Foda-se Lula e seus projetos ecocidas!

[Espanha] A Escola dos Povos: um farol para a autogestão desde o mundo rural

Situada em Quecedo de Valdivielso, uma localidade de apenas 20 habitantes na comarca burgalesa de las Merindades, a Escola dos Povos «Josefa Martín Luengo» se perfila como um projeto pioneiro para a revitalização do meio rural desde uma perspectiva autogestionária e comunitária. A iniciativa, impulsionada pelo Movimento Popular Memória Viva dos Povos junto com a Revista Soberanía Alimentaria, Biela y Tierra e a Universidade Rural do Cerrato, busca transformar uma casa senhorial do século XVI em um espaço de formação, cultura e encontro a serviço da luta pela soberania e a justiça social.

Um projeto com vocação transformadora

A Escola dos Povos tem dois objetivos principais: a formação de promotores de vida, quer dizer, pessoas que trabalhem na revitalização e defesa do território rural, e a criação de um espaço de formação para o movimento social, fortalecendo os laços entre o mundo urbano e rural. «É fundamental que as cidades entendam a importância do campo e vice-versa. Não podemos permitir que a desconexão entre ambos os espaços siga crescendo», destacam desde a organização.

Este espaço se converterá em uma referência para a formação em saberes tradicionais, a cultura popular e a luta por um mundo rural vivo. Através de oficinas, palestras e encontros, a escola abordará tanto as causas estruturais do abandono rural como as soluções para freá-lo. A aposta formativa incluirá conhecimentos em agro ecologia e fruticultura, pecuária extensiva, gestão florestal, carpintaria, cerâmica, construção tradicional, ferraria e saúde comunitária, entre outros. Também se fomentará uma pedagogia baseada na autogestão e na ação direta, em linha com os princípios da educação popular e do sindicalismo combativo.

Apoio mútuo com forte enraizamento

Para tornar realidade este projeto, a Escola dos Povos lançou uma ambiciosa campanha de financiamento coletivo na plataforma Goteo.org. Até o momento, conseguiu o apoio de quase 400 colaboradores e continua crescendo de maneira exponencial. O financiamento obtido nesta primeira fase se destinará à reabilitação inicial do edifício, incluindo a compra de materiais, o início da construção e a instalação dos campos de trabalho comunitário que ajudarão a levantar a escola.

A campanha se iniciou coincidindo com o Dia Mundial da Justiça Social e busca envolver tanto pessoas a título individual como organizações e empresas. «Cada colaboração, por pequena que seja, nos aproxima um pouco mais deste sonho coletivo», explicam as impulsionadoras da iniciativa.

Um processo em quatro fases

O projeto de construção da escola está esboçado em quatro fases e se desenvolverá em um período de seis a oito anos. A primeira fase, que já está em marcha, conta com o apoio de profissionais externos e se nutre de campos de trabalho comunitário nos quais participam organizações e comunidades comprometidas com a causa.

O primeiro edifício contará com espaços suficientes para alojar as primeiras classes e oficinas, assim como com zonas comuns para a comunidade e outras associações. «Este é um espaço de todas e para todas», afirmam desde Memória Viva dos Povos.

Quem foi Josefa Martín Luengo?

O nome da Escola dos Povos rende homenagem a Josefa Martín Luengo, pedagoga e militante anarquista, comprometida com a educação livre e popular. Nascida em Salamanca em 1944, Josefa dedicou sua vida à defesa de métodos pedagógicos alternativos baseados na participação ativa do alunado e da autogestão. Influenciada pelos princípios do pensamento libertário, foi uma firme defensora da educação como ferramenta de transformação social e promoveu experiências educativas inovadoras em diferentes partes do Estado espanhol. Também teve uma forte vinculação com movimentos anarcossindicalistas, participando em redes de educação autogestionada e projetos que rompiam com as estruturas de poder tradicionais.

Tua colaboração é necessária para construir poder popular

Mais de 50 organizações de todo o Estado espanhol já mostraram seu respaldo a esta iniciativa, reconhecendo seu valor como ferramenta de mudança e como modelo replicável em outras zonas rurais. A Escola dos Povos não só busca frear o despovoamento, mas gerar uma comunidade ativa, formada e consciente da importância de preservar suas raízes e recursos.

«Não estamos dispostas a aceitar que nossos povoados se esvaziem sem lutar», enfatizam as pessoas por trás do projeto. «Cada grão de areia conta para fazer da Escola dos Povos uma realidade».

Se queres contribuir com este imprescindível projeto e fazer parte da mudança, podes colaborar através do financiamento coletivo em Goteo.org ou seguir seus avanços no Instagram. Anime-se a participar e seja parte da transformação do mundo rural desde a autogestão e a luta coletiva!

Andrés Amayuelas

Fonte: https://rojoynegro.info/articulo/la-escuela-de-los-pueblos-un-faro-para-la-autogestion-desde-el-mundo-rural/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Num canto qualquer
Incomodando-me o sono
O grilo cricrila.

Lúcia Helena Nascimento

[Espanha] 700 metros de solidariedade com os seis antifascistas de Zaragoza

Uma corrente humana na capital aragonesa apontou nesta sexta-feira (28/03) o Governo de coalização como “responsável” pelo ano de prisão cumprido pelos seis jovens zaragozanos por se manifestarem contra a ultradireita. A ação uniu a Delegação do Governo à Audiência Provincial, “as duas instituições que tornaram possível esta injustiça”.

A solidariedade com os seis antifascistas de Zaragoza voltou a pulsar nesta sexta-feira no coração da capital aragonesa, quando está prestes a completar-se um ano desde seu encarceramento. Organizada pela Plataforma Libertad 6 de Zaragoza, como parte de um mês de mobilizações, uma corrente humana percorreu os 700 metros que separam a sede da Delegação do Governo espanhol, localizada na Praça do Pilar, da Audiência Provincial, no Coso.

