[Grécia] Segunda-feira, 17 de novembro | Chamada para a marcha

Convocamos para a marcha pela revolta do Politécnico.

Pré-concentração em Dompoli segunda-feira, 17 de novembro, às 18h.

Estado e capital, os únicos terroristas

Certamente não vivemos na época da junta militar, mas vivemos a junta militar da nossa época. Desvendando o fio da história, encontramos padrões comuns, condições totalitárias recorrentes e atemporais. Em contraste com a narrativa dominante da direita sobre a transição do regime da junta para o parlamentarismo, e também com a instrumentalização do Politécnico por uma parte significativa da esquerda, nós entendemos o Politécnico como uma fissura na normalidade. Como uma rebelião.

Interpretando o clima político internacional da época, havia uma forte política de Guerra Fria, da qual a Grécia não ficou imune. A junta dos coronéis foi resultado do medo da “ameaça comunista” e do “inimigo interno”, que era perpetuado pelas décadas anteriores. A natureza autoritária do regime não era um fenômeno sem precedentes para a Grécia dos anos 70, pois desde o período pós-guerra civil as mesmas práticas de repressão eram utilizadas: torturas, sequestros, prisões, assassinatos, delação, censura. As condições acima atuam como um catalisador para desencadear uma revolta de baixo para cima com características multiformes e propostas antifascistas, antiestatais, anticapitalistas e anti-imperialistas.

A narrativa dominante, com o consentimento da esquerda, escolheu conscientemente apagar da memória coletiva os elementos combativos da revolta, pois seus conteúdos e ideais políticos permanecem atuais e perigosos. O Estado e o capital, independentemente da máscara – ditadura/democracia – causam a miséria e a desvalorização de todos os aspectos da vida. Os ritmos do capitalismo moderno movem-se ao som dos tambores de guerra que ressoam globalmente em perfeita harmonia com a repressão interna exigida pela preparação bélica. Por todas essas razões, a revolta do Politécnico continua a ser para nós uma fonte de inspiração e não um obituário comemorativo.

Dentro deste horror, você inverte os dados do tempo, passando triunfalmente pelos portões da minha memória. Eu me lembro de você, no meio desse horror. Fumaça e lágrimas, muco, gás lacrimogêneo e feridas, tosse e blasfêmias. Disparam gás lacrimogêneo de última geração. Odeio o sol que nasce para todos.

Liberdade para a Palestina

KYRIAKOS XYMITIS UM DE NÓS

A REBELIÃO NÃO É UMA IMAGEM NAS NOTÍCIAS, NA RUA NASCEM CONSCIÊNCIAS

Ocupação Αντιβίωση

agência de notícias anarquistas-ana

No mato ao lado
um menino se masturba
fascinado.

Simão Pessoa

Ailton Krenak: “Vocação da COP30 é ser balcão de negócios”

Por João Pedro Soares | 12/11/2025

Escritor e líder indígena denuncia “fuga alucinada” do Acordo de Paris pelas grandes potências e “omissão” da Europa. Para enfrentar a crise climática, diz, mundo precisa repensar noção de progresso.

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) acontece pela primeira vez na Amazônia, cercada de expectativas. O Brasil busca consolidar seu papel de liderança climática e contornar a ausência dos Estados Unidos, maior economia global. Mas a “COP da verdade”, assim chamada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não desperta otimismo em Ailton Krenak, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de Ideias para adiar o fim do mundo.

“Eu gostaria muito de esperançar alguma coisa surpreendente”, afirma, em entrevista à DW. “A vocação da COP30 é ser um balcão de negócios para negociar petróleo, madeira e terras raras. Parece que esta é a ilusão do momento.”

Nos últimos anos, o escritor ganhou notoriedade internacional a partir da tradução de seus livros para mais de dez idiomas em 15 países. Antes de ser alçado a “filósofo” pela originalidade de sua obra, Krenak se projetou por uma trajetória de décadas no movimento indígena brasileiro.

Após as duas últimas edições da COP em países autoritários, espera-se uma grande participação da sociedade civil em Belém – um contraponto animador, na avaliação de Krenak. “Os movimentos sociais no mundo estão muito mais ativos. Quem sabe, eles consigam apropriar-se do espaço e transformar isso em alguma coisa mais esperançosa”, vislumbra.

“Não adianta gritar no deserto”

A Cúpula dos Povos, principal espaço de representação dos movimentos sociais na COP, começa nesta quarta-feira (12). Organizada por aproximadamente 1,1 mil entidades e redes internacionais de 62 países, a expectativa é reunir 30 mil pessoas.

A menos de um mês da conferência, o Ibama autorizou a Petrobras a iniciar pesquisas para exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Em linha com os interesses do governo, a decisão é alvo de intensa contestação por indígenas e ambientalistas.

“Isso significa que nós estamos engajados num amplo sistema de comer o planeta. É claro que vai ter mais lugar para os indígenas gritarem, espernearem e falarem, mas isso não significa que eles vão ser ouvidos. Quem tinha que ouvir são os chefes do dinheiro no planeta, não adianta você gritar no deserto”, diz.

Krenak vê “fuga alucinada” do Acordo de Paris e Europa omissa

Para Krenak, a ausência dos Estados Unidos na COP30 é sintoma de uma retração global na discussão climática. “Toda a discussão até a COP20 recuou à década de 1990. A gente está beirando a Rio 92. Só que a Rio 92 era cheia de esperança, e a COP 30 é um buraco escuro”, compara.

Ante a proximidade do ponto de não retorno climático, o pensador indígena enxerga uma “fuga alucinada” do Acordo de Paris pelas grandes potências.

“Os pobres vão ter que lidar agora com a transição energética à custa da fuga de países como os EUA e outros associados a eles, que acham que o compromisso exigido para a transição energética é obrigá-los a antecipar a saída da economia do carbono, de todas essas práticas que declaradamente promovem o aquecimento global”, projeta.

