[Espanha] Crônica: A CNT saiu às ruas no dia 1º de maio

Neste 1º de maio, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, a CNT participou de mobilizações em dezenas de cidades da Espanha com uma mensagem forte: diante da precariedade, da repressão e do descrédito do sindicalismo institucional, a resposta está na organização direta desde baixo.
 
Este ano, o slogan da confederação foi “Que trabalhem eles. Por um emprego que não nos roube a vida” e, nesse espírito de protesto, milhares de pessoas foram às ruas em todo o país, convocadas pela CNT para exigir um modelo sindical alternativo, sem subsídios, sem liberados, sem hierarquias. As manifestações, que ocorreram em uma atmosfera combativa e festiva em partes iguais, destacaram a urgência de defender os direitos trabalhistas desde as bases, sem intermediários ou pactos com os detentores do poder.
 
Em cidades como Madri, Barcelona, Granada e Bilbao, o comparecimento foi notável, com colunas compactas e uma atmosfera claramente de protesto. Esses atos demonstraram não apenas a capacidade de mobilização do sindicato, mas também seu crescimento sustentado em termos de filiação e presença territorial. Longe de ser um ator marginal, a CNT está provando ser uma referência viva e crescente para setores cada vez mais amplos da classe trabalhadora.
 
Durante os concentrações e atos subsequentes, os sindicatos denunciaram o aumento da precariedade laboral, a cronificação da pobreza, a criminalização dos protestos e a negligência das instituições pelas classes trabalhadoras. Também foi prestada homenagem à memória dos trabalhadores, com referências às origens do Primeiro de Maio e às lutas históricas do movimento anarcossindicalista.
 
Além das marchas, em muitos territórios o dia incluiu atividades culturais, projeções, refeições populares e reuniões entre militantes, em um claro compromisso com o fortalecimento do tecido comunitário e a construção de uma alternativa real baseada no apoio mútuo e na solidariedade.
 
Longe das grandes manchetes, a CNT mais uma vez nos lembrou que o Primeiro de Maio não é um feriado, mas um dia de luta. E fez isso com a coerência daqueles que, mais de um século depois, ainda estão comprometidos com a transformação da sociedade por meio da ação direta e da autogestão.
 
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https://www.cnt.es/noticias/cronica-la-cnt-tomo-las-calles-el-1-de-mayo/?
 
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Outono –
as folhas caem
de sono
 
Cláudio Fontalan

Contra exploração de petróleo na foz do Amazonas – Ação Direta!!!

“O anarquismo não é de esquerda nem de direita. É pela autogestão generalizada, pela emancipação social”

A confusão de ideias e conceitos constitui estratégia decisiva na guerra de colonizar um território e seu povo. Capturar o anarquismo para o campo da política institucional, mesmo que em suas sombras, avessos e dobras, é tentar adestrar o ingovernável.

Anarquismo não é de esquerda porque a esquerda é um dos lados do Estado. Se a esquerda se apoia numa agenda de justiça social, seus métodos e objetivos destoam deste sentimento inicial. A esquerda quer conquistar e manter o poder. O anarquismo quer destruir o poder centralizado.

Nesta luta, o anarquismo é o único que é anticlerical até o fim, antimilitarista, destruidor de prisões, anticapitalista e antiestatista ao mesmo tempo, porque vê no Estado a gestão da exploração através da difusão do obscurantismo e da violência monopolizada.

Por estas e outras razões, o anarquismo não é de esquerda nem de direita. É pela autogestão generalizada, pela emancipação social.

Rogério Nascimento

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Soneca da tarde.
Uma brisa companheira
chega sussurrando.

Alberto Murata

[Espanha] “Contra a guerra e o capitalismo” neste Primeiro de Maio interseccional em Madri

Dezenas de coletivos exigem nas ruas o fim do crescente militarismo, das violências transversais e um espaço para todos os coletivos na luta de classes.

Por Laura L. Ruiz | 01/05/2025

A convocação para um Primeiro de Maio interseccional em Madri foi feita por dezenas de organizações, organizadas de forma assemblearia durante os meses anteriores. Na opinião de seus organizadores, o objetivo é ser a alternativa à manifestação da CCOO e da UGT, que eles não consideram como sindicatos de classe. “Entendemos a classe como algo diverso, onde compreendemos que os problemas e a violência que nos afetam não são apenas questões de abuso de poder, mas que o capital usa muitas maneiras de nos oprimir e minimizá-los”, explica André Cáceres, porta-voz da marcha e membro do coletivo Trans en Lucha, ao El Salto.

A manifestação mais uma vez percorreu o centro da capital, da Plaza Mayor ao parque Vistillas, onde o manifesto foi lido e a diversidade desse chamado foi celebrada. “A palavra de ordem é contra a guerra e o capital”, diz Cáceres, que acredita que essa palavra de ordem “coloca o foco na ascensão militarista dos países do norte global” e na “repressão contra grupos dissidentes, as infiltrações [policiais] nos coletivos de base e na ascensão de grupos de extrema direita que estão ganhando acesso às esferas do poder sem nenhum problema”.

“O que propomos é a organização da classe trabalhadora com ferramentas como greves, apoio mútuo, auto-organização, solidariedade e autodefesa, que em momentos como este devem ser recuperadas”, comenta o porta-voz. Essa visão ficou evidente nos blocos que compunham a manifestação. De trás para frente, o bloco de migrantes, o bloco lgtbiq+, trabalhadores do sexo, sindicatos de classe, o bloco de moradia etc. No ambiente também havia muitas faixas de apoio à Palestina e contra o genocídio praticado por Israel em Gaza. “É hora de nos colocarmos no centro, de olharmos uns para os outros e nos apoiarmos mutuamente”, disse a organização, comemorando o comparecimento.

