive Ordnance Air Blast) dos Estados Unidos e na FOAB (Father of All Bombs) da Rússia, a Trocano se destaca como a maior bomba da América Latina.

O projeto teve início em 2004 [durante o primeiro mandato de Lula (PT)] e foi conduzido de forma sigilosa pelas autoridades brasileiras. A Trocano é uma arma destinada à interdição de grandes áreas e pode ser usada para limpar zonas densas de vegetação, permitindo pousos de aeronaves de asa rotativa. O armamento foi projetado para ser lançado a partir de um avião Lockheed C-130 Hércules, utilizando um sistema de paraquedas que separa a bomba de seu palete antes da queda. Em 2011, a Força Aérea Brasileira confirmou o desenvolvimento do armamento e sua certificação para uso em aeronaves militares.

A Trocano é a terceira maior bomba termobárica do mundo e supera a versão americana
Composta por 9.000 kg de tritonal, um explosivo menos potente que o H6 utilizado na MOAB americana, a Trocano ainda assim supera sua contraparte dos EUA em poder destrutivo. Seu impacto é devastador, produzindo um raio de destruição total de aproximadamente 1 km. No entanto, ela fica atrás da FOAB russa, que utiliza 11.000 kg de explosivo e é considerada a maior bomba termobárica já desenvolvida.

Apesar de seu potencial destrutivo, a Trocano foi pouco divulgada pelo governo brasileiro, o que levanta questionamentos sobre a estratégia de sigilo militar adotada pelo país.

Fonte: agências de notícias

Conteúdos relacionados:
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/05/26/lula-pacifista-sera/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/03/27/mercado-da-morte-governo-lula-patrocina-a-maior-feira-de-armas-defesa-e-seguranca-da-america-latina/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/10/10/governo-lula-e-mercado-da-morte-exportacoes-de-produtos-belicos-e-de-defesa-atingem-recorde-em-2024-o-mundo-todo-esta-se-armando-alguns-usam-essas-armas-para-defesa-outros-para-ataque/

agência de notícias anarquistas-ana

Lua de primavera.
O teu brilho não permite
que eu aperte o passo.

Neide Portugal

[Espanha] Editorial Nº 4 | Redes Libertarias

Se passaram 6 meses desde nossa última edição em papel. Como foi esse período de tempo para vocês? Muito longo? Curto? Um suspiro? E, além da percepção pessoal, também nos perguntamos como o terão percebido as pessoas imersas em um conflito bélico daqueles que assolam o mundo: Sudão, Iêmen, Ucrânia, Gaza, Líbano, Mianmar, República do Congo, República Saaraui, entre outras. Não queremos deixar de falar de Gaza, do genocídio perpetrado por Netanyahu e suas mortíferas Forças de Defesa de Israel (F.D.I.), mas também não podemos esquecer que agora mesmo há mais 50 guerras, o número mais alto desde a Segunda Guerra Mundial e, talvez por isso, Trump mudou o nome do Secretário de Defesa para o de Secretário da Guerra.

Nesta edição nos interrogamos sobre a diferente velocidade do tempo porque, evidentemente, não são a mesma coisa os tempos do poder, marcados pela produção e pelo consumo, que os tempos das pessoas (se conseguem escapar do tempo mecânico e vazio que marca o capitalismo) e essa diferença fundamental se acentua porque acreditamos que muitos e muitas temos consciência de viver o fim de uma era. Ao nos aproximarmos “do final”, a sensação da passagem do tempo se acelera e as pressões do poder para impor “sua agenda” aumentam.

Como comentávamos no início, foram a situação do povo palestino e a guerra da Ucrânia fatores determinantes para que o “Relógio do Juízo Final”, o relógio fictício desenvolvido pelos físicos do Projeto Manhattan, cujo comitê publica anualmente uma avaliação dos riscos que comprometem a sobrevivência da humanidade e que, de alguma forma, alerta sobre o tempo que resta ao nosso planeta, esteja agora marcando 23:58:31.

A esse tique-taque inexorável podemos somar o som constante dos tambores de guerra e o ruído midiático produzido por verdadeiros autocratas (como Trump, Putin, Milei, Orbán, Bukele, entre outros) em muitas autodenominadas democracias ocidentais. Todas estas circunstâncias têm sido utilizadas pelo poder para avançar em sua estratégia de militarização da sociedade e, além disso, de nossas mentes. Nos bombardeiam (nunca melhor dito) com sua constante propaganda de rearmamento e desviam grande quantidade de dinheiro público para o negócio das armas: SEU negócio.

Coincide, além disso, em nosso tempo presente, a decolagem e generalização do uso da Inteligência Artificial (I.A., daqui em diante) desenvolvida pelas grandes corporações tecnológicas a um ritmo tão acelerado que não nos permite pensar, refletir e retificar seus possíveis efeitos nocivos, nem conhecer realmente até onde vão seguir coletando dados de nossas vidas, de nossos desejos e de nossos medos…

Por outro lado, a aceleração exponencial dos efeitos da mudança climática, a recente onda de incêndios devastadores que sofremos em nosso país (e em muitos mais de nosso entorno, Portugal, Grécia, França, a título de exemplo), a nefasta gestão dos mesmos e a sensação generalizada de que nenhum dirigente político leva a sério os avisos de cientistas e ativistas ecologistas, reforça a sensação de que estamos no limite e de que cada vez será mais complicado reverter esta situação.

Não somos na Redes Libertárias muito partidários das teorias apocalípticas nem do “salve-se quem puder” que as classes dominantes parecem ter adotado, mas é fácil constatar que, frente às evidências científicas que nos advertem da emergência climática e da necessidade de tomar medidas a respeito para desacelerar seu efeito devastador, o que vemos em nosso entorno (a U.E. ou “o mundo ocidental”) é uma reação de extrema direita ou ultradireita. E isso é ainda mais desalentador. Mas desde o anarquismo não podemos jogar a toalha. Nossa genealogia e nossa história nos ensinam que resistir já é um passo e que somos capazes de construir formas de vida e relações baseadas em parâmetros radicalmente opostos aos capitalistas.

Diante da imagem de ir por um rio e nos aproximarmos de uma catarata (e despencarmos…) o que podemos fazer desde o movimento libertário para organizar a resistência, remar contra a corrente e chegar a alguma margem? Não sabemos.

