As recentes eleições na Andaluzia foram um confronto brutal com a realidade para aqueles que depositaram grande parte de suas esperanças nos resultados eleitorais. Para aqueles que confiavam no continuísmo, mais ou menos modulado pela [coligação de esquerda] “Adelante Andaluzia” [Podemos mais Esquerda Unida], do regime que o PSOE [socialistas] tem mantido por décadas em nossa terra e aqueles que o percebiam, como em Madrid, como um mal menor.
É evidente que a abstenção foi o caminho escolhido por muitos trabalhadores andaluzes para mostrar a sua rejeição, seu cansaço e desconfiança para aqueles que reclamando-se de esquerda mantiveram a nossa terra em prostração, falta de alternativas, pobreza, e exclusão social, com níveis crescentes de precariedade enquanto faz o governo o oposto do que foi prometido, repetidas vezes, a partir de um estilo de governo marcado há muito tempo pela arrogância e corrupção.
Mas estas eleições também foram um sinal de alerta sobre como o discurso da extrema direita populista foi se infiltrando no tecido social, abrangendo os efeitos brutais de anos de insegurança, desemprego, emigração, da absoluta falta de segurança e perspectivas vitais para muitos de nós que pertencem às classes populares da Andaluzia. Já sabemos que quando desde a esquerda no governo não há respostas para o desespero e a falta de expectativas da classe trabalhadora, a extrema direita, em qualquer de suas versões, está sempre à espera de sua vez.
Anos de reformas trabalhistas, declínio social, desemprego de longa duração, a precariedade vital, emigração, serviços sociais em declínio, deserto industrial, austeridade, o clientelismo e a corrupção, impulsionado mais ou menos por partidos que, afirmando-se diferentes, acabam praticando políticas muito semelhantes no fundamental, o que afeta a vida cotidiana da classe trabalhadora, que geraram o clima social do individualismo e desconfiança nas soluções coletivas, apatia, desesperança e bodes expiatórios, bem como o nacionalismo identitário, de um tipo ou outro, que evidenciam os resultados eleitorais do último domingo (02/12).
Porque nestas eleições, a abstenção e o voto para a extrema direita coincidem com uma forte desmobilização da classe trabalhadora, cujas causas podemos buscar na dureza da crise, o desemprego ou a insegurança, mas também no compromisso eleitoral excessivo e o acesso a parcelas muito limitadas de poder, ao sabor sempre dos meios de comunicação, como horizonte exclusivo para canalizar as aspirações que emergiram das praças, passeatas, greves gerais e manifestações contra as reformas trabalhistas, cortes de direitos e pensões, ou contra o patriarcado.
Mas desde o anarcossindicalismo defendemos que não há atalhos, e precisamos de um contrapoder popular nos locais de trabalho e bairros, como anticorpos contra o fascismo, com antecipação de outros valores, como a melhor ferramenta para permitir a transformação social radical que precisamos, essas eleições devem nos servir como uma chamada de atenção, como uma chamada à reflexão, não só para a ação, sobre a urgência da construção desde os sindicatos, dos ateneus, das assembleias de vizinhos e populares, dos centros sociais e ocupações rurais uma alternativa real e cotidiana com os milhões de trabalhadores e trabalhadoras que não votaram, mas que também não se organizam em um sindicato, nem saíram às ruas para defender seus direitos. Uma alternativa desde a solidariedade e da luta, também para aqueles que podem ser tentados a buscar nos bodes expiatórios, que lhes acenam desde a classe política e das oligarquias, a solução para seus problemas.
É hora de colocar as necessidades básicas da classe trabalhadora em primeiro plano, o Pão, o Trabalho, o Teto e a Dignidade, que gritamos coletivamente por ruas e estradas; tempo para construir ferramentas eficazes para a luta, desde baixo e buscando alianças; hora de se situar na primeira fila na defesa dos direitos e conquistas que certamente o governo da Junta, independentemente de sua composição, vai tentar minar, com o aprofundamento das políticas neoliberais que já estávamos sofrendo e que sempre escondem atrás de seus slogans eleitorais vazios, agravando ainda mais a situação de desemprego e precariedade.
O regime surgido da transição se desfaz e evidencia, o que deve ser para aqueles que o têm desafiado desde a sua criação, não sem preocupação e incerteza, uma oportunidade de fazer progressos para uma sociedade alternativa, mais justa e solidária.
Se não o fizermos, se não construirmos alternativas reais, também seremos responsáveis pela deriva fascista que se adivinha e que bebe do desespero e do ódio para os mais fracos como a principal válvula de escape. Portanto, temos que fazer realidade nosso chamado para se organizar e lutar.
Comitê Regional CNT Andaluzia
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
o azul mais azul
além do cetim da safira
e do lápis-lazúli
Cláudio Daniel
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Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…