700 metros de solidariedade para exigir, mais uma vez, a “libertação imediata” dos seis de Zaragoza, condenados em fevereiro de 2024 pelo Tribunal Supremo a quatro anos e nove meses de prisão por protestarem contra a ultradireita, após mais de cinco anos de processo judicial. 700 metros que também simbolizaram o abismo entre as reivindicações de grande parte da população e a falta de sensibilidade do Governo de coalização PSOE-Sumar, que segue sem cumprir suas promessas: o indulto e a revogação da chamada Lei Mordaça, que completa dez anos desde sua aprovação neste 30 de março e dez anos em vigor em julho.

Neste sentido, a Plataforma Libertad 6 de Zaragoza responsabilizou o governo de Pedro Sánchez por “cada dia de prisão” dos jovens. “Queremos ações, não promessas falsas eleitoreiras. E, com seus atos, o governo mais progressista da história (sic) vem mostrando que não tem vontade política para conceder o indulto nem revogar a Lei Mordaça. Queremos liberdade para os seis de Zaragoza, mas também para todos os perseguidos políticos, que infelizmente são muitos”, denunciaram no início do ato, lembrando casos como o das seis sindicalistas de La Suiza, dos jovens de Altsasu, o caso Adri, as ativistas da PAH e o rapper Pablo Hasél.

Com a ação, também responsabilizaram o Judiciário: “Decidiram condená-los sem provas, apenas com testemunhos contraditórios da polícia durante o processo, além de aplicar penas máximas”. Assim, a corrente humana terminou em frente à Audiência Provincial de Zaragoza, o local “onde tudo começou”. “Daqui saíram quatro inocentes condenados às penas máximas”, relembraram.

Rumo à grande manifestação de 12 de abril

A corrente humana desta sexta-feira ocorreu após o evento musical realizado no sábado anterior no CSO La Fábrika de Chocolate, que foi “um sucesso de público”, segundo a Plataforma, e arrecadou fundos para cobrir os custos do processo judicial.

O próximo evento, o terceiro do calendário, será neste fim de semana: no domingo, durante a XXII Marcha contra a macroprisão de Zuera. Diante dos muros da prisão, haverá shows, debates e transmissão ao vivo em solidariedade aos presos. Será a primeira marcha desde o encarceramento dos seis de Zaragoza, que terão destaque.

O calendário de mobilizações terminará no sábado, 12 de abril, com uma grande manifestação. O protesto sairá às 12h da Glorieta Sasera e percorrerá o centro de Zaragoza em um novo clamor unificado: liberdade para os seis antifascistas.

Fonte: https://arainfo.org/700-metros-de-solidaridad-con-los-seis-antifascistas-de-zaragoza/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

em rincões e esquinas
frios cadáveres:
flores de ameixeira

Buson

Campanha internacional de arrecadação de fundos para os combatentes anarquistas na Indonésia

Apoie os combatentes anarquistas na Indonésia que estão lutando contra a repressão estatal, o capitalismo e todas as formas de autoritarismo! Após a aprovação da lei do TNI (Exército Nacional da Indonésia) e a planejada aprovação da lei da POLRI (Polícia Nacional da Indonésia), uma onda de grandes manifestações irrompeu em várias cidades do país, enfrentando a brutalidade das autoridades e prisões em massa. O Estado ampliou e solidificou ainda mais seu controle ao militarizar os espaços civis, silenciando a resistência com violência e criminalização.

Em meio a essa situação, a solidariedade internacional torna-se crucial. Os fundos coletados serão usados para necessidades urgentes, como materiais de sobrevivência, custos de logística, custos de evacuação, bem como as necessidades de custos em casas seguras, custos jurídicos. Qualquer contribuição, por menor que seja, é um passo real para fortalecer a resistência e garantir que o fogo da liberdade não se apague. A solidariedade não tem limites – mostre seu apoio agora!

PayPal: einzine16@gmail.com

Viva a anarquia!
Morte ao estado!
Solidariedade e ataque!

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agência de notícias anarquistas-ana

o jornaleiro espantado
que eu queira comprar
o jornal de ontem

André Duhaime

ANTIFASCISMO – Entre a conciliação, a omissão ou a liberdade

31 de março de 2025

O contraprotesto na UnB revelou três posições distintas na luta antifascista. A primeira posição, expressa pelos próprios governistas, utiliza o combate à extrema direita de forma oportunista para gerar cálculo eleitoral, não o combatendo até as últimas consequências, mas conciliando com a direita em várias situações. A segunda, reivindica a luta a nível histórico, mas é omissa no combate à extrema direita na atualidade, justificando que a polarização reforça o governo lulista. A terceira, rompe com as anteriores, e aponta que a luta antifascista deve ser guiada pela liberdade de organização e expressão, pelo combate ideológico contra a extrema-direita e igualmente contra a política econômica neoliberal do governo Lula, antessala do neofascismo.

A tarde de 24 de março representou um começo diferenciado para o ano letivo de 2025 na Universidade de Brasília – e permitiu um debate nacional importante. Em função de ameaças de grupos bolsonaristas de irem ao campus “limpar a Universidade da sujeira da esquerda”, centenas de estudantes ocuparam o Instituto Central de Ciências, expulsando o influenciados Wilker Leão e impedindo que extremistas de direita adentrassem qualquer prédio ou centro acadêmico.

Foi uma derrota, mesmo que pontual, da extrema direita devida, em parte, à agitação promovida por estudantes da RECC-DF, que apesar de pequena em número de militantes, no contexto da UnB, foi a primeira a pressionar pela necessidade de um ato antifascista, alertando e convencendo outros estudantes sobre a importância de encarar essa ameaça diretamente.

Mas esse ato demonstrou mais uma vez as fissuras que existem no “campo antifascista” em todo Brasil. O próprio uso do termo espalhou-se nos últimos anos e a ausência de qualificação e profundidade do debate abriu margem para o confusionismo de alguns setores e o oportunismo de outros.