Mas sim sabemos que devemos nos organizar, devemos nos apoiar mutuamente e confiar na liberdade como farol que nos guie. Uma liberdade, talvez já não entendida como autonomia, independência e submissão do alheio, mas uma liberdade entendida mais como potência para o vínculo, construindo uma subjetividade relacional e aberta às outras pessoas, algo fundamental para lutar contra esse neofascismo que se estende com rapidez pelo mundo. Este fascismo de nova roupagem, mas com as mesmas intenções, com propostas disruptivas diante da passividade ou ensimesmamento da denominada “esquerda” que perdeu um horizonte de libertação e protagonismo coletivo. Nossa aposta na ação direta, sem intermediários que digam ou prometam nos representar, na resposta à opressão cotidiana em suas diversas formas e na defesa contra a servidão voluntária em que se converteram as diretrizes “democráticas” deve ser uma marca autenticamente libertária.

Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/12/02/editorial-no-4/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Os olhos no céu
e pensamentos vão longe –
Lua desta noite.

Silvia Maria Svereda

[Espanha] ExPresión Nº 143 | Ação direta, agora e sempre! Pela Liberação Animal. Liberdade para os ativistas presos!

Diariamente inúmeros animais são sacrificados. Amontoados em fábricas agrícolas, explorados por comércios ou empresários que negociam com suas vidas, capturados nos mares e rios, torturados em laboratórios, matadouros ou criadouros, humilhados e sacrificados em espetáculos, expostos em lojas, servidos como menu em restaurantes ou consumidos nos pratos de suas mesas.

O quê podemos fazer? Resgatá-los; sabotagens; causar danos; boicotar produtos e negócios; pintar ou assinalar seus comércios; difundir textos; organizar campanhas de desprestígio…

Podemos fazer muito mais por eles, não somente compadecer-nos.

Qualquer ato, por mínimo que pareça, pode significar a liberdade de um ser vivo, ou ocasionar perdas econômicas para os exploradores.

Usurários! Sim eles aproveitam tudo dos animais e fazem sua sorte, nós deveríamos tirar proveito de seus descuidos.

Dito isto, tire o capuz que ameaça chover.

Ação direta, agora e sempre! Pela Liberação Animal. Liberdade para os ativistas presos!

>> Baixar (Ex)Presión Nº 143: https://drive.google.com/file/d/1jcCpQOmfGTXqjVh7pAcw569ecFUig6D5/view

(EX)PRESIÓN

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Sol de primavera…
Apenas um pardalzinho
Canta…Canta…Canta…

Irene Massumi Fuke

[Grécia] Esses dias são sempre do Alexis – Chamada para a marcha 06/12/2025

Convidamos para a marcha em comemoração aos 17 anos do assassinato do estudante anarquista Alexis Grigoropoulos pelo policial Korkoneas. Concentração em 6 de dezembro de 2025, 18h, Propylaea (Atenas).

Apoiamos o bloco da Assembleia de Solidariedade a Combatentes Presos, Perseguidos e Fugitivos.

Todos e todas na concentração no local do assassinato de Alexis Grigoropoulos, na rua pedonal de Messolonghi (Exarchia) às 21h do mesmo dia.

Esses dias são sempre do Alexis.

Liberdade para Marianna Manoura, para Dimitra, para Nikos Romanos, para Dimitris, para A.K.

KYRIAKOS XIMITHRIS SEMPRE PRESENTE

REVOLUÇÃO AQUI E AGORA, PELA REVOLUÇÃO SOCIAL E PELA ANARQUIA

Iniciativa Anarquista de Resistência e Ação

Francisco Ascaso

agência de notícias anarquistas-ana

briga de gatos
na sala de jantar –
vaso em cacos

Carlos Seabra

[Espanha] Navarra identifica os restos de um militante da CNT de Durango assassinado na penitenciária franquista de San Cristóbal

Epifanio Osoro Icobalceta fazia parte de um grupo de 21 presos que foram assassinados extrajudicialmente em 1º de novembro de 1.936 no forte do Monte Ezkaba

• Navarra oferece às outras comunidades seu banco de DNA para identificar vítimas do franquismo

Por Rodrigo Saiz | 27/11/2025

O Banco de DNA do Governo de Navarra identificou os restos de Epifanio Osoro Icobalceta, um militante anarquista da CNT natural de Durango que fazia parte de um grupo de 21 presos da penitenciária franquista do forte de San Cristóbal que foram assassinados extrajudicialmente em 1º de novembro de 1.936. Trata-se da quinta vítima identificada dos restos exumados no cemitério municipal de Berriozar em março de 2.022.

O forte de San Cristóbal foi um complexo militar que após o golpe de 1.936 passou a ser utilizado como cárcere para presos políticos de toda a Espanha. Por ele passaram até 7.000 pessoas e morreram umas 800, mais de 200 fuziladas após a fuga de 795 presos em 1.938, e outras muitas por causas naturais provocadas pela tuberculose, desnutrição ou a superlotação.

Os restos identificados correspondem a Epifanio Osoro Icobalceta, natural e morador da localidade vizcaína de Durango. Quando foi preso, e posteriormente assassinado no forte de San Cristóbal, tinha 22 anos. Era mecânico de profissão e militava na Confederação Nacional do Trabalho (CNT). Foi condenado pela Audiência de Valladolid a 6 anos, 10 meses e 1 dia de presídio maior e encarcerado, posteriormente, no forte situado no alto do Monte Ezkaba. 

A associação ‘Txinparta-Fuerte de San Cristóbal’ conseguiu, graças aos arquivos municipais e paroquiais, ter os dados de todos os presos que passaram pela penitenciária e cujos restos foram enterrados nos cemitérios das localidades do entorno. Para a identificação deste preso vizcaíno se localizou seus familiares e cotejaram as mostras genéticas no Banco de DNA do Executivo foral.

Desde o Departamento de Memória e Convivência, Ação Exterior e Euskera, é dada especial ênfase na importância de contar com mostras de DNA para cotejar com os restos dos corpos encontrados nesse lugar, sem identificação, já que faltam mostras genéticas de familiares de vários destes presos. Depois de apelos passados conseguiram-se novas mostras genéticas, mas ainda faltam várias para poder cotejar, pelo que o Instituto Navarro da Memória quer recordar a lista dos presos exumados em Berriozar com cujos familiares não foi possível contatar até a data. Para iniciar o processo de coleta de amostra de DNA destacam que é imprescindível que os familiares das vítimas se ponham em contato com o Instituto Navarro da Memória através do correio inm@navarra.es.

