
O editor, livreiro e tradutor anarquista das publicações “Free Press”, Giorgos Garbis, faleceu na tarde de quarta-feira, 25 de junho.
A morte de Giorgos Garbis, fundador da editora anarquista *Free Press*, marca o fim de uma era histórica de uma geração de anarquistas gregos que tiveram uma contribuição enorme.
Nascido em 1947, Giorgos Garbis ingressou no movimento anarquista em maio de 1968, influenciado pelos acontecimentos na França.
Em novembro de 1973, participou da revolta da Universidade Politécnica, e, no meio século que se seguiu à Revolução, a partir de 1975, com a criação da editora e livraria Free Press em Exarchia, foi responsável por publicar uma enorme quantidade de livros que formaram e “criaram” gerações e gerações de anarquistas e anti-autoritários.
O primeiro livro que publicou foi A Comuna de Paris de 1871 e a Ideia de Estado, de Mikhail Bakunin, em sua própria tradução (ele costumava usar pseudônimos como tradutor).
Centenas, talvez milhares, de títulos se seguiram, nutrindo todo um movimento de pensamento libertário na Grécia, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980, quando empreendimentos similares ainda engatinhavam. Foram obras de grandes autores que dificilmente teriam sido publicadas por editoras comerciais.
Comunismo libertário, anarquismo em suas várias formas, situacionistas, autonomia, ecologia social e novos movimentos sociais encontraram ali um “lar” bibliográfico.
As publicações da Free Press foram, junto com a Biblioteca Internacional, a revista Ideodromio, as publicações de Leonidas Christakis e a breve Octopus Press de Theos Romvos, pontos de referência não apenas para todo um espaço político, mas para todo espírito inquieto.
A morte de Giorgos Garbis marca o fim da era histórica de uma geração de anarquistas gregos que contribuíram enormemente para a causa revolucionária, não apenas no âmbito doméstico, mas também com significativa influência no movimento internacional.
“Me tornei editor porque queria publicar livros que promovessem a causa da liberdade”, disse ele em entrevista ao blog eleftheriahtipota em 2013.
Uma ideia que colocou em prática logo após a mudança de regime, ao fundar a histórica livraria e editora Eleftheros Typos, uma das que literalmente “abriram os olhos” de uma nova geração sedenta por ideias que ultrapassassem tanto a “ferrugem antiga” da direita, cujo “filho espiritual” era a junta de abril recém-derrubada, quanto a rigidez dogmática da esquerda tradicional.
Foi ali, na livraria que mantinha na rua Zoodochou Pigis 17, que eu, como adolescente entusiasmado, realizei minhas primeiras leituras alternativas, com seu incentivo e orientação que me marcaram profundamente: Deus e o Estado de Bakunin, Espontaneidade e Organização de Murray Bookchin, A Sociedade do Espetáculo de Guy Debord, Homenagem à Catalunha de George Orwell, O Instinto de Morte de Jacques Mesrine estavam entre os primeiros livros que lembro de folhear. Foi a segunda “sede” da editora (antes havia funcionado na rua Kiafas) até se estabelecer na rua de pedestres Valtetsi.
Infelizmente, Giorgos Garbis já não está mais entre nós. Partiu ontem, aos 78 anos, após sofrer por muitos anos com um grave problema de saúde.
Homem de sólida formação teórica e ideológica, mas sempre flexível e de mente aberta, esteve presente nos acontecimentos do Politécnico em novembro de 1973 e se envolveu ativamente na política, especialmente nos primeiros anos pós-ditadura (mais tarde, após muitas desilusões, limitou-se ao trabalho editorial). No início da década de 1980, publicou a revista Anarchos, uma das mais importantes publicações anti-autoritárias já editadas na Grécia.
Influenciado por Maio de 68 e seus reflexos em Londres (e no mundo), onde viveu por alguns anos, ele se orgulhava de nunca ter contraído nem o “gérmen” stalinista nem o niilista. Destacava-se por sua bondade, altruísmo e ética. Nunca vendeu “fórmulas prontas”, nem desempenhou o papel de “anarcopai”. “Liberdade significa ter horizontes abertos e definir o próprio destino”, dizia, e fez disso prática e modo de vida. Além disso, ajudou pessoas e iniciativas editoriais alternativas de todas as formas possíveis, deu espaço de bom grado a novos autores, houve períodos em que distribuiu mais livros do que vendeu. Evitava a autopromoção, não gostava de redes sociais e raramente falava em público, embora tivesse muito mais e muito mais substanciais coisas a dizer do que muitos publicistas falastrões.
Boa sorte a ele em sua travessia. Sem dúvida fará falta, mas deixou um legado imenso.
G. Meriziotis
Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1636926/
Tradução > Contrafatual
agência de notícias anarquistas-ana
No sonho do ipê
Uma flor solta esvai-se.
Só a sombra voa.
Roberto Zulai
PARABÉNS PRA FACA E PRAS CAMARADAS QUE LEVAM ADIANTE ESSE TRAMPO!
Um resgate importante e preciso. Ainda não havia pensado dessa forma. Gratidão, compas.
Um grande camarada! Xs lutadores da liberdade irão lhe esquecer. Que a terra lhe seja leve!
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