[Espanha] Frente ao rearmamento europeu, desobediência e insubmissão social

Em uma reunião extraordinária dos 27 países da União Europeia, foi aprovado no dia 6 de março um programa de rearmamento sem precedentes, que soma 800.000 milhões de euros em quatro anos para enfrentar a suposta “ameaça da Rússia”.

O plano apresentado pela presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, inclui a flexibilização das regras fiscais para que os países aumentem os gastos militares.

Pedro Sánchez não demorou a demonstrar publicamente seu apoio a este programa de rearmamento e seu compromisso de alcançar 2% do PIB em gastos com defesa até o ano de 2029. Antecipando-se ao que foi acordado em 2022 no âmbito da cúpula da OTAN em Madrid. Portanto, o Estado Espanhol deverá aumentar os gastos militares em mais 20.000 milhões de euros.

Para cumprir com os compromissos do plano ReArm Europe, o Estado espanhol deverá aumentar este ano o orçamento militar em 3.500 milhões de euros, mantendo um gasto de 23.897 milhões de euros a cada ano até 2028. Gastos que, sem dúvida, vão afetar gravemente os gastos sociais.

Já em 2023, o gasto militar conjunto dos países da UE aumentou 16%, o que representa o maior aumento desde a Guerra Fria. No caso espanhol, o orçamento oficial para gastos militares praticamente se duplicou ao incluir os gastos comprometidos em outras partidas ministeriais, superando assim durante vários anos os 2% do PIB em investimento total em armamento, conforme denunciado pelas organizações antimilitaristas.

Esta é a dinâmica observada em toda a Europa nos últimos anos. Segundo o Centre Delàs, em 2021, as cinco principais empresas beneficiárias dos projetos do Fundo Europeu de Defesa — Leonardo, Thales, Airbus, Saab e Indra — receberam mais de 30% de financiamento. Por países, os principais beneficiários são França, Itália, Espanha e Alemanha, que, em conjunto, recebem quase dois terços (65,1%) de financiamento total.

Os gigantes europeus vêm aumentando seu valor há meses, como a alemã Rheinmetall, que subiu 85% na bolsa neste ano, seguida pela francesa Thales com um aumento de 72%, a italiana Leonardo com 65%, e a espanhola Indra com 46%. Por sua vez, a britânica BAE Systems subiu 13,36%, apenas nos últimos dias após o anúncio de rearmamento europeu.

Estamos diante de um negócio lucrativo do qual os governos europeus não pensam abrir mão. E onde o Estado Espanhol é um dos principais beneficiários.

A lógica militarista da Europa se assenta na economia de guerra, para consolidar um processo de rearmamento que começou há muitos anos. Enquanto se ouvem tambores de guerra e se implementam planos para reativar o serviço militar com diferentes modalidades.

Um mundo controlado por oligarquias que competem entre si pelo controle dos recursos e pela hegemonia econômica internacional, reproduzindo as mesmas dinâmicas coloniais e extrativistas de sempre, onde os governos europeus nos conduzem a um cenário bélico perigoso. Porque o capitalismo já não pode oferecer outra coisa além da guerra como forma de escapar de suas próprias contradições, para iniciar um novo processo de acumulação baseado na destruição e na morte.

O Feminismo e as lutas anticoloniais dos últimos anos nos ensinaram que o Capitalismo transformou o conflito Capital – Trabalho em um conflito Capital – Vida.

Frente a essa lógica da morte, as organizações que se definem como anarcosindicalistas, de classe, federalistas, internacionalistas e antimilitaristas estamos chamadas a capitalizar o descontentamento e a desigualdade social que será gerado pelo aumento dos gastos militares, com mobilizações pela paz, pela defesa dos serviços públicos, dos direitos humanos e pela proteção do planeta, para transformar a realidade por meio das lutas pela vida.

Desde a CGT, fazemos um apelo à desobediência civil e à insubmissão social, para iniciar um novo processo de mobilização que possa responder à Necropolítica imperante, à altura das grandes mobilizações pela paz que nos precederam, com internacionalismo, apoio mútuo, solidariedade e ação direta. Porque nossas vidas estão em jogo.

Guerra às suas guerras!
Nem guerra entre povos, nem paz entre classes!

Secretariado Permanente do Comitê Confederal da CGT

Fonte: Gabinete de imprensa do Comitê Confederal da CGT

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/03/14/espanha-concentracao-nao-nos-arrastem-para-a-guerra/

agência de notícias anarquistas-ana

Difícil de ler
Este livro em guarani –
Gatos enamorados.

Suinan Hashimoto

Leave a Reply