Em tempos de oportunismos, cinismos, hipocrisias, greenwashins: Marina Silva, Neca Setubal, Itaú, indústria do petróleo…

Você sabia que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, optou pelo silêncio após o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) autorizar a Petrobras a explorar petróleo na Foz do Amazonas?

Você sabia que o banco Itaú financia projetos de exploração e expansão de combustíveis fósseis na Amazônia?

Você sabia que Maria Alice Setubal, a Neca, é herdeira do conglomerado Itaú, ou seja, herdeira de uma das famílias mais ricas do Brasil?

Você sabia que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é amigaça da herdeira-bilionária do Itaú, Maria Alice Setubal, a Neca?

Você sabia que a herdeira do Itaú bancou 83% do Instituto Marina Silva, que leva seu nome com sede em Brasília?

Você sabia que o Itaú registrou lucros bilionários consecutivos nos últimos anos no Brasil?

Você sabia que em setembro passado o Itaú realizou demissões em massa, mesmo com lucros bilionários?

Você sabia que a maioria das ONG´s ambientalistas brasileiras “passam um pano” para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva?

Você sabia que a atriz “progressista” Fernanda Torres e sua mãe, a também atriz Fernanda Montenegro, são “garota$” propaganda do Itaú?

Resumindo. É muito oportuni$mo, cini$mo e hipocri$ia. Marina é conivente com a destruição da natureza em nome do “desenvolvimento sustentável”, do “capitalismo verde”.

COP 30 é uma far$a, todas foram!

Foda-se Lula, Marina, Itaú… e o mundo do petróleo!

Viva a Natureza Livre e Selvagem!!!

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Ipê florido —
Despencam flores
dourando o chão.

Rubens Amato

A Poesia como Ação Direta: Versos que Desobedecem e Desmantelam

A poesia, em sua essência mais pura, é um ato de liberdade radical. Ela nasce da recusa em aceitar a linguagem domesticada pelo Poder, transformando-a em um campo de batalha onde as palavras se rebelam contra seus significados impostos. Enquanto o Estado e o Capital dependem de um discurso rígido, técnico e desumanizante para perpetuar sua lógica, o poema desorganiza a gramática do opressor, criando novas sintaxes de existência. Ele é, portanto, um território liberto, um espaço autônomo onde a única lei é a imaginação do indivíduo, tornando-se um refúgio e uma trincheira contra a pasteurização do pensamento.

Num sistema capitalista que reduz todas as relações ao valor de troca, a poesia ergue-se como um monumento à gratuidade subversiva. Ela é inútil para a lógica da acumulação; não pode ser totalmente mercantilizada sem perder sua alma. O seu valor não é de mercado, mas de combustão interna. Ao celebrar o que não tem preço — o efêmero, o sublime, a raiva, a dor, a beleza inútil — a poesia desvela a pobreza espiritual de um mundo reduzido a mercadoria. Ela é um escândalo para a produtividade, um desperdício magnificente de tempo e energia que sabota, em seu microcosmos, o princípio de rendimento que rege as nossas vidas.

Para a máquina estatal, que exige obediência e ordem, a poesia é uma arma de desestabilização por excelência. Sua natureza é ambígua, polissêmica e insubmissa. Não aceita uma única interpretação, assim como o anarquismo não aceita um único dono. Através da metáfora, do ritmo e do nonsense, o poema desprograma a mente do condicionamento, ensinando-a a desconfiar da linguagem clara e linear do decreto e da propaganda. Ele é, em si, uma prática de desobediência civil linguística, um exercício constante de questionamento da autoridade das narrativas oficiais.

Mais do que um protesto individual, a poesia pode ser uma experiência coletiva de construção de mundos. Ela não apenas denuncia a jaula, mas oferece visões tangíveis de liberdade. Ao compartilhar uma percepção do mundo fora dos eixos, o poeta semeia a solidariedade entre os que também anseiam por um horizonte diferente. A poesia, assim, torna-se um veículo para a “propaganda pelo fato” cultural, um meio de agitação que, ao tocar a sensibilidade, é capaz de mobilizar de forma mais profunda e duradoura do que um panfleto. Ela forja uma comunidade afetiva de resistência.

Portanto, defender a poesia não é um gesto meramente cultural, mas um ato político revolucionário. Nas mãos do anarquismo, ela não é um ornamento, mas uma ferramenta de desmantelamento. Cada verso que rompe com a lógica estabelecida é um golpe contra os alicerces do controle. Cada imagem que evoca um mundo sem amos é um projeto de futuro. A poesia é a arma que carregamos na ponta da língua, capaz de, através do puro poder de criação, corroer as certezas do capital e do Estado e abrir frestas por onde respira — e finalmente irrompe — a liberdade.

Liberto Herrera

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Sol de primavera…
Apenas um pardalzinho
Canta…Canta…Canta…

Irene Massumi Fuke

“Esses investimentos são cúmplices de um genocídio: estão matando nossa cultura, nossa história e destruindo a biodiversidade da Amazônia.”

Indígenas da Amazônia, cujos territórios estão sendo afetados pela exploração de petróleo e gás, ofereceram os seguintes comentários sobre os bancos que mais financiam a expansão de combustíveis fósseis naquela região:

Olivia Bisa, presidente do Governo Territorial Autônomo da Nação Chapra (Peru), disse: “É revoltante que o Bank of America, o Scotiabank, o Credicorp e o Itaú estejam aumentando seu financiamento a petróleo e gás na Amazônia justamente em um momento em que a floresta está sob grave ameaça. Há décadas, os povos indígenas sofrem os impactos mais severos dessa destruição. Estamos pedindo que os bancos mudem de rumo agora: ao encerrar o apoio às indústrias extrativas na Amazônia, eles podem ajudar a proteger a floresta que sustenta nossas vidas e o futuro do planeta.”

Ingry Mojanajinsoy, Presidente da Associação dos Cabildos Inga do Município de Villagarzón Putumayo (ACIMVIP) (Colombia):”Empresas petrolíferas como a Gran Tierra trouxeram conflito, deslocamento e perda cultural para o nosso território. Apesar de anos de resistência, a Gran Tierra continua se expandindo, ameaçando nosso modo de vida. Os bancos que financiam a Gran Tierra devem parar imediatamente. Nunca demos consentimento para que o petróleo fosse extraído de nossas terras.”