“Nosso objetivo é a liberação total da classe trabalhadora em toda a sua pluralidade e complexidade, por isso precisamos de uma diversidade de corpos, identidades e pessoas que possam se sentir desafiadas como classe trabalhadora”, conclui André Cáceres.

A chamada foi realizada por meio de um processo assembleario por CNT Comarcal Sur, CNT Madrid, CGT, MCLMEX, Sindicato de Inquilinas, Organización de Vivienda de Tetuán, Asamblea de Vivienda de Villalba, Sindicato Otras, Sindicato de Manteros, Liza, Trans en Lucha, Movimiento Marika de Madrid, Bloque Bollero, Observatorio de Derechos Humanos en Salud Mental, Mujeres Libres, Sindicato de Barrio San Blas Canillejas, BDS, Docentes LGTBIQA+, Federación Unión Africana España, SOS Racismo Madrid, Territorio Doméstico, Sindicato de Trabajadoras del Hogar y los Cuidados, ArroAsex Madrid, La Laboratoria, Comisión de Migración y Antirracismo 8M, CSO La Rosa e Red de Hondureñas Migradas (REDHMI).

Fonte: https://www.elsaltodiario.com/1-mayo/guerra-capitalismo-primero-mayo-interseccional-madrid

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Borboleta azul
raspa este céu de mansinho
insegura e frágil.

Eolo Yberê Libera

[Rússia] O anarquista Alexander Snezhkov está em um buraco há mais de 58 dias

Notícias perturbadoras continuam a chegar da Colônia Penal nº 10 (IK-10) em Krasnokamensk, Zabaykalsky Krai, onde um dos réus no “caso dos anarquistas de Chita”, Alexander Snezhkov, está preso. Desde a terceira dezena de Fevereiro e até hoje – mais de 58 dias – ele está preso em uma cela isolada (SHIZO, uma ala de isolamento punitivo). E esse não é o fim, como a equipe da colônia teria dito a ele. De acordo com eles, Alexander é “um personagem muito interessante e não é o tipo de pessoa que ele quer parecer ser”. Aparentemente, Sasha não está destinado a ser apenas uma pessoa comum cumprindo sua pena tranquilamente.


Nas primeiras semanas em SHIZO, Alexander foi mantido em completo isolamento. Mais tarde, outro detento se juntou a ele – alguém decente e interessante para conversar. Isso melhorou significativamente a experiência de Alexander em SHIZO.


O grupo de apoio aos anarquistas de Chita acredita que a administração do IK-10 está cumprindo uma ordem do FSB para exercer pressão sobre Alexander. Ele não está tendo permissão para se adaptar pacificamente à vida na colônia; todos os esforços estão sendo feitos para piorar sua permanência lá.


Ao elaborar mais relatórios de supostas “violações” e continuar a manter o anarquista na SHIZO, a administração está fazendo de tudo para que Alexander seja transferido para o SUS (Strict Detention Conditions, ou Condições de Detenção Estrita em tradução livre), o regime mais severo de uma colônia de regime geral.


Pedimos a todos que escrevam cartas para Alexander e enviem fotografias.


Endereço para correspondência: Alexander Evgenyevich Snezhkov, nascido em 2003, FKU IK-10 UFSIN, 674673, Zabaykalsky Krai, Krasnokamensk, Rússia. Observe que as cartas devem ser escritas em russo – você pode usar ferramentas de tradução automática online gratuitas para isso.


Fonte: Anarchist Black Cross Moscow


Tradução > acervo trans-anarquista


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O pequeno córrego
Se esconde sob o capim –
O outono fenece.

Shirao

[Chile-Wallmapu] Não esquecemos Héctor Llaitul encarcerado

25/04/2025


O dirigente mapuche condenado a mais de 20 anos de cárcere em pleno Governo do senhorito Gabriel Boric, o progressista


Hoje está retido em uma penitenciária de alta segurança, isolado de sua cultura e sua comunidade


Na penitenciária de alta segurança Biobío, privatizada por concessão do Estado, e sem módulos adequados para comuneros mapuche, permanece recluso Héctor Llaitul, histórico dirigente da Coordenadora Arauco Malleco (CAM), condenado a mais de 20 anos de prisão sob a Lei Antiterrorista durante o governo de Gabriel Boric. Seu encarceramento, denunciado por diversas organizações e advogadas defensoras, representa não só uma decisão judicial desproporcional, mas também uma política de Estado que aprofunda a repressão contra o movimento mapuche autonomista.


Desde seu ingresso a este recinto carcerário em 2022, Llaitul foi mantido em condições que violam seus direitos culturais, espirituais e humanos. Na prisão Biobío não existem módulos para presos mapuche, o que implicou em tratamento como um réu comum e o isolamento de seu entorno cultural. A Gendarmeria foi acusada de exercer práticas de perseguição, racismo e tratos cruéis contra ele e outros comuneros, práticas que, segundo se denunciou, chegam ao umbral da tortura.


As advogadas do dirigente reiteraram que seu translado a Temuco, onde existem módulos diferenciados para comuneros em virtude do Convênio 169 da OIT, é uma medida necessária não só por razões culturais e familiares – já que seu filho Pelentaro também está recluso ali, mas também por razões de saúde mental e direitos fundamentais. No entanto, o Ministério da Justiça rechaçou reiteradamente esta petição, apesar de que o Estado chileno ratificou dito tratado em 2008 e é obrigado a seu cumprimento.


O Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho estabelece o dever dos Estados de garantir que os povos indígenas não sejam separados injustificadamente de suas comunidades nem de suas práticas culturais. A normativa estabelece, entre outros pontos, que as pessoas indígenas privadas de liberdade devem ficar reclusas, sempre que seja possível, em lugares próximos a suas comunidades e com respeito a sua identidade cultural. O distanciamento forçado e o isolamento em condições carcerárias que não reconhecem estas particularidades constituem uma violação flagrante deste compromisso internacional.