GOVERNISMO ANTIFASCISTA?

No momento de crescimento e popularização da luta antifascista, faltou a percepção, por grande parte dos que reivindicam essa luta, de que o próprio governismo lulo-petista e sua política econômica neoliberal, entre elas as ferramentas de austeridade (estruturais no capitalismo dependente brasileiro), abriram caminho para a extrema direita.

Não por acaso, as origens do fascismo clássico italiano também remetem a um período de austeridade no Período Entreguerras na Europa. Historicamente, quando a coerção econômica não é suficiente para estabilidade do sistema capitalista, são reforçados os mecanismos de coerção política. Assim, a austeridade e o fascismo reforçam-se mutuamente.

Nesse sentido, a política de Bolsonaro e Lula são muito semelhantes porque austeridade e realpolitik são pontos comuns, apesar das distinções partidárias e oposições ideológicas. Em última análise, o novo arcabouço fiscal, criado pelo governo Lula/PT-PSB, bem visto aos olhos da Faria Lima, FMI e das agências de rating, nada mais é que a reprodução da receita da austeridade.

Da mesma forma, a diminuição das funções sociais do Estado e o crescimento do Estado Policial reforça, em ambos os governos, a tendência de militarização do cotidiano e da disciplina férrea da força de trabalho.

Assim, os partidos governistas (PT, PCdoB, PSB etc) e suas juventudes (Kizomba, JPT, JR, Levante Popular da Juventude, UJS, JSB etc) são oportunistas ao se afirmarem como “antifascistas”. Eles possuem responsabilidade na despolitização do movimento estudantil e da sociedade ao mobilizarem oposições simbólicas e atos festivos, mascarando a realidade de seu projeto político, deixando de lado o trabalho de base e relegando para a arena eleitoral e o poder judiciário a maior parte de seus esforços concretos em combater à extrema direita.

Até mesmo na arena eleitoral, a oposição à direita é limitada, tendo em vista que PT e PL apoiaram os mesmos candidatos em 85 cidades nas últimas eleições, e expoentes históricos da direita e extrema-direita, como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e congressistas do União Brasil, são parte da base do atual governo. Portanto, lulismo e bolsonarismo não polarizam dois projetos antagônicos para o Brasil.

CONTRAPROTESTO MODERADO E OMISSÃO

A atual gestão do DCE da UnB (Juntos/Psol, Correnteza/UJR/UP e UJC/PCBR) e os grupos majoritários da UNE (PT e PCdoB) inicialmente se posicionaram contra a proposta de um ato antifascista e só passaram a construí-lo porque foram achincalhados pela base e por outros movimentos na assembleia da UnB. Mesmo durante a manifestação, quando os bolsonaristas pisaram no campus, apenas um pequeno número de estudantes os confrontou.

Os movimentos governistas, que dirigiam o ato, optaram por não realizar o enfrentamento, direcionando no sentido oposto, subvertendo o propósito central da mobilização. Essas ações somam-se aos atos, piquetes, campanhas de reivindicação contra os cortes nas bolsas e as atividades da greve de 2024 que contaram com pouca ou nenhuma participação dessas organizações.

Por outro lado, outras tendências, ao enxergar a relação de retroalimentação entre a extrema direita e o reformismo, passam a generalizar atos de combate à extrema direita como apenas uma forma de fortalecer o governo Lula/PT, e minimizam esse combate.

Na verdade, a mesma lógica argumentativa é utilizada pelos governistas para se blindarem de críticas, afirmando que estas “servem à extrema direita”. Quando atacamos a extrema-direita, nos acusam de fortalecer o lulismo; quando atacamos o lulismo, nos acusam de fortalecer a extrema-direita. Atacaremos os dois.

ANTIFASCISMO, LIBERDADE E REVOLUÇÃO

O papel dos sindicalistas revolucionários é unir a luta econômica e a luta política. Não temos que nos colocar fora do conflito entre neofascistas e social-democratas, temos que fomentá-lo. Estimular o conflito contra o lulismo e o bolsonarismo, apontando as confluências entre os dois projetos econômicos e os fraquejos da social-democracia. Afinal, nas imortais palavras de Buenaventura Durruti, “nenhum republicano luta contra o fascismo até às últimas consequências”.

Sabemos das limitações do combate meramente institucional da extrema-direita, e como, conscientemente ou não, o projeto político lulista depende do bolsonarismo para justificar sua própria existência, enquanto única alternativa “viável”. Defendemos que há apenas uma alternativa viável para a derrota do fascismo e a superação do colapso capitalista que se impõe sobre o nosso tempo: a revolução socialista, a luta pelo fim da sociedade de classes.

Na guerra de classes, disputamos com nossos inimigos pelo espaço e suas condições materiais, mas também pela hegemonia ideológica, o “espaço” na consciência popular. Esse conflito ocorre por todos os meios, em todos os contextos, em todos os momentos, no corpo e no bolso de cada pessoa.

O crescimento dos setores de extrema-direita nas camadas populares nos demonstra a necessidade de utilizar de diferentes táticas para diminuir o poder na sociedade desses setores e a propagação do seu projeto político. Não é algo do qual possamos nos alienar, clamando alguma pureza idealista, e a tentativa de fazer isso só fará mal a nós e as nossas bases.

A direita e extrema-direita sempre existiram no Brasil, mas na última década ganharam importância diferenciada ao disputar abertamente as massas populares e atingirem certos postos institucionais, um fato que não pode ser ignorado. A conjuntura da luta contra o governo Lula III não é a mesma de Lula I e II.