Jonas Mura, cacique do Território Indígena Gavião Real (Brasil): “A Eneva tem causado muitos prejuízos no nosso território. O barulho, o tráfego constante de caminhões e as explosões têm afugentado os animais e afetado nossas caças. Pior ainda: estão entrando sem o nosso consentimento. Nosso território se sente ameaçado, e nossas famílias estão sendo diretamente prejudicadas. Vivem aqui cerca de 1700 indígenas, e a nossa sobrevivência depende da floresta. Pedimos que bancos como Itaú, Santander e Banco do Nordeste parem de financiar empresas que exploram combustíveis fósseis em territórios Indígenas. Essas empresas não têm compromisso com o meio ambiente, nem com os povos originários e tradicionais, nem com o futuro do planeta. Esses investimentos são cúmplices de um genocídio: estão matando nossa cultura, nossa história e destruindo a biodiversidade da Amazônia.”

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No final da rua
reluz um brilho amarelo
Ipê florido

Eunice Arruda

[França] Lançamento: “Três mulheres revoltadas: Emma Goldman, Voltairine de Cleyre, Lucy Parsons”, de Léa Gauthier

Elas estavam com raiva e recusavam-se a aceitar a paralisia. Essas três mulheres nos mostram o caminho. Emma Goldman, Voltairine de Cleyre e Lucy Parsons: elas viveram numa época em que o capitalismo industrial nascia violentamente. Cada uma à sua maneira, elas travaram uma luta, expressaram sua raiva. Lucy Parsons, contra a exploração salarial; Voltairine de Cleyre, pela educação; Emma Goldman, pela liberdade dos corpos. Longe de desejar o caos, a destruição, elas abriram, lutando palmo a palmo, sem nunca baixar a guarda, espaços de resistência onde inventar vidas invejáveis.

Trois Femmes En Colère: Emma Goldman, Voltairine De Cleyre, Lucy Parsons

de Léa Gauthier

ISBN: 9782228939706

Editor: PAYOT

Lançamento: outubro de 2025

Páginas: 224

19,33€

payot-rivages.fr

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gotas de orvalho
cobrem a borboleta
camuflagem de prata

Sérvio Lima

[Grécia] Campanha para cobrir os custos judiciais do caso de tortura de Vasileios Maggos pela polícia

Campanha de financiamento coletivo para os custos judiciais do caso de tortura de Vasileios Maggos pela polícia.

No verão de 2020, a luta contra a incineração de resíduos pela AGET-Lafarge em Volos intensificou-se com uma grande manifestação em 13 de junho, em frente à fábrica da AGET.

O aparato repressivo do Estado, a serviço dos interesses empresariais, assumiu a tarefa de suprimir a onda popular de oposição à incineração de lixo e impor silêncio absoluto sobre a cidade. Durante dois dias, a polícia agiu como um exército de ocupação em Volos. Agressões a manifestantes ocorreram em vários pontos da cidade, dezenas foram hospitalizados, o local da manifestação foi transformado em uma câmara de gás, manifestantes foram detidos, pessoas de todas as idades foram aterrorizadas, casas de “suspeitos” foram invadidas e uma ampla rede de vigilância sobre ativistas foi instalada.

No auge dessa campanha repressiva planejada e premeditada, ocorreu o espancamento e tortura brutais de Vassilis Maggos, no dia seguinte à manifestação, processo que levou à sua morte um mês depois, em 13 de julho de 2020.

A partir daí, iniciou-se uma grande luta para revelar a natureza do assassinato estatal direcionado de Vassilis Maggos, desmascarar os esforços das autoridades estatais e judiciais para encobrir o caso, criar um movimento de solidariedade com os muitos ativistas perseguidos e continuar a luta contra os “monstros empresariais” da AGET-Lafarge e suas práticas mortais de incineração de resíduos.

Essa luta já conquistou a condenação de três policiais por causarem lesões corporais graves a Vassilis Maggos, o indiciamento de seis policiais por tortura (como crime grave), a absolvição dos companheiros julgados por participarem da manifestação de 13 de junho de 2020 contra a incineração de lixo e o arquivamento das pesadas acusações que tentaram impor a outros manifestantes.

Essa resistência se manteve graças ao esforço constante e determinado de coletivos da cidade de Volos, e também à atuação decisiva e simbólica de Giannis Maggos, que levou o caso de Vassilis a todos os cantos da Grécia e do exterior. Uma ampla e diversa onda de solidariedade apoiou essa luta, levando o nome de Vassilis a cada cidade, bairro, escola e espaço de encontro.

Hoje, estamos em um momento de intensificação dessas lutas. Por um lado, o julgamento dos seis policiais que torturaram Vassilis Maggos começará em 20 de novembro, no Tribunal Criminal de Karditsa. Por outro, o julgamento de doze ativistas acusados por sua participação na manifestação de 13 de junho contra a incineração de lixo terá início em 28 de janeiro. Esses dois julgamentos são cruciais para derrotar o plano de subjugação dos movimentos de resistência e exigem grande mobilização social e apoio material.

Até o momento, foram realizadas três audiências sobre contravenções cometidas por policiais (com recurso pendente), duas audiências no processo contra o companheiro K.A. por crime grave (com recurso pendente) e uma audiência no processo contra o companheiro Th.S. por contravenção.

Está claro que a longa batalha judicial, que já ultrapassa cinco anos, visa, entre outras coisas, esgotar politicamente e destruir financeiramente os ativistas envolvidos, mantendo-os como reféns. A campanha de apoio financeiro que estamos lançando é parte integral da solidariedade política com o movimento em luta na região.

É uma condição necessária para levar essa luta até o fim.


É também uma forma de mostrar que essa luta diz respeito a toda a sociedade em resistência, pois busca criar condições de justiça social centradas nos direitos e necessidades dos oprimidos.

Tudo o que temos é uns aos outros.

Não esquecer, não perdoar, vingar e lutar até o fim.

Apoiamos o caso de Vasileios Maggos e dos demais ativistas.


20 de novembro de 2025, 9h. Tribunal de Karditsa

Coordenação dos Coletivos de Volos
(Syntonismos Syllogikotiton Volou)

>> Apoie aquihttps://www.firefund.net/vasileiosmaggos

Tradução > Contrafatual

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2021/12/15/grecia-a-morte-acidental-de-um-anarquista/

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Transborda a paixão
e lava as calçadas sujas
da moral burguesa.

