
14 de maio, 19h30. Concentração contra a Feira de Armas em Madrid (FEINDEF 2025), em frente ao Quartel General do Exército (Praça de Cibeles, Estação de Metrô Banco, Madrid).
Vocês conseguem imaginar se sentíssemos vergonha de vender livros e a feira do livro tivesse que ser chamada de “feira da inovação e do pensamento”? Pois é isso que está acontecendo com a feira de armas FEINDEF, que ocorrerá de 12 a 14 de maio em Madrid, com o nome oficial de “Feira Internacional de Defesa e Segurança”. Não é de se estranhar que seja vergonhoso vender armas, pois, por mais adornos que coloquem, as armas destroem e matam. Esse é o objetivo para o qual foram minuciosamente projetadas por militares, empresários e engenheiros de “luvas brancas”, dedicados à “inovação e segurança”, a quem nunca atingirá o sangue de meninas inocentes. Não nos deixemos enganar pelo disfarce militar. Em feiras como essa, é onde são vendidas as armas que o exército de Israel está usando para destruir Gaza, derrubar casas, escolas, hospitais, armazéns de alimentos, mesquitas e igrejas, plantações, estradas, depósitos de água… Com armas como as que serão vendidas na FEINDEF, o exército de Israel está matando seletivamente jornalistas e médicos, ativistas e defensores dos Direitos Humanos. Quando tudo for esquecido, melhorarão as armas que usaram e as venderão na próxima feira com o rótulo de “testadas em combate”.
O fato de esse lucrativo negócio da morte ser realizado com o apoio do Estado, do Ministério da Defesa e de outros ministérios dispostos a mascarar gastos militares em seus orçamentos não diminui sua gravidade, mas a torna ainda mais grave, tornando toda a cidadania cúmplice. O fato de a Espanha estar entre os 10 maiores exportadores de armas não é motivo de orgulho, mas de vergonha. Aos senhores da guerra que organizam a FEINDEF 2025, dá vergonha chamá-la de “feira de armas”, assim como a Pedro Sánchez lhe dá vergonha que se gastem 800 bilhões de euros no rearme da Europa, além dos 10.471 milhões por iniciativa própria, o que nos empobrecerá ainda mais. Continuam nos enganando com os gastos militares reais, pois há anos já superamos 2% do PIB e, em 2024, nos aproximamos de 4%, com mais de 60 bilhões. Mudar o nome não muda a realidade; tenta apenas escondê-la.
Devemos estar atentas aos truques, jogos de palavras e disfarces do militarismo, e confrontar seus discursos com a realidade. Estamos testemunhando um processo acelerado de militarização da sociedade. A produção de armas está arrastando as universidades a uma cumplicidade crescente com a indústria da morte, com contratos vantajosos com o exército, traindo seu objetivo de colocar a ciência e o conhecimento a serviço da vida. O acordo de colaboração assinado pela UGT [sindicato majoritário espanhol] com a FEINDEF e as recentes declarações de seu secretário-geral, Pepe Álvarez, pedindo um imposto para a guerra de todos os cidadãos europeus, revelam bem a penetração do militarismo no mundo do trabalho e a traição que isso representa para as classes trabalhadoras, que serão as vítimas de nossa aclamada produção armamentista.
São muitas as implicações do militarismo em nossa vida. Destacamos uma mais, muito significativa: o mundo do jornalismo e da comunicação. Ao poderoso complexo político-militar-industrial foi inserido o poder midiático. Na Espanha, temos uma associação de jornalistas de “defesa”, bem recompensada com prêmios, reconhecimentos, condecorações e, provavelmente, salários do Ministério da Defesa, dedicados a limpar e adoçar os estragos do militarismo e a nos incentivar a sermos generosa carne de canhão na próxima guerra. O poder do complexo político-militar-industrial conseguiu, por meio de investimentos nos meios de comunicação, impregnar suas linhas editoriais para poder modelar a realidade à sua maneira e influenciar decisivamente a opinião pública, mesmo que tenham que trair sua adesão à verdade. Talvez essa implicação da indústria militar explique a postura belicista que o grupo Prisa tem adotado, agora paladino da guerra e do rearme, ataque aos pacifistas e antimilitaristas, a quem nunca convida para seus debates.
Com esse panorama e um clima crescente de belicismo, os coletivos que formam o Desarma Madrid não ficaram em silêncio. Em 24 de abril, organizamos um encontro com o lema “O que queremos defender. Alternativas frente aos Senhores da Guerra”. Denunciamos que o exército não nos dá segurança nem nos defende de nada que realmente nos importe, ao contrário, é uma ameaça. O que nos importa – os serviços públicos, a habitação, os direitos humanos, a paz, a justiça, a liberdade – é o que defendemos nas ruas e em nossas associações.
Coincidindo com a feira de armas, estão previstos vários atos: o principal é uma concentração de protesto no último dia da feira, 14 de maio, em frente ao Quartel General do Exército, na Cibeles, às 19h30.
Não se deixe arrastar para a guerra, participe, organize-se, divulgue, imagine, organize novas protestos contra o militarismo. Nossas vidas dependem disso.
alternativasnoviolentas.org
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Sobre o telhado
um gato se perfila:
lua cheia!
Maria Santamarina
ESTIMADAS, NA MINHA COMPREENSÃO A QUASE TOTALIDADE DO TEXTO ESTÁ MUITO BEM REDIGIDA, DESTACANDO-SE OS ASPECTOS CARACTERIZADORES DOS PRINCÍPIOS GERAIS…
caralho... que porrada esse texto!
Vantiê, eu também estudo pedagogia e sei que você tem razão. E, novamente, eu acho que é porque o capitalismo…
Mais uma ressalva: Sou pedagogo e professor atuante e há décadas vivencio cotidianamente a realidade do sistema educacional hierárquico no…
Vantiê, concordo totalmente. Por outro lado, o capitalismo nunca gera riqueza para a maioria das pessoas, o máximo que ele…