A luta pela liberdade política é uma luta urgente, que dialoga com demandas materiais. Assim, não devemos ficar constrangidos em fomentar uma luta contra grupos que adentram a universidade intimidando professores e estudantes, limando a liberdade de expressão dos alunos e fazendo propaganda política reacionária por essas não serem pautas puramente econômicas. Hoje, já temos estudantes que são impedidos de se manifestar em instituições de ensino superior, perseguidos por colar cartazes na parede e fazer qualquer campanha reivindicativa.

Ao mesmo tempo, esses grandes atos não podem ser vistos como um fim em si ou como a única trincheira de combate à extrema-direita. Como tática de enfrentamento, são apenas uma parte do processo e devem ser combinados com o trabalho de base cotidiano.

Nós, da FOB-DF (RECC, ORC e pró-Terra Liberta), sustentamos o combate à radicalização reacionária burguesa onde quer que ela se encontre, por meio do trabalho de base, da auto organização, da educação popular e do acirramento da luta de classes, em seu componente econômico e de resistência/disputa por espaços.

Covardia não se combate com covardia, covardia se combate com coragem.

E isso vale tanto para a social-democracia oportunista, que mobiliza o discurso antifascista para se eleger e receber aplauso em manifestações, mas foge quando a briga fica séria, e que abandonou a classe trabalhadora à austeridade petista; quanto para grupos sectários que justificam sua ausência dos atos, mobilizações e greves do movimento estudantil da UnB com purismo ideológico pseudo-classista.

lutafob.org

instagram.com/fob.df

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agência de notícias anarquistas-ana

Lindo sabiá
do peito amarelo
vem cá, vem cá

Eugénia Tabosa

[Argentina] Aos membros da Comissão para a Memória das Greves de 1920-1921 em Río Gallegos

27 de março de 2025
Na terça-feira, 25 de março, como é de conhecimento público, por decisão do governo nacional, o monumento em homenagem a Osvaldo Bayer foi demolido. Em um curto espaço de tempo, essa notícia foi divulgada e as primeiras imagens da demolição com uma pá mecânica circularam. Essas imagens mostram não apenas a brutalidade e a arrogância desse ato, mas também que essa ação visa silenciar e apagar da memória coletiva as denúncias que Osvaldo Bayer testemunhou com suas várias obras. A demolição ocorreu um dia depois de um novo aniversário de 24 de março de 1976, 49 anos depois da última ditadura civil-militar-igreja, que, como em cada uma das longas noites, se enfureceu contra os lutadores sociais.

Osvaldo foi um socialista libertário, como ele mesmo dizia. Foi um palestrante assíduo em nossa Federação, onde manteve viva a chama da liberdade em cada uma de suas palestras. Sensível às injustiças do sistema capitalista, travou diferentes batalhas para reconstruir e documentar metodicamente a organização dos grevistas da Patagônia, bem como os fuzilamentos pelo exército argentino no início da década de 1920, um evento que pretendia ser instrutivo para o movimento dos trabalhadores. Ele também trabalhou para reconstruir a participação dos anarquistas em muitas dessas lutas pela liberdade. Essas batalhas lhe custaram o exílio forçado, devido às perseguições da tripla A, meses antes do golpe de Estado de 1976.

Hoje, vemos como um bando de egoístas e supremacistas, que desfrutam da exploração e da miséria que eles mesmos produzem, querem se chamar de libertários. Aqueles que lutam e constroem a libertação dos explorados, como Osvaldo, não podem ser chamados da mesma forma que aqueles que produzem essa exploração. Osvaldo, o incansável lutador, está escrevendo outra coluna no jornal de hoje, onde nos diz: “não se esqueçam de quem foram e são os verdadeiros libertários”.

Desde a Federação Libertária da Argentina queremos enviar nosso total apoio aos membros da Comissão para a Memória das Greves de 1920-1921 em Río Gallegos em sua importante tarefa de manter mais presentes do que nunca as denúncias contra as execuções na Patagônia.

Saúde e revolução social!

Federação Libertária da Argentina-FLA

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agência de notícias anarquistas-ana

curta noite
perto de mim, junto ao travesseiro
um biombo de prata

Buson

[Itália] Buscas policiais para investigação após ataque a bomba contra o Tribunal de Pisa em fevereiro de 2023

Buscas em Pisa e Carrara

Na madrugada de 26 de março, a polícia fez buscas nas casas de dois anarquistas em Pisa e Carrara. As buscas fazem parte da investigação aberta pela Diretoria Antimáfia e Antiterrorismo de Florença para um evento que ocorreu no contexto da greve de fome de Alfredo Cospito: a descoberta de um dispositivo explosivo em fevereiro de 2023 no Tribunal de Pisa.

As informações foram divulgadas pelos envolvidos por meio do Circolo Culturale Anarchico Gogliardo Faschi de Carrara.

agência de notícias anarquistas-ana

O vento cortante
Assim chega ao seu destino –
Barulho do mar.

Ikenishi Gonsui

Pré-venda do livro “Por uma economia libertária”

A Biblioteca Terra Livre e o Centro de Cultura Libertária da Amazônia têm o prazer de anunciar a publicação do livro “Por uma economia libertária”, de Frédéric Antonini.

O livro, publicado originalmente em 2019, apresenta a partir de uma perspectiva libertária um debate contemporâneo em torno da economia refletindo sobre seus desafios e possibilidades no século XXI.

PRÉ-VENDA

O livro está em pré-venda e pode ser adquirido diretamente em nosso site por apenas R$20:

https://livrariaterralivre.lojavirtuolpro.com/pre-venda-por-uma-economia-libertaria/p

Caso prefira, você pode adquirir o combo promocional de lançamento com os livros “Por uma economia libertária” e “Sobre o anarquismo” com 20% de desconto, de R$40 por R$32:

https://livrariaterralivre.lojavirtuolpro.com/combo-por-uma-economia-libertaria/p

Previsão de envio: a partir do dia 21 de abril.