Liberto Herrera

[Belo Horizonte-MG] AS SOLUÇÕES JÁ ESTÃO AQUI! Debate com Peter Gelderloos: lançamento da pré-venda

Sáb, 08/11/2025, às 17h

Kasa Invisivel, Av. Bias Fortes, 1034 – centro, Belo Horizonte.

A Biblioteca da Kasa Invisível recebe o autor e convida a todos para uma conversa pública acerca de seu livro, “As soluções já estão aqui: estratégias revolucionárias ecológicas vindas de baixo“, editado neste ano pelas editoras Teia dos Povos, GLAC e Entremares.

*O livro poderá ser encomendado com desconto ao longo do evento!

O livro:

Um chamado urgente que ecoa das margens para o centro de nosso tempo histórico. Publicado originalmente pela Pluto Press (2022) e agora no Brasil, com prefácio de Anne Xukuru, o livro desmascara a farsa dos governos, corporações e ONGs que vendem falsas saídas “verdes” enquanto aprofundam a devastação.

Acompanhando por décadas as lutas anticapitalistas, Peter Gelderloos recolheu experiências de territórios insurgentes: comunidades indígenas que replantam florestas, camponeses que defendem a soberania alimentar, coletivos urbanos que reinventam a vida comum.

Em diálogo com povos do Brasil, da Venezuela, da Indonésia, da Europa e de tantas fronteiras em disputa, o autor mostra que a verdadeira resposta à catástrofe climática já está em curso — enraizada na autonomia, na solidariedade e na prática cotidiana de quem resiste.

O autor:

Peter Gelderloos — Ativista anarquista norte-americano, atuou também na Catalunha, é autor de Anarquia Funciona (2010) e Como a não violência protege o Estado (2005), referência em debates sobre resistência. Em 2024, ele coproduziu Revolução ou Morte, uma série documental focada na crise climática global, em colaboração com o coletivo de mídia SubMedia.

kasainvisivel.org

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Num vôo direto
o pássaro volta
procurando um teto

Eugénia Tabosa

Os protestos indígenas no Equador completam um mês com três mortos e o diálogo rompido

Os protestos indígenas no Equador completam um mês com ao menos três manifestantes mortos, 15 desaparecidos, quase 300 feridos e 377 violações dos direitos humanos.

Por Martín Cúneo | 22/10/2025

Em 16 de setembro o poderoso movimento indígena se lançava às ruas e a bloquear estradas em várias províncias da serra equatoriana. O paro indefinido decretado pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) três dias depois foi contestado com a declaração do estado de exceção em sete províncias e com uma repressão sistemática da polícia e do exército equatoriano, que incluiu o uso “desproporcional” de gases lacrimogêneos e armas de fogo, segundo denuncia o Escritório em Washington para Assuntos Latino-Americanos (WOLA).

Até a data, ao menos três pessoas faleceram em consequência da violência policial e militar: o líder indígena kichwa de 46 anos, Efraín Fuerez; José Alberto Guamán Izam, de 30 anos, da comunidade de Cachibiro, agricultor e pai de dois filhos, e Rosa Elena Paqui, mulher indígena saraguro de 61 anos, por uma parada cardiorrespiratória causada pelos gases lacrimogêneos.

Segundo documenta WOLA, a repressão alcançou a imprensa, com jornalistas “retidos e deportados” e o fechamento de mídias comunitárias. Também foi reportado invasões sem ordem judicial, cortes de internet e telefonia nas províncias mobilizadas e “deportações sumárias”, segundo esta organização estadunidense. Segundo as cifras da Conaie, quando completa um mês de mobilização, aos três mortos, se somam 296 pessoas feridas e 377 violações dos direitos humanos.

Em 16 de outubro, 132 organizações internacionais de direitos humanos exigiam ao Governo equatoriano frear a militarização e o “uso excessivo da força”. O comunicado enfatiza a criminalização judicial das organizações indígenas e defensores de direitos humanos “sob acusações como terrorismo, enriquecimento ilícito e paralisação dos serviços públicos”. Segundo denunciam estas ONGs de todo o mundo, o Governo de Noboa está recorrendo ao bloqueio de contas bancárias de várias organizações sociais e defensores de direitos humanos.

As principais demandas indígenas seguem sendo a revogação da lei que elimina o subsídio ao diesel, mais recursos para a saúde, o fim das demissões em massa, a redução do IVA a 12% e o rechaço ao referendo convocado pelo presidente, Daniel Noboa, para permitir a reinstalação de bases militares estadunidenses no território. Com o transcorrer do paro indefinido, às primeiras demandas se somou a liberação dos detidos e o fim da criminalização.

O principal foco de resistência indígena é a província de Imbabura, onde o Governo dirigiu um operativo militar para “reprimir o povo e liberar as vias”, segundo a Conaie, organização que culpou ao Governo de Noboa da ruptura das negociações e da criminalização da qual estão sendo vítimas: “Não somos terroristas, somos povos milenares que nos regemos pelos princípios de unidade e solidariedade”. As tentativas de transladar os protestos a Quito e tomar a capital, como em anteriores paros que fizeram o governo equatoriano se dobrar, foram obstaculizados pelas forças de segurança que impediram a passagem dos caminhões que transladavam manifestantes e dispersou com gases lacrimogêneos as manifestações na cidade em 12 de outubro passado.

Apesar de que o Governo afirmou desde o princípio que não iria negociar com o movimento indígena, em 15 de outubro se sentou com os representantes indígenas de Imbabura e dos povos kichwa da serra para chegar a um acordo que não durou muito. “Hoje se levanta o paro, hoje se abrem as vias”, disse o ministro do Interior John Reimberg. Mas no dia seguinte, os protestos continuavam. As demandas de manter o subsidio do diesel, de liberar a todos os manifestantes detidos, em especial os “12 de Otavalo” acusados de terrorismo, ou o esclarecimento das mortes produzidas seguiam sem ver-se satisfeitas.

