
Em 14 de agosto de 1865 nascia Pietro Gori. O que segue é extraído do escrito de Gori em defesa de Sante Caserio, guilhotinado em 16 de agosto de 1894.
Nasceu em Motta Visconti, alegre vilarejo da Lombardia, de uma boa família de trabalhadores. Muito cedo teve que enfrentar a luta pelo trabalho e pelo pão de cada dia. Por isso, resolveu abandonar a mãe que adorava e por quem era adorado, e lançar-se no mar tempestuoso da vida, no qual cada trabalhador se vê forçado a navegar continuamente. Deixou então Motta Visconti e abandonou também as ilusões místicas da infância, logo destruídas pelas duras realidades da vida. Em Milão, trabalhou como padeiro na padaria Tre Marie, onde trabalhou com zelo e incansavelmente; e ali se deparou mais diretamente com o terrível e legalizado sistema de exploração do trabalho pelos parasitas do capitalismo; constatou as injustiças sociais e a violência de uma classe que nada produz contra outra que, com seu sangue e suor, cria a riqueza de seus patrões e, como única recompensa por seus esforços, colhe miséria e desprezo.
Foi por isso que Sante Caserio se tornou anarquista.
Quando estive pela primeira vez em Milão, Sante Caserio já era um anarquista entusiasta, e ainda me recordo da profunda impressão que tive quando fomos apresentados. Estávamos em um comício de trabalhadores, e ele circulava distribuindo panfletos e jornais revolucionários.
A vida curtíssima deste jovem – tinha apenas 21 anos quando foi guilhotinado – foi repetidamente examinada através das lentes do despeito e do ódio, primeiro pelas polícias italiana e francesa, unidas, depois por uma multidão de impostores mentirosos: os jornalistas burgueses, pagos pelos conservadores da chamada “ordem” pública. Apesar disso, esses infelizes não puderam evitar chegar a uma conclusão: a certeza de que Sante Caserio era um trabalhador de caráter excelente. E até mesmo a Escola Criminal, tão contrária aos anarquistas, foi obrigada a reconhecer e afirmar que o jovem padeiro era um homem honesto por natureza.
Caserio, nos poucos momentos de lazer que tinha, ia distribuir entre os operários, perto da Câmara do Trabalho, panfletos e folhetos de literatura anarquista, junto com pãezinhos que comprava com suas economias na padaria onde trabalhava, “porque” – dizia – “seria um insulto dar a pessoas emagrecidas pela fome apenas papel impresso, sem nada com que saciar o estômago antes de ler; e porque assim elas eram mais capazes de compreender um pouco melhor o que liam”.
Quando a polícia percebeu que Sante era um propagandista entusiasta – embora fosse extremamente tímido e modesto em sua forma de propaganda – começou a persegui-lo. Caserio começou dedicando-se à propaganda teórica, acreditando firmemente que o anarquismo fosse considerado como qualquer outro partido, forte e respeitado. Em vez disso, viu-se perseguido por suas ideias, condenado e aprisionado.
Trabalhava incansavelmente, para reservar-se o direito de criticar os burgueses por sua ociosidade, para chamá-los de parasitas – o que realmente são. A covarde implicância policial o expulsou do trabalho; e ele se convenceu ainda mais de que os poderosos e os ricos esperam tudo da submissão e da paciência do povo, a quem recompensam descaradamente dobrando contra ele a obra de espoliação e violência.
…Enquanto tanta sede de vingança e sangue inspirava a ação da burguesia – resultando na mais perigosa das provocações – um jovem, expulso de seu país por uma condenação estúpida e injusta, perseguido por todos os lados pela polícia, caminhava a pé pela estrada que vai de Cette a Lyon, meditativo, pensando nas injustiças de que fora vítima e, sobretudo, no sofrimento alheio…
Ele não tinha nenhum ressentimento pessoal contra Sadi Carnot; mas Carnot era o representante político da burguesia francesa, em nome da qual assinou o decreto de morte dos guilhotinados de Paris.
(Pietro Gori – “Em defesa de Sante Caserio”)
Fonte: https://collettivoanarchico.noblogs.org/post/2025/08/15/pietro-gori-in-difesa-di-sante-caserio/
Tradução > Liberto
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/08/28/italia-festival-de-16-de-agosto-em-memoria-do-anarquista-sante-geronimo-caserio/
agência de notícias anarquistas-ana
Placa de “Proibido”…
No imponente poste de luz
xixi de cachorro.
Rogério Togashi
Um resgate importante e preciso. Ainda não havia pensado dessa forma. Gratidão, compas.
Um grande camarada! Xs lutadores da liberdade irão lhe esquecer. Que a terra lhe seja leve!
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