O caso de Llaitul, também reflete uma política penal discriminatória. A prisão Biobío foi utilizada para enviar comuneros mapuche que recebem sanções especialmente duras. Em muitos casos, estes presos são confinados em módulos de máxima segurança, onde se denunciaram espancamentos e agressões constantes por parte do pessoal penitenciário. A criminalização da luta mapuche por autonomia e território alcança assim um nível inédito de repressão na “democracia”.


Para as defensoras dos direitos humanos, o que se configura aqui não é só uma perseguição política, mas também uma tentativa sistemática de destruir o vínculo sagrado que os mapuche mantêm com a terra, sua cultura e sua comunidade. A condenação e o encarceramento de Héctor Llaitul, somados a seu isolamento forçado, representam uma forma moderna de desenraisamento social e extermínio simbólico.


O Estado chileno tem uma responsabilidade histórica, jurídica e ética com os povos originários. Não cumprir os compromissos do Convênio 169 e submeter seus dirigentes a condições carcerárias desumanas só aprofunda o conflito.


Não esquecemos Héctor Llaitul: seu caso é um espelho da dívida pendente com a dignidade mapuche.


Fonte: Red Latina Sin Fronteras


Tradução > Sol de Abril


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Ainda que tombe
Depois de tanto andar e andar –
Campo de lespedezas.

Kawai Sora

[Argentina] O que são os festivais de cinema anarquista?

02, 03 e 04 de maio | 7ª edição do Festival Internacional de Cinema Anarquista | Buenos Aires


O Festival Internacional de Cinema Anarquista não é uma competição típica em que os filmes participantes concorrem a um prêmio.


Nesses festivais, mostramos o que está sendo feito em formato audiovisual sobre temas anarquistas e afins, bem como apresentamos o trabalho cinematográfico de companheiros que usam esse meio não apenas para promover ideias antiautoritárias, mas também o utilizam como uma arma para expor a violência do sistema de dominação e manipulação por meio da mídia.


Para nós é importante tornar conhecida A Ideia e outras realidades do anarquismo (atual), relembrar passagens ou fatos históricos do movimento anarquista que através de aspectos informativos, teóricos, artísticos e combativos é um meio acessível às pessoas, gerando um ponto de encontro que pode servir de reflexão e inspiração para subverter o cotidiano.


O mais difícil é decidir o que é o cinema anarquista. Pode ser uma forma autogestionária ou contracultural de produção de filmes, ou pode ser um assunto específico sobre eventos que podem ser compreendidos sob esse rótulo.


Entretanto, a própria palavra anarquista é tão ampla que poderia abranger uma grande variedade de maneiras de entender o mundo. Não se pretende excluir nenhuma delas em um evento com essas características, aberto, plural e entendido como uma forma de promoção cultural libertária.


Nos últimos anos, vários festivais desse tipo foram realizados no Canadá, na Espanha, na Austrália e em outros lugares, mas principalmente nos Estados Unidos. Esses festivais são organizados por cineastas independentes, documentaristas, artistas e ativistas que se reúnem em seu próprio espaço.


De fato, muitas vezes se esquece para que servem os festivais: para exibir filmes e conversar com aqueles que os fazem.


Um festival de cinema anarquista surge diretamente do ativismo cultural e do ativismo político. É um espaço horizontal onde não há diferença entre espectador e criador, e onde as conversas e os debates ocorrem em pé de igualdade. Os próprios autores também são ativistas; e parte do público também pode estar fazendo outros tipos de criação (editando livros, fanzines, revistas, outros documentários ou filmes, peças de teatro…). Normalmente, nesse tipo de festival, prevalece o gênero documentário, pois são obras destinadas à conscientização, a nos contar histórias de outras sociedades ou de outras épocas. No entanto, não podemos nos esquecer da criação pela criação. A capacidade criativa inata da humanidade. É por isso que, neste festival, compartilharemos experiências e promoveremos a mídia comprometida e criativa. E também nos divertiremos.


Não somos obcecados por multidões, nem temos interesse em fazer deste festival um novo local de negócios ou em promover o espetáculo pelo espetáculo. Estamos interessados em tornar conhecidas realidades diferentes das que conhecemos e, acima de tudo, em promover um espaço de cumplicidade entre pessoas diferentes.


>> Mais infoshttps://www.instagram.com/festivaldecinea


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O sol da manhã
e o canto do sabiá
entram pela casa.

Benedita Azevedo

[Espanha] 1º de Maio em Valência: Contra a incompetência deles — organize-se e lute pelos seus direitos!

Para este 1º de Maio, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) considera mais necessário do que nunca impulsionar uma ofensiva anarcossindicalista diante das condições de vida da população em geral, da classe trabalhadora em particular e das ameaças globais que nos cercam.

A desvalorização dos salários e o aumento da inflação, que andam de mãos dadas, tornam a vida cada vez mais difícil. A alta dos preços atinge de forma brutal os grupos com menor renda. O reajuste do salário mínimo não foi suficiente para compensar a perda do poder de compra. Os preços subiram muito mais nos bens e serviços mais consumidos pelas pessoas mais pobres. Vivemos em um país onde a precariedade e os salários baixos são a regra. A perda do poder aquisitivo avança em todos os setores, exceto para uma minoria capitalista que aumenta seus lucros de forma vergonhosa, explorando os salários e as condições de trabalho da maioria. Enquanto isso, nossos jovens sofrem com um desemprego dos mais altos da Europa.

