Cerca de 80 manifestantes apareceram cedo na prefeitura de Houston no dia 25 de Março para se opor ao planejado “Março MAGA”[1], organizado por três independentes auto-declarados de direita. O encontro de apoio a Trump foi patético, com menos de 10 pessoas na primeira hora e meia de sua suposta “marcha”. Antifascistas e outros manifestantes facilmente superaram em número os apoiadores de Trump, e nos principais degraus da prefeitura estenderam faixas dizendo palavras de ordem enquanto os direitistas frustrados ficaram do lado de fora falando entre si e apertando a mão da polícia.
Os organizadores da Marcha MAGA em Houston esperavam uma celebração com comida, discursos e propaganda, para depois marcharem triunfantemente ao redor do centro de Houston espalhando seu ódio. Isso não aconteceu. Cerca de oito pessoas, metade delas mascaradas, tomaram a prefeitura ao coro de “Foda-se Trump / Destrua o Estado / A américa nunca foi boa”.
Os direitistas ficaram longe de nós, nos cedendo espaço na frente da prefeitura, e se acolheram perto dos policiais. Em dado momento, eles foram para trás, esmagados entre duas construções, protegidos e isolados do protesto pelos porcos.
Houston tem sido um ponto consistente para se opor aos grupos racistas e xenofóbicos que tentam formar uma base de apoio em nossa cidade – de Páre o Ímã (“Stop the Magnet”), um grupo xenofóbico de supremacia branca que tentou agitar ódio contra as “Crianças centro-americanas fugindo da violência” em 2014, até o Vidas Brancas Importam (“White Lives Matter”) em 2016, uma frente do grupo Sociedade da Renascença Ariana (“Aryan Renaissance Society”).
No fim, quem apareceu para apoiar Trump? Ainda que a retórica anti-muçulmanos pró-militar e em prol das armas esteja em plano andamento, isso foi mais como uma multidão de “Blue Lives Matters”[2] do que uma multidão hipster e supremacista branca de direita alternativa alt-right [3] (ainda que identifiquemos um Pepe The Frog[4]). Eles amam a américa, acreditam em autoridade e ferventemente dizem que não são racistas porque há algumas pessoas negras em suas fileiras. Essas pessoas são caracterizadas pela sua alta estima pelos militares, policiais e pela propriedade privada. Definitivamente, era o próprio setor texano de ideologia wingnut[5] presente: Teorias da conspiração sobre a Rússia, glorificaç ;ão dos Cavaleiros Templários e uma obsessão com os “assassinos de polícia” e “estupradores”: a juventude negra e imigrantes latinos.
A maioria dos protestantes de Trump eram de meia idade ou aposentados, só com uma ou duas pessoas na adolescência ou perto dos vinte anos. A presença deles foi liderada por mulheres brancas, com um par de latinos de pele clara em posições visíveis e seu único, singular, amigo negro. É um exagero chamar eles todos de fascistas, embora definitivamente prefiram ver um governo fascista do que uma sociedade construída sobre interdependência e apoio, a abolição de prisões, que seja sem fronteiras e livre do capitalismo.
Um coisa desagradável sobre os direitistas consistia no fato de que possuiam uma minoria substancial de brancos/latinos, apesar da merda supremacista branca que vendem. Nos deixou tristes (mas não surpresos) que pessoas que não considerariam a si mesmas como racistas ou supremacistas brancas se agrupem ao fascismo por acreditarem muito no Estado, na lei, na ordem pública, e que haja essa compulsão por obedecer a autoridade, mesmo que isso os leve à violência contra si mesmos, suas famílias e suas comunidades. Acham que estarão mais seguros ao lado da violência das forças fascistas desde o princípio. Seu estado de token (simbólico) se sustenta na complacência ao respaldar o racismo e a guerra de classes.
Depois da “marcha” ter sido anulada, os direitistas saíram para beber, sem pensar que foi uma boa ideia falar alto onde iriam… Abençoe seus corações.
Nenhuma plataforma para fascistas e simpatizantes fascistas em nossa cidade de maioria não branca e de imigrantes. Amamos uns aos outros demais para essa merda!
Até a próxima,
Seus amigos de Houston.
Fonte: https://itsgoingdown.org/houston-tx-protesters-disruptmaga-march-25th/
[1] “MAGA – Make America Great Again”, ou “vamos fazer os EUA grandes de novo”, o slogan da campanha de 2016 de Donald Trump.
[2] “Blue Lives Matter”, ou “Vidas Azuis Importam” movimento pró-polícia, formado após a morte de dois policiais em 2014, em Nova Iorque – uma reação ao “Vidas Negras Importam”
[3] A direita alternativa (alt-right em inglês) é um conjunto de ideologias de direita de origem norte-americana que recusam aos conservadores que têm assumido ideais considerados como progressistas, possuindo grande atividade na internet. A maioria de membros desta ideologia são descritos como jovens, anti-establishment, com grande capacidade de ativismo na internet e sem hierarquia nem líderes. A coluna vertebral do movimento é a oposição à correção política, o multiculturalismo e a imigração.
[4] Pepe the Frog ganhou vida numa HQ chamada Boy’s Club, criada pelo artista Matt Furie. A chamada direita alternativa americana “alt-right”, uma rede de supremacistas brancos, que tratam de infundir um alternativo conservadorismo norte-americano, têm adotado a Pepe the Frog como mascote.
[5] “Wingnut” é um termo político americano usado como ofensa que se refere a uma pessoa que sustenta opiniões políticas extremas, e com frequência irracionais. Em seu livro, Wingnuts: How the Lunatic Fringe is Hijacking America, o autor e colunista John Avlon definiu um wingnut como, “alguém do setor da extrema-direita ou do setor da extrema-esquerda do espectro político — os partidários profissionais, os ativistas perturbados e os teóricos das conspirações paranoicas. São essa classe de gente que sempre tratam de dividir, em lugar de nos unir”.
Tradução > Biel Rothaar
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Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…