LANÇAMENTO

Se programe, no dia 18 de abril teremos uma atividade de lançamento online com a presença do autor e de membros dos coletivos editoriais.

Em breve mais informações!

agência de notícias anarquistas-ana

A abelha tristonha,
fauna e flora devastadas,
produz mel amargo.


Leila Míccolis

Comemoração do Dia do Jovem Combatente no Chile deixa mais de 40 detidos no país

Santiago do Chile, 30 março – A comemoração do Dia do Jovem Combatente no Chile deixou mais de 40 pessoas presas somente na Região Metropolitana de Santiago, informaram as autoridades no domingo após uma avaliação inicial dos distúrbios na capital.
 
De acordo com os Carabineros, a força policial militarizada do Chile, vários incidentes foram registrados em diferentes partes da Grande Santiago entre a noite de sábado e o início da manhã de hoje, principalmente nas comunas de San Bernardo, Cerro Navia, Peñalolén e Estación Central, onde barricadas foram erguidas e dispositivos incendiários foram lançados contra policiais.
 
Um grupo de desconhecidos tentou acender as primeiras barricadas depois das 21:00 horas no setor de Villa Francia, na Estación Central, interrompendo o tráfego e dando início a uma concentração de manifestantes.
 
A Villa Francia é um local emblemático de protesto, o coração de uma comemoração que ocorre todo dia 29 de março, relembrando o assassinato de dois irmãos pela polícia de Carabineros poucas horas depois de participarem de uma manifestação contra a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) em 1985.
 
Militantes do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR), organização que foi brutalmente perseguida e dizimada durante os primeiros meses do regime civil militar, os irmãos Eduardo e Rafael Vergara Toledo foram interceptados por uma patrulha policial pertencente à 21ª delegacia de polícia; após uma breve perseguição, os jovens foram parados e executados pela polícia.
 
Por ser particularmente intenso nas áreas suburbanas e em alguns pontos específicos do centro da capital, o Dia do Jovem Combatente faz com que serviços e lojas fechem mais cedo como medida preventiva.
 
Diferentemente dos anos anteriores, a comemoração deste ano não incluiu grandes marchas ou manifestações no centro de Santiago.
 
Fonte: agências de notícias
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2017/04/08/chile-barricadas-e-ataques-contra-a-policia-no-dia-do-jovem-combatente/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Saudades da amada —
Caem flores de cerejeira
às primeiras luzes.
 
Kaya Shirao

[Alemanha] Decodificando o anarquismo: ‘Tiempo Muerto’, de Juan Pablo Macías

Agora em exibição na Galerie im Körnerpark, Tiempo Muerto, de Juan Pablo Macías, revela um lado esquecido da história anarquista.

Por Duncan Ballantyne-Way | 17 de março de 2025

Em 2007, o artista mexicano Juan Pablo Macías desenvolveu interesse pelo anarquismo: um conjunto de ideias que busca desmantelar o governo hierárquico em favor de uma sociedade mutualista. “Mas era incrivelmente difícil encontrar qualquer informação”, lembra ele.

“A única fonte disponível era uma biblioteca na Cidade do México, mas sua coleção havia sido confiscada e ela enfrentava despejo por aluguel não pago.” Determinado a tentar salvá-la, Macías buscou formas de garantir financiamento. “Estou sempre tentando desviar dinheiro do mundo da arte para financiar as atividades da biblioteca e qualquer forma de militância anarquista.”

Fundada em 1978 pelo exilado político catalão Ricardo Mestre, a Biblioteca Social Reconstruir tornou-se a base para o envolvimento vitalício de Macías com o anarquismo e o pensamento libertário. Esse trabalho o levou a criar o arquivo digital Biblioteca de Anarquismo y Anarquistas e a lançar Tiempo Muerto (“tempo morto”), uma publicação dedicada a explorar a prática anarquista. “É minha maneira de compreender o anarquismo”, explica ele, “sua relação com a arte e como ferramenta para questionar as estruturas de poder que moldam nossa visão de mundo.”

Pela primeira vez, todas as edições de Tiempo Muerto, junto com obras em vídeo, serão exibidas na Galerie im Körnerpark, coincidindo com o lançamento da sétima edição da publicação na data de abertura da exposição. Macías começou a publicar Tiempo Muerto em 2012, com cada edição abordando um aspecto diferente do anarquismo, da propriedade privada ao legado de anarquistas europeus influentes, passando por textos fundamentais como o segundo capítulo de Walden (1854), de Henry David Thoreau.

Um suplemento na segunda edição explorou uma colônia utópica fundada em Topolobampo, México, em 1896. “Era socialista por natureza”, explica Macías. “Durante 20 anos, não havia propriedade privada nem dinheiro em circulação.”

A publicação apresenta fotografias em preto e branco tiradas por um participante da colônia, retratando grandes reuniões, arquitetura colonial branca, céus amplos e colinas nubladas. “Não está claro se as imagens estão completamente em domínio público”, ele admite, “mas, conceitualmente, sou fascinado pela questão da propriedade das imagens. Acho absurdo e brutal que uma imagem possa ter mais peso legal do que as relações humanas.”

Dado o profundo impacto do anarquismo em sua prática acadêmica e artística, isso influenciou seu modo de vida? “Não importa o quão diferente você tente viver, você sempre se vê preso em contradição”, reflete. “Como um cachorro perseguindo o próprio rabo. Todos participamos da sociedade; todos pagamos impostos que, no fim das contas, financiam munições e armas que combatemos. No final, somos todos cúmplices do sistema.”

Galerie im Körnerpark, Schierker Str. 8, Körnerpark, Neukölln 

7 de março a 11 de junho

Fonte: https://www.the-berliner.com/art/juan-pablo-maciass-tiempo-muerto-exhibition-galerie-im-koernerpark/  

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Linha de combate:
as granadas e os petardos
são de chocolate.

