Aconteceu novamente, e então o fogo veio. Minneapolis se levantou por George Floyd e por todos aqueles que podem vir a ser no futuro. Nosso coração se encheu quando as notícias de carros de policiais bastardos esmagados e lojas saqueadas foram chegando, nos sentimos energizados e comovidos e sabíamos que não podíamos ficar parados. A revolta exige participação ativa, não espetáculo.
Um grupo de aproximadamente 40 pessoas, todas de preto, reuniu-se em Percival Landing com placas e faixas adornadas com várias versões de “foda-se a polícia (fuck the police)” e “descanse em paz George Floyd (rest in peace George Floyd)”. Sinalizadores de fumaça e fogos de artifício foram disparados, folhetos explicando o que estava acontecendo foram entregues aos motoristas e as pessoas que estavam passando. Estava tudo quieto, exceto nos momentos em que as pessoas buzinavam em apoio e todos nós agitávamos. Seria uma boa ideia trazer um batuque na próxima vez?
O que realmente me surpreendeu foi quanto apoio estávamos recebendo. Parecia que todos os carros estavam nos aplaudindo, uma pessoa passou tocando a música “Fuck The Police” do NWA, e em alguns momentos algumas pessoas até se juntaram a nós. Isso foi refrescante, pois é fácil se sentir isolado, especialmente em uma cidade tão pequena, onde às vezes parece que todo mundo está contra nós, mas claramente não é o caso.
Ficamos neste cruzamento por cerca de uma hora – sem policiais à vista, o que também foi surpreendente – e depois fomos caminhar na rua. Descemos a rua 4, cantando em voz alta ACAB – ALL COPS ARE BASTARDS (TODOS OS POLICIAIS SÃO BASTARDOS), marcamos “fuck 12 (foda-se 12)” enquanto seguíamos e continuamos a distribuir folhetos para transeuntes e motoristas. Até então, tudo estava bem manso (mas com boa energia) até chegarmos ao poço. Haviam algumas pessoas por lá que ficaram super energizadas quando chegamos e havia uma grande energia, as pessoas então abriram e saltaram sobre o portão e imediatamente derrubaram a cerca e a arrastaram para a rua para agir como uma barricada. Ficamos lá por um minuto antes de um carro e uma moto dos policiais aparecerem, mas todos estávamos sentindo a energia.
O poço tem sido um local de luta contra a gentrificação e agora é comum tentar derrubar a cerca em ações. A cerca existe apenas para o bem-estar emocional dos pequenos empresários e proprietários que administram o centro de Olympia.
A certa altura, a cerca foi movida para o final do cruzamento e alguns dos carros que estavam presos à espera foram deixados passar, mas alguém atravessou a barricada da cerca e quase atingiu alguns de nós. Naquele momento, o carro policial que estava esperando entrou separando as pessoas e mais bastardos começaram a aparecer, então as pessoas sentiram que era hora de partir. A dispersão foi um pouco complicada porque era de dia, não havia ninguém por perto e todos estávamos sendo seguidos. Mas, indo contra o tráfego nos bairros, as pessoas conseguiram fugir.
Reflexões
Olympia geralmente tem estado quieta, então esse foi um energizante começo, um lembrete de que podemos simplesmente fazer a coisa certa. Duas das coisas que mais me impressionaram foram: 1) esse evento foi promovido no último minuto abaixo do radar por meio de nossas redes, o que mostra a força de nossas redes para mobilização, mas, por outro lado, talvez pudéssemos fazer ainda mais se espalhássemos a chamada de forma mais ampla? Como podemos utilizar nossas redes e atrair outros? Algumas das maiores e mais inspiradoras ações foram possíveis devido a disseminação fora das redes anarquistas. Junto com isso, houve alguma confusão na chamada: seria um evento parado ou um evento com todos de preto? É importante se comprometer desde o início para que as pessoas possam vir preparadas de acordo. Felizmente, Olympia tende a ser versátil, então parecia que as pessoas vieram para qualquer coisa.
A outra coisa foi que, embora não houvessem muitos de nós, decidimos bloquear todas as faixas de tráfego, o que é mais perigoso para nós quando não estamos ocupando completamente as ruas, isso é mais exemplificado pelo carro, que passou por cima da barricada. Talvez a lição real seja construir barricadas melhores? Junto com isso, taticamente barricadas fazem sentido? Nas cidades maiores, onde o capital entra e sai pelas ruas muito mais, faz sentido, mas o que estamos bloqueando no centro de Olympia? Não muito honestamente. Seria diferente se estivéssemos tentando bloquear a interestadual.
Em seguida, é óbvio que a polícia está treinando. Embora tenham demorado muito tempo para responder, como normalmente acontece quando eles não nos esperam, durante a dispersão ficou claro que eles estavam muito mais ativos e muito melhores em circular ao nosso redor. O centro da cidade é construído para eles, não para nós, e quando eles começarem a trazer mais policiais para as ruas, ignoraremos isso por nossa conta e risco.
O pensamento final foi: o centro da cidade era o melhor terreno para essa ação? Talvez isso seja mais subjetivo, mas o centro da cidade é vazio e, devido ao COVID-19, está mais vazio do que o habitual. Não há nada lá e é firmemente o terreno dos proprietários, senhorios e policiais. Talvez faça mais sentido mudar-se para os bairros ou para o lado oeste? Quais são as maneiras criativas que possamos fazer isso?
Em suma, foi emocionante e energizante voltar às ruas. É importante que algo tenha acontecido, e é melhor que tenha sido assim. Mas isso não pode ser apenas um evento isolado, a solidariedade deve ser constante e pode ser uma maneira de construir e expandir nossa capacidade de ataque. Esse ponto é fundamental, porque é óbvio que estamos um pouco enferrujados nas ruas. Precisamos de uma memória viva e de uma PRÁTICA viva de revolta ativa. Isso nos tornará mais bem equipados para os próximos confrontos e enviará mensagens mais fortes de amor e raiva para aqueles que estão se revoltando em outros lugares.
Descanso em poder para George Floyd e todas as pessoas sem nome assassinadas pelos bastardos.
Nossa vingança será mais forte que a justiça.
An Olympia Troublemaker
Fonte: https://pugetsoundanarchists.org/olympia-for-george-floyd-this-is-just-the-beginning/
Tradução > A. Padalecki
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