1º Maio – Memória e Luta. Avançar na Combatividade e Confrontar o Peleguismo

O dia 01° de maio é importante para marcarmos a memória dos mártires de Chicago, trabalhadores anarquistas, que foram assassinados pelo Estado dos EUA e seus capitalistas. No entanto, além da importância de lembrar dos operários que foram condenados à morte e prisão perpétua como Samuel Fielden, Michael Schwab, Oscar Neebe, Adolf Fischer, Albert Parsons, August Spies, Ludwig Lingg e George Engel em um processo que se caracterizou desde o início como irregular e injusto, é fundamental relembrarmos essa data com muita luta.

No passado estes trabalhadores e trabalhadoras lutaram para diminuir a jornada de trabalho, que nos EUA passava de 16 horas diárias. A exploração era enorme. No Brasil, quando esses eventos ocorreram, o país ainda vivia sobre o regime da escravatura. Passado mais de 100 anos, a luta por melhores condições de vida e trabalho continuam.

A Exploração e Dominação que Sustenta o Poder: A Urgência da Luta Sindicalista Revolucionária no Brasil

O Brasil é um país construído sobre a superexploração da classe trabalhadora, onde o capitalismo racista, patriarcal e colonial extrai lucros gigantescos enquanto condena milhões à miséria. Os salários de fome, a precarização avassaladora e a violência estrutural do Estado revelam a face brutal de um sistema que só se mantém porque oprime, assassina, divide e escraviza a classe trabalhadora.

No caso brasileiro, a redução da jornada de trabalho para 44h semanais só atingiu uma parcela da classe trabalhadora, ficando grande parte da classe ainda no trabalho informal que ganhou novas roupagens, com as tecnologias e os discursos de empreendedorismo. Hoje, a luta imediata da classe trabalhadora é: 1) pela redução da jornada de trabalho com o fim da escala 6×1, com 30 horas semanais em 4 dia da semana sem redução do salário/remuneração; 2) pelo aumento da remuneração das empresas de aplicativos; 3) contra violência nas favelas e periferias; 4) por terra e liberdade e 5) pelos direitos sexuais, reprodutivos e econômicos da mulher e população LGBTQIA+

Além disso, os trabalhadores e trabalhadoras negros sofrem ainda mais com a violência estatal que assola as periferias das cidades brasileiras com o genocídio dos jovens negros. As mulheres trabalhadoras por sua vez sofrem diretamente com a falta de direito à reprodução pela sua condição de duplamente, triplamente explorada, com duas, três ou mais jornadas diárias, sem que seu trabalho doméstico seja valorizado e pago e ainda com seu corpo controlado e vigiado.

Trabalhadores e trabalhadoras LGBTQIA+ também são perseguidos e perseguidas, subjulgadas (os) e mortas (os). Homens e mulheres Trans tem expectativas de vida baixíssima e na grande maioria dos casos realizam seus trabalhos em péssimas condições.

Os camponeses, quilombolas, povos ribeirinhos, caiçaras, pescadores e povos indígenas têm seus modos de vida ameaçados com a violência estatal e da burguesia do agro que avançam sobre seus territórios. Não por acaso, todos os anos dezenas são assassinados por pistoleiros e policiais à mando da classe dominante e de políticos.

A destruição ambiental promovida pelo avanço do capitalismo já produz alterações climáticas que tem impactado, sobretudo, as e os trabalhadores mais empobrecidos. O avanço do agronegócio, o latifúndio modernizado, tem destruído o Pantanal, os pampas, a mata atlântica, a Amazônia, a caatinga e o cerrado para produção de comoditties agrícolas. O assassinato de animais e a destruição desses biomas tem avançado todos os anos, ainda que trabalhadores do setor ambiental façam um trabalho hercúleo para impedir tal destruição. A classe dominante está criando uma extinção em massa dos animais e impossibilitando a vida na terra.

Salários de Miséria: A Farsa da “Recuperação Econômica”

Hoje, enquanto o governo Federal do PT e seus aliados celebram números frios de empregos, 60% dos trabalhadores brasileiros sobrevivem com até 2 salários mínimos – menos de R$ 3.000 em um país onde o custo de vida não para de subir. O trabalhador negro recebe 30% menos que o branco, e as mulheres, mesmo mais escolarizadas, ganham 20% a menos que os homens pelo mesmo trabalho. Além disso, 39% de trabalhadores estão na informalidade, totalmente desprotegidos e desassistidos. Se por um lado o governo celebra a situação de superexploração do trabalho, o empresário quer mais exploração e continua atacando a classe trabalhadora, agora propondo o congelamento do salário mínimo.