Flora Figueiredo

[Argentina] Documento de repúdio à demolição do monumento a Osvaldo Bayer

Desde a Organização Resistência Anarquista (ORA) expressamos nosso mais enérgico repúdio à demolição do monumento em homenagem a Osvaldo Bayer, levada a cabo em Río Gallegos como parte de uma ofensiva reacionária que busca apagar a memória dos povos e legitimar um modelo de país baseado na repressão, no esquecimento e na exploração.

Este não é um ato isolado. É parte de um projeto político que necessita arrasar com toda forma de pensamento crítico e toda história de dignidade. O  monumento demolido recordava Bayer e as greves obreiras da Patagônia Rebelde, onde o Estado argentino fuzilou centenas de peões rurais entre 1920 e 1922 por reclamar condições de vida e trabalho dignas. Foi Bayer quem, com rigor e valentia, tirou essa verdade dos arquivos e a converteu em memória coletiva.

Estão matando a verdade histórica.
Estão demolindo a história escrita com sangue obreiro. Estão pisoteando a memória dos que lutaram por pão, terra e justiça.

Denunciamos esta ação como um ato de censura, de negacionismo e de provocação ideológica. Reivindicamos a Osvaldo Bayer como um verdadeiro libertário, comprometido com os princípios do anarquismo, com a defesa dos direitos humanos, com o antimilitarismo, com o internacionalismo e com as lutas dos povos originários.

Não aceitamos que os que governam hoje, com discursos de ódio, motosserra e servilismo ao poder econômico, se autodenominem “libertários”.
Não o são.
Libertários foram os peões rurais fuzilado pelo Exército. Libertário foi Osvaldo Bayer, que pôs sua vida a serviço da verdade, da memória e da justiça social.

Por cada monumento que derrubem, levantaremos milhares.
Por cada ataque à memória, responderemos com organização, com história viva e com luta.
Por cada mentira, responderemos com a verdade dos povos que resistem.

Osvaldo Bayer vive em cada luta popular!
A memória não se apaga, se defende com as mãos!
E por cada um que tirem, levantaremos milhares mais!

Organização Resistência Anarquista (ORA)
Março de 2025

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

lua nublada
no alto da montanha
a solitária árvore

Alonso Alvarez

[Grécia] Maniatika: Intervenção antifascista

NÃO EM MANIATIKA OU EM QUALQUER OUTRO LUGAR

A Frente Proletária Antifascista dos Subúrbios Ocidentais continua suas excursões organizadas em nossos bairros, com o objetivo de fortalecer as forças antifascistas e esmagar qualquer tentativa de reorganização dos fascistas. Convocamos as pessoas de nossos bairros a se organizarem juntas e a esmagá-los.

Nos últimos tempos, a gangue fascista do Aurora Dourada tem tentado ganhar presença no bairro de Maniatika, no Pireu, por meio de algumas intervenções. Essas intervenções vêm na esteira do ataque fascista covarde a uma estudante menor de idade na área, em janeiro do ano passado.

Sua escolha de reaparecer nesse bairro não é acidental. É óbvio que essas pessoas descaradas querem reviver as “glórias passadas” de sua gangue, quando espancavam e aterrorizavam imigrantes e pessoas em dificuldades nos bairros de Pireu, culminando com o assassinato de Pavlos Fyssa. O principal é o fato de que eles sabem que Maniatika é um bairro popular, com pessoas que lutam todos os dias para viver e que eles querem manipular e virar contra sua própria classe, servindo assim aos interesses do capital.

O que quer que os faça acreditar que Maniatika é uma área segura para eles, onde podem agir sem serem perturbados, uma coisa é certa. Nos bairros em que vivemos e nos deslocamos, eles sempre nos encontrarão do lado oposto, como já aconteceu no passado. Nos bairros da classe trabalhadora dos subúrbios ocidentais, que pagaram um pesado imposto de sangue pela luta contra o fascismo e o nazismo, e onde moradores e imigrantes vivem e trabalham lado a lado, não permitiremos que os batalhões de assalto fascistas reproduzam sua ideologia podre e tenham ação.

ESSES BAIRROS SERVEM PARA TODOS NÓS, EXCETO PARA OS FASCISTAS.

UNIDADE, ORGANIZAÇÃO E LUTA DE CLASSES CONTRA O FASCISMO

Frente Proletária Antifascista dos Subúrbios Ocidentais

agência de notícias anarquistas-ana

vento nas cortinas
fico atenta
ao que a manhã ensina

Camila Jabur

[Argentina] Temperamento N° 70 – “Não contamos com nada além da luta” Entrevista com Jubilados Insurgentes (março de 2025)

Origem, atualidade e perspectivas do Jubilados Insurgentes (Buenos Aires). E porque sua luta é a luta de todos os trabalhadores. Esta entrevista tem o objetivo de contribuir para a reflexão a partir das palavras daqueles que hoje lutam com base em um programa claro, baseado em suas necessidades e nas de nossa classe.

A pedido dos compas, encerramos com “Hijo del Pueblo” – (Versão de El Violinista del Amor e Los Pibes que Miraban).

>> Para escutar desde YouTube:

https://youtu.be/a0oxaf1lBl4

>> Para escutar este episódio e os anteriores:

https://temperamentoradio.blogspot.com/

>> Para escutar no Spotify:

https://open.spotify.com/episode/5jGmQREYHT5mX4nsvfmVaX

agência de notícias anarquistas-ana

sol poente
numa ruela
menino corre das sombras

Rod Willmot

Declaração de camaradas antiautoritários da Turquia sobre as perspectivas do movimento de luta em curso

21/03/2025

Os protestos desencadeados pela prisão de mais de 100 pessoas, incluindo o prefeito da região metropolitana de Istambul, Ekrem İmamoğlu (candidato do CHP e principal oponente de Erdogan nas próximas eleições), continuam a aumentar. Os protestos liderados pelos estudantes assumiram um carácter militante e tornaram-se massivos, apesar dos esforços do CHP [1] para os conter. Embora esses protestos tenham surgido do conflito entre dois clãs governantes, está claro que a raiva que foi desencadeada tem causas muito mais profundas do que a prisão de İmamoğlu.