Fonte: https://www.eldiario.es/navarra/navarra-identifica-restos-militante-cnt-durango-asesinado-penal-franquista-san-cristobal_1_12801076.html

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Seus cachos de seda
são borboletas douradas
brincando na brisa.

Humberto del Maestro

[França] O Lokal Autogerido comemora seus vinte anos!

Este ano, o Lokal Autogerido comemora seus vinte anos!

Vinte anos de existência de uma infoshop anarquista e punk em Grenoble: um local de atividade, encontro, luta e troca, com sua biblioteca engajada, sua fanzinoteca, suas distros, suas brochuras, seus filmes, seus shows, suas oficinas, seus lendários horários e todas as discussões que ali se inventam. Desde o início, recusamos subsídios e funcionamos como um coletivo horizontal: sem hierarquia, sem lucros. Tudo o que entra é usado para renovar os estoques, pagar o aluguel, as contas e manter um espaço político vivo.

O Lokal nasceu da vontade de ter um espaço permanente, após anos sendo expulso de espaços autônomos. Há vinte anos que nos mantemos graças às contribuições dos membros e ao trabalho coletivo. Mas hoje, a realidade é que já não conseguimos pagar o aluguel.

Se isso continuar, em breve teremos de fechar o Lokal e devolver o espaço.

Por isso, estamos lançando um apelo por apoio. Uma contribuição mensal, mesmo que seja de apenas um euro, pode fazer a diferença se formos muitos. O objetivo é estabilizar o aluguel para que o Lokal possa continuar existindo como um espaço político, cultural e autônomo.

E se você quiser fazer mais do que apenas apoiar, o Lokal está aberto às suas propostas. Organizar uma discussão, lançar um workshop, propor uma distribuição, manter um plantão, imaginar um projeto… Este lugar nunca foi pensado como um espaço para consumo, mas como um espaço para se apropriar.

Se você quer que o Lokal autogerido continue existindo após seus vinte anos, é agora que você precisa ajudá-lo a se manter. (lokal_autogere(at)no-log.org)

A gangue do Lokal Autogerido.

Programação:

SÁBADO, 6 DE DEZEMBRO,

15H.

A essa altura, já teremos terminado de pendurar pôsteres e fotos na parede para um momento nostálgico.

A InterZone tocará discos e haverá comes e bebes, tudo em um ambiente acolhedor e aconchegante.

17H.

Figuras históricas (mas acessíveis) virão contar as origens desta infoshop: o contexto, as motivações e talvez até as decepções.

18H30.

O momento que todos estavam esperando: Jantar. E a assembleia geral antiespecista terá preparado algo. A refeição será vegana.

20H.

Sim, shows. Com (quem mais?): Chicken’s Call, Mr. Martin e Archet Cassé (improvavelmente simultaneamente e certamente sem ordem específica).

DOMINGO, 7 DE DEZEMBRO,

12H:

Oficina de fanzines: provavelmente haverá uma configuração específica (ainda não definida), caso contrário, pode ser um pouco complicado. Comeremos as sobras de ontem, tentando não manchar nossas contribuições.

15H:

Discussão sobre as ligações entre punk e veganismo, proposta pela Assembleia Geral Antiespecista. Traga uma camiseta apropriada do seu guarda-roupa!

18H30:

O momento que todos estavam esperando: vamos nos aquecer com uma deliciosa sopa phở [sopa vietnamita].

19H30:

Queríamos exibir um filme de terror, mas em vez disso será “Boo!”, um filme sobre o 400 Couverts, um squat em Grenoble que funcionou de 2001 a 2005. Existe alguma conexão entre o fim do 400 Couverts e o início do Lokal Autogerido? Venha investigar.

Fonte: https://cric-grenoble.info/infos-locales/article/le-lokal-autogere-fete-ses-vingt-ans-4924

agência de notícias anarquistas-ana

Hora do recreio:
periquitos tagarelas
brigam pelas mangas.

Anibal Beça

[Grécia] Agrínio: Cartaz-convite para uma concentração por ocasião dos 17 anos da revolta de dezembro.

17 ANOS APÓS A REVOLTA DE DEZEMBRO

As revoltas (como a de dezembro de 2008, mas também a de novembro de 1973) não são definidas nem guiadas por nenhuma vanguarda ou partido (iluminado).

As revoltas nascem da raiva e da consciência da sociedade contra a exploração e a opressão.

MANTENHAMOS VIVA A MENSAGEM DE DEZEMBRO

AGUDIZAR AS LUTAS SOCIAIS E DE CLASSE

JUNTO COM AQUELES/AS QUE TENTAM MINAR

COM TODOS OS MEIOS, A NORMALIDADE

CONCENTRAÇÃO: Sábado, 06/12/2025, às 19h00 na Praça Dimadi

Okupação Apertus

Espaço Social Livre em Agrínio

Kalyvion 70

apertus.squat.gr

Conteúdo relacionado: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/12/02/grecia-alexis-grigoropoulos-um-de-nos/

agência de notícias anarquistas-ana

É muito silêncio
enquanto as flores não crescem
e os poetas dormem.

Eolo Yberê Libera

[Argentina] Mendoza: Encontro Anarquista – 13 dezembro

Desde alguns meses vínhamos pensando a potência de nos encontrarmos com companheiros anarquistas de diversos territórios para poder compartilhar a atualidade das diferentes frentes de luta em curso, as estratégias de resistência, o trabalho dos arquivos e bibliotecas, o intercâmbio entre produções materiais e gráficas, dar corpo e vida aos debates que nos atravessam neste primeiro quarto do século XXI.

Por isso, pensamos em realizar um encontro no sábado 13/12 na província de Mendoza, aproveitando também o primeiro aniversário de nosso boletim.

Sabemos que falta, mas também que o fim de ano passa voando. E por isso queremos, que na medida do possível, possam nos confirmar a participação dos que desejem vir, e assim podermos organizar atividades, locação, alojamentos possíveis e outros.

Cremos na construção coletiva e por isso também os convidamos a colaborar na construção mesma do encontro, seja com propostas de temas a discutir atividades, etc.