O modelo sindical baseado na concertação com as empresas, que prioriza a negociação sem construir poder popular para exigir melhoras, dificulta aumentos salariais nos acordos coletivos. Porque não é tolerável que a precariedade, o desemprego, os acidentes de trabalho, os salários baixos, a temporariedade, as condições indignas e o trabalho parcial recaiam especialmente sobre mulheres, jovens, migrantes e pessoas racializadas. Diante disso, a CGT defende um sindicalismo de luta, que prioriza a organização de base, a mobilização, a greve e o conflito, usando a pressão como ferramenta para negociar e transformar a sociedade. Por isso, a CGT foi a organização que mais greves e conflitos trabalhistas promoveu em 2024.

A CGT denuncia a diferença salarial que as mulheres enfrentam durante sua vida profissional e, depois, também em suas aposentadorias. Colocamos a luta das mulheres em primeiro lugar, porque a conciliação familiar e suas vidas devem ser prioridade. São elas que ainda assumem os cuidados (remunerados ou não) e sofrem as maiores taxas de desemprego. Para piorar, a violência machista e os feminicídios não cessam.

O preço dos aluguéis e imóveis aumenta de forma insustentável, chegando a valores impossíveis nas grandes cidades e zonas turísticas. Mais pessoas são obrigadas a dividir moradias para pagar o aluguel. E mais de um terço das famílias gasta mais de 30% de sua renda com habitação.

A CGT apoia as mobilizações por moradia digna e acessível. Toda pessoa tem direito a uma casa, e é prioridade social garantir esse direito.

Contra o desmonte do público

Os serviços públicos (saúde, educação, assistência social…) estão sendo privatizados de forma calculada pelos governos neoliberais que dominam o Estado, seguindo à risca o “Protocolo da Privatização” e colocando-os a serviço do lucro privado. A CGT deve reagir com firmeza, organizando-se de forma horizontal, a partir da base, junto aos afetados: famílias, jovens, estudantes… É assim que novas lutas, greves e mobilizações estão surgindo para salvar o que é público, porque disso dependem nossas vidas e um futuro com esperança.

Em 2024, 796 pessoas morreram no trabalho, mostrando que não há compromisso real de patrões e governos para acabar com esses “assassinatos laborais”. A CGT propõe:

  • Redução da carga de trabalho
  • Prevenção de riscos nas empresas
  • Jornada de 30 horas semanais
  • Medidas de conciliação

Contra o militarismo e a guerra

Uma nova estratégia imperialista está mudando o cenário internacional e nacional. A investimento em armas virou prioridade para o capitalismo mais agressivo e desumano. Esse gasto vai aumentar a dívida pública, com juros altos que vão cortar verbas sociais. Estamos nas mãos de uma minoria oligárquica que controla o planeta e a vida das pessoas. Por isso, a CGT tem a obrigação ética e moral de lutar nas ruas.

Historicamente, as guerras servem para saquear, endividar e dividir os povos. Querem nos enganar com o discurso de “segurança nacional”, quando na verdade promovem o rearmamento. A CGT rejeita o aumento do orçamento militar do governo espanhol. Defendemos relações internacionais baseadas em igualdade, justiça social e solidariedade entre os povos. Armas e exércitos são o oposto disso.

Não à OTAN! Fora com as bases militares!
Destruição de todo armamento e conversão da indústria bélica em desenvolvimento humano!

Pela justiça ambiental

Diante da crise climática e dos desastres ecológicos causados pelo capitalismo selvagem, a CGT mostrou, na gestão das terríveis consequências da DANA (gota fria) em Valência, que somos uma organização anarcossindicalista com capacidade de resposta. Sabemos nos organizar para apoiar a classe trabalhadora e as famílias afetadas — e também denunciar os culpados, exigindo responsabilização.

Após a morte de 225 vítimas, a CGT foi o único sindicato que conseguiu a responsabilização de altos funcionários pela má gestão da DANA e pela violação de direitos trabalhistas.

Pelo internacionalismo e a solidariedade de classe!

Não ao genocídio do povo palestino!
Nem guerra entre povos, nem paz entre classes!
Internacionalismo anarcossindicalista entre os povos!

cgtvalencia.org

Tradução > Liberto

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Nem se lembra
Do arroz grudado ao bigode-
Gato enamorado.

Taigi

[Espanha] 30 de abril – Dia da Sabotagem.

Hoje, 30 de abril, queremos resgatar da história anarquista essa data marcada como Dia Internacional da Sabotagem. Esse dia, a véspera de 1º de maio, parece ter suas origens nos anos 80 do século passado. Especificamente, começou em 1982 na Holanda: após a abdicação da Rainha Juliana e como resultado da indignação com o que foi considerado um desperdício de dinheiro público, foi feita uma convocação popular para sabotagem, que assumiu a forma de ataques a bancos e outros interesses capitalistas.

No ano seguinte, as ações de sabotagem se repetiram, mas dessa vez se espalharam por mais cidades europeias, tornando-se uma iniciativa internacional. Vale a pena mencionar as cidades de Londres, onde o dia foi vinculado às mobilizações “Stop the City” da época, descritas como “O Carnaval contra a guerra, a opressão e a destruição”. Na Espanha, a introdução desse dia deve ser creditada aos grupos autônomos de Euskal Herria, que chegaram a organizar caravanas de ônibus em apoio às mobilizações em outras partes da Europa.

Reivindicado acima de tudo pelo anarquismo internacionalista e apoiado por outros grupos autônomos, grupos de afinidade e até mesmo por alguns grupos marxistas revolucionários, o Dia Internacional do Sabotagem é uma data que ganhou relevância à medida que o 1º de maio se tornava cada vez mais distorcido e pacificado.

