Por Biblioteca Carlo Aldegheri
“No princípio, eu andava pela Liga Anticlerical junto com os meus irmãos. Aí eles começaram a fazer umas festas, com representações, e ia gente que eu não conhecia. Depois começaram as primeiras greves de que eu tenho conhecimento. No dia 1º de maio de 1919 – nessa época os trabalhadores já eram dirigidos pelos anarquistas – foi organizado um grande comício na Praça Mauá. Da Praça Mauá o povo veio andando até o Monroe pela Avenida Rio Branco, cantando o ‘Hino dos Trabalhadores’, ‘A Internacional’ e ‘Filhos do Povo’. Não tinha espaço para mais nada.
Naquela época não havia microfone, então havia quatro oradores falando ao mesmo tempo em pontos diferentes. Lembro-me de um que era gráfico, o Carlos Dias, e de outro da construção civil, o Domingo Passos. Depois desse comício, algumas moças resolveram criar o sindicato, e no dia 18 de maio de 1919, fundou-se a União das Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas. Éramos eu, a Elisa Gonçalves de Oliveira, a Aída Morais, a Isabel Peleteiro, a Noêmia Lopes. E aí a União começou logo a se exercitar. Era dirigida por uma comissão executiva, nos moldes anarquistas (…).
Na última semana do mês de abril de 1920, os trabalhadores de outros sindicatos resolveram fazer o 3º Congresso Operário Brasileiro. E convidaram a União das Costureiras para participar. Foi feita uma assembleia na União, e foram eleitas duas representantes: eu e a Noêmia Lopes. Eu era um pouco inibida nessa ocasião, não me achava com grande possibilidade de conversar, de dissertar sobre os assuntos. Sabia o que queria, mas não sabia me expressar. Mas presidi a última sessão do Congresso, quiseram que eu presidisse”.
Depoimento de Elvira Boni realizado em 1983. Na foto em destaque, ela presidindo a sessão de encerramento do 3º Congresso Operário Brasileiro (1920).
>> A Biblioteca Carlo Aldegheri é um centro de documentação e memória anarquista, fundado em 2012, em Guarujá-SP. Contato: nelca@riseup.net
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