É hoje o dia da alegria, e a tristeza
nem pode pensar em chegar.
G.R.E.S. União da Ilha do Governador
Forte, andar malemolente, sorriso largo no rosto, olhos verdes alumbrados, tranquilamente atravessou o Largo do São Francisco na direção da Assembleia Popular em frente ao IFICS-UFRJ, em 2013. Parou no entorno da roda assembleiaria e de lá seus olhos atentos e curiosos perambulavam pelos corpos, pelos prédios, enquanto seus ouvidos o faziam sorrir dos discursos animados pela luta contra o aumento dos 0,20$ centavos.
Ao fim da assembleia um companheiro anarquista paulistano radicado no Rio nos apresentou. Então fomos a um bar na praça Tiradentes, beber e comer. Ele nos contou da situação social na Itália, na França, na Espanha – especialmente em Madrid, cidade amada por ele -. Estávamos felizes de nos conhecermos. Entre um copo e outro da cerveja brasileira que ele tanto gostava, ele buscava saber mais da situação social no Brasil. Juntaram-se a nós mais companheiros anarquistas que atuavam nas outras assembleias populares na cidade. Brindamos ao internacionalismo, a boa bebida e a boa comida: saúde e anarquia! Desde então, nos tornamos amigos irmãos da anarquia, da vida e da boemia.
Quem era este homem? Para muitos era professor de italiano, biógrafo, economista, historiador. Escolheu este canto do mundo para viver, a cidade do Rio de Janeiro. Aqui produziu dois pós doutorados em história, trabalhou como professor de língua italiana, tradutor, e professor universitário em história contemporânea com temas anarquistas. Mas, a academia não era suficiente. Pois, observava, com seu espírito investigativo e criativo, as correntes que atavam a produção historiográfica e impediam a renovação docente nas universidades. Estudou, trabalhou, pesquisou, proferiu conferências, publicou textos, integrou grupos de pesquisas em várias universidades no Rio e fora do Brasil.
Para nós, um companheiros, um amigo, um irmão oferecido pelo insinuante absurdo da vida. Giovanni apaixonou-se pelo Brasil, apaixonou-se pelo Rio de Janeiro, onde gozava da praia, da cerveja de garrafa e dos petiscos deliciosos dos seus apaixonantes “butecos pé sujo”. Sobreviver não era de seu feitio. Fosse em reuniões, jogos de futebol, assembleias, grupos de trabalho encontros particulares, – era difícil estar na mesa em um restaurante ou bar e não sermos interrompidos por algum conhecido ou amigo dele -, a disposição e disponibilidade para o bem e o bom, para solidariedade e o apoio desinteressado embalava a todos nós e contagiava com alegria inconfundíveis. Comentávamos sempre entre nós: com a alegria a vida vai melhor.
Foi assim que o Giovanni entrou nas nossas vidas e no grupo que fundaria a Liga Anarquista no Rio de Janeiro e em seguida fundaria a Iniciativa Federalista Anarquista no Brasil, hoje União Anarquista Federalista. Trabalhou dando o seu melhor para o nosso Rio de Janeiro Libertário, lutou pela justiça social para um Brasil Anarquista. Sempre leal, um internacionalista, em 05 de novembro de 2024 partiu para uma nova viagem em outro plano. Nos beijou sorrindo a partida, e com seu sopro de vida deixou este mundo prenhe de mais liberdade, de mais justiça e revolucionariamente alegre.
A Liga Anarquista no Rio de Janeiro e União Anarquista Federalista celebram sua vida e memória.
Giovanni, viva companheiro e irmão, que a terra te seja leve.
uafbr.noblogs.org
agência de notícias anarquistas-ana
Noite de silêncio
Uma moça na janela
Contempla a neblina
Tânia Souza
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!