Em 19 de outubro, o Governo rompia oficialmente o diálogo com o movimento indígena e o responsabilizava de “qualquer coisa que aconteça”. A Conaie rechaça esta decisão, à qual qualifica de “autoritária” e acusa Noboa de “fechar toda possibilidade de diálogo real enquanto cumpre as exigências do Fundo Monetário Internacional à custa do sofrimento do povo e o aumento da pobreza”.

Fonte: https://www.elsaltodiario.com/ecuador/protestas-indigena-cumplen-un-mes-tres-muertos-dialogo-roto

Tradução > Sol de Abril

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Sol de primavera…
Apenas um pardalzinho
Canta…Canta…Canta…

Irene Massumi Fuke

Rouanet na COP-30: Mais de R$ 30 milhões de recurso público viram Greenwashing da Petrobras, Vale e outras gigantes para encobrir sua destruição ambiental

A COP-30 está transformando Belém do Pará em palco do capitalismo verde. Por trás do espetáculo, corporações como Vale, Petrobras, Hydro/Alunorte, NuBank, etc despejam dezenas de milhões de reais de recurso público via Lei Rouanet para lavar suas imagens como “sustentávei” enquanto, na prática, aprofundam a destruição da Amazônia e atacam trabalhadores e povos indígenas.​

Sexta-feira 17 de outubro 

Dados inéditos levantados pelo Esquerda Diário mostram como o recurso público, que deveria financiar políticas sociais e culturais, reparação ambiental, é desviado para campanhas culturais de marketing corporativo — especialmente em projetos ligados à COP ou à cultura Amazônica. A COP-30 vende um discurso de crescimento com respeito à biodiversidade, mas, na prática, vemos que cresce a dependência do Brasil ao capital internacional e ataques aos trabalhadores.

Em setembro, mais de 5 mil operários da construção civil de Belém cruzaram os braços em uma forte greve, afetando 70% das obras relacionadas a COP-30. As reivindicações eram mínimas, mas foram atropeladas por uma proposta patronal vergonhosa, que expõe quem de fato lucra com a vitrine sustentável: os patrões, enquanto os trabalhadores ficam com a precarização e um mundo devastado pela destruição ambiental.

É dentro desta lógica que as gigantes do greenwashing se movem. A Petrobras usa sua posição como estatal para pressionar por licenças e avançar sobre a Margem Equatorial, ameaçando territórios indígenas e ribeirinhos, sob a justificativa falsa da “soberania energética”, enquanto os lucros correm para os bolsos dos banqueiros de Wall Street. A Vale segue operando e lucrando sobre passivos ambientais de Mariana e Brumadinho, enquanto financia festivais e eventos em Canaã dos Carajás e favelas de Belém. Hydro/Alunorte, com histórico de vazamentos químicos em Barcarena, investe em museus e exposições para encobrir poluição e desassistência às comunidades. NuBank também surfa na onda enquanto seu capital é investido massivamente em ativos com emissões recorde de CO2.

Lei Rouanet: Controle Neoliberal da Cultura

Criada como parte do pacote neoliberal nos anos 1990, a Lei Rouanet (Lei nº 8.313 de 1991) transfere para o mercado — ou seja, para grandes empresas — o poder de escolher o que se financia culturalmente no país. Até 4% do imposto de renda devido por empresas pode ser direcionado a projetos rentáveis em imagem, enquanto arte popular, crítica ou comunitária ficam na míngua sem apoio. As empresas não doam seu próprio dinheiro — elas decidem como gastar o dinheiro público que deixaram de recolher em impostos, usando-o para marketing corporativo e construção de imagem institucional. O resultado é dependência e autocensura: artistas e produtores tornam-se reféns da lógica do capital, trocando liberdade criativa por sobrevivência.

Concentração dos recursos

A investigação exclusiva revelou 24 projetos culturais vinculados diretamente à COP-30, totalizando R$ mais de 70 milhões aprovados e mais de R$ 31.920.312,43 milhões já captados e em uso. A Vale lidera, com R$ 13 milhões em 9 projetos de marketing e aculturação. Petrobras soma R$ 9,9 milhões, Hydro/Alunorte R$ 1,5 milhão, NuBank R$ 4,1 milhões — todos fazendo do cenário amazônico o palco de suas campanhas de responsabilidade social, enquanto avançam sobre territórios e direitos dos trabalhadores.​

>> Leia o texto na íntegra aquihttps://www.esquerdadiario.com.br/Mais-de-R-30-milhoes-de-recurso-publico-viram-Greenwashing-da-Petrobras-Vale-e-outras-gigantes-para?amp=1

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abelha na flor
a brisa nas árvores
eu com teu sabor

Carlos Seabra

[EUA] Promotores de Boston invocam lei usada contra os anarquistas para enquadrar manifestantes

Essa criminalização é uma indicação de que o prefeito de Boston e o Departamento de Polícia estão telegrafando para o presidente Trump que serão duros com as inquietações civis.

Por Jenna Russell | 10/10/2025

Os manifestantes que entraram em confronto com a polícia em Boston essa semana enfrentam acusações criminais por agressão e incitação à revolta, uma forte afirmação das autoridades municipais e estaduais em um momento delicado de intervenção federal em outras cidades lideradas por democratas.

As acusações contra 13 manifestantes vieram depois que a manifestação pró-Palestina se tornou violenta na terça-feira, segundo aniversário dos ataques mortais do Hamas a Israel em 2023. Quatro policiais de Boston ficaram feridos em um confronto perto do Boston Common com mais de 200 manifestantes que, segundo a polícia, se recusaram a desobstruir a via. Os detidos tinham entre 19 e 28 anos, incluindo estudantes de pelo menos duas faculdades da região.

Todos foram acusados de incitar revolta, crime grave também conhecido como “promoção da anarquia”, com origens no medo da violência anarquista no início do século XX. Se condenados, podem pegar até três anos de prisão.

Os oficiais que comentaram as acusações não mencionaram o governo Trump, nem o recente envio de tropas da Guarda Nacional a estados de tendência liberal, incluindo a Califórnia e o Oregon, onde alegou haver desordem. Porém, os promotores de Boston aproveitaram a oportunidade para enfatizar a disposição de reprimir o caos nas ruas da cidade.

“Se agredir policiais e cometer outros crimes, será preso e processado, ponto final”, disse Kevin Hayden, promotor público do condado de Suffolk, que inclui Boston, em um comunicado.