Organizar-se em torno de uma jornada para praticar e disseminar a sabotagem e dificultar o funcionamento da máquina capitalista foi uma tática para aquecer os ânimos e dar visibilidade ao conflito social, que teve seus ecos até o século XXI.

Em um contexto de crescente crise econômica e incipiente organização das classes populares, talvez precisemos recuperar a memória desse dia e, acima de tudo, sua essência de ação ofensiva e direta contra o capitalismo!

Fonte: https://editorialimperdible.com/2025/04/30/30-de-abril-dia-del-sabotage/

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em nosso universo
breve, passa, com pressa! e
graça, a borboleta

Issa

[Grécia] Ocupação da GSEE pelo grupo anarquista Rouvikonas

Nesta quarta-feira (30/04), o “setor trabalhista” do grupo anarquista Rouvikonas ocupou o prédio da GSEE¹ (Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia). Um trecho do “longo” comunicado distribuído pelo grupo diz:

“O fato de termos escolhido ocupar o prédio da GSEE para comemorar o 1º de maio e destacar o colapso do sindicalismo e do poder de barganha da nossa classe é um lembrete desagradável da diferença entre hoje e Chicago no final do século XIX.

Aquela batalha, com as bombas e as sentenças de morte dos combatentes, a batalha que abriu a guerra vitoriosa que garantiu a jornada de 8 horas para todos os trabalhadores, foi travada por trabalhadores com consciência de sua posição, organizados em sindicatos militantes. Sem eles, nada teria sido conquistado. E nada foi conquistado depois sem organizações de classe. Pelo contrário, a perda de conquistas históricas dos trabalhadores nos últimos anos ocorreu em um ambiente onde tais organizações estavam ausentes.

Em um ambiente onde o conceito de sindicalismo e organização de classe estava sendo contaminado pela GSEE junto com uma parte significativa do sindicalismo burocrático/partidário.

“A GSEE agora é um cadáver, pelo menos em termos de sua função básica. A de organizar os trabalhadores, representando, defendendo e reivindicando seus direitos. Acabou se tornando um instituto burocrático trabalhista que emite editais, realiza estudos, oficinas e clama ao Estado para voltar aos acordos coletivos para que ele possa voltar a ter um papel a desempenhar. E que convoca uma greve cerimonial de um dia algumas vezes por ano.

Não adianta mais chutar essa carcaça. Ela não pode causar mais mal do que já causou.

Nossa ocupação atual se percebe como uma ocupação de um prédio sem classes sociais. Um prédio que deveria estar cheio de vida, o centro da luta de classes, monitorado pela polícia porque está funcionando e não porque outros trabalhadores o ocupam.

Fomos feitos reféns do Estado e dos patrões e precisamos mais do que nunca de espaços de reunião, organização e luta. A ausência de uma base sindical forte e de massa é uma grande ferida.

A necessidade de um sindicalismo popular forte, rebelde e de massas que alcance vitórias e apague a vergonha do sindicalismo institucionalizado da consciência coletiva, é cada vez mais urgente…

O Primeiro de Maio não é um dia em que os trabalhadores se dirigem de cabeça baixa ao Estado ou aos patrões. É um dia em que os trabalhadores conversam entre si. Falam sobre suas descobertas, posições, esperanças, medos e métodos de luta…”

[1] A GSEE (Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia) é uma espécie de CUT, Força Sindical de lá, ou seja, PELEGA.

agência de notícias anarquistas-ana

no despenhadeiro
a sombra da pedra
cai primeiro

Carlos Seabra

[Espanha] 1º de Maio: Obreiro, Libertário e Combativo

Representantes da CGT e da CNT apresentam a mobilização do Primeiro de Maio em Burgos

Em uma coletiva de imprensa, representantes da CGT e da CNT anunciaram as atividades planejadas para o Primeiro de Maio em Burgos, que girarão em torno de uma manifestação que começará à 1 hora da tarde na Plaza del Cid.

Neste 1º de maio, a CGT e a CNT saem às ruas para destacar a vida daqueles que perderam suas vidas em 1887, quando lutaram pela emancipação social e pela jornada de trabalho de 8 horas. Enfatizando que é hora de recuperar o valor da luta coletiva para gerar uma sociedade sob medida para o povo e criar alternativas ao capitalismo impiedoso. Que é hora de buscar alianças para que a pobreza, a desigualdade e a precariedade, cada vez mais generalizadas, especialmente entre mulheres, jovens, idosos e migrantes, sejam combatidas e erradicadas de uma vez por todas. O objetivo é acabar com as incessantes agressões sofridas pela classe trabalhadora: salários empobrecidos, demissões, desemprego, trabalho precário e sem direitos, acidentes de trabalho que ceifam muitas vidas, aposentadorias miseráveis, privatizações e cortes nos serviços sociais como saúde e educação, dificuldades de acesso à moradia, emigração e falta de perspectivas, repressão e leis mordaça.

Por outro lado, eles denunciaram que o imperialismo continua de forma selvagem, o imperialismo que nunca foi embora. Depois de mais de 18 meses de genocídio televisionado em Gaza, juntamente com dezenas de guerras fratricidas promovidas por interesses econômicos em todo o mundo, depois de testemunhar como as classes trabalhadoras são levadas à morte, como peças no tabuleiro de xadrez geopolítico, sacrificadas sem escrúpulos, vemos como cidades e vilarejos são arrasados, crianças são assassinadas e o planeta é destruído e poluído, mostrando que o capitalismo é, na realidade, um sistema que coloca os lucros econômicos acima das vidas humanas e do próprio planeta.