Apesar da retirada dos Estados Unidos dos fóruns climáticos e da liderança da China nas emissões globais, Krenak faz um chamado à responsabilidade histórica do bloco europeu pelo atual momento de crise.

“A Europa projetou para o mundo todo esse modelo de desenvolvimento que deu errado. Eles deveriam assumir a responsabilidade disso junto aos países em desenvolvimento, mas estão largando a conta nas costas deles. A Europa está sendo muito omissa nesse momento”, dispara.

Para Krenak, crescimento sustentável é falácia

O escritor enxerga a humanidade em uma encruzilhada da qual não pode se esquivar. Para contornar a crise climática, seria necessário repensar o conceito de progresso. A tentativa de correção de rota pela via do crescimento sustentável não seduz Ailton Krenak.

“É muita mentira dizer que você pode conciliar a fúria do desenvolvimento com a idéia de conservar a natureza ou de restabelecer o clima no planeta, que só está piorando. As geleiras e glaciares estão derretendo. Aquele urso branquinho que a gente via na fotografia virou um cachorro enferrujado. Eu não acho graça nenhuma disso”, comenta.

“Se a gente não aprender a pisar suavemente na Terra, nós vamos abrir a lista das espécies em extinção na próxima temporada. A próxima temporada, como diz os meninos da periferia, ‘é nós'”, adverte.

A entrevista com a DW foi gravada no Rio de Janeiro, berço da conferência do clima, onde a exposição Adiar o fim do mundo está em cartaz. Inspirada no pensamento de Krenak, a mostra inaugurada dias antes da COP30 convida o público a repensar o presente diante das urgências ambientais e sociais.

Durante a conversa no pátio da FGV Arte, museu que abriga a exposição, pessoas subiam e desciam por uma escada rolante. Ao falar sobre a busca incessante por avanços tecnológicos, o indígena aponta para a cena como uma síntese do esvaziamento de sentido dessa ideia. “Agora mesmo, essa esteira subindo ‘inocentemente’ está esquentando o clima do planeta”, diz.

“Por que tem que se usar uma escada rolante se aquele sujeito podia estar fazendo o exercício físico de subir aquela escada? Diminuiria as internações hospitalares e uma série de outros efeitos colaterais. Mas o desenvolvimento põe a porcaria da escada rolante aqui, pra pessoa andar nela feito um idiota e não ser capaz de fazer o mínimo de exercício físico”, reflete.

Em meio à falta de soluções claras para a crise atual, Krenak enxerga uma desorientação generalizada, que ameaça o legado da vida na Terra para as próximas gerações. “Nós estamos vivendo num planeta em chamas, com uma humanidade vagando de um lado pro outro, debaixo de drones e mísseis”, constata.

“Querer produzir um efeito simpático sobre esse tempo que nós estamos passando chega a ser quase que alienar-se do grave problema, do grave risco que nós estamos passando, de legar às próximas gerações um planeta defeituoso. A gente recebeu o planeta íntegro e está correndo o risco de passar ele com defeito para quem vier depois de nós”, lamenta.

Ceticismo quanto à agenda do governo brasileiro

A defesa do crescimento sustentável está no centro da agenda climática brasileira. Ao defender a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, o presidente Lula argumenta que os recursos provenientes da atividade são necessários para financiar a transição energética.

Ao comentar os planos do governo do Brasil, Krenak faz referência às “zonas de transtorno”, conceito do filósofo e linguista estadunidense Noam Chomsky.

“O complexo do sistema capitalista global faz desaparecer aqueles lugares onde essas comunidades tradicionais, humanas, tinham sua subsistência e transforma isso em lugares de disputa, em não lugares. É onde vai ter petróleo, hidrelétrica e desmatamento. Essas zonas de transtorno são novos ativos para o capitalismo continuar vivo”, diz.

Nesse cenário, Krenak se mostra cético sobre a capacidade de o Brasil apresentar caminhos que representem uma alternativa ao atual modelo de desenvolvimento. “O governo está fazendo o papel protocolar”, afirma.

A presença de Sonia Guajajara no governo, à frente do Ministério dos Povos Indígenas, é um trunfo do Brasil na construção da narrativa sustentável e inclusiva. A criação da pasta no terceiro mandato de Lula é interpretada por Krenak como uma sinalização discursiva, alinhada a uma tendência internacional.

“Houve mudanças no mundo em relação ao que chamam de justiça reparatória, como na Nova Zelândia. O Canadá nomeou uma ministra dos povos originários. Na Colômbia, uma mulher do povo quilombola assumiu a vice-presidência da República. No México, uma senhora assumiu a presidência de um país machista”, analisa.

“O Brasil estava vendo isso, e o Lula decidiu se comprometer com o Ministério dos Povos Indígenas, tendo uma mulher indígena à frente. É um gesto que eu percebo como político, que pode não ter consequência nenhuma na realidade. O mundo dos atos políticos está fora da realidade. Eu posso nomear você, por exemplo, meu ministro de ‘Assuntos Interestelares’. E mando você ficar olhando estrelas”, conclui.

Fonte: https://amp-dw-com.cdn.ampproject.org/v/s/amp.dw.com/pt-br/ailton-krenak-voca%C3%A7%C3%A3o-da-cop30-%C3%A9-ser-balc%C3%A3o-de-neg%C3%B3cios/a-74714332?

agência de notícias anarquistas-ana

Tangerina cai
e a casca ferida exala
gemidos de dor.

José N. Reis

[EUA] Mantenha as florestas de pé: gráficos em solidariedade com a comunidade Pargamanan-Bintang Maria, Indonésia

A cooperativa Justseeds e Taring Padi (de Yogyakarta, Indonésia), com o apoio da Rainforest Action Network, produziu uma série de gráficos em solidariedade aos militantes em defesa da floresta e organizadores indígenas da linha de frente na Indonésia. Taring Padi são lendários artistas políticos de gravura em relevo fazendo arte e gráficos que desafiam o poder dentro do arquipélago indonésio desde as revoltas de 1998.