A prefeita Michelle Wu expressou sua gratidão à polícia. “Ataques a policiais são inaceitáveis em qualquer circunstância”, disse em comunicado. “Os indivíduos que se envolveram em violência desrespeitaram nossa cidade e enfrentarão as consequências.”

A governadora Maura Healey considerou as ações dos manifestantes “inaceitáveis”.

“Não há tolerância para bloquear estradas ou agredir policiais”, disse em seu próprio comunicado. “Qualquer pessoa que o fizer deve ser responsabilizada pelos seus atos.”

Em abril de 2024, a polícia de Boston prendeu mais de 100 manifestantes pró-palestinos ao desmantelar um acampamento na Emerson College, como parte de uma onda de ações policiais em resposta aos protestos em campi universitários por todo os Estados Unidos. Enfrentando acusações de contravenção por invasão de propriedade e perturbação da ordem pública, alguns dos detidos prestaram serviços comunitários e as acusações contra eles foram retiradas.

Autoridades policiais disseram que sua investigação, nessa semana, encontrou imagens e retórica violentas em materiais usados para promover o protesto de terça-feira, o que foi um fator para as acusações mais graves. A fiança para vários dos manifestantes foi fixada em US$ 10.000.

“Esse material organizacional promovia a violência contra a polícia e representava uma ameaça imediata à segurança pública que, combinada com as ações dos indivíduos presos, foi justificativa clara para o aumento das acusações”, disse James Borghesani, porta-voz do promotor público, em email.

Kylah Clay, advogada que representa alguns dos manifestantes acusados essa semana, rebateu as alegações do governo. Em email, disse que a polícia “brutalizou os manifestantes contra a guerra na noite de terça-feira, arrancou câmeras das mãos dos jovens que registravam a sua brutalidade e deixou outros manifestantes com ferimentos que exigiram cuidados médicos”.

“As acusações adicionais fazem parte de um padrão de abuso de poder por parte do governo e da criminalização da dissidência que visa a defesa da Palestina em todo o país”, escreveu a Sra. Clay, da National Lawyers Guild, na sexta-feira.

Os promotores da Califórnia apresentaram acusações criminais em abril contra manifestantes que foram acusados de invadir escritórios administrativos e causar danos. O promotor do caso disse que o intenso escrutínio do Sr. Trump sobre o antissemitismo no campus não teve influência.

“O governo federal está fazendo o que está fazendo”, disse Jeff Rosen, promotor público do condado de Santa Clara. “O que estou fazendo é aplicar o Código Penal da Califórnia.”

Em Illinois, oito manifestantes foram acusados no ano passado de ação coletiva, crime punível com até três anos de prisão. Pelo menos sete manifestantes da Universidade de Pittsburgh enfrentaram acusações criminais por tumulto.

Jessie Rossman, diretora jurídica da A.C.L.U. de Massachusetts, disse que a lei de promoção da anarquia só poderia ser aplicada de forma restrita, em casos de “ameaça real ou incitação”, conforme especificado pela Suprema Corte Judicial do estado em um parecer de 2021.

“A Primeira Emenda só permite que o governo criminalize a liberdade de expressão em circunstâncias muito limitadas”, disse Rossman em um comunicado. “Qualquer tentativa de aplicar essa lei além desse escopo extremamente limitado é inconstitucional e causa grande preocupação.”

Fonte: https://www.nytimes.com/2025/10/10/us/politics/boston-protesters-anarchists-national-guard.html

Tradução > CF Puig

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Voa andorinha,
Risca o céu e arrisca
Um mergulho agorinha.

João de Deus Souto Filho

“Caça aos anarquistas” | Debate na UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

No próximo dia 29 de outubro, a partir das 18h, o LASInTec-Unifesp estará no Rio de Janeiro para o debate “Caça aos anarquistas”, na UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, sobre o livro “Caças ao homem” do filósofo Grégoire Chamayou, recém lançado no Brasil pela Crocodilo Edições.

A mesa contará com Acácio Augusto (professor da Unifesp, pesquisador do LASInTec e autor do prefácio da obra) e Camila Jourdan (professora do departamento de filosofia da UERJ e coordenadora do Grupo de Estudos Anarquistas Maria Lacerda de Moura).

29/10 – a partir das 18h

UERJ – Rua São Francisco Xavier, 524 – Sala 9024 F. Rio de Janeiro (RJ)

Realização: LASInTec-Unifesp e Grupo de Estudos Maria Lacerda de Moura

Leia o prefácio – “a gestão cinegética entre pessoas” – escrito pelo professor Acácio Augusto: https://crocodilo.press/…/uploads/2025/08/prefacio.pdf

agência de notícias anarquistas-ana

Pardal orfãozinho
vem brincar
comigo

Cláudio Fontalan

[Argentina] Ativistas libertam um cordeiro da exploração

6 de julho, Argentina.

Queremos dedicar esta libertação aos ativistas que, há 40 anos, em 7 de julho de 1985, invadiram um criadouro na Universidade de Oxford para libertar 30 cães que eram usados para vivissecção!

Quando os fazendeiros tiram uma soneca, os encapuzados ficam em alerta!

A raiva antiespecista transborda ao ver como marcam os animais no campo e seus filhotes, para depois serem vendidos para comer sua carne ou para lhes dar uma vida de exploração para gerar novos escravos.

Tivemos apenas uma oportunidade e não a desperdiçamos, pegamos um filhote e o levamos para o carro em direção à liberdade. Mas não termina aí, agora ele está em um lugar com outros de sua espécie, mas longe da supremacia humana.

Para nós, veganos, isso é o mínimo, arriscar tudo por uma vida, porque cada pessoa libertada da opressão por espécie é um escravo do sistema opressor que justifica como cultura ou tradição o uso e assassinato de seres inocentes.

FAZEMOS UM CHAMADO À AÇÃO DIRETA! CONTRA TODA OPPRESSÃO! CONTRA TODAS AS PREVISÕES,

CONTRA TODAS AS GAIOLAS, SISTEMAS OU FORMAS DE OPPRESSÃO!!!

NINGUÉM MERECE SER ASSASSINADO POR SER DIFERENTE, NINGUÉM É ILEGAL!

COBRE SEU ROSTO E LUTE!

