Desde as últimas eleições, políticos de todos os tipos têm tido uma grande ressaca. É preciso dizer que as sacrossantas eleições regionais e departamentais não entusiasmaram as multidões.
No total, durante os dois turnos, e apesar da procrastinação dos cães de guarda do sistema representativo, dois terços dos eleitores registrados abandonaram os postos de votação. Só podemos nos regozijar!
Não que esta abstenção maciça seja particularmente consciente, revolucionária ou anarquista, mas porque é pelo menos o sinal de uma generalização farta das mentiras, das falsas promessas e da arrogância daqueles que afirmam nos representar.
É um bom começo, e os resultados deste descontentamento generalizado são bastante impressionantes. Entre os partidos que disputam o poder político, é uma rotina.
Para simplificar, a esquerda, mesmo em coalizão, não convence mais muitas pessoas com seu “progressivismo” de papelão.
Por sua vez, a direita conservadora continua a fantasiar sobre a satisfação de seus constituintes.
A maioria presidencial está levando uma surra monumental.
A extrema-direita, por sua vez, está descobrindo com horror que tem apenas um pequeno, embora grande demais, círculo eleitoral de convicção e que não provém de nenhum movimento popular.
O destaque do programa é que a taxa de não participação nas eleições significa que os representantes eleitos, tanto nas regiões como nos departamentos, raramente são eleitos com mais de 20% dos votos dos inscritos.
Todos concordarão que isto revela claramente a ilegitimidade do poder que as instituições representativas republicanas exercem sobre todos nós.
No dia seguinte aos resultados, pudemos ver editorialistas, ideólogos e gerentes de todo este ferro-velho partidário se entusiasmando na TV e nas redes sociais com “uma democracia sem eleitores não é uma democracia” (Mélenchon), “fazer a abstenção ganhar é fazer a democracia perder” (Castex), ou “você deve votar” (Le Pen).
Esta é a prova da eficácia da abstenção que, num contexto de fragmentação do movimento social, faz com que nossos opressores reajam mais do que uma previsível “jornada de ação” realizado com pouco espaço de manobra e pouco apoio – participação – por parte das centrais sindicais.
Em outras palavras, sem nossos votos para alimentar a máquina que lhes dá todo o seu poder, eles não são nada.
Escusado será dizer que nós anarquistas convidamos todos os abstencionistas a repetir sua façanha nas eleições presidenciais e legislativas do próximo ano. Vamos além do simples protesto, amplifiquemos a greve de votação e semeemos os ideais emancipatórios em direção ao florescimento da anarquia.
Para nós, não vamos votar (incluindo votos em branco, porque o voto em branco é a utilização de um instrumento fictício deixado ao nosso alcance para nos enganar) é:
- Lutar eficazmente contra a ameaça imediata do fascismo;
- Minar a chamada legitimidade dos representantes eleitos e dos partidos que nos oprimem, nos reprimem e se enriquecem às nossas custas (note que isto não significa que eles recusariam o poder);
- Rejeitar os temas hipócritas e nauseabundos da campanha que impedem a emancipação da humanidade;
- Rejeitar o sistema representativo, ou seja, o regime político segundo o qual seríamos obrigados a nos dar senhores para governar nossas vidas em nosso lugar;
- Ajudar a destruir os efeitos perversos e debilitantes do poder político em nossa sociedade;
É claro que a abstenção é apenas uma ferramenta simples que não pode fazer nada sozinha. Ela deve ser ampliada pela construção, de forma autônoma, horizontal, coletiva e consensual, de iniciativas e redes adaptadas às necessidades da humanidade e de seu meio ambiente. O Estado, o capitalismo e seus derivados não cairão sem uma amplificação e uma participação ativa e implacável nas lutas sociais.
É claro que primeiro devemos rejeitar as eleições a fim de quebrar nossas correntes: caso contrário, permaneceremos indefinidamente na posição insuportável do escravo que aceita o jugo que o oprime.
Portanto, sem concessões. Também não há culpabilidade.
Àqueles que, à direita e à esquerda, tentam criminalizar o ato de abstenção, respondamos alto e claro: “O criminoso é o eleitor” (Albert Libertad).
Abstenção! Autogestão! Revolução!
Viva a anarquia!
O Grupo Graine d’Anar, Lyon e arredores, membro da Federação Anarquista
Fonte: https://grainedanar.org/2021/07/13/pour-les-politicards-le-reveil-est-difficile/
Tradução > Liberto
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agência de notícias anarquistas-ana
casca oca
a cigarra
cantou-se toda
Matsuo Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!