Hoje, não é por acaso que os jovens, os trabalhadores de amanhã e os de hoje, cujo futuro se tornou incerto, e muitos dos quais devem trabalhar enquanto continuam seus estudos, estão na vanguarda da luta. Essa raiva também decorre do crescente empobrecimento de milhões de pessoas que sobrevivem de seus empregos, da pressão diária da crise econômica, dos assassinatos incessantes de mulheres, das políticas de opressão e agressão contra pessoas LGBTI+, do massacre de animais, dos ataques ao povo curdo, apesar das chamadas negociações de paz, e do fato de que as vidas de milhões de pessoas se tornaram insuportáveis devido às políticas governamentais baseadas na opressão e na coerção. Esta raiva é dirigida não só contra o governo do AKP – MHP [2] , mas também contra o CHP , que durante anos se apresentou como um partido de oposição, mas que se tornou cúmplice do governo em todos os momentos difíceis, limitando os riscos de explosão social em cada crise e concentrando a sua energia nas eleições. As pessoas entenderam que eleições são inúteis e que não há outro caminho para a libertação senão a luta. Agora está claro que os manifestantes não podem ser facilmente detidos pela repressão, nem manipulados pelo CHP para servir aos seus próprios interesses.

Por outro lado, é preciso reconhecer que esses protestos têm limites. É muito provável que esse movimento de reação, desprovido de qualquer caráter de classe e cujo conteúdo político e reivindicações não são claros, continue sendo um instrumento de conflito entre os poderes instituídos ou se extinga. No entanto, também tem potencial para crescer, radicalizar-se e alcançar um progresso real e duradouro se for articulado com as lutas existentes em termos de reivindicações e métodos. Desde o início de 2025, as greves selvagens e a resistência dos trabalhadores em várias cidades, a resistência das mulheres e das pessoas LGBTI+ apesar de todas as formas de opressão e violência, as lutas contra a destruição ecológica e os massacres de animais que vivem nas ruas mostram que o espírito de resistência foi preservado nessas regiões apesar de tudo. Hoje, não são os políticos de terno, os burocratas sindicais ou os magnatas ricos que estão agitando essa onda de luta, mas os trabalhadores, os filhos dos trabalhadores e os indivíduos que participaram ativamente das lutas mencionadas acima.

Portanto, é possível fortalecer a onda de luta com reivindicações e discursos de classe, e é justamente isso que devemos fazer. Devemos nos engajar nessa luta, não como um pilar da luta pelo poder, mas de forma organizada, para articular os problemas e demandas atuais da classe trabalhadora, das mulheres e de todas as pessoas oprimidas e discriminadas, e torná-los as demandas do movimento. Por outro lado, devemos nos esforçar para envolver nessa luta os diferentes setores da classe trabalhadora, já engajados em greves e resistência.

Devemos levar essa luta das ruas para nossos locais de trabalho, e dos nossos locais de trabalho para as ruas. Não podemos deixar o destino da luta nas mãos de um grupo de políticos de terno. Para isso, precisamos criar mecanismos autônomos de tomada de decisão em nossos locais de trabalho, escolas e bairros, onde possamos discutir nossos problemas econômicos e políticos e definir nossas demandas concretas. Os fóruns criados na sequência da Resistência de Gezi [3] constituem experiências importantes neste sentido, e devemos desenvolvê-los e revitalizá-los. É assim que a luta se tornará sustentável e conseguiremos resultados.

É resistindo que venceremos!

Nossa força vem da nossa união!

Anarcho Queers

Anarchists from Ankara

Bilgi Gökkuşağı

Bizim Elimizde Campaign Group

Eşitlik Topluluğu

Heimatlos Kültü

Anarchists from Istanbul

Izmir Anarchy

Kuir Uşak

Autonomous Workers’ Associations

OzU LGBTIQ+

VeganEsk

Fonte: https://www.iscibirlikleri.org/2025/03/21/to-struggle-against-the-order-of-exploitation-tyranny-and-plunder/

Notas:

[1] O Partido Republicano Popular, de centro-esquerda e de tendência kemalista, é o principal partido de oposição a Erdogan.

[2] A coligação governante na Turquia desde 2018 é composta pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), do qual Erdogan é membro, e pelo Partido de Ação Nacionalista (MHP), uma organização nacionalista pan-turca de extrema direita.

[3] Refere-se ao movimento de luta que abalou a Turquia em 2013 após a ocupação do Parque Taksim Gezi contra a sua destruição.

Após os chamados de greve geral que surgiram no movimento, a liderança do CHP apelou às burocracias sindicais do Dİ SK para organizarem chamados de greve.

Diante dessas tentativas de controle, os camaradas autônomos pedem que nada seja esperado do CHP ou do Dİ SK e que a greve seja construída por meio da auto-organização e com base na classe.

agência de notícias anarquistas-ana

Nuvens,
sem raízes
até que chova.

Werner Lambersy

[Argentina] Osvaldo Bayer voltará ao seu lugar!!!

Por Marcelo Valko | 25 de março de 2025

Antonio Gramsci, antes de morrer em 1937, escreveu uma daquelas frases visionárias e definitivas, que não perdem a validade nem atualidade: “O velho não acaba de morrer e o novo não termina de nascer. Enquanto isso, surgem monstros.” E ele tinha toda razão. Naquele momento, o mundo se preparava para uma noite muito escura de dor e espanto. Hoje, sopram ventos de um neoliberalismo extremo e extremista. Sem a intenção de comparar um período com outro, observamos semelhanças de intolerância e afinidades de autoritarismo absoluto. Como diria Giambattista Vico, o corsi e ricorsi da história não avançam de forma linear, mas em ciclos que se repetem, com avanços e retrocessos. Fluxos, recorrências e refluxos da história que, no dia de ontem, com a mobilização massiva em todo o país pelo Dia da Memória, Verdade e Justiça, parecem começar a ser revertidos.