São tempos difíceis, mas não estamos sós.

Procuremos que viva a anarquia!

@manoamanoanarquistas

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Árvores da infância –
E depois a monotonia verde
Dos canaviais…

Paulo Franchetti

[Espanha] Sem medo. Sem violência. Mulheres livres.

Está bem esperar a revolução a cada dia; mas é ainda melhor sair para buscá-la, forjando-a minuto a minuto nas inteligências e nos corações.

25 de novembro é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, uma violência que, no sistema capitalista no qual vivemos, se manifesta em todos os âmbitos da vida das mulheres: na família, no trabalho, na rua, no ensino, nas instituições, no acesso à informação, nas redes sociais…


Esta violência não é só física, mas que adota diversas formas: desde os golpes até os menosprezos, a discriminação, a coisificação e as diversas expressões de violência sexual ou econômica.

A mulher trabalhadora não só deve defender-se da exploração empresarial, mas também da violência que pode vir de seus próprios companheiros. Desde a CNT, trabalhamos para que o sindicato seja uma ferramenta útil a serviço da emancipação das mulheres, e um espaço no qual possamos nos sentir seguras.

Para consegui-lo, é imprescindível uma tomada de consciência por parte dos homens; uma consciência que não se baseie unicamente nas palavras, mas que parta de uma análise autocrítica e se materialize nos atos concretos. Só assim o sindicato poderá responder aos anseios da mulher trabalhadora, forjando —como dizia Lucía Sánchez Saornil— uma revolução nas inteligências e nos corações.

cnt.es

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

no canto da janela
nova linha do horizonte:
o fio da aranha.

Tânia Diniz

[EUA] Mumia Abu-Jamal fala com a voz clara de um homem livre

Encarcerado por 44 anos, o preso político permanece inflexível diante da negligência médica.

Por Dave Zirin | 22/10/2025

O clima era animado, ou tão animado quanto possível para qualquer reunião na Instituição Correcional Estadual em Mahaney, na Pensilvânia. No dia 16 de outubro, junto com a advogada Noel Hanrahan, fui ver o prisioneiro político mais conhecido do país, Mumia Abu-Jamal. Um júri, informado de que os escritos políticos de Abdul-Jamal podiam ser usados para determinar a culpa, e condenou o ex-Pantera Negra à morte em 1982 pelo assassinato de Daniel Faulkner, um policial da Filadélfia. Não são apenas ativistas radicais comprometidos, mas organizações como a Anistia Internacional que acreditam que o seu julgamento e condenação foram uma farsa e pedem a reabertura do caso. Agora, Abu-Jamal está no que se chama de “corredor da morte em câmera lenta”, mas o Estado não conseguiu silenciar a sua voz política nem o movimento para trazê-lo de volta para casa após 44 anos de encarceramento.

Para que Abu-Jamal nos encontre, e comemore boas notícias, ele precisa passar por uma revista corporal completa. Essa é uma condição prévia para todos os presos antes e depois das visitas. Sem exceções. Um Abu-Jamal de 71 anos não está isento devido à sua idade ou estatura de “cabeça velha”.

A sala de reuniões, onde toda a família, amigos e advogados desses homens encarcerados se reúnem, parece uma cafeteria de escola com máquinas de venda automática nas paredes. A única diferença é que precisamos sentar ao redor de mesas em formato de U que impedem que os presos se sentem diretamente ao lado dos familiares. Também há uma área de brincadeira não monitorada para crianças, com uma coleção de brinquedos borrados e pegajosos.

Na sala de visitantes, os guardas mantêm olhar firme em Abu-Jamal. Até recentemente, ele só podia fingir que retribuía o olhar. Agora ele pode. Por 9 meses, Abu-Jamal, autor de 15 livros, ficou cego. Para restaurar a visão, precisou de cirurgia de catarata a laser de cinco segundos. Ainda assim, foi necessária uma batalha legal e protestos nos portões da prisão para que recebesse o procedimento. O problema não era só não conseguir ler ou ver mais do que manchas coloridas e claras. Para a própria segurança física, Abu-Jamal precisava manter a cegueira em segredo. Quando o entrevistei no início deste ano para a Rolling Stone, tive que concordar em não relatar a sua falta de visão. Mesmo para alguém a quem muitos prisioneiros demonstram grande deferência, ficaria vulnerável e podia ter se tornado um alvo. Então Abu-Jamal encobriu isso, andando em linhas diretas em padrões diários: comida, malhar e depois ouvir (não assistir) CSPAN na cela. Novamente, isso durou 9 meses. (Abu-Jamal insistiria que eu escrevesse aqui que a negligência criminosa com a sua saúde é um exemplo de como todos os prisioneiros são tratados.) Abu-Jamal precisa de acompanhamento. Ele terá perda permanente de visão sem mais tratamentos, e não há garantia de que os receberá. Mas nesse dia, celebramos que ele, agora, pode voltar a terminar a sua tese de doutorado, começar a ler uma pilha de livros e simplesmente cuidar de si mesmo.

Esse não era o único motivo para alguns sentimentos bons. Na noite anterior, Abu-Jamal falou, sem aviso ou preparação, por telefone e no microfone em um evento que comemorava a recentemente falecida revolucionária Assata Shakur, ex-membro do Partido dos Panteras Negras e do Exército de Libertação Negra que fugiu de uma prisão em Nova Jersey para Cuba há 46 anos.

O apresentador da noite, Marc Lamont Hill, recebeu uma ligação de Abu-Jamal, amigo e coautor de Hill’s, aleatoriamente durante o programa. “Marc viu o número e levou o telefone para o palco”, disse a diretora de programação da WPFW, Katea Stitt, que estava no local, “Ouvimos a operadora da prisão conectar a ligação, e Marc perguntou a Mumia se ele queria dizer algumas palavras. Sem hesitar, Mumia disse que não só Assata Shakur nasceu livre. Ela morreu livre. Ele diz isso de trás das grades com a voz clara de um homem livre; livre porque o Estado não o quebrou. Aquela sala lotada de gente estava só se abraçando, e você ouviu soluços.”

Abu-Jamal ficou satisfeito com os comentários e a recepção que as suas palavras receberam. Mesmo fazendo isso tem sido uma luta; Ao longo dos anos, enquanto apoiadores e advogados lutavam para garantir que a sua voz fosse ouvida em chamadas e impressos. É ótimo para o espírito saber que você não foi esquecido.

