O coletivo anarquista grego Rouvikonas, de Atenas, e outras forças radicais manifestaram-se no passado sobre a presença de uma ditadura de baixa intensidade, ou seja, a tentativa de abolir todos os direitos e liberdades civis deixados dentro dos limites “democráticos” sob o reinado do partido Nova Democracia.
Eles exigem hegemonia absoluta e estão construindo-a passo a passo, avançando de forma constante e tortuosa contra todas as frentes de lutas sociais.
Os exemplos são incontáveis: a abolição do direito à greve e a criminalização da organização sindical, os escândalos das escutas telefônicas, as execuções extrajudiciais de pessoas com a cor de pele “errada” pelas mãos da polícia após escapar de uma blitz de trânsito, imigrantes se afogando em massa para chegar à Europa e a normalização desses eventos nos meios de comunicação e na sociedade, o deslocamento forçado de habitantes dos centros das cidades para dar lugar aos rebanhos turísticos, a gentrificação da zona de Exarchia através da construção de uma estação de metrô e da repressão. Vemos até mesmo a violação do seu próprio “texto sagrado”, a Constituição, com a privatização das universidades, campanhas por penas mais duras e rigorosas que conduziram à recente revisão do código penal que permite ao Estado prender quem quiser sob o pretexto de combate ao terrorismo.
Inúmeros exemplos que são apenas a ponta do iceberg. Neste momento, nos encontramos nos limites da luta final contra a liberdade de expressão.
Prisão e o futuro da repressão
No dia 8 de Maio o nosso companheiro G.K. foi preso por um esquadrão antiterrorismo por uma postagem nas redes sociais. Durante a sua detenção, ele foi transportado constantemente sob a mira de armas por vários guardas, algemado e forçado a usar um colete à prova de balas. Apenas por uma postagem nas redes sociais.
Não é a primeira vez que um dos nossos membros é preso por tal ação. No entanto, é uma novidade que as acusações sejam feitas com base no terrorismo e ao abrigo do referido código penal draconiano e absurdo. É a primeira vez que um militante pode ser preso apenas por expressar o seu pensamento.
Como Rouvikonas, fizemos as nossas escolhas em termos das nossas formas de luta, fizemos publicamente e continuamos a trilhar esse caminho com pleno conhecimento do que nos espera. As nossas escolhas são bem conhecidas e o Estado tenta rotulá-las como “terrorismo” desde sempre.
Definitivamente não é uma coincidência como tal prisão do nosso companheiro aconteceu num momento em que uma investigação judicial que rotula Rouvikonas como uma “organização criminosa” está em andamento. Seria, no entanto, um erro considerar isto uma vingança pessoal contra nós. A sua verdadeira vingança é contra toda a base da sociedade e o que eles tentam desesperadamente evitar é exatamente a reação social que inevitavelmente surgirá contra eles.
Neste momento estamos diante do último bastião, o da liberdade de expressão. Se companheiros forem presos por tal motivo, então o inimigo já violou os seus portões. O tempo de uma ditadura de baixa intensidade está a chegar ao fim, começa uma ditadura plena. Da nossa parte continuaremos o que sempre fizemos e faremos melhor, com maior intensidade e frequência, mesmo que nos encontremos atrás das grades.
Nunca é demais repetir, no entanto, é que esta não é uma disputa “Rouvikonas vs Nova Democracia”. Isto diz respeito a todas as pessoas que não fazem parte da sua trama. Cada uma que é politicamente ativa, cada radical, cada pessoa de pensamento progressista deve refletir sobre isto: onde é que isto leva, como é que isto termina, como é que esta situação pode ser superada?
Essas perguntas exigem uma resposta, aqui e agora. Porque se uma ditadura se estabelecer, não haverá escolhas a fazer. As ditaduras só caem de poucas maneiras e muito específicas…
Atualização: o companheiro G.K. foi condenado a 6 meses de prisão em liberdade condicional, mas não como “terrorista”. Toda solidariedade segue ativa!
>> NOTA DO COLETIVO ROUVIKONAS <<
SOLIDARIEDADE AO COMPANHEIRO DO COLETIVO ROUVIKONAS PRESO PELO ESTADO GREGO SOB ACUSAÇÃO DE TERRORISMO
No dia 8 de maio, por meio de uma operação midiática, o Estado grego enviou policiais do esquadrão antiterrorismo fortemente armados para prender o companheiro G. K., integrante do coletivo anarquista Rouvikonas. Ele foi sequestrado, algemado, forçado a usar um colete a prova de balas ao mesmo tempo em que foi mantido permanentemente sob a mira de armas de grosso calibre. A acusação absurda de terrorismo tinha como base uma postagem na rede social feita por ele contra a asquerosa presença policial na praça de Exarchia, bairro com intensa presença de grupos antiautoritários e amplo histórico de resistência na capital grega.
O contexto de repressão do Estado grego, ampliado sob o governo do partido Nova Democracia, inclui a abolição do direito à greve e a criminalização da organização sindical, escutas telefônicas, execuções racistas de pessoas não brancas por escaparem de uma blitz de trânsito, o massacre de imigrantes que são deixados morrer afogados enquanto tentam chegar à Europa, o recrudescimento do código penal, o deslocamento forçado de pessoas que vivem nos centros das cidades pelo mercado imobiliário, transformando as regiões em “áreas turísticas”. Em Exarchia, isso se manifesta especialmente com a construção de uma estação de metrô e a presença policial ostensiva, esta última tema da postagem do companheiro, utilizada para acusá-lo de terrorismo. Após ser levado ao tribunal, a acusação de terrorismo não foi mantida, porém, mesmo assim, o condenaram a 6 meses de “liberdade” condicional.
Como o coletivo afirma em uma nota divulgada após a prisão, “não é a primeira vez que um dos nossos membros é preso por tal ação. No entanto, (…) é a primeira vez que um militante pode ser preso apenas por expressar o seu pensamento”. Vale lembrar que simultaneamente à operação policial recente, o grupo é alvo de outra investigação que acusa integrantes de fazerem parte de uma organização criminosa.
Ainda na nota, completam: “Da nossa parte continuaremos o que sempre fizemos e faremos melhor, com maior intensidade e frequência, mesmo que nos encontremos atrás das grades”.
Solidariedade irrestrita a G. K. e demais presxs da guerra social!
Ninguém fica para trás!
Morte ao Estado y que viva a anarquia!
faccaoficticia.noblogs.org
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agência de notícias anarquistas-ana
Porque não sabemos o nome
Tenho de exclamar apenas:
“Quantas flores amarelas!”
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!