Precariedade como Política de Estado

O trabalho intermitente, os falsos PJs e os contratos terceirizados são armas do patronato para negar direitos, enfraquecer contratos permanentes de mais longo prazo, como da própria CLT, e transformar o trabalhador em mercadoria descartável. A aprovação do novo teto de gastos do governo federal tende a favorecer ainda mais esse processo de terceirização, uma vez que áreas como saúde, educação, cultura e meio ambiente demandam de cada vez mais investimentos e contratações e o novo teto de gastos de Haddad/Lula não permite isso. O governo, inclusive na figura do seus Presidente, Luís Inácio Lula da Silva, e o judiciário, como o STJ, legislam a favor do empresariado, criminalizando greves, impedindo e sufocando a livre organização sindical.

A Violência Contra a Classe Trabalhadora

Não é apenas o salário que mata. São as jornadas exaustivas, o assédio moral no ambiente de trabalho, a falta de justiça reprodutiva, a falta de segurança no trabalho, o transporte público lotado e a negação do direito à saúde e à moradia digna. Nós trabalhadoras e trabalhadores estamos cada dia mais adoecidos fisicamente e mentalmente. Todo dia, um trabalhador morre em acidente evitável. Todo dia, uma mulher é assediada no emprego. Todo dia, um jovem negro é exterminado pela polícia nas periferias.

A Resistência é a Única Saída: Destruir o Sindicalismo Propositivo de Resultado

O cenário é devastador. Novas epidemias aparecerão. Mas ao mesmo tempo é preciso que o velho sindicalismo propositivo de resultados, de ocupação de cargos públicos e fóruns tripartites e de ação parlamentarista, caracterizado nos últimos 30 anos pelo seu peleguismo, dê lugar ao novo, que rompa com o legalismo e a conciliação de classe, marca de centrais sindicais como CUT e CTB, vinculado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Partido Comunista do Brasil (PCDoB), sem contar as outras centrais que são contrárias aos interesses dos trabalhadores, como UGT e Força Sindical.

Assim, a Federação das Organizações de Base (FOB) tem como proposta justamente o rompimento com as práticas burocráticas e parlamentaristas. Apostamos na ação direta, nós por nós mesmos, e na auto-organização da classe trabalhadora criando uma política dos trabalhadores de ação e ruptura, para criação de um mundo novo enquanto lutamos, e treinamos, para conseguir sobreviver de forma digna. Só temos um caminho a trilhar: da revolução social. Para chegar lá é preciso treinar e vencer cada partida, até vencermos o campeonato.

Só esse ano já tivemos importantes demonstrações do poderio e força da classe trabalhadora. A unidade da luta dos povos indígenas e professoras no Pará; o breque dos APPs em todo o país e a campanha pelo fim da Escala 6×1. Sem contar as centenas de mobilizações e greves que se espalham apesar de todas dificuldades atuais.

A história nos mostra: nenhum direito foi concedido de boa vontade. A CLT, o 13º salário, a licença-maternidade e a redução da jornada foram conquistados com sangue, greves e ocupações. Mas a burocracia sindical peleguista, aliada aos patrões e ao Estado, tenta domesticar nossa luta.

Por isso precisamos de:

Sindicatos e organizações Autônomas, classistas e de base, independentes do Estado e dos patrões.

Greves gerais que parem o país, unindo trabalhadoras e trabalhadores, camponeses, povos indígenas, quilombolas;

Ações diretas contra a precarização, ocupando fábricas e bloqueando portos, rodovias e aeroportos

Organização antiracista e feminista, porque não há revolução sem derrubar o machismo e o racismo.

O Sistema Tem Medo da Classe Trabalhadora Organizada!

Enquanto os ricos lucram, nós sangramos. Mas nossa força está na produção – e sem nós, o Brasil para. Neste sentido, é fundamental fortalecer nosso trabalho nos locais de atuação, apoiar a auto-organização do povo, ampliar as práticas de apoio mútuo e onde for possível construir e participar de atos de primeiro de maio com caráter classista, autônomo e combativo.

A hora é agora: por salários dignos, por emprego estável, pelo fim da terceirização e por uma sociedade sem patrões!

Pelo Fim da Escala 6×1

Pelo Fim das Opressões nos Bairros Proletários

Pela Liberdade de Associação

Por Justiça Reprodutiva

Em Defesa da Greve Geral

lutafob.org

agência de notícias anarquistas-ana

Vultos
Ciscos cegos
No olho da rua.

André Vallias

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