Também trouxe um presente para ele: meu novo livro favorito, A História Negra é Para Todos, de Brian Jones. Pelas regras do sistema prisional da Pensilvânia, eu podia mostrar o livro a Abu-Jamal, conversar com ele e folhear as páginas, mas ele não podia levá-lo de volta para sua cela. Eu teria que enviá-lo depois, por um “centro de processamento de segurança”, e o pacote seria avaliado.

O livro ressoou com Abu-Jamal. Um dos argumentos de Jones é que a frase frequentemente ouvida de que “A história negra é história americana”, embora verdadeira, é um pouco exagerada, porque esse sentimento social-patriótico exclui pessoas de Marcus Garvey a Fanny Lou Hamer, Malcolm X e Assata Shakur que, embora todos tenham uma política distintamente negra americana enraizada na resistência à opressão, são internacionalistas até o âmago. Eles rejeitaram o “patriotismo” por motivos políticos. Jones também argumenta que a história negra tem sido e continua sendo atacada e proibida de forma implacável justamente porque existe um poder libertador em uma história que expõe as raízes dessas desigualdades selvagens do país; desigualdades exemplificadas por ter a maior população carcerária do mundo enquanto o seu exército reprime cidades que contrariam a vontade de um regime grotescamente corrupto.

A prisão, concedendo um direito pelo qual Abu-Jamal lutou, então fez um funcionário prisional tirar nossas fotos usando o equivalente estadual de uma câmera Polaroid. Em uma foto, eu estava segurando o livro do Jones. Eles confiscaram essa. Existem regras rígidas: nada de imagens, nada de camisetas com slogans, nada de sinais de paz, nada de saudações com punhos fechados, você nem consegue fazer um coração com as mãos, porque pode ser um sinal de gangue.

Os guardas da prisão pareciam exclusivamente brancos e tinham tatuagens dos braços ao pescoço. Vieram trabalhar em Frackville, que já teve empregos na mineração de carvão e agora tem empregos em prisões. Pessoas cujos pais podem ter trabalhado juntas nas minas, agora, estão em lados opostos da jaula. Era difícil não pensar que, se alguma comunidade precisava de uma história libertadora, era Frackville, Pensilvânia. Existe uma rica tradição aqui de não se contentar com restos. A 10 minutos de carro da prisão, há até uma estátua que homenageia os Molly Maguires, lendários trabalhadores irlandeses radicais do século XIX que lutavam por melhores condições de trabalho nas minas a qualquer custo. A história está em toda parte, e o livro de Jones defende que ela precisa ser ensinada.

Após uma despedida em frente ao estrado elevado da guarda, cada um de nós recebeu duas fotos, menos a confiscada. Abu-Jamal, um avô com visão debilitada, tinha outra revista corporal esperando por ele do outro lado das portas de metal.

Depois de mais de 40 anos, legiões de pessoas ainda se importam com esse homem e o seu caso. Não importa o que façam para destruí-lo, ele, como Stitt disse, “fala com a voz clara de um homem livre”. Acho que ele ficou animado ao ouvir a história da libertação de Jones, porque, mesmo atrás das grades, ele faz parte dessa história. Abu-Jamal permanece intacto e, caramba, isso irrita os desgraçados.

Fonte: https://www.thenation.com/article/society/mumia-abu-jamal-dave-zirin-medical-neglect/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Flauta,
cascata de pássaros
entornando cantos úmidos.

Yeda Prates Bernis

Prisões e pressão sobre ativistas anarquistas continuam no Irã!

Por Hasse-Nima Golkar

A grave e profunda crise social, econômica, cultural e política criada pelo estado islâmico-xiita governante sobre a geografia do Irã empurrou gradualmente o governo para mais perto da borda do colapso. Sobre esta base, o regime fascista — tentando difundir o medo em resposta às crescentes intervenções e protestos de diferentes grupos trabalhadores e oprimidos na sociedade, e para evitar a aceleração de tal colapso — continua realizando prisões generalizadas de ativistas sociais, políticos, culturais-artísticos e civis. A prisão e a pressão sobre ativistas anarquistas e esquerdistas humanitários culturais nos últimos meses são uma destas medidas “preventivas” por parte da polícia militar-segurança.

Após a prisão e encarceramento de Afshin Heiratian (11 de novembro de 2025), um ativista anarquista, artista teatral e colaborador com a Sociedade para a Defesa dos Direitos das Crianças Trabalhadoras e de Rua, as autoridades de segurança novamente citaram Mohaddeseh Olphatshayan, outra ativista anarquista e trabalhadora voluntária de ajuda na mesma organização sem fins lucrativos. Foi interrogada e submetida à pressão psicológica. É estudante de ciências sociais, escritora e tradutora que publicou vários artigos sobre anarquismo, crítica aos crimes cometidos pelo Emirado Islâmico no Afeganistão e pelos governos do Irã e Israel, assim como uma forte defesa dos direitos do povo palestino.

A Sociedade para a Defesa dos Direitos das Crianças Trabalhadoras e de Rua foi uma das instituições sem fins lucrativos que cessou suas atividades civis-humanitárias em 15 de outubro de 2025, depois de ser fechada e lacrada pelas autoridades governamentais. Este centro incluía unidades de trabalho social e apoio psicológico e assistia cerca de 400 crianças que haviam sido privadas de serviços educativos e vocacionais devido a danos sociais.

Tradução > Sol de Abril

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/11/13/ira-viva-a-liberdade-e-em-solidariedade-com-os-camaradas-alem-das-fronteiras/

agência de notícias anarquistas-ana

Sol no girassol.
Sombra desenha outra flor
no corpo dourado.

Anibal Beça

[País Basco] Celebrou-se o encontro antimilitarista de Basoa, em Bizkaia

Basoa (Artea, Bizkaia), 19 de outubro de 2.025

O Encontro Antimilitarista Basoa 2025, organizado por Alternativa Antimilitarista-MOC, celebrou-se nos dias 18 e 19 de outubro em Basoa – Defendatzaileen Etxea, um espaço comunitário situado em Artea, Bizkaia. Basoa, literalmente “o bosque”, funciona como um lugar simbólico e real de refúgio, resistência e encontro, onde se experimentam formas de vida baseadas na autogestão, na horizontalidade e na vida simples. Sua história se vincula à Red Artea, que desde 2.016 deu abrigo a centenas de pessoas migrantes e refugiadas, transformando a ajuda humanitária em uma solidariedade que denuncia as causas estruturais de exclusão e violência. Basoa encarna assim uma prática cotidiana de resistência e cuidado, coerente com o espírito antimilitarista e os valores da não violência, da desobediência e da solidariedade ativa.