Por fim, para concluir, ressaltam que somente levantando a cabeça, a classe trabalhadora sairá fortalecida e pronta para avançar e conquistar os direitos sociais e trabalhistas, pois somente unindo forças será possível reverter o retrocesso nos direitos trabalhistas que estamos sofrendo há décadas, pois somente construindo poderemos alcançar uma sociedade mais justa, ecológica, antimilitarista, solidária, feminista… libertária.

cgtburgos.org

agência de notícias anarquistas-ana

a aurora
estende a rede de bruma
pelos vales

Rogério Martins

(Espanha) Viva o 1º de Maio!

CONTRA O TERRORISMO PATRONAL. ANARCOSSINDICALISMO

ATO 11h00 PRAÇA PRINCESA

Com uma taxa anual de mortalidade recorrente e próxima de mil vítimas, o 1º de Maio está longe de ser um dia de celebração.

As reformas trabalhistas continuam sem enfrentar a urgência inadiável de reduzir as elevadas taxas de acidentes de trabalho, que todos os anos causam centenas de mortes evitáveis. É justamente o conhecimento de que essas mortes poderiam ser evitadas — algo frequentemente ignorado e subordinado aos interesses econômicos da produtividade — que nos faz falar em terrorismo, e não em simples delitos.

Julgar delitos é tarefa da justiça burguesa; a nós cabe torná-los visíveis e enfrentá-los nas ruas e nos locais de trabalho por meio da organização operária anarcossindicalista.

É evidente a relação entre as centenas de mortes causadas por infartos e AVCs e os quadros de estresse crônico vividos por milhares de pessoas assalariadas, mesmo quando o governo da vez tenta maquiar essa realidade com reformas como o controle de ponto eletrônico, o fim dos contratos por obra e serviço e a redução da jornada de trabalho.

O fato é que, em 2024 e 2025, aumentaram os contratos temporários de meio período, continuam sendo feitas horas extras não remuneradas além do limite anual permitido, e nas empresas seguem os esquemas de fraude com controle de ponto, contratações irregulares, descumprimento das tabelas salariais, demissões arbitrárias e uma infinidade de abusos trabalhistas.

Diante da impossibilidade de reconhecer a existência de uma tal “classe média”, diante da capitulação que é acreditar em um sindicalismo financiado pelo Estado que realmente defenda os interesses da classe trabalhadora, e diante da ficção e do dogma presentes nos discursos de qualquer governo ou partido político, a CNT-VIGO continua defendendo seus princípios, táticas e objetivos, que são a auto-organização operária, a autogestão e a defesa solidária dos interesses e direitos trabalhistas.

Fica para trás o paliativismo do assistencialismo estatal, cada vez mais enfraquecido diante dos interesses do capital privado — subsidiado e parasitário das necessidades sociais criadas pelo abuso, pela exploração e pela morte de milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

É por isso que a CNT-VIGO jamais será cúmplice do silêncio covarde que significa se submeter às formas burocráticas da negociação coletiva conduzida pelas comissões de empresa. Este anarcossindicato não precisa da esmola de nenhum tipo de orçamento para viabilizar a prática do modelo sindical que defendemos: autogerido e, por isso mesmo, organizado por e para a classe trabalhadora.

Desde a CNT-VIGO afirmamos que a violência implícita ao trabalho assalariado não se resolve sentando à mesa do chamado “diálogo social”, mas sim enfrentando-a de maneira coletiva, parando e transformando a nosso favor, de forma coletiva e solidária, a máquina de guerra que é a economia.

Contra as consequências do trabalho abusivo e precário, contra a cumplicidade de sindicatos, partidos políticos e patronais que, em muitos casos, só podem ser classificados como terroristas:

VIVA O ANARCOSSINDICALISMO!

VIVA O 1º DE MAIO!

VIVA A CNT-VIGO!

cntvigo.org

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

tinta no pincel
fantasia com asas
pardal no papel

Carlos Seabra

1º de Maio Unificado das Centrai$ Sindicai$ Pelega$ em São Paulo

• O ato milionário-alienante-acomodado-domesticado tem como lema “Por um Brasil mais justo: Solidário, Democrático, Soberano e Sustentável”.

• As Centrai$ avisam que é antidemocrático e sumariamente proibido criticar ou gritar palavras de ordem contra o “Deu$ Lula”.

• As Centrai$ também deixam claro que o “1° de Maio Unificado” não é um protesto, não é um dia de luta, mas um comício e festival eleitoreiro “Deu$ Lula 2026”.

• O ato é “Sustentável”, mas vão sortear ‘carros’, um dos símbolos do que é mais insustentável no planeta.

• A estimativa de público no evento, segundo os organizadores (leia-se burocrata$ $indicai$), é de 3 milhões de pessoas. Será um dos mais concorridos dos últimos tempos na capital mais populosa do País, afinal não faltam motivos para “protestar”.

• Em tempo: “Deu$ Lula” decidiu não participar das fe$tividade$ das centrai$ sindicai$ em São Paulo. Depois do fiasco do ano passado, preferiu discursar protegido atrás da vitrine de uma rede nacional de rádio e TV.

• Uma “fonte do Palácio” disse que os seguranças do “Deu$ Lula” pediram que ele ficasse em casa, na mordomia do Palácio, “de boa”, bebendo cerveja e se empanturrando de picanha, pois o serviço de inteligência do Planalto detectou que os Black Blocs estavam se organizando “para quebrar tudo” no ato pelego.

• Ah, os burocrata$ $indicai$ avisam, o “Deu$ Lula” estará ausente, mas vai ter carro e picanha para todo mundo. Lembrando, Lula (fã e “garoto propaganda” dos donos da JBS) é o principal incentivador do consumo de picanha (carne) no Brasil, ou a “coisa” mais insustentável no planeta, a indústria da exploração e morte de animais.

Curto e grosso: 1° de Maio Unificado das Centrai$ $indicais É FARSA, É ENGODO!!!

