Josep Pimentel mistura realidade e ficção em ‘La maleta’, através da qual percorre a revolucionária Barcelona de 1936, a Frente Aragão e as coletivizações.
Por Candela Canales | 16/04/2022
Eliseo é um trabalhador, filho de migrantes do sul da Espanha, que se mudou com sua família para Barcelona no primeiro terço do século XX, primeiro no bairro chinês e depois no bairro da classe trabalhadora de Poblenou. Ele é “um exemplo de um anarco-sindicalista que se tornou um anarco-sindicalista através das lutas dos trabalhadores na fábrica”.
Sua história não é uma história verdadeira como tal, é um compêndio de histórias de diferentes pessoas que Josep Pimentel fundiu para falar sobre o anarco-sindicalismo e as lutas dos trabalhadores.
A viagem de Eliseo vai da fábrica de Barcelona, onde ele começou a luta obreira, até a frente de Aragão, onde chegou como parte da Coluna Ortiz. “Eu não queria fazer guerra, eu queria participar da construção da revolução. Eu sabia que para fazer isso era necessário esmagar o fascismo e é por isso que decidi juntar-me à Coluna Ortiz com a intenção de participar dos coletivos agrários”, relata Pimentel no livro.
Ele também destaca a coletivização, que foi “muito importante” em Aragão, “especialmente nas áreas que aparecem no livro”. Eu me concentrei em Oliete, Hijar, Alacón e Albalate porque eles têm sido áreas um tanto esquecidas e eu queria dar-lhes a importância que merecem”.
“Sua história, seu nascimento e sua história familiar é inspirada por Pedro García Martínez, que é uma pessoa que viveu eventos similares aos vividos por Eliseo. Sua personalidade e parte da história que ele explica é inspirada por outras pessoas ou situações nas quais Pedro não participou, e também por documentos de arquivo. Ela tem algo de minha mãe, que morreu de câncer pancreático, uma doença de que Eliseo sofre. E também tem um pouco de muitas das histórias pessoais que conheci e li ao longo de minha vida, daqueles trabalhadores que lutaram por um mundo melhor e o conseguiram, mesmo que tenha sido por um pequeno período de suas vidas”, explica Pimentel.
“O objetivo do livro era reconstruir a história do anarco-sindicalismo e das lutas dos trabalhadores, tudo através de vários personagens que caracterizam algumas das figuras ou correntes que compõem o movimento operário e mostrar a versão dos “esquecidos pela história, para dar voz àqueles que não a tiveram”.
Pimentel enfatiza o quanto a recuperação da memória histórica está se mostrando cara no campo do anarco-sindicalismo. “A parte republicana ligada aos partidos políticos havia sido recuperada, mas a parte ligada ao anarco-sindicalismo havia sido muito menos tocada, tendo em mente que o movimento da CNT havia sido o movimento de trabalhadores mais poderoso da Europa”.
“Todos temos histórias e muitas delas foram armazenadas em malas velhas, que se perderam no decorrer da história. Chamar o livro ‘A Mala’ é uma forma de falar do esquecimento, do silêncio, do fato de muitas pessoas terem sido silenciadas por causa da repressão e do silêncio”, explica o autor.
Pessoas comuns
Para isso, Pimentel concentra seus estudos nas pessoas de base, “que não tiveram a oportunidade de compartilhar sua voz, que é outro dos objetivos, de fazer das pessoas comuns os protagonistas da história”.
Não apenas a história de Eliseo, Pimentel cria três personagens que encarnam os principais perfis dos trabalhadores combatentes da época. Flora é de origem aragonesa, ela é de uma família de campo que se estabelece em outro bairro de Barcelona e seus pais e família estão ideologicamente envolvidos através dos grupos excursionistas ou das escolas.
Também faz parte da história Sebastián, uma pessoa de classe média alta originária do interior de Tarragona que, em nome dos ideais, decide renunciar aos privilégios de sua família.
Aparece outra figura, Karl, um brigadista internacional que vem à Espanha para lutar contra o fascismo, encarna muitos dos lutadores pela liberdade e contra o fascismo, o idealista romântico que vem pelas ideias e que quer participar da revolução para deter o fascismo. “Foi uma geração única e irrepetível de homens e mulheres. Eles eram nossos irmãos. Eles entenderam que uma batalha crucial estava sendo travada contra o fascismo no anel peninsular e que tinha que ser travada”, diz Pimentel.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Olhando bem
O cafezal, na verdade,
São laranjeirinhas…
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!