O encontro foi convocado em resposta a um contexto marcado pela normalização da guerra, do crescente gasto militar, do rearmamento e da militarização de fronteiras, fenômenos que geram violência estrutural, crises humanitárias e graves obstáculos para o acesso de pessoas deslocadas a zonas de proteção e segurança. Frente a esta situação, Alternativa Antimilitarista-MOC propôs refletir sobre o estado atual do movimento antimilitarista, suas linhas de ação e sua intersecção com lutas feministas, ecologistas e antirracistas, reforçando a ideia de que o antimilitarismo atua de maneira transversal sobre múltiplas frentes de injustiça e violência.

O evento reuniu pessoas procedentes de diversos territórios do Estado vinculadas à desobediência civil e a resistência não violenta. A diversidade de gerações e trajetórias permitiu um diálogo intergeracional e interterritorial, valorizando os 25 anos de trajetória coletiva, desde a finalização da campanha de insubmissão ao serviço militar até a atualidade. Trabalharam-se aprendizagens chave: transmissão de ferramentas de não violência e desobediência civil, abertura de novos espaços de ação, fortalecimento de vínculos com outros movimentos emancipatórios, colaboração entre coletivos e organização autogestionada.

Neste marco abordaram-se temas centrais do antimilitarismo contemporâneo, propondo, desde a desobediência e a não violência como estratégias políticas, as lutas contra o gasto militar e o rearmamento, assim como contra a indústria armamentista, sustentada pela economia de guerra, que em aplicação de uma feroz lógica militar, conduz a cortes no gasto social. Analisaram-se a militarização de fronteiras, responsável pelas crises humanitárias e obstáculos para o acesso a espaços de proteção e segurança, e a militarização da sociedade, refletida na cultura da guerra e do doutrinamento em escolas. Também se abordou a violência estrutural e os sistemas de coerção, incluídos os efeitos da Lei Mordaza.

A partir deste diagnóstico compartilhado, formularam-se propostas concretas para fortalecer redes locais, dar continuidade às resistências existentes e articular novas formas de ação antimilitarista, incorporando a construção de alternativas de segurança e paz ativa, mediante modelos comunitários, não violência e desobediência civil.

Entre as aprendizagens mais práticas surgidas durante o encontro, destacaram-se alguns como reforçar a presença na rua, renovar a visibilidade e comunicação, produzir argumentos contextuais, abrir debates internos sobre organização e ação política, priorizar ações pequenas, humanas e sustentáveis, e estabelecer colaborações realistas e pontuais com outros coletivos, fomentando a confiança e evitando forçar processos coletivos que não fluem.

O encontro concluiu com uma assembleia aberta destinada a sintetizar as conclusões e acordar os próximos passos do movimento antimilitarista. Espera-se que de Basoa emerjam novas alianças, projetos conjuntos e una visão renovada sobre como fortalecer a resistência frente ao militarismo e a violência estrutural, reafirmando que a defesa da vida, da solidariedade e da desobediência seguem sendo ferramentas essenciais do movimento.

Fonte: https://www.sinkuartel.org/basoa-topaketa-antimilitarista-2025-basoa-encontro-antimilitarista-2025/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

bambu quase quieto,
voltado para o poente,
filtra a luz da tarde.

Alaor Chaves

[República Tcheca] Festa do Livro Anarquista de Praga

Festa do Livro Anarquista de Praga

6 de dezembro de 2025

das 15 às 22h

Centro Autônomo 254 (Argentinská 18, Prague 7 Holešovice)

• Livros e zines de editores domésticos e de fora.

• Venda de gráficos mexicanos estampados por coletivos autônomos.

• Vegan snack & bar AC254

Programa:

17h30 – As revistas anarquistas têm futuro? (AF Publishing House)

As revistas e zines têm sido um pilar do movimento anarquista desde o início dos anos 1990. Eram utilizados para constituir, discutir, informar, inspirar e mobilizar. Mais de uma década depois, especialmente com a chegada da internet e a crescente popularidade das redes sociais, e começa o declínio dos meios impressos anarquistas. Aquela que resiste a essa tendência faz tempo é a revista anarquista Existence. Mesmo isso não está exatamente no foco, não importa o quanto tenta discutir diversos temas interessantes da perspectiva anarquista. Existe demanda para algo como isso dentro do movimento anarquista? Caso não haja, o que pode substituir os periódicos impressos e as suas funções características?

19h00 – Lançamento da nova tradução ao tcheco da brochura “Bruxas, parteiras e enfermeiras” (Witches, Midwives and Nurses) de distribuição Salé.

19h30 – Lançamento do livro Sangue Círculo Preto (“Blood Circle Black”) de Radek Wollman, publicado pela Alarm Publishing House.

anarchistbookfair.cz

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

todo mundo giz
que ali jazz um haicai
porque blue – ou bliss?

Bith

[Suíça] Convite para encontros sobre a relação entre anarquismo e linguagem

Propomos um encontro para discutir o lugar e o papel da linguagem nos espaços anarquistas. Esta questão toca em muitos aspectos da prática anarquista (comunicação internacional, tomada de decisões, práticas de tradução e publicação, teorizações da linguagem, arquivos, etc.) e foi abordada pelos anarquistas de diferentes maneiras, dependendo dos contextos políticos, geográficos, históricos e linguísticos.

Nossa ideia é nos reunirmos pela primeira vez em maio de 2026, em um local ainda a ser definido (na Suíça ou na Itália), para discutir as questões práticas, teóricas e políticas que a linguagem coloca na história do anarquismo e em seus desenvolvimentos contemporâneos. Imaginamos os encontros na forma de discussões, apresentações, leituras conjuntas, relatos de experiências e qualquer outro formato que possamos decidir juntos.

Para se organizar da melhor forma possível, escreva para nós até 15 de dezembro de 2025 em anarchismelangage@riseup.net para que possamos trocar ideias pela primeira vez e desenvolver o programa coletivamente.