> CONTRA O ESTADO E O CAPITAL <

agência de notícias anarquistas-ana

Ah, como é bonita!
Pela porta esburacada
surge a Via Láctea.

Issa

[Espanha] 1º de Maio: Contra o Capital!

Primeiro de Maio
Agitação proletária contra o capitalismo
Nem pela democracia, nem por nenhum Estado

É amplamente sabido que o Primeiro de Maio se transformou em mais uma data no calendário das festividades do Estado, em que somos induzidos a celebrar o “dia do trabalho” por meio de desfiles obsoletos e cerimônias lideradas por demagogos profissionais — políticos e sindicalistas — que vociferam sermões decadentes de seus palanques. No entanto, embora nosso inimigo de classe — a burguesia — tenha conseguido distorcer e institucionalizar o significado dessa data tão importante para a classe trabalhadora internacional, isso não significa que tenha conseguido suprimir o espírito de rebelião da revolta de Haymarket, em 1886.

O fantasma do comunismo, o velho toupeira, ressurge sempre que o proletariado vai às ruas enfrentar a ordem do Capital. Equador, Colômbia, Chile, Argentina, Irã, Hong Kong, Quênia, Grécia… são apenas alguns exemplos da combatividade demonstrada por nossa classe nos últimos anos. Isso é apenas o germe do que está começando, mas o capitalismo — e sua democracia — por motivos óbvios, não permitirão que os coloquemos em xeque. Por isso, imediatamente nos reprimirão com leis de mordaça e corpos repressivos cada vez mais profissionalizados, tudo com o propósito de nos manter cidadanizados, autômatos dóceis, obedientes às leis e à sua moral, para sermos funcionais aos seus desígnios.

Hoje, a burguesia, através de suas facções de esquerda e direita, tenta nos persuadir com mentiras a tomar partido em uma “batalha cultural entre globalistas e nacionalistas”, mas essa batalha é apenas uma falácia, um falso antagonismo, um beco sem saída, um trilho ideológico que serve para nos enquadrar na defesa dos interesses do capitalismo: seja defendendo uma nação, lutando para morrer em suas guerras, exigindo reformas, indo às urnas votar ou assimilando falsas alternativas progressistas para “tornar mais inclusivo” este sistema… esquecendo assim nossos verdadeiros interesses históricos. Desenganemo-nos! A única luta que nos interessa enquanto proletariado é a de classe contra classe, contra nossos inimigos de sempre: o sistema capitalista sustentado pelo Estado, pela pátria, pela democracia, pelo trabalho assalariado, pelo dinheiro e pela mercadoria.

No fim das contas, todos os capitalistas conclamarão aqueles que vivem na pele a miséria (trabalhadores ou desempregados) a se unirem e se sacrificarem em nome do progresso e do desenvolvimento econômico, porque — dizem — “isso beneficiará a todos igualmente”. Mas sabemos de antemão que esse progresso e desenvolvimento que tanto obceca os burgueses significa apenas mais acúmulo de capital nas contas bancárias deles; enquanto para nós significa apenas mais podridão e merda: mais precariedade, mais exploração, mais gentrificação, mais deslocamento, mais segregação, mais incerteza… e, no pior dos casos, sermos massacrados nas guerras, como na Ucrânia, Iêmen, Palestina, Sudão ou Congo.

De nada adianta vangloriar-se dos “direitos trabalhistas e conquistas sociais obtidas pela luta” se permanece vigente um modo de produção que pode se dar ao luxo de reduzir ou eliminar esses “direitos e conquistas” sempre que for conveniente para seu funcionamento. Em cada crise, ajuste ou política de austeridade, a burguesia implementará planos para descartar tudo aquilo que supostamente temos graças à “legalidade”… portanto, seguir apostando na luta sob a cobertura dos direitos e das “liberdades” oferecidos pelas instituições democráticas é nos condenar ao fracasso contínuo e à pior derrota possível.

Por isso, hoje mais do que nunca, é imprescindível assumir a perspectiva da revolução mundial, agitando pela expansão das lutas proletárias e pela generalização das revoltas em todos os continentes… Envolvendo-nos e apoiando a realização das tarefas que a luta de classes exige, nas quais é indispensável a coordenação da ação direta, a solidariedade com os reprimidos, a expropriação, a organização de cozinhas comunitárias, a ocupação de espaços para as necessidades da luta e as redes de ajuda mútua.

Contra todos os oportunistas e enganadores de sempre: afirmemos nossa autonomia e ruptura contra e fora dos partidos políticos e sindicatos de todas as cores.


Nós, proletários, devemos confiar em nossas próprias forças e instinto de classe, nos reapropriando de nossa memória histórica, fazendo também uso do balanço e das armas da crítica. Agitando e lutando permanentemente até a realização do nosso único programa histórico: o derrubamento definitivo do Capitalismo e do Estado, dando lugar à comunidade humana sem classes sociais nem dinheiro.

Fonte: https://valladolorentodaspartes.blogspot.com/2025/04/1-de-mayo-agitacion-proletaria-contra.html

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

terno salgueiro
quase ouro, quase âmbar
quase luz…

José Juan Tablada

[Espanha] 1º de Maio Contra as Guerras

Pela desmilitarização e dissolução de todos os exércitos

O desenvolvimento dos algoritmos, da inteligência artificial e da informática em geral, pela mão da globalização da economia, traz consigo um novo desenvolvimento produtivo e de consumo, impulsionado pelos magnatas do setor tecnológico e normalizado pelos Estados através de diversos planos de digitalização econômica.

Na agenda geopolítica, cresce a necessidade de controlar os recursos naturais necessários para este avanço do modelo produtivo, assim como aplicar modelos extrativos e industriais neocoloniais para baratear os custos e surtir os mercados das matérias primas utilizadas para o desenvolvimento da indústria militar e outros tecidos produtivos que se desenvolvem de forma paralela dentro do mercado transnacional globalista.