Um mar de gente se mobilizou em Mar del Plata, Rosario, Bariloche, Córdoba e em diversas localidades como Chivilcoy ou Bolívar, para citar alguns pontos onde houve manifestações contra o absurdo negacionismo de um governo que ignora a realidade dos aposentados, a escolha sexual das pessoas, que atenta contra a saúde, a educação, a economia familiar, ignora as mudanças climáticas e também descarta a verdade histórica.

O governo e seus lacaios devem ter percebido algo, e o temor e tremor os levaram a perpetrar não apenas o absurdo vídeo relacionado ao 24 de março, mas também a cometer outro ato repulsivo. Na entrada da cidade de Río Gallegos, em Santa Cruz, como uma “boas-vindas”, um monumento erguido em sua memória no dia 24 de março de 2023, homenageando o escritor Osvaldo Bayer, que revelou uma carnificina deplorável perpetrada pelo governo de Irigoyen em 1920/1921 com o fuzilamento de mil e quinhentos trabalhadores rurais na Patagônia, foi derrubado, como pode ser visto nessas fotos. O ato foi cometido no dia 23 de março, e mandaram a Viação Nacional destruí-lo, cuja função é bem diferente. O fato de terem cometido isso um dia antes do 24 é um símbolo e uma mensagem. Inclusive, deixaram registrado por escrito na “página libertária de El Diario Santa Cruz”, onde, entre uma série de falácias, balbuciam que “essa estrutura, mais do que um tributo, era parte da propaganda ideológica que o kirchnerismo impôs ao espaço público.”

Todos os que conheceram o minucioso pesquisador Osvaldo Bayer sabem tanto de sua honestidade intelectual à prova de tudo, quanto de seu amor pela bela Patagônia. Uma pessoa que resiste a qualquer arquivo, sempre manteve sua postura de anarquista libertário (autêntico, não como esse corso de fantasias que usurpa esse nome). Era daquelas pessoas que “nunca se casou com ninguém” que estivesse no poder. E isso apesar de terem tentado seduzi-lo. Por isso, teve que se exilar com sua família quando o governo de Isabel Perón/López Rega o ameaçou de morte no começo do espanto que depois se espalhou pelo nosso país. Nunca foi peronista, radical, nem kirchnerista. Todos sabem disso. Fui seu amigo por quase 20 anos.

Que derrubem o monumento alegando essas bobagens é indignante, irritante e revolta a consciência, e sua honesta memória não merece isso. No país existem bibliotecas públicas que levam o nome de Bayer, e até quatro cidades têm seu nome nas ruas, como Puerto Deseado, Pirâmides, Calafate e Governador Gregores, todas na Patagônia, uma região onde Osvaldo Bayer tem grande ascendência. Lá, os moradores conseguiram deixar para trás, sempre de forma democrática, o general Julio Roca, substituindo-o pelo escritor Osvaldo Bayer. Que um país remova um militar para colocar um escritor é um sonho realizado. Mas o nosso país tem imensos feitos, um potencial que não devemos esquecer, ainda mais agora: na Argentina, Videla morreu na prisão, enquanto no Chile, Pinochet faleceu como senador vitalício. Não devemos desanimar, continuar e avançar.

Mas está claro que nesses tempos brutais, onde batem na cabeça de uma aposentada de 81 anos que desmaia no Congresso, tudo pode acontecer. Apesar de esta nota estar escrita, poucos minutos após conhecer essa aberração contra a história, estou convencido de que essa bela imagem de Bayer voltará ao seu lugar mais cedo ou mais tarde. A história é longa e haverá prestação de contas. Para finalizar, vale a pena lembrar novamente o que Gramsci disse: “a indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua.” Memória, Verdade, Justiça. São 30.000. Foi genocídio. É lento, mas vem…

Fonte: https://huelladelsur.ar/2025/03/25/osvaldo-bayer-volvera-a-su-lugar/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Jardim às escuras.
Só a presença dos grilos
e melancolia.

Zuleika dos Reis

[Indonésia] Nós somos o povo, selvagem, indomável e livre…

Nós nos levantamos, não em silêncio, mas em fogo furioso.

Um incêndio de desafio, alimentado pelo amor à liberdade

e pelo espírito inflexível daqueles que se recusam a se ajoelhar.

Esta não é apenas uma luta pela Indonésia,

mas um grito de guerra para cada alma que ousa sonhar

com um mundo livre, inquebrável e implacável.

.

Rejeitamos as correntes do militarismo,

o aço frio do autoritarismo

e o domínio sufocante do neofascismo.

Nós somos as vozes dos oprimidos,

as mãos que constroem barricadas,

os corações que batem pela anarquia

— o caos e a bela desordem da libertação.

.

Não deixaremos que as sombras do regime de Suharto

escureçam os céus do amanhã.

Não deixaremos que os sonhos militaristas de Prabowo

atropelem os jardins da liberdade.

Nós somos a tempestade, o acerto de contas,

a força ingovernável que diz:

Chega.

.

Aos tiranos, aos executores, aos arquitetos da opressão:

Seus muros ruirão,

Suas leis queimarão,

Seu poder se dissolverá como cinzas ao vento.

Pois nós somos o povo,

selvagem, indomável e livre.

.

E lutaremos,

não apenas pela Indonésia,

mas pelo amor anarquista e sem limites pela liberdade

que vive em todos nós.

Em Raiva e Solidariedade,

Indonésia

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agência de notícias anarquistas-ana

Um reflexo roxo
no céu todo poluído –
Paineira florida

Sergio Dal Maso