Até breve!

Fonte: https://iaata.info/Invitation-a-des-rencontres-sur-les-rapports-entre-anarchisme-et-langage-8005.html

agência de notícias anarquistas-ana

patins no gelo –
riscos que se cruzam
como novelo

Carlos Seabra

[Grécia] Alexis Grigoropoulos: um de nós

“Uma bala no coração de Alexis para acabar com o ciclo da onipotência da máquina estatal. Uma mancha de sangue na rua de pedestres de Messolonghi para iniciar o ciclo de revolta que destruiu a ordem legal e espalhou caos e anarquia em todas as cidades da Grécia… Alexis é agora parte integrante dessa história; não sei como seria se os acontecimentos fossem diferentes, ou melhor, se isso é mais do que o espírito interior dos feridos. Mas posso te contar o que Alexis era antes de morrer pelas balas do policial. Na sua curta, mas aventureira vida, viveu de forma autêntica, era um jovem insurgente fascinado pela ideia de anarquia como aqueles que hoje ocupam as ruas da cidade jogando coquetéis molotov em policiais e incendiando carros de polícia, era indisciplinado e teimoso, um homem honesto de alma bondosa e motivos altruístas em tudo que fazia. Ele era alguém que vivia intensamente as suas paixões e frustrações”

– Nikos Romanos, Requiem para uma jornada sem retorno (Requiem for a journey of no return)

29/11/2015

Dezessete anos se passaram desde o assassinato, pelos policiais Korkoneas e Saraliotis, do estudante anarquista Alexis Grigoropoulos em Exarchia, na interseção das ruas Messolonghi e Tzavella. O local, assim como o que aconteceu nas horas e dias seguintes, não foi coincidência. Já antes da sangrenta noite de 6 de dezembro de 2008, Exarchia era um ponto de referência para todos que queriam questionar a autoridade e a aparente onipotência do Estado e do capital. Os inúmeros confrontos com as forças da repressão na Politécnica, na Praça Messolonghi e em todos os cantos do bairro, nas ocupações, e todas as lutas sociais e de classes que ocorreram em Exarchia juntos formaram um mosaico de resistência e antiviolência social contra o voraz motor de poder que quer destruir todos os sonhos e desejos dos de abaixo. Assim, Alexis, companheiro anarquista de 15 anos, desde muito jovem buscou o caminho da resistência nas ruas estreitas de Exarchia, rejeitando para sempre o caminho da inação e da passividade. Exarchia generosamente lhe deu as pedras, as garrafas e as ferramentas para fazer a sua parte na guerra social e de classes e para lutar ao lado dos oprimidos. Foi nesse papel que foi assassinado, como lutador que desde muito jovem escolheu o lado da história que exige um mundo de igualdade, solidariedade, o domínio da revolução social e da anarquia.

O assassinato estatal de Alexis Grigoropoulos não foi um evento aleatório. Alexis, como lutador, e mais, como jovem lutador cheio de apetite por mudar o mundo, foi deliberadamente assassinado pelo Estado grego numa tentativa de desmontar a resistência social e o mundo da luta e de enviar uma mensagem punitiva a crianças, jovens homens, mulheres de que o único caminho que podem escolher é a subjugação. Porém, as marés da história lhes mostraram a derrota. O assassinato estatal de Alexis Grigoropoulos não só foi insuficiente para subjugar pelo terror o mundo da luta, foi a faísca para a chama da revolta de dezembro de 2008, a radicalização de dezenas de camaradas que, em frente à viela ensanguentada de Messolonghi, juraram vingança e derrubaram a normalidade não só do centro metropolitano de Atenas, mas da normalidade imposta pelo aparato estatal. Até mesmo os estudantes, alvo de repressão e dando exemplo, não só não recuaram, passaram a ocupar as escolas, tradição que continua até hoje, todo 6 de dezembro, e participaram de passeatas, comícios e ataques a delegacias de polícia. As relações forjadas desde então até hoje, com a participação compartilhada do povo do bairro Exarchia nas lutas locais e sociais, construíram relações de confiança e solidariedade. Há inúmeros exemplos de moradores de Exarchia oferecendo as próprias casas como abrigo contra gás lacrimogêneo e ataques policiais. Incontáveis são as lutas nas quais o movimento radical se sentiu em casa em Exarchia e lutou por ela.

Exarchia é um lar para todo indivíduo em luta, é ponto de encontro, lugar de socialização, de organização e centro de resistência. Nas ruas de Exarchia, na colina, na praça, coletivizamos as ansiedades e medos, as dificuldades do dia a dia, as alegrias e a raiva. Encontramos soluções e respostas, às vezes espontâneas, outras, organizadas, construindo barricadas de solidariedade de classe e auto-organização social.

Exarchia, como berço de ideias e revoltas antiautoritárias, e como bairro de solidariedade e ajuda mútua, onde moradores e frequentadores vêm construindo relações de solidariedade e desafiando o poder há décadas, é alvo do Estado e do capital. A criação de uma estação de metrô na praça, a tentativa de transformar o prédio Gini em jardim na cobertura e a esterilização da Politécnica Inferior, as centenas de policiais acampados na Colina Strefi e no bairro para proteger os desejos do capital, todas escolhas políticas que trabalham em benefício do capital e às custas das camadas mais pobres e contrapoderosas da sociedade. Esses fatores levaram a uma mudança nas características de Exarchia, ao desaparecimento dos seus poucos espaços públicos e ao deslocamento da sua base social. O avanço do capital, pelo turismo, com inúmeras lojas, AirBnB e o rápido aumento dos aluguéis, desloca as pessoas do bairro, transformando em entretenimento, em resort turístico estéril, onde o seu caráter político e social se transforma em mercadoria e espetáculo.

Como aconteceu em 2008, pode acontecer de novo. Isso ficou comprovado nos últimos anos com os assassinatos estatais de X. Michalopoulos, K. Fragoulis, N. Sambanis, K. Manioudakis, com o ataque quase mortal ao antifascista Vasiliki, com a morte por tortura de Mohamed Kamran na delegacia de polícia de Agios Panteleimon, o assassinato estatal de 600 imigrantes em Pilos, com a previsível desvalorização da infraestrutura pública e do transporte que levou a Tempe, com inúmeros “acidentes industriais” e com muitos outros assassinatos estatais conhecidos ou desconhecidos em campos de trabalho, hospitais, fronteiras, centros de detenção, delegacias e prisões. O acampamento de centenas de assassinos fardados no bairro, que atacam predominantemente jovens circulando fora do contexto de consumo em Messolonghi, na Colina Strefi e nas ruas de Exarchia, com bullying diário, checagens “padrão” de identidade e prisões, cria a condição para a repetição do assassinato policial.