Esse pacote de imagens foi organizado por Roger Peet e Andrea Narno com a assistência de Nicolas Lampert.

CONTEXTO: A Rainforest Action Network (RAN) está construindo solidariedade com as comunidades indígenas e locais na linha de frente da destruição florestal na Indonésia e em outras florestas tropicais. A RAN e os seus aliados indígenas pressionam algumas das maiores empresas de bens de consumo do planeta (como a P&G) para impedir os danos causados pelas empresas com as quais fazem negócios e reparar danos causados. A RAN, junto com parceiros na Indonésia, está construindo o poder popular e se conectando entre os movimentos para provar que juntos somos mais fortes do que a motivação de lucro de corporações gananciosas.

As comunidades indígenas e locais protegem a terra, a cultura e os meios de subsistência, e têm feito isso há inúmeras gerações. Apesar de administrar somente 20% das terras da Terra, os povos indígenas protegem 80% da biodiversidade global. Na luta para manter as florestas de pé, proteger os direitos das comunidades indígenas e locais à terra é fundamental à estratégia de interromper o ritmo das mudanças climáticas e para os valores de respeito à soberania indígena.

A comunidade Pargamanan-Bintang Maria é um exemplo, lutando pelo direito à sua terra ancestral e aos seus modos de vida. Lutam para proteger as florestas de benjoim das quais dependem para a subsistência e para a saúde do rio do qual dependem para beber, cozinhar e cultivar. A P&G continua a fazer negócios com empresas ligadas a este e outros casos de roubo de terras e de abusos de direitos, o Royal Golden Eagle Group (RGE).

Leitura adicional:

Solidarity Web Page: https://www.ran.org/campaign/the-forest-is-a-part-of-us/

Pacote gráfico para download de alta resolução disponível aqui: https://justseeds.org/graphic/keep-forests-standing-graphics-in-solidarity-with-the-pergamanan-bintang-maria-community-in-indonesia/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Flores no jardim,
Jabuticabas no quintal!
Eis a primavera.

Mailde Tripoli

[Uruguai] Responder ao capitalismo, exemplos de auto-organização e apoio mútuo como parte de projetos amplos de transformação social

O anarquismo busca soluções radicais, ou seja, de raiz, a problemas que são também profundos, mas isso não significa que não se deva responder atuando, ao mesmo tempo, com soluções pontuais. Sobretudo se estas não contrariem os objetivos da intervenção anarquista sobre um território, se não geram uma acomodação ao dado, por exemplo. Nesse sentido é que uma vez ou outra dizemos aos progressistas que suas propostas eleitoreiras criam novas castas e que em nada vão acabar com a sociedade das desigualdades e que criam, ainda mais dificuldades para uma sociedade auto-organizada e sem parasitas. Essas formas e não a intervenção concreta e generalizável são as do possibilismo que devemos atacar.

Desde nossas fileiras, frente ao canibalismo social, frente à generalização da indiferença que os meios capitalistas impõem diariamente, apostamos em subir a aposta dizendo que ninguém deve estar só, que quando há auto-organização ninguém fica só. Em todas as partes do mundo são muitos os exemplos de solidariedade que se alcançam entre iguais e que superam a ordem do capitalismo de que a vida é uma guerra e que cada um deve salvar a si mesmo. Nós, os anarquistas não inventamos isso, mas o potencializamos para que supere a invisibilização que se impõe.

Alguns exemplos de anarquistas dando a cara em partes muito diferentes do mundo são os das ondas populares. Em Atenas, por exemplo, existem várias estruturas levadas por companheiros que preparam e compartilham comida. Nas imagens abaixo, lhes mostramos a da chamada “cozinha social” do centro social Blok 15. Após a crise econômica que se mantêm no país, que não é outra coisa que uma reestruturação do capitalismo, os companheiros saíram para dar sua contribuição revolucionária em todas as facetas do enfrentamento ao poder. É assim que na cidade grega funciona mais de uma estrutura de alimentação autogestionada onde os anarquistas intervém contra a fome do capitalismo.

Também em Montevidéu, sobretudo, após o Covid, a alimentação de muitas pessoas se viu tremendamente ressentida e foi assim que surgiram ondas populares. Em muitas participam ou foram criadas diretamente por companheiros anarquistas. Três ondas populares, por exemplo, foram as que levaram adiante esta semana a manifestação chamada “o panelão” no centro da cidade. Como parte de um projeto de auto-organização anarquista mais amplo, o Merendeiro ácrata do bairro Cordón, faz das suas preparando e distribuindo merendas no centro da cidade. A diferença mais notável com outros lugares é a aposta dos anarquistas para que todos os processos sejam autogestionados, sem relação alguma com o Estado e que todas as pessoas se envolvem o quanto possível. Os anarquistas especialmente buscam romper as relações de caridade e lucro para que a solidariedade seja parte de projetos amplos de ruptura com o egoísmo organizado do sistema.

As práticas éticas, relacionais, coletivas potencializam a anarquia como uma força no presente. Os projetos devem fortalecer-se junto a outros para tornarem-se mais amplos e profundos. Responder, responder e responder cada vez melhor deve ser a bandeira contra o capitalismo.

Fonte: https://periodicoanarquia.wordpress.com/2025/04/13/responder-al-capitalismo-ejemplos-de-autoorganizacion-y-apoyo-mutuo-como-parte-de-proyectos-amplios-de-transformacion-social/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

A ética nasce
do apoio mútuo, não
de tábuas de pedra.

Liberto Herrera

[Espanha] Homenagem aos milicianos da Coluna Durruti que defenderam Madrid em 1936

Convocatória para um ato de homenagem aos milicianos da Coluna Durruti que, em 15 de novembro de 1936, chegaram a Madrid para combater na frente da Cidade Universitária e tentar deter o avanço do exército franquista que tentava tomar a cidade avançando desde a outra margem do rio Manzanares. Coincidindo com o 89º aniversário desse acontecimento, queremos, neste 15 de novembro, repetir o caminho que eles fizeram desde a estação Príncipe Pío até a Faculdade de Medicina da Complutense.

