[Espanha] Balanço de um ano de Covid-19

Passou um ano desde que a pandemia do Covid-19 chegou ao nosso país. Um ano que deixou patente que só através de serviços públicos podemos ter uma boa qualidade de vida e ao mesmo tempo nos assinalou suas necessárias melhoras. O que teria acontecido se nossa saúde, se nosso transporte público, se nossas residências, se nossos serviços sociais, se nossa produção farmacêutica tivessem toda a estrutura e o financiamento necessários?

A gestão e a contenção da pandemia teria sido muito diferente se nosso sistema sanitário se baseasse na atenção primária comunitária. Este projeto de saúde pública está baseado nos programas de saúde comunitária que tem em conta os aspectos físicos, mentais, sociais, laborais e ambientais que interferem nas enfermidades com especial atenção na prevenção e promoção da saúde. Reduzindo assim a deriva medicalizadora do sistema. Este modelo nos dá umas ferramentas epidemiológicas muito importantes tanto para controlar epidemias como para a gestão geral da saúde pública.

A semiprivatização de nosso sistema de saúde conseguiu que durante as três ondas os centros sanitários tenham colapsado. Diversas organizações já alertam de suas consequências mais além das vítimas do Covid-19 pela falta de detecção precoce e da interrupção de tratamentos. O que saberemos nos próximos anos é a gravidade delas. Portanto é fundamental reverter uma privatização que só serve para criar provisórios, e melhorar o modelo sanitário.

Este projeto de saúde pública está baseado nos programas de saúde comunitária que tem em conta os aspectos físicos, mentais, sociais, laborais e ambientais que interferem nas enfermidades com especial atenção na prevenção e promoção da saúde.

A comunidade inteira temos que participar na gestão do sistema sanitário e de nossa própria saúde. Uma gestão democrática implica em medidas legítimas que teriam evitado muitas das violações a nossos Direitos Fundamentais.

O modelo de residências privadas fracassou. Ante a falta de vontade política para investigar a gestão durante a pandemia será difícil conhecer todas as negligências ocorridas, mas as cifras falam por si sós, 43% das pessoas falecidas, foram em residências. O modelo volta a se apresentar como uma fraude perversa: ao mesmo tempo em que se deixa que as multinacionais que controlam as residências ganhem milhares de milhões, lhes permite o espanto quando há uma crise, com dezenas de milhares de mortos no meio. O modelo público volta a ser a única alternativa.

Também a compra e administração das vacinas está sendo uma fraude. A UE (União Europeia) oculta os contratos com as farmacêuticas, dos quais sabemos muito pouco. Uma das poucas coisas certas é que os fundos públicos financiaram a investigação, o desenvolvimento, a capacidade produtiva, mas as patentes resultantes são privadas. Estamos pagando quatro vezes o valor da vacina. É intolerável que em meio da maior crise sanitária em décadas, os governantes anteponham o mais obsceno benefício empresarial a nossas vidas. Exigimos a liberação das patentes. Exigimos um sistema farmacêutico público que atue sob critérios científicos.

Liberdade é o Direito a uma vida digna. Liberdade é, por exemplo, o Direito a receber o tratamento sanitário adequado sem importar se podes pagá-lo. Deveríamos recordar mais frequentemente que esta conquista é pouco frequente em outros lugares do mundo, que em outros países desenvolvidos se não podes pagar um tratamento a tua enfermidade, morres ou ficas inválido e está tudo bem. Deveríamos recordá-lo mais frequentemente porque a deterioração da qualidade do serviço público ataca nosso Direito a uma vida digna, apesar de que a propaganda das elites o vendam como se fosse liberdade.

Fonte: https://cgtmurcia.org/balance-de-un-ano-de-covid-19/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Desfolha-se a rosa.
Parece até que floresce
O chão cor-de-rosa.

Guilherme de Almeida