O ataque a jovens também ocorre nas escolas, como aconteceu em 5 de novembro de 2025 no Colégio 46 de Atenas, que fica no bairro de Exarchia, e estava sendo ocupado em resposta ao chamado nacional dos professores universitários contra a degradação das escolas públicas e universidades, contra a desvalorização e repressão de alunos e professores. A polícia fez uma operação surpresa brutal contra a ocupação estudantil, resultando na prisão violenta de um estudante de 13 anos e na sua detenção por uma noite na delegacia de Exarchia. O estudante foi alvo de intimidação, abuso e coleta de impressões digitais sem a presença de tutor ou advogado, enquanto a sua mãe foi impedida de vê-lo e ameaçada de prisão. É evidente que, dentro do quadro geral de repressão exercido pelo Estado na sociedade, o aumento de estudantes e jovens como alvo não é acidental, é uma escolha consciente. Desde as novas disposições direcionadas a menores no Novo Código Penal até a constante propaganda na mídia e práticas repressivas em espaços públicos, o objetivo é suprimir todas as vozes jovens, enfraquecer a resistência antes mesmo que se forme, cortar os jovens dos seus desejos e experiências e integrá-los de forma ordenada à lógica do sistema. Isso porque sabem que as gerações mais jovens são a base de uma sociedade que se desenvolve por meio da luta coletiva, capaz de imaginar um mundo diferente.

No nosso caso, defendemos o legado insurrecional de dezembro de 2008 e o fio histórico da resistência no bairro, e resistimos à transformação de Exarchia em um bairro genérico, predominantemente povoado por turistas, apartamentos de luxo e lojas caras, e frequentado por consumidores caríssimos e egocêntricos e interessados na sua carreira. Defendemos um bairro vivo que seja acolhedor para imigrantes, que vá às ruas diante da violência estatal, que abra as portas para aqueles que lutam, resistem e se organizam. Convocamos o povo do bairro e do mundo de luta a se unirem ao chamado da Ação Coordenada na Defesa de Exarchia para se reunirem na Praça Exarchia em Tsamadou, no sábado, 6 de dezembro, às 16h30, para seguir juntos à manifestação da marcha de memória do estudante anarquista Alexis Grigoropoulos e da revolta de 2008.

– O bairro, armado com solidariedade, vai às ruas em 6 de dezembro. Deixamos as nossas portas abertas aos manifestantes.

– Quebramos a ‘linha vermelha’ do nosso bairro, não deixamos mais espaço para a repressão estatal.

– Todos às ruas. Todos para Exarchia.

– Reunião na Praça Exarchia na rua de pedestres de Tsamadou às 16h30 e marcha para Propylaea às 18h30

NESTAS RUAS, NESTA SOCIEDADE, HÁ LEVANTES, NÃO HÁ DEVANEIOS

TEREMOS A ÚLTIMA PALAVRA: ESTES DIAS SÃO PARA ALEXIS

KYRIAKOS XYMITIRIS, UM DE NÓS: CAMARADA PARA SEMPRE NAS RUAS DO FOGO

Ação Coordenada na Defesa de Exarchia

Fonte: https://bentley.noblogs.org/post/2025/12/01/alexis-grigoropoulos-one-of-us/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Cicatrizes antigas –
a pele guarda revoltas
que os livros apagaram.

Liberto Herrera

[Holanda] “Anarquia na Grécia: Relatórios de Resistência 2018–2025”: Um livro e um projeto de solidariedade

Quando buscamos aprender com outras lutas e delas tirar inspiração, precisamos ter em mente as diferenças. Devemos priorizar uma introspecção revolucionária que leve em conta segurança e risco. Coragem e paixão são indispensáveis, mas, se não considerarmos o contexto, podemos acabar diminuindo nossas próprias lutas.” – Anarquistas

Anarchy in Greece” é uma compilação de relatórios de resistência feitos diretamente do terreno a partir de 2018, oferecendo raras análises em inglês sobre o movimento anarquista no país e sobre as condições da sociedade grega ao seu redor.

Percorrendo cidades, vilarejos, ocupações e prisões, Anarchy in Greece oferece uma compreensão mais profunda das circunstâncias e das lutas, históricas e atuais, que ajudaram a criar e definir o movimento anarquista na Grécia e de onde ele se encontra hoje. Tudo isso para desmistificar o movimento, ajudar o leitor a aprender com suas forças e aprimorar os esforços de solidariedade internacional.

O mais importante: toda a renda obtida com a venda do livro, por todas as editoras e distribuidoras envolvidas, será doada ao grupo antirrepressão e de solidariedade Tameio: Fundo de Solidariedade para Revolucionários Presos e Perseguidos na Grécia. O Tameio atua há anos oferecendo diversos esforços críticos e consistentes de solidariedade para revolucionários em julgamento ou em longas penas de prisão.

Para saber mais sobre o Tameio, visite: tameio.net

Onde adquirir:

A primeira edição na Europa será impressa em um esforço conjunto do Anarchist Group Amsterdam (AGA) e da livraria Fort van Sjakoo, em Amsterdã (Holanda).

Você pode pedir o livro facilmente pela loja virtual da Fort van Sjakoo:

Alternativamente, você pode contactar o AGA para detalhes sobre pedidos dentro da UE: aga@agamsterdam.org

Pedidos fora da UE podem envolver taxas adicionais de envio. Para pedidos fora da UE, sugerimos também consultar a edição americana pela Detritus Books: https://detritusbooks.com/products/anarchy-in-greece-resistance-reports

Esta é nossa primeira tiragem, mas esperamos que seja a primeira de muitas. No entanto, caso esgote rapidamente, estamos felizes em anunciar que, em janeiro de 2026, a Active Distribution assumirá a publicação e distribuição do livro na Europa. Para atualizações, visite: activedistributionshop.org

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Nos bancos da praça
Muito ouro aos aposentados —
Árvores de Ipê.

Neide Rocha Portugal