Os promotores — que se definem como “pessoas livres, sem bandeiras nem obediências, comprometidas com a liberdade, a solidariedade e a justiça” — propõem repetir a marcha histórica no dia 15 de novembro, parando em vários pontos simbólicos para recordar os fatos e seus protagonistas. “Tanto sacrifício, tanto sangue e tanta dor não merecem ser esquecidos; merecem ser lembrados e exaltados”, afirmam.

Ficha rápida do evento

• O quê: Marcha em homenagem à Coluna Durruti (percurso histórico de 1936)

• Quando: 15 de novembro

• Onde: De Príncipe Pío até a Cidade Universitária (Madri)

• Organização: Grupo cidadão aberto (sem filiação)

Para mais informações, consulte o site: columna.durruti.es

agência de notícias anarquistas-ana

outro assobio
escuto os passarinhos
sem dar um pio

Ricardo Silvestrin

Como a cultura do futebol israelense se tornou uma arma de genocídio

Das arquibancadas do Beitar Jerusalém às ruínas de Gaza, o esporte e a política se fundiram de maneiras que revelam a profunda ligação do futebol com o projeto estadual de colonialismo e limpeza étnica.

Supõe-se que o futebol seja um esporte que une as pessoas. Em Israel, ele se tornou algo mais sinistro: um palco para o racismo, o militarismo e a propaganda. Das arquibancadas do Beitar Jerusalém às ruínas de Gaza, o esporte e a política se fundiram de maneiras que revelam a profunda ligação do futebol com o projeto estadual de colonialismo e limpeza étnica.

Um novo relatório da Fundação Hind Rajab expõe com grande detalhe como soldados e torcedores organizados (ultras) israelenses usam a cultura do futebol para humilhar palestinos, glorificar a destruição e normalizar o genocídio.

Estádios do ódio

A história começa em casa. A cultura dos torcedores de futebol israelenses há muito é conhecida por seu racismo e violência.

O Beitar Jerusalém se destaca como o mais extremista. É o único grande clube israelense que nunca contratou um jogador árabe, embora os árabes representem cerca de 20% da população do país. Seus ultras, “La Familia”, são conhecidos por seus slogans e ataques fascistas. Eles gritam “Morte aos árabes!”, atacaram trabalhadores palestinos e, em 2013, incendiaram os escritórios de seu próprio clube em protesto contra a contratação de dois jogadores muçulmanos. Para o “La Familia”, o futebol não é apenas esporte: é uma expressão de uma política de pureza e dominação racial.

Mas o problema vai muito além do Beitar. O Maccabi Tel Aviv, o clube mais premiado de Israel, conta com uma ampla base de seguidores. Seus ultras repetidamente entoaram cantos antirárabes e encheram o estádio com bandeiras e faixas (tifos) que glorificam os soldados. Nas arquibancadas, retratos de soldados são exibidos ao lado de bandeiras do clube, desfazendo a linha entre a violência estatal e o orgulho esportivo.

Nem mesmo o Hapoel Tel Aviv, frequentemente retratado como um clube de “esquerda” ou “progressista” devido aos seus vínculos históricos com o movimento operário, escapou disso. Nos últimos anos, seus torcedores desfraldaram faixas celebrando os soldados que lutam em Gaza. O nacionalismo, de acordo com o relatório, impregna todo o espectro do futebol israelense.

Em novembro de 2024, durante uma partida da Liga Europa entre o Ajax de Amsterdã e o Maccabi de Tel Aviv, centenas de torcedores israelenses inundaram a capital holandesa. O que se seguiu não foi a habitual atmosfera barulhenta de um jogo fora de casa, mas uma campanha de intimidação. Residentes árabes foram assediados, bandeiras palestinas foram arrancadas de casas e lojas, e nas praças da cidade, os torcedores gritavam: “Não restam crianças em Gaza”.

A Fundação Hind Rajab apresentou uma queixa à polícia holandesa, mas as autoridades arquivaram o caso alegando “provas perdidas”. Quando semanas depois surgiram novas imagens, a fundação apresentou a queixa novamente, expondo tanto a violência dos torcedores quanto a relutância das instituições europeias em agir.

Incidentes semelhantes foram registrados em outras cidades europeias. Os torcedores do Beitar Jerusalém levaram seus cânticos racistas a Paris e Bruxelas. Torcedores do Maccabi Tel Aviv confrontaram manifestantes pró-palestinos, zombando do sofrimento em Gaza. Em alguns casos, os ultras se coordenam com organizações sionistas locais, transformando as partidas de futebol em focos políticos onde o esporte se torna uma desculpa para a intimidação.

Futebol nas ruínas

Talvez o material mais perturbador do relatório venha da própria Gaza. A HRF compilou dezenas de imagens e vídeos que mostram soldados posando com bandeiras de futebol e cachecóis na frente de casas, escolas e mesquitas demolidas.

Faixas do Beitar Jerusalém pendem em salas de estar destruídas. Uma bandeira do Hapoel Tel Aviv tremula numa varanda com vista para as ruínas de Khan Yunis. Um soldado do Maccabi Netanya intitula sua foto de Gaza com as palavras: “Algo sobre dias de folga em Gaza. Netanya para sempre”.

Pichações e slogans de ultras foram rabiscados nas paredes de casas palestinas, transformando as ruínas em telas de humilhação. Em alguns casos, os soldados dedicam as demolições aos seus clubes ou gravam vídeos onde os bairros arrasados são apresentados como “vitórias”. No Instagram e no Telegram, essas postagens circulam amplamente, recebendo “likes” e o apoio dos torcedores em casa.

O que para os de fora pode parecer um comportamento casual de torcedores é, na verdade, propaganda deliberada. Os símbolos do futebol são usados para reivindicar territórios conquistados, zombar das famílias deslocadas e transformar atrocidades em um espetáculo consumível para os torcedores.