Fonte: anarcoveganismo.arg

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durmo sob uma oliveira
com o musgo
por travesseiro

Rogério Martins

[Colômbia] Indígenas feriram quatro policiais com flechas durante um protesto em frente à Embaixada dos EUA em Bogotá

Quatro policiais colombianos ficaram feridos nesta sexta-feira (17/10) após serem atacados com flechas por um grupo de indígenas que protestava em frente à Embaixada dos Estados Unidos em Bogotá contra a política desse país em relação a Gaza, Venezuela e Equador.

A manifestação foi convocada por grupos da sociedade civil como parte de uma “jornada anti-imperialista” e tornou-se violenta em frente à sede diplomática dos Estados Unidos, localizada no oeste de Bogotá, em uma das avenidas mais importantes da cidade, o que obrigou a intervenção da polícia.

“Eu dei instruções à polícia para intervir nas imediações da Embaixada dos Estados Unidos, onde alguns criminosos, alguns deles encapuzados, atacaram a embaixada com artefatos incendiários, explosivos e flechas”, disse o prefeito de Bogotá, Carlos Fernando Galán.

Galán detalhou que os quatro policiais “ficaram feridos no rosto, pernas e braços” e reiterou que “em Bogotá não há espaço para a violência”.

“Denunciaremos esses atos às autoridades judiciais, à Defensoria Pública e à ONU. Sempre que houver violência e destruição, em Bogotá vamos responder com o uso legítimo da força, como fizemos hoje”, concluiu Galán.

Entre os manifestantes estão vários membros do chamado Congresso dos Povos, uma plataforma que reúne comunidades indígenas, camponesas, afrodescendentes e movimentos sociais. O grupo chegou a Bogotá no dia 13 de outubro e, sem autorização, ocupou uma praça da Universidade Nacional, a principal instituição pública colombiana.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, garantiu que havia ordenado a proteção da Embaixada dos Estados Unidos e criticou o Congresso dos Povos pela agressão à polícia.

“Ordenei o máximo cuidado com a Embaixada dos EUA em Bogotá. É lamentável que, após chegar a um acordo com o Congresso dos Povos para levantar os bloqueios, um grupo mais radical tenha agredido a polícia que protege a embaixada, ferindo vários jovens com flechas”, afirmou Petro em sua conta no X.

Enquanto isso, o ministro da Defesa, Pedro Sánchez Suárez, afirmou que o que aconteceu hoje em frente à sede diplomática é “tentativa de homicídio” e disse que os responsáveis materiais e intelectuais por “esses crimes serão capturados”.

“Isso não é manifestação. É tentativa de homicídio. O Estado colombiano não tolera nem tolerará esses ataques contra nossos membros da Força Pública”, afirmou o ministro nas redes sociais.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

A raiz quebra o cimento
com a paciência feroz
dos oprimidos.

Liberto Herrera

Lula 3 | Gastos militares | Mercado da morte | FAB anuncia a compra de 11 helicópteros dos Estados Unidos 

A Força Aérea Brasileira (FAB) oficializou a intenção de adquirir 11 helicópteros militares Black Hawk por meio de um acordo direto com o governo dos Estados Unidos, sem processo de licitação. A negociação, publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira (20/10), prevê a compra por cerca de 229 milhões de dólares (equivalente a R$ 1,2 bilhão).

As aeronaves serão adquiridas por meio do programa Blackhawk Exchange Sales Team, coordenado pelo Exército norte-americano, que permite a venda de equipamentos usados para países aliados estratégicos. O modelo de negociação costuma oferecer preços mais baixos do que os praticados no mercado internacional.

Além dos helicópteros, o Brasil também avançou na compra de 24 radares BRIFD G5000H, tecnologia que melhora a capacidade de identificação de alvos e mapeamento em missões complexas, como combate e resgate.

A movimentação ocorre dias antes de um possível encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos EUA Donald Trump.

A participação do Brasil no programa norte-americano havia sido colocada em dúvida devido a recentes tensões políticas, mas a negociação sinaliza manutenção da confiança entre os governos.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

são flores silvestres
o sol segue a trilha mínima
o orvalho cintila

Ricardo Akira Kokado

[EUA] Grandes bancos investiram US$ 2 bilhões em petróleo e gás na Amazônia desde o ano passado

“Esses investimentos são cúmplices de um genocídio”, disse Jonas Mura, cacique da Terra Indígena Gavião Real, no Brasil.

Por Julia Conley | 21/10/2025

Um dia depois de a estatal brasileira Petrobras anunciar que começaria a perfurar em busca de petróleo perto da foz do Rio Amazonas “imediatamente” após conseguir a licença, apesar das preocupações com o impacto sobre a vida selvagem, uma análise publicada na terça-feira revelou que bancos investiram mais US$ 2 bilhões em financiamento direto para petróleo e gás na Amazônia desde 2024.

O relatório da organização Stand.earth, e a licença da Petrobras, surgem poucas semanas antes de Belém (PA) sediar a Conferência da ONU sobre Mudança Climática de 2025 (COP30), onde ativistas pedem que países ricos invistam US$ 1,3 trilhão por ano em nações em desenvolvimento para enfrentar e se adaptar à crise climática.

Analisando 843 contratos com 330 bancos, a Stand.earth descobriu que os bancos americanos JPMorgan Chase, Bank of America e Citi estão entre os piores, tendo investido entre US$ 283 milhões e US$ 326 milhões em petróleo e gás na região amazônica.

O maior financiador no último ano foi o brasileiro Itaú Unibanco, que destinou US$ 378 milhões a empresas de petróleo e gás que atuam com extração na Amazônia.

“A expansão do petróleo e do gás na Amazônia coloca em risco um dos ecossistemas mais importantes do planeta e os povos indígenas que o protegem há milênios”, disse a Stand.earth. “Além de os combustíveis fósseis serem os principais causadores das emissões globais de gases de efeito estufa, na Amazônia sua extração também acelera o desmatamento e contamina rios e comunidades.”

Segundo o estudo, os bancos já financiaram mais de US$ 15 bilhões em projetos de petróleo e gás na região amazônica desde o Acordo de Paris, assinado em 2016. Quase 75% desse valor veio de apenas dez instituições, incluindo Itaú, JPMorgan Chase, Citi e Bank of America.