A tensão de um mundo multipolar, os novos avanços tecnológicos e a gradual transformação do mercado levam os Estados a ver como necessário avançar no desenvolvimento militar. É o Estado a forma política que nasce, se articula e se mantêm pela força militar, o exército da coerção e da violência, para benefício dos privilegiados.

Através de uma constante retórica belicista do poder político de diversos Estados europeus, a UE e a OTAN demandam aumento de orçamentos de até 5% em gasto militar usando como justificativa uma hipotética ameaça russa.

No entanto, aumento de orçamentos de gasto militar pressupõe a aceleração do desmantelamento do «Estado de bem estar», com o consequente aumento da desigualdade, da privatização direta e indireta de serviços essenciais como a saúde, e o consequente aumento da desigualdade do atendimento médico, somado tudo isto ao aumento da carestia de vida.

Somos nós trabalhadores que vamos pagar as tensões políticas internacionais, e as necessidades dessa grande locomotiva insaciável e sem freios que é o mercado capitalista. O pagaremos com a exclusão do mercado de trabalho, com nossa saúde, e se “preciso” com nossa carne e nosso sangue no caso de que os Estados tentem nos obrigar a morrer no campo de batalha se for o caso. Assim como os governos russo e ucraniano fazem com a classe trabalhadora de seus respectivos países, o mesmo ocorre em outros conflitos armados do planeta.

Nós anarquistas advogamos pela desmilitarização e a dissolução dos exércitos. Trabalhamos na prática da solidariedade e do apoio mútuo com todos os trabalhadores e despossuídos para dotar-nos de ferramentas de resistência e construir uma sociedade horizontal baseada na livre federação de produtores e consumidores, baseada no trabalho associado e cooperativo. Por isso denunciaremos as barbaridades que provocam as fronteiras, os Estados, os poderes econômicos e políticos, e as guerras que tanto os beneficiam.

CONTRA A GUERRA, O ESTADO E O CAPITAL

OBJEÇÃO, INSUBMISSÃO E DISSOLUÇÃO DOS EXÉRCITOS

Grupo Tierra

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

dia muito frio
o vento desalinha
a plumagem do passarinho

João Angelo Salvadori

[Espanha] Que trabalhem eles, por um emprego que não nos roube a vida

Não nascemos para ser peças na máquina da exploração. Não viemos ao mundo para alimentar, com nossas costas quebradas, os banquetes daqueles que nunca curvaram a espinha, nem sentiram o peso de uma jornada que nunca acaba. Neste sistema capitalista, o trabalho não é virtude: é castigo. É a corda que nos aperta o pescoço enquanto nos obrigam a sorrir e agradecer pelo “privilégio” de sermos exploradas.

Dizem que a jornada de trabalho vai ser reduzida, que o progresso chegará aos poucos, mas continuamos morrendo nos andaimes, nas fábricas, nos hospitais. Continuamos sendo vítimas do estresse, da insônia, das doenças que o corpo grita quando o coração está em pedaços.

Temos orgulho de ser trabalhadoras, sim. E acreditem: ser militante da CNT é um dos maiores orgulhos que alguém pode sentir na vida. Temos orgulho de ser trabalhadoras, mas não de ser escravas. Não dessa normalidade obscena que nos condena a uma vida precária, a mendigar tempo para os nossos, a escolher entre comida e aquecimento. Que orgulho há em ser esquecidas, empobrecidas, sobrecarregadas, enquanto os poderosos multiplicam suas fortunas e nos olham de seus arranha-céus com desprezo?

Aprendemos a suportar o insuportável. Aceitamos que trabalhar até a exaustão é um “dever”, enquanto os preços sobem e nossos salários não dão para quase nada. Roubaram nosso tempo, nosso corpo, nossos sonhos. Mas não nos venceram.

Queremos recuperar nossas vidas. Queremos decidir como usar nossos dias, nossas mãos, nossas mentes. Queremos cuidar e ser cuidadas, nos encontrar, organizar a raiva, tecer a ternura e a revolução que virá. Porque outras formas de vida são possíveis, e sabemos que podemos imaginá-las, construí-las e defendê-las.

Não esquecemos que fomos nós, a CNT, que arrancamos do sistema a jornada de oito horas. E seremos nós que acabaremos com o jugo do trabalho que nos rouba a existência. Não queremos reformas tímidas nem migalhas: queremos tudo.

O mundo ainda é governado por oligarcas, empresários, políticos e assassinos que repartem nossas vidas como se fossem espólios. A social-democracia pactuou com os algozes. O liberalismo nos vendeu fumaça e fome. Nós estamos aqui para gritar o que muitos calam: chega!

O mundo deles não funciona. Nunca funcionou para a maioria. Deixem-nos tentar do nosso jeito: com nossas mãos, nossos corações, nossas ideias. Não pedimos permissão, viemos abrir caminhos.

E não podemos esquecer nossa gente na Palestina, nossa classe trabalhadora irmã do outro lado do Mediterrâneo, as professoras, médicas, padeiros e jornalistas que caem sob bombas enquanto o mundo “civilizado” desvia o olhar. O silêncio deles também é cumplicidade. Nossa memória é resistência. Não deixamos ninguém para trás; acreditamos no internacionalismo contra as fronteiras, muros e tarifas que nos impõem.

Que trabalhem eles. Nós queremos viver, lutar e libertar cada canto de nossas vidas.

Porque o tempo é nosso. Porque o mundo será de quem trabalha, não de quem o saqueia.

cnt.es

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Em toda a longa viagem,
Só agora encontrei
Um cafezal!

Paulo Franchetti