Um padrão sistêmico

A Fundação Hind Rajab sustenta que isso não é obra de alguns poucos soldados rebeldes ou vândalos. É um problema sistêmico.

Em todos os clubes – desde o fascista “La Familia” do Beitar Jerusalém até os ultras do Maccabi Tel Aviv, a suposta torcida “esquerdista” do Hapoel, e mesmo Netanya e Haifa – tanto soldados quanto torcedores usam a identidade futebolística para glorificar a violência. Em todos os estádios – em Gaza, Líbano, Síria e dentro dos estádios israelenses – aparece a mesma imagem. E em todas as formas – bandeiras, pichações, tifos, caricaturas racistas, selfies e postagens nas redes sociais – o propósito é o mesmo: fundir o esporte com o genocídio.

Assim como as moradias são confiscadas e reutilizadas no projeto colonial israelense, as ruínas palestinas são expropriadas como cenários de propaganda. O futebol é usado como arma, como extensão cultural da limpeza étnica.

O chamado por sanções

As implicações são claras. Esses atos não são apenas degradantes e humilhantes, mas constituem incitação e propaganda ao genocídio, proibidas pelo direito internacional.

Para quem defende esse direito, a mensagem é simples: Israel não pode continuar participando do esporte internacional enquanto o futebol for usado como arma dessa maneira.

A campanha “Game Over Israel”, que a HRF apoia, exige que Israel seja suspenso da FIFA, UEFA, FIBA e todas as federações internacionais até que o genocídio termine e haja prestação de contas. Há precedentes: a África do Sul do apartheid foi excluída do esporte mundial durante décadas, e a Rússia foi suspensa da FIFA e da UEFA poucas semanas após sua invasão da Ucrânia. Cada partida que Israel joga hoje nas competições da UEFA é, de acordo com a fundação, uma vitória propagandística de um regime genocida.

“O futebol e o genocídio não podem coexistir”

O futebol deveria unir. Em Israel, ele se tornou uma arma de divisão, humilhação e propaganda. Soldados acenam com bandeiras de ultras nas ruínas de Gaza. Torcedores entoam cânticos genocidas em praças europeias. Os estádios glorificam os soldados enquanto lares são destruídos.

Isso não é coincidência. É sistêmico.

A Fundação Hind Rajab afirma que continuará documentando, apresentando casos e fazendo campanha até que Israel seja excluído do esporte internacional. “Assim como a África do Sul do apartheid foi banida, Israel também deve enfrentar o isolamento”, conclui o relatório.

O futebol e o genocídio não podem coexistir.

Fonte: https://www.hindrajabfoundation.org/posts/how-israeli-football-culture-became-a-weapon-of-genocide

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

pobre carteiro,
sofre com o cão
o dia inteiro

João César dos Santos

[Reino Unido] Solidariedade | Clifford Harper

Nick Heath escreveu, “Clifford Harper nunca financiou o seu trabalho.” Isso é verdade, embora ele estivesse se referindo ao meu trabalho anarquista. Trabalhei e ganhei a vida por décadas como ilustrador profissional.

No entanto, há alguns anos, fiquei muito doente e, como resultado, passei os últimos três anos e meio acamado e incapaz de andar ou trabalhar. Para poder andar novamente, preciso embarcar em um longo processo de fisioterapia.

Fisioterapeutas são caros e eu não tenho dinheiro. Alguns camaradas organizaram a impressão de duas das minhas ilustrações como impressões limitadas de alta qualidade para venda, o resultado será para pagar a minha fisioterapia, o que espero me permita voltar a trabalhar.

A primeira dessas gravuras, ‘Solidariedade’, já está disponível. A segunda, ‘Woman Thinking’ (Mulher pensando), uma das minhas melhores ilustrações, estará disponível em breve.

Clifford Harper ‘SOLIDARITY’ Silkscreen 100 Limited Edition Print

59 x 33.5 cm

Assinado e numerado pelo artista. Estampado por xpress.

Todo o resultado das vendas desta impressão serão para apoiar a recuperação de Clifford, a sua terapia e cuidados para poder retornar ao trabalho.

Envio postal registrado ao mundo inteiro em tubo para pôsteres. O envio pode demorar uma semana ou mais, caso seja no estrangeiro.

>> Mais infoshttps://cliffordharper.com/product-category/prints/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Canta alegre o sabiá
faz folia o bem-te-vi
— natureza assovia

Rogério Viana

Donos da JBS, petroleiras e mineradoras estão entre os convidados do governo Lula na COP30

Por Leandro Prazeres | 12/11/2025

Executivos de empresas do petróleo, mineração e agronegócio receberam, após indicação do governo brasileiro, credenciais para ter acesso à chamada zona azul da COP30, onde ocorrem as negociações climáticas da conferência que discute o futuro do clima no planeta.

Entre os executivos estão os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, maior produtora mundial de proteína animal. Também há representantes de petroleiras como a Petrobras e Exxon Mobil, e de mineradoras como a Vale e a Samarco.

A informação sobre o credenciamento destes executivos consta de uma lista divulgada pela Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCC) à qual a BBC News Brasil teve acesso.

Embora nem todas as reuniões da conferência sejam abertas, o acesso à zona azul permite o contato com diplomatas, políticos, negociadores climáticos e ativistas.

Os irmãos Batista e outros executivos da indústria do petróleo e mineração aparecem em uma tabela em que constam como host country guest, termo em inglês para designar “convidado do país anfitrião”.

Essa lista tem 1.076 nomes e também inclui ambientalistas, cientistas e lideranças de organizações não-governamentais. Ao todo, a delegação do Brasil (incluindo funcionários do governo) tem 3.085 pessoas.

Ambientalistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que a presença de executivos de empresas vinculadas a setores como o agronegócio, mineração e petróleo nos espaços destinados às negociações climáticas é resultado do poder político e econômico que elas têm no país e no mundo.