A análise foi divulgada semanas depois de a Aliança Bancária Net-Zero da ONU suspender suas atividades, após a saída de grandes bancos. O grupo havia sido criado em 2021 para reduzir o impacto ambiental do setor financeiro e atingir emissões líquidas zero até 2050.

A pesquisadora Devyani Singh, responsável pelo novo relatório da Stand.earth sobre financiamento fóssil, observou que bancos europeus como BNP Paribas e HSBC aplicaram políticas mais rígidas de proteção à Amazônia e “caíram bastante no ranking de financiamento”.

Mas, segundo Singh, “nenhum banco zerou seu financiamento. Todos ainda precisam fechar brechas e sair totalmente do petróleo e gás na Amazônia sem demora.”

Mais de 80% dos investimentos desde 2024 foram para apenas seis empresas: Petrobras, Gran Tierra (Canadá), Eneva (Brasil), Gunvor (trader de petróleo), e as peruanas Hunt Oil Peru e Pluspetrol Camisea.

Essas empresas têm histórico de violações de direitos humanos e são rejeitadas por povos indígenas da região, que sofrem com problemas de saúde, queda na pesca e caça e falta de água limpa devido a esses projetos.

“É revoltante que o Bank of America, o Scotiabank, o Credicorp e o Itaú estejam aumentando o financiamento de petróleo e gás na Amazônia num momento em que a floresta está sob grave ameaça”, disse Olivia Bisa, presidenta do Governo Territorial Autônomo da Nação Chapra, no Peru. “Há décadas os povos indígenas sofrem os impactos mais pesados dessa destruição. Pedimos que os bancos mudem de rumo agora: ao parar de apoiar as indústrias extrativistas na Amazônia, eles podem ajudar a proteger a floresta que sustenta nossas vidas e o futuro do planeta.”

O relatório da Stand.earth alerta que tanto a Floresta Amazônica, que abriga cerca de 10% da biodiversidade do planeta, quanto as populações locais enfrentam ameaças crescentes vindas das empresas de petróleo e gás e dos bancos que as financiam. Séculos de exploração estão levando a floresta a um ponto de colapso ecológico com impactos irreversíveis em escala global.

A exploração de petróleo e gás abre estradas em áreas intactas da floresta e aumenta as emissões de combustíveis fósseis, contrariando as advertências de cientistas e especialistas em energia sobre a necessidade de reduzir o aquecimento global.

“Com o aumento da temperatura, o delicado equilíbrio ecológico da Amazônia pode ser rompido, transformando-a de uma floresta que absorve carbono em uma savana que o emite”, diz o relatório.

Jonas Mura, chefe do Território Indígena Gavião Real, no Brasil, contou que “o barulho, o tráfego constante de caminhões e as explosões” dos projetos da Eneva afastaram os animais e prejudicaram a caça.

“Ainda pior: eles estão entrando sem o nosso consentimento”, disse Mura. “Nosso território está ameaçado e nossas famílias estão sendo diretamente prejudicadas. Cerca de 1.700 indígenas vivem aqui, e nossa sobrevivência depende da floresta. Pedimos que bancos como Itaú, Santander e Banco do Nordeste parem de financiar empresas que exploram combustíveis fósseis em terras indígenas.”

“Essas empresas não têm compromisso com o meio ambiente, com os povos indígenas e tradicionais, nem com o futuro do planeta”, acrescentou. “Esses investimentos são cúmplices de um genocídio: estão matando nossa cultura, nossa história e destruindo a biodiversidade da Amazônia.”

Fonte: https://truthout.org/articles/big-banks-poured-2b-into-oil-and-gas-financing-in-the-amazon-since-last-year/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

A tempestade varre
a praça varrida—ninguém
doma o vento.

Liberto Herrera

Perguntas para o Paro Nacional de 2025 no Equador

Como uns proletários mais que se somaram ao Paro desde o primeiro dia, mas que ainda não tem a força para organizar ações revolucionárias de massas, e com base em nossa própria experiência nas revoltas passadas neste país, fazemos públicas as seguintes perguntas para contribuir criticamente à reflexão e à ação coletiva:

