Inicialmente, o Dia Internacional da Mulher era um dia de luta das mulheres trabalhadoras por liberdade e igualdade. Suas raízes remontam aos protestos trabalhistas femininos do final do século XIX e início do século XX, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. As mulheres exigiam jornadas de trabalho mais curtas, salários decentes e o direito de votar.
Um momento importante foi a criação do Dia Internacional da Mulher, iniciado por socialistas, incluindo Clara Zetkin, em 1910. Tornou-se um dia de protesto contra a exploração, a dupla opressão das mulheres (tanto de classe quanto de gênero) e a violência.
Revolução e traição à ideia
A perspectiva anarcofeminista é especialmente evidente na história do 8 de março na Rússia. Em 1917, foram as mulheres que saíram às ruas de Petrogrado exigindo “Pão e Paz”, o que marcou o início da Revolução de Fevereiro. Entretanto, após a chegada dos bolcheviques, o socialismo de Estado suprimiu os movimentos independentes de mulheres, subordinando-os às estruturas partidárias. Isso demonstra um problema típico: o Estado explora movimentos revolucionários, centraliza o poder e limita seu potencial radical.
Cooptação capitalista
Desde meados do século XX, o dia 8 de março gradualmente se transformou em um inofensivo “feriado de primavera e feminilidade”. A União Soviética fez dele um feriado nacional, mas retirou sua essência antissistêmica. Nos países capitalistas, ele foi transformado em um dia comercial para venda de flores e presentes. Assim, o patriarcado e o capitalismo juntos tornaram este dia de luta inofensivo.
Visão anarquista feminista contemporânea
Hoje, o anarcofeminismo busca devolver o dia 8 de março ao seu significado original: um dia de solidariedade e resistência. Em vez do feminismo de Estado, subordinado às estruturas burocráticas, e do feminismo liberal, integrado ao sistema capitalista, o anarcofeminismo oferece às mulheres:
- a luta contra todas as formas de opressão, incluindo o Estado, o capitalismo, o patriarcado, o racismo e a heteronormatividade,
- apoio a grupos de mulheres auto-organizados e estruturas horizontais em vez de soluções institucionais,
- restaurando o espírito de ação direta, greves e resistência antipatriarcal.
O 8 de março não é um feriado, mas um dia de luta. Sua história mostra como ideias radicais podem ser roubadas pelo sistema, mas também como podem ser trazidas de volta. Para o anarcofeminismo, o dia 8 de março não é sobre flores e presentes, mas sobre rebelião, solidariedade e destruição de todas as formas de opressão.
Fonte: canal do Telegram “Black Speaker”
agência de notícias anarquistas-ana
tu conheces pelo coração
a gramática do meu corpo
e seu dicionário
Lisa Carducci
parabens
Parabéns pela análise e coerência.
Olá Fernando Vaz, tudo bem com você? Aqui é o Marcolino Jeremias, um dos organizadores da Biblioteca Carlo Aldegheri, no…
Boa tarde, meu nome é Fernando Vaz, moro na cidade de Praia Grande. Há mais de 4 anos descobri que…
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