Procurado, o governo federal enviou uma nota informando que “está comprometido em garantir que a COP30 reflita a pluralidade da sociedade brasileira” e que a conferência vai contar com a “presença de diferentes setores da sociedade civil e do empresariado”.

>> Leia o texto na íntegra aqui:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/ce8gk461ey8o

agência de notícias anarquistas-ana

Riacho de pedras
rua dos peixes
rastros de platina.

Yeda Prates Bernis

Pré-venda do livro “Educação Anarquista – Amplitude e Radicalidade (coletânea de artigos do mundo do trabalho -1903 – 1968)”

Com muito amor e subversão abrimos a pré-venda do livro “Educação Anarquista – Amplitude e Radicalidade (coletânea de artigos do mundo do trabalho -1903 – 1968)“, Org. Rogério Nascimento @nascrog e arte gráfica por @cyco.idea

Este importante livro inaugura o selo “Educação Libertária” de nossa Editora *N🖤K*

Sinopse:

O presente volume configura mais um árduo e bem-vindo trabalho de pesquisa, organização e reflexão de um incansável intelectual. Rogério Nascimento já nos brindou com algumas dezenas de artigos e compilações (algumas publicadas no bom e velho esquema punk do faça você mesmo) e agora apresenta uma extensa antologia (abarcando mais de 60 anos de reflexão libertária sobre educação) que, além de incluir alguns militantes e intelectuais relativamente conhecidos do campo do anarquismo (José Oiticica, Lima Barreto e Octávio Brandão, por exemplo), destaca as centenas de pessoas anônimas que ao longo dos artigos resgatados das páginas de periódicos operários centenários, imprimiram suas ideias, angústias e anseios sobre o tema da educação.

Rodrigo Rosa da Silva @rodrigo.ros.a – Professor no Departamento de Educação (UEL) e membro da Biblioteca Terra Livre.

O livro está com 20% de desconto até dia 30/11 e o envio será realizado a partir de 01/12.

420 páginas — 1ª edição Editora *N🖤K* (2025)

R$63,92

nigrakorodistro.com

agência de notícias anarquistas-ana

os raios de sol
iluminam de manhã
o velho farol

Carlos Seabra

COP30 | “O agronegócio, setor que mais devasta, contamina e lucra no Brasil, segue blindado e financiado”

Enquanto o governo Lula se apresenta na COP30 como “líder climático global”, o Ministério da Agricultura libera mais 30 agrotóxicos — no exato momento da conferência. Coincidência? Não. É política de Estado.

O agronegócio, setor que mais devasta, contamina e lucra no Brasil, segue blindado e financiado. E o símbolo disso é o Plano Safra 2024/25, anunciado com festa: mais de R$ 400 bilhões em crédito rural, juros subsidiados com dinheiro público — grande parte indo direto para o agro exportador, que só envenena e concentra terra.

A liberação de venenos, o crédito bilionário e o silêncio diante dos conflitos no campo mostram que o discurso verde é só fachada. Por trás da “transição ecológica”, o que avança é o capitalismo verde, que transforma tudo em mercadoria — até a crise climática.

Falam em “justiça ambiental”, mas não enfrentam o agro. Não enfrentam a bancada ruralista, a fortalecem com emendas. E nem tocam nos interesses das grandes empresas do campo, pelo contrário, são convidadas de luxo para a COP, como a JBS. Por isso, é preciso dizer com todas as letras: o governo Lula é cúmplice da destruição ambiental, da expulsão de indígenas e da intoxicação da população com comida cada vez mais ultraprocessada e contaminada com agrotóxicos proibidos na maioria dos países ditos ‘desenvolvidos’.

A resposta só pode vir de baixo: da auto-organização dos trabalhadores, da juventude, dos povos originários e de quem vive na pele os impactos dessa política de morte. Sem romper com o agro, não há justiça ambiental possível!

esquerdadiario.com.br

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agência de notícias anarquistas-ana

o vento afaga
o cabelo das velas
que apaga

Carlos Seabra

[Irã] Viva a liberdade e em solidariedade com os camaradas além das fronteiras

Estamos testemunhando uma escalada alarmante da repressão contra pesquisadores, ativistas sociais e dissidentes políticos no Irã.

As prisões se intensificaram e a atmosfera dentro do país tornou-se profundamente insegura para qualquer pessoa que lute pela verdade, pela justiça ou mudança social.

O camarada Afshin Heiratian, um ativista social e político com tendências anarquistas, está entre os últimos a serem detidos — um das dezenas de camaradas que foram presos nas últimas duas semanas. Diz-se que houve mais de 30.000 prisões desde o início da guerra de doze dias.

Precisamos urgentemente fazer com que nossas vozes sejam ouvidas além das fronteiras do Irã. Seu ato de compartilhar informações, conscientizar e amplificar nossa mensagem não é apenas uma expressão de solidariedade — é uma forma de proteção. Cada palavra que você compartilha aumenta o custo político e social da repressão para o regime islâmico e nos ajuda a permanecer visíveis, conectados e vivos na luta pela liberdade, igualdade e justiça.

Liberdade para Afshin e todos os presos políticos em todo o mundo!

anarchistfront.noblogs.org

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Desfile de máscaras:
os tiranos são palhaços
quando o circo pega fogo.

Liberto Herrera

A COP30 mostrou o que o sistema teme: o povo rompendo o palco.

Enquanto chefes de Estado e executivos discutem o “futuro verde” em salões climatizados, povos indígenas e movimentos sociais ocuparam o espaço que sempre lhes foi negado. Não pediram licença, entraram, porque a Terra já não aguenta esperar. Essa invasão foi o grito real em meio à encenação. A COP30, em Belém, mostrou o abismo entre quem fala em “sustentabilidade” e quem sente o colapso na pele.