  • Aprendemos as lições das Revoltas de outubro de 2019 e de junho de 2022 ou vamos seguir repetindo os mesmos erros nesta nova revolta? Mais especificamente: neste Paro Nacional, já vamos romper e superar o círculo vicioso protesto–repressão–negociação? E mais, realmente é uma revolta ou uma série prolongada de protestos legítimos, mas débeis contra um governo nefasto, mas forte que sim aprendeu as lições das revoltas passadas?
  • Como superar os limites da revolta (demandas fracas, diálogo e negociação com o Estado, etc.) e como incrementar seu potencial (solidariedade, autonomia e combatividade de classe em forma massiva, etc.) para que não seja derrotada pelo Estado e, sobretudo, para que não se autoboicote?
  • Quando vamos compreender que os burgueses do transporte e do movimento indígena não têm os mesmos interesses materiais que os proletários do transporte e do movimento indígena, e que isto se aplica para todos os setores sociais? Quando vamos romper e superar o interclassismo, o populismo, o cidadanismo, o democratismo e o nacionalismo?
  • Quando vamos compreender que o proletariado não é fraco porque está dividido, mas que está dividido porque é fraco, e que superar esta debilidade e divisão não depende da “unidade das esquerdas”, mas que só será possível quando o proletariado lute pela revolução social, quer dizer, por abolir as classes sociais e unificar a humanidade?
  • Quando vamos compreender que lutar contra o alto custo de vida e contra o governo de turno é necessário, mas não é suficiente? Que vamos fazer depois do “fora Noboa, fora” e do “abaixo o pacotaço”? Mais claro: Quando vamos compreender que não se trata de lutar contra o “neoliberalismo” e o “fascismo”, mas contra o capitalismo?
  • Quando vamos compreender que não há que dialogar com os assassinos do “povo” nem defender uma constituição votando “não” em uma consulta popular, porque os diálogos, as leis e as eleições só beneficiam e fortalecem o Estado capitalista? Quando vamos compreender, ao contrário, que há que lutar fora e contra o Estado, porque o Estado não é “neutro” nem nos tem “abandonados”, mas que é o Estado dos capitalistas para administrar sua violência econômica e física sobre os trabalhadores, até matar-nos de fome ou a bala? Quando vamos compreender que na realidade a democracia é a ditadura da burguesia sobre o proletariado? Quando vamos compreender que o Estado democrático-burguês é terrorista por natureza e que os protestos pacíficos não o afetam em nada? Quando vamos compreender, então, que só a ação direta e contundente de massas é o método proletário para combatê-lo e golpeá-lo de verdade?
  • Quando vamos compreender que não se trata de lutar por nossos “direitos”, mas por satisfazer nossas necessidades vitais diretamente ou sem intermediação do dinheiro, e que o mercado (nenhuma empresa, inclusive se é “autogestionada”) e o Estado (nenhum governo, inclusive se é “popular”) nunca vão fazê-lo realmente, mas só nós mesmos, que com nosso trabalho produzimos tudo mas não o possuímos, tomando os meios de produção e de distribuição (por exemplo, expropriando e comunizando as empresas do Grupo Noboa… e de toda a classe capitalista deste país)?
  • Quando vamos compreender que o poder real não radica nas estruturas do Estado, mas nas relações de produção e de propriedade? Quando vão participar na revolta os trabalhadores dos setores estratégicos da economia deste país? O farão? E se participam, o farão mediante greves auto-organizadas e radicais?
  • Quando vamos compreender que há que ir mais além da espontaneidade da revolta e que a auto-organização do proletariado (por fora, contra e mais além de sindicatos, partidos, parlamentos, ONGs, etc.) é o primeiro ato da revolução (por exemplo, as Assembleias Territoriais no Chile e os Conselhos de Trabalhadores no Irã durante a Revolta Mundial de 2019)? Como construir, fortalecer e radicalizar a auto-organização proletária daqui por diante (grupos autônomos, assembleias autoconvocadas, panelas comunitárias, autodefesa, mídia independente, etc.) para a revolução?
  • Como fazer para que as palavras “guerra de classes”, “insurreição”, “revolução”, “comunismo” e “anarquia” deixem de ser más palavras para a maioria da população, mas se convertam em necessidades materiais e imediatas?
  • Até quando vamos viver com medo de morrermos de fome, a balas ou de depressão? Até quando vamos trabalhar para pagar e pagar para viver? Até quando vamos suportar esta vida de merda sob o capitalismo em crise? Enfim, até quando vamos lutar só por migalhas e não por todo o pão e a padaria para todos?

Admitimos que não temos as respostas com certeza para todas estas perguntas. O que sim sabemos é que só a luta de classes concreta as responderá. E também, que já é hora de aprender com os erros e pôr em prática as lições aprendidas das revoltas passadas e presentes. Sim: Luta de Classes… até Abolir a Sociedade de Classes!

DERRUBAR O GOVERNO DE NOBOA E SEU PACOTAÇO É NECESSÁRIO, MAS NÃO É SUFICIENTE.

TOMAR OTAVALO, LATACUNGA, QUITO, CUENCA, GUAYAQUIL, ETC. É NECESSÁRIO, MAS NÃO É SUFICIENTE.

HÁ QUE EXPROPRIAR E COMUNIZAR AS EMPRESAS DO GRUPO NOBOA E DE TODA A CLASSE CAPITALISTA DESTE PAÍS PARA SATISFAZER AS NECESSIDADES COLETIVAS DIRETAMENTE OU SEM QUE INTERMEDEI O DINHEIRO.

AÍ É ONDE HÁ QUE GOLPEAR A BURGUESIA PORQUE AÍ É ONDE LHE AFETA.

DA MESMA FORMA HÁ QUE DESTRUIR SEU APARATO ESTATAL POR COMPLETO 

E SUBSTITUÍ-LO PELO PODER COMUNAL DAS ASSEMBLEIAS TERRITORIAIS.

SÓ OS PROLETÁRIOS AUTO-ORGANIZADOS DENTRO E FORA DOS CENTROS DE TRABALHO, EM TODOS OS ESPAÇOS SOCIAIS, ANTES, DURANTE E DEPOIS DA REVOLTA, E COM UM PROGRAMA REVOLUCIONÁRIO, PODEMOS FAZÊ-LO.

CONSTRUAMOS E FORTALEÇAMOS A AUTO-ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONÁRIA DO PROLETARIADO.

APRENDAMOS E COLOQUEMOS EM PRÁTICA AS LIÇÕES DAS REVOLTAS (2019, 2022, 2025). 

PARA TRANSFORMÁ-LAS EM REVOLUÇÃO. 

SE NÃO É HOJE, SERÁ AMANHÃ (2028?… 2036?… 2049?). 

PARA A PRÓXIMA, VAMOS PREPARADOS E VAMOS POR TUDO.

Proletários Fartos de Sê-lo

Quito, outubro de 2025.

Fonte: https://proletariosrevolucionarios.blogspot.com

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Desejo é revolta
contra a moral que acorrenta
o pulsar da vida.

Liberto Herrera

Lançamento: revista trans-libertária v. 2 [2025]

• elementos pré-textuais

• UMA CRÍTICA EM MARCHA PARA NÃO DARMOS A RÉ NA LUTA?

Aliança Trans Proletária (ATP)

• UMA AUTOCRÍTICA ANARQUISTA

Aliança Trans Proletária (ATP)

• Arte de Antonio Cleyton Ferreira Silva

• ANARQUISMO E A URGÊNCIA DA ABOLIÇÃO

Agnes de Oliveira Costa

• O APOCALIPSE MODERNO OU O INÍCIO DO MEIO DO FIM

Ollie Hydell

• METAMORFOSEANDO O ANARQUISMO: POR TRANS-ANARQUIAS MONSTRUOSAS

Bruno Latini Pfeil

Cello Latini Pfeil

• COISAS ESTRANHAS E ASSUSTADORAS

Margaret Killjoy

tradução por sol2070

• QUEM TEME O ANARQUISMO QUEER? UMA RESPOSTA A “A TEORIA QUEER E O ANARQUISMO” DO GRUPO MOIRAS

Madelyyna Zicqua

tradução por transanark / acervo digital trans-anarquista

>> Leia ou baixe a revista aquihttps://transanarquismo.noblogs.org/files/2025/10/revista-translib-n.-2-com-capa-1.pdf

agência de notícias anarquistas-ana

Quebre o cristal fino.
O estrondo é a sinfonia
da nova ética.

Liberto Herrera