
Uma mensagem de um iatista punk americano desajustado da flotilha “Mil Madalenas por Gaza”
A fome se tornou uma das armas centrais com as quais o governo israelense busca exterminar a população de Gaza. Em 1º de outubro, o exército israelense atacou a flotilha Sumud, uma frota de navios que tentava romper o cerco a Gaza para entregar ajuda humanitária urgentemente necessária. Pessoas em todo o mundo protestaram em resposta. Notavelmente, na Itália, onde milhões de pessoas tomaram as ruas em quatro dias consecutivos de manifestações. Mas outra flotilha, Mil Madalenas por Gaza (Thousand Madleens to Gaza), vem logo atrás da Sumud. Aqui, apresentamos uma declaração de um dos participantes.
Estou escrevendo a vocês a 300 milhas das costas de Gaza. Sou um marinheiro a bordo do Soul of My Soul, um barco financiado e apoiado pela Mutual Aid Disaster Relief, uma organização anarquista de resposta a desastres da América do Norte. Somos parte da flotilha Mil Madalenas. Nossa missão é romper o cerco a Gaza, desafiar o estrangulamento imposto por Israel invadindo com alguns veleiros improvisados cheios de leite em pó e medicamentos.
Não sou um fanático. Sei o quão pequenas são nossas chances de atravessar o bloqueio imposto pelas Forças de Ocupação de Israel. Se formos atingidos por canhões d’água, abordados, presos e sequestrados, como nossos camaradas da Flotilha Global Sumud foram há alguns dias, então está claro que o poder não está conosco, mas com vocês. Quero que saibam sobre nós, sobre mim, e quero que ajam por conta própria.
Sou um marinheiro. Alguns escolhem vans, outros cabanas na floresta, mas veleiros sempre foram a minha praia. Nunca imaginei que meu gosto por navegar em velhos veleiros de plástico dos anos 1970 teria alguma relevância em uma luta política, muito menos em uma tão central. Vim parar aqui quando surgiu um chamado por camaradas com alguma experiência no mar. Agarrei a chance. Como estilo de vida, o iatismo faça-você-mesmo é algo tão marginal à luta política quanto se pode imaginar, mas aqui estou.
Não deixem ninguém lhes dizer que suas paixões são excêntricas demais para fazer parte da nossa luta maior pela liberdade. Não sou um ativista veterano nem um profissional do mar. Se eu acabei aqui, vocês também podem acabar.
Nosso barco mostra como anarquistas podem se engajar em campanhas políticas amplas e altamente visíveis sem abandonar suas convicções. Sei que muitos de nós evitamos esse tipo de ativismo: grandes organizações com escritórios e ações que buscam os holofotes da mídia. Nosso barco foi autogerido, financiado e adquirido por camaradas. Montamos nosso próprio equipamento, suporte jurídico e tripulação, e só então nos conectamos à organização maior, quando já estávamos prontos. Talvez nosso barco seja um pouco como um grupo de afinidade. Isso nos preservou certo grau de autonomia e poder de decisão, e ainda podemos navegar com nossos camaradas como uma frota.
Muitas vezes me perguntam qual é o objetivo do nosso movimento de flotilhas. É um ato meramente simbólico? Há alguma chance de conseguirmos chegar?
Meus sentimentos mudaram muitas vezes. Há precedentes históricos de barcos que conseguiram chegar. Alguns chegaram antes do ataque letal ao Mavi Marmara em 2010. Não é como se a ideologia política de Israel e seu ódio ao povo palestino fossem muito diferentes naquela época.
Mas tenho acompanhado as notícias aqui no mar, e vemos as enormes ondas de protesto contra o genocídio irrompendo pelo mundo em resposta ao ataque à flotilha Sumud. Isso me fez compreender nosso propósito aqui. Somos apenas um ponto de convergência. O mundo está cansado do bombardeio assassino e do cerco brutal de Gaza por Israel, e estamos oferecendo uma ocasião para que as ruas do mundo se encham novamente. Desta vez, para pôr fim a isso.
Se houver alguma chance de a flotilha Mil Madalenas chegar às costas de Gaza, será porque todos vocês a exigiram. Se vocês se levantarem em defesa da Palestina em todo o mundo, talvez as águas políticas se abram diante de nós. Talvez sejamos o primeiro filete de um corredor marítimo popular.
Por favor, ajam da maneira que puderem, da forma mais alta e decisiva possível. Vocês tomam as ruas, e nós tomaremos o mar.
Palestina livre.
Tradução > Contrafatual
agência de notícias anarquistas-ana
O Estado é mito
que o vento leva—ficam
nossas mãos nuas, sós.
Liberto
boa reflexão do que sempre fizemos no passado e devemos, urgentemente, voltar a fazer!
xiiiii...esse povo do aurora negra é mais queimado que petista!
PARABÉNS PRA FACA E PRAS CAMARADAS QUE LEVAM ADIANTE ESSE TRAMPO!
Um resgate importante e preciso. Ainda não havia pensado dessa forma. Gratidão, compas.
Um grande camarada! Xs lutadores da liberdade irão lhe esquecer. Que a terra lhe seja leve!