Os mesmos governos que fingem defender a Amazônia são os que assinam concessões para mineradoras, constroem portos de exportação, abrem estrada no território ancestral. As mesmas empresas que patrocinam o evento são as que secam rios e queimam florestas para gerar “crescimento”. A COP não é uma cúpula pela vida, é uma feira de negócios fantasiada de esperança. Lá dentro, tudo é negociado: o carbono, a terra, o clima, até a dor dos povos.

E quando os verdadeiros guardiões da floresta atravessam as grades e dizem “nossa terra não está à venda”, o sistema reage com polícia, não com escuta. Porque o que eles chamam de diálogo é um contrato, e o que nós chamamos de vida é desobediência.

Essa ação direta rompeu a narrativa higienizada das conferências. Mostrou que não há solução institucional para uma crise criada pelas próprias instituições. Não se trata de reformar o sistema, mas de derrubá-lo com nossas próprias mãos, com autonomia, solidariedade e coragem.

A Terra não precisa de líderes, precisa de aliados. E a aliança verdadeira é com quem luta, não com quem lucra.

@anarquia_e_cogumelos

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Casulo vazio
Borboletinha no ar
Ficou o enfeite

Nurisilva Dias Fernandez

[EUA] Novo panfleto sobre o prisioneiro político anarquista Hridindu Roychowdhury

Hridindu Roychowdhury é um anarquista de Madison, Wisconsin, que foi condenado a 90 meses em prisão federal por atacar um prédio com um coquetel molotov após o vazamento do rascunho da decisão no caso Dobbs v. Jackson Women’s Health Organization, que revogou Roe v. Wade.

Ele escolheu o alvo porque o prédio era ocupado por uma organização antiaborto (Wisconsin Family Action). Hridindu reconheceu ter pichado a frase “Se o aborto não é seguro, você também não está” na fachada do edifício. Ninguém estava no local no momento do ataque. Ele se declarou culpado em 1º de dezembro de 2023 e foi condenado a pagar quase US$ 32.000 em restituição, sendo então enviado para a FCI Marion para começar a cumprir a pena de 7 anos e meio.

Em maio de 2025, Hridindu foi levado de volta a Wisconsin para depor diante de um grande júri. Ele recusou-se a delatar ou cooperar e, por isso, foi mantido em desacato civil federal na mesma cadeia onde estivera antes do julgamento. Durante três meses manteve-se firme, deixando claro que não cederia. Foi então que o juiz ordenou sua libertação do desacato, após a apresentação de uma moção Grumbles, e ele foi devolvido à prisão federal. No entanto, o tempo que passou preso em Wisconsin por desacato não contará para a redução de sua pena.

Originário do sudoeste dos Estados Unidos, Hridindu é um acadêmico dedicado e apreciador de quebra-cabeças linguísticos. Durante a detenção federal, manteve-se ocupado fazendo cursos de matemática avançada, dando aulas particulares a outros presos para os exames do GED (equivalente ao ensino médio) e participando de um programa de treinamento de cães.

As cartas significam muito para um prisioneiro político. Vamos garantir que Hridindu saiba o quanto é apoiado. E lembre-se sempre: toda correspondência enviada a prisioneiros políticos é monitorada.

Liberdade para Hridindu! Liberdade para todos os prisioneiros políticos!

Tradução > Contrafatual

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Na tarde sem sol
folhas secas projetando
sombras em minh’alma.

Teruko Oda

[Reino Unido] Feira do Livro de Manchester e Salford: Antifa, Clifford Harper e escassez vegana

Houve uma excelente organização e uma grande variedade de visitantes.

Coletivo de resenhas da Feira do Livro

A feira anarquista do livro de Manchester e Salford aconteceu no sábado, 8 de novembro, no People’s History Museum, às margens do rio Irwell.

Entre as bancas, e seus muitos lembretes de que mundos mais vivíveis e libertos são possíveis, pela primeira vez houve uma banca dedicada a Clifford Harper, vendendo suas gravuras e livros em solidariedade. Foi um pedido de última hora do lendário anarquista, e arrecadou algum dinheiro para ele, esses gestos de solidariedade ajudam muito e nos aproximam.

Os participantes puderam assistir a excelentes palestras e oficinas, que abordaram temas como Solidariedade, não caridade, Selvagem e bem-estar, Planejamento antifascista, Como enfrentar tendências reacionárias, uma reflexão sobre o legado de Colin Ward, e uma conversa com Eric King, ex-presidiário federal norte-americano e abolicionista prisional.

Aqui, como em outros lugares, a corajosa primeira tentativa de realizar uma oficina híbrida levou a muito drama técnico, mas uma solução improvisada de última hora salvou o dia.

O People’s History Museum conseguiu fornecer café suficiente para atender aos anarquistas cansados. Por outro lado, o simpático café do local ficou aquém na diversidade de bolos veganos, e acabou ficando totalmente sem opções veganas.

No geral, foi um excelente evento, muito amigável e acolhedor. Obrigado a Manchester e Salford por organizarem um dia tão movimentado.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/11/09/manchester-and-salford-bookfair-antifa-clifford-harper-and-vegan-scarcity/  

Tradução > Contrafatual

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estou meio tonto
descobri, ontem, dormindo
que morre-se e pronto

Bith

[França] Traduzir e divulgar em árabe “Dez Questões sobre o Anarquismo”

por Editions Libertalia

|| Com 1200€: tradução + ampla distribuição em e-book gratuito e aberto; Com 1700 €: adicionamos um livro de papel. ||

O pequeno livro Dez perguntas sobre o anarquismo, publicado em francês pela Libertalia em 2020, despertou interesse além da França. Foi traduzido para o grego, português e inglês. Hoje, os camaradas libaneses estão pedindo sua tradução para o árabe, acreditando que o livro pode encontrar seu público no Magrebe, bem como no Mashrek.

Durante os movimentos populares de 2011-2013, os debates sobre o significado e o propósito da revolução encorajaram a disseminação – particularmente no Egito, Líbano e Tunísia – de obras anarquistas. Em seu estudo “Colonialismo, Transnacionalismo e Anarquismo no Sul do Mediterrâneo” (2020), a pesquisadora Laura Galián cita a circulação de três traduções árabes: Colin Ward, Anarquismo, uma introdução curtíssima (2004); Noam Chomsky, Sobre o Anarquismo (2005); Daniel Guérin, O Anarquismo. Da Doutrina à Ação (1970).

Dez Perguntas sobre o Anarquismo propõe uma abordagem mais moderna e transnacional, em particular sobre anti-racismo, anti-imperialismo, ecologia, feminismo…

A tradução será confiada a um profissional, ele próprio de sensibilidade comunista libertária. Quanto à distribuição, dependerá da assinatura.

>> Apoiar: https://www.helloasso.com/associations/editions-libertalia/collectes/pour-la-traduction-et-la-diffusion-en-arabe-de-dix-questions-sur-l-anarchisme

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Na pálida luz
da lua de primavera
um pássaro grita.

Tânia D’Orfani

Governo brasileiro coloca irmãos Batista da JBS em “lista VIP” da COP30

Por Isabel Seta, Bruno Fonseca | 11/11/2025

Mr. Joesley Mendonça Batista e Mr. Wesley Mendonça Batista. Assim estão os nomes dos irmãos bilionários donos da J&F holding, que entre outras empresas é dona da marca JBS, na “lista VIP” da COP30, que garante acesso à zona azul da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025. E quem colocou os dois nessa seleção foi o Brasil. Isso mesmo, os irmãos Batista são convidados do anfitrião, no caso, o Estado brasileiro.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) publicou a lista preliminar dos participantes da conferência nesta segunda-feira, 10 de novembro. Nela, constam os nomes de Wesley e Joesley Batista como “convidados do país anfitrião”, representando a JBS.

Existem várias formas de ser credenciado para a Zona Azul, a área restrita da COP30, onde são realizadas as negociações diplomáticas entre os quase 200 países que assinaram a Convenção da ONU sobre mudanças climáticas. O país anfitrião tem direito a um número limitado de convidados – lista na qual estão os irmãos Batista, além de representantes da indústria petrolífera, como Petrobras e ExxonMobil, da mineração, como Vale, Samarco, Sigma e o Instituto Brasileiro da Mineração.

A lista de convidados do Brasil também inclui representantes de organizações da sociedade civil, como Instituto Alana, voltado para educação, e de povos indígenas e comunidades tradicionais, como a associação Yanomami Hutukara e o Conselho Indígena de Roraima. Contudo, quilombolas vêm se queixando há semanas pelo baixo número de credenciais para seus representantes no evento – e a lista liberada agora mostra que eles conseguiram apenas cinco credenciais indicadas pelo Brasil.

O Brasil também pode indicar uma série de pessoas para serem party overflow, que, assim, passam a integrar a delegação brasileira, ainda que não atuem como “negociadoras” (que são chamadas de “partes”). Nesse grupo estão desde representantes de ONGs e associações de comunidades tradicionais a empresas.

A Pública apurou que Wesley e Joesley não estavam na lista da COP anterior, realizada no Azerbaijão, apesar da JBS estar com três nomes de representantes credenciados. Por telefone, a reportagem foi informada que os empresários não estão participando da COP nesta terça-feira, mas não foi desmentido que eles foram credenciados.

JBS: multas ambientais e a crise climática

A JBS, dos irmãos Batista, a maior produtora de carne bovina do mundo e principal empresa do setor agropecuário, tem impacto direto no clima — e vem sendo cobrada e multada por isso.

Segundo a Pública apurou, apenas neste ano, a JBS SA foi alvo de quatro multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Juntas, as quatro multas passam dos R$ 660 mil, por infrações no estado do Pará, no Mato Grosso do Sul e em São Paulo. A multa mais cara, justamente no Pará, está ligada a mais uma etapa da Operação Carne Fria, que vem apurando desmatamento e criação de gado ilegais na Amazônia.

Neste ano, a Pública mostrou que a JBS pode ter exportado para a União Europeia carne bovina e couro produzidos com gado proveniente de fazendas ilegais no Pará. Relatório da Human Rights Watch (HRW) apontou que o gado irregular afeta a Terra Indígena Cachoeira Seca, lar do povo Arara, e o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra Nossa.

Em 2024, a Pública mostrou que um levantamento da ONG norte-americana EIA (Agência de Investigação Ambiental, na sigla em inglês) encontrou registros que a JBS teria comprado gado criado em fazendas ilegais na Terra Indígena Apyterewa, no próprio estado do Pará.

Além das irregularidades, as produtoras de carne representam um impacto direto no aquecimento global: se fossem um país, as 45 maiores empresas que produzem carne e laticínios – com a JBS nessa conta – seriam o nono maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, mostrou levantamento divulgado às vésperas da COP30.

O império dos irmãos Batista vai além da JBS. O grupo J&F também possui a produtora de celulose Eldorado, a mineradora Lhg Mining, a prestadora de serviços financeiros PicPay e a Âmbar, produtora de energia, que inclusive comprou termelétricas no Acre neste ano. Outro ativo da companhia é a usina de Candiota III, no Rio Grande do Sul, movida a carvão, o pior entre os combustíveis fósseis. A usina foi a maior emissora de gases do efeito estufa entre as térmicas do país (incluindo as movidas a gás e a diesel) em 2024, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Além disso, Candiota III registrou a maior taxa de emissão por eletricidade gerada: 1.205 toneladas de gás carbônico equivalente por gigawatt hora. Mesmo assim, recebeu um subsídio estatal pela compra de carvão mineral, conforme a Pública mostrou.

Fonte: https://apublica.org/nota/joesley-e-wesley-batista-brasil-convida-bilionarios-para-cop30/

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agência de notícias anarquistas-ana

Folhas do ciclame
ao vento pra lá e pra cá –
um coração pulsa.

Anibal Beça