
Como uns proletários mais que se somaram ao Paro desde o primeiro dia, mas que ainda não tem a força para organizar ações revolucionárias de massas, e com base em nossa própria experiência nas revoltas passadas neste país, fazemos públicas as seguintes perguntas para contribuir criticamente à reflexão e à ação coletiva:
- Aprendemos as lições das Revoltas de outubro de 2019 e de junho de 2022 ou vamos seguir repetindo os mesmos erros nesta nova revolta? Mais especificamente: neste Paro Nacional, já vamos romper e superar o círculo vicioso protesto–repressão–negociação? E mais, realmente é uma revolta ou uma série prolongada de protestos legítimos, mas débeis contra um governo nefasto, mas forte que sim aprendeu as lições das revoltas passadas?
- Como superar os limites da revolta (demandas fracas, diálogo e negociação com o Estado, etc.) e como incrementar seu potencial (solidariedade, autonomia e combatividade de classe em forma massiva, etc.) para que não seja derrotada pelo Estado e, sobretudo, para que não se autoboicote?
- Quando vamos compreender que os burgueses do transporte e do movimento indígena não têm os mesmos interesses materiais que os proletários do transporte e do movimento indígena, e que isto se aplica para todos os setores sociais? Quando vamos romper e superar o interclassismo, o populismo, o cidadanismo, o democratismo e o nacionalismo?
- Quando vamos compreender que o proletariado não é fraco porque está dividido, mas que está dividido porque é fraco, e que superar esta debilidade e divisão não depende da “unidade das esquerdas”, mas que só será possível quando o proletariado lute pela revolução social, quer dizer, por abolir as classes sociais e unificar a humanidade?
- Quando vamos compreender que lutar contra o alto custo de vida e contra o governo de turno é necessário, mas não é suficiente? Que vamos fazer depois do “fora Noboa, fora” e do “abaixo o pacotaço”? Mais claro: Quando vamos compreender que não se trata de lutar contra o “neoliberalismo” e o “fascismo”, mas contra o capitalismo?
- Quando vamos compreender que não há que dialogar com os assassinos do “povo” nem defender uma constituição votando “não” em uma consulta popular, porque os diálogos, as leis e as eleições só beneficiam e fortalecem o Estado capitalista? Quando vamos compreender, ao contrário, que há que lutar fora e contra o Estado, porque o Estado não é “neutro” nem nos tem “abandonados”, mas que é o Estado dos capitalistas para administrar sua violência econômica e física sobre os trabalhadores, até matar-nos de fome ou a bala? Quando vamos compreender que na realidade a democracia é a ditadura da burguesia sobre o proletariado? Quando vamos compreender que o Estado democrático-burguês é terrorista por natureza e que os protestos pacíficos não o afetam em nada? Quando vamos compreender, então, que só a ação direta e contundente de massas é o método proletário para combatê-lo e golpeá-lo de verdade?
- Quando vamos compreender que não se trata de lutar por nossos “direitos”, mas por satisfazer nossas necessidades vitais diretamente ou sem intermediação do dinheiro, e que o mercado (nenhuma empresa, inclusive se é “autogestionada”) e o Estado (nenhum governo, inclusive se é “popular”) nunca vão fazê-lo realmente, mas só nós mesmos, que com nosso trabalho produzimos tudo mas não o possuímos, tomando os meios de produção e de distribuição (por exemplo, expropriando e comunizando as empresas do Grupo Noboa… e de toda a classe capitalista deste país)?
- Quando vamos compreender que o poder real não radica nas estruturas do Estado, mas nas relações de produção e de propriedade? Quando vão participar na revolta os trabalhadores dos setores estratégicos da economia deste país? O farão? E se participam, o farão mediante greves auto-organizadas e radicais?
- Quando vamos compreender que há que ir mais além da espontaneidade da revolta e que a auto-organização do proletariado (por fora, contra e mais além de sindicatos, partidos, parlamentos, ONGs, etc.) é o primeiro ato da revolução (por exemplo, as Assembleias Territoriais no Chile e os Conselhos de Trabalhadores no Irã durante a Revolta Mundial de 2019)? Como construir, fortalecer e radicalizar a auto-organização proletária daqui por diante (grupos autônomos, assembleias autoconvocadas, panelas comunitárias, autodefesa, mídia independente, etc.) para a revolução?
- Como fazer para que as palavras “guerra de classes”, “insurreição”, “revolução”, “comunismo” e “anarquia” deixem de ser más palavras para a maioria da população, mas se convertam em necessidades materiais e imediatas?
- Até quando vamos viver com medo de morrermos de fome, a balas ou de depressão? Até quando vamos trabalhar para pagar e pagar para viver? Até quando vamos suportar esta vida de merda sob o capitalismo em crise? Enfim, até quando vamos lutar só por migalhas e não por todo o pão e a padaria para todos?
Admitimos que não temos as respostas com certeza para todas estas perguntas. O que sim sabemos é que só a luta de classes concreta as responderá. E também, que já é hora de aprender com os erros e pôr em prática as lições aprendidas das revoltas passadas e presentes. Sim: Luta de Classes… até Abolir a Sociedade de Classes!
DERRUBAR O GOVERNO DE NOBOA E SEU PACOTAÇO É NECESSÁRIO, MAS NÃO É SUFICIENTE.
TOMAR OTAVALO, LATACUNGA, QUITO, CUENCA, GUAYAQUIL, ETC. É NECESSÁRIO, MAS NÃO É SUFICIENTE.
HÁ QUE EXPROPRIAR E COMUNIZAR AS EMPRESAS DO GRUPO NOBOA E DE TODA A CLASSE CAPITALISTA DESTE PAÍS PARA SATISFAZER AS NECESSIDADES COLETIVAS DIRETAMENTE OU SEM QUE INTERMEDEI O DINHEIRO.
AÍ É ONDE HÁ QUE GOLPEAR A BURGUESIA PORQUE AÍ É ONDE LHE AFETA.
DA MESMA FORMA HÁ QUE DESTRUIR SEU APARATO ESTATAL POR COMPLETO
E SUBSTITUÍ-LO PELO PODER COMUNAL DAS ASSEMBLEIAS TERRITORIAIS.
SÓ OS PROLETÁRIOS AUTO-ORGANIZADOS DENTRO E FORA DOS CENTROS DE TRABALHO, EM TODOS OS ESPAÇOS SOCIAIS, ANTES, DURANTE E DEPOIS DA REVOLTA, E COM UM PROGRAMA REVOLUCIONÁRIO, PODEMOS FAZÊ-LO.
CONSTRUAMOS E FORTALEÇAMOS A AUTO-ORGANIZAÇÃO REVOLUCIONÁRIA DO PROLETARIADO.
APRENDAMOS E COLOQUEMOS EM PRÁTICA AS LIÇÕES DAS REVOLTAS (2019, 2022, 2025).
PARA TRANSFORMÁ-LAS EM REVOLUÇÃO.
SE NÃO É HOJE, SERÁ AMANHÃ (2028?… 2036?… 2049?).
PARA A PRÓXIMA, VAMOS PREPARADOS E VAMOS POR TUDO.
Proletários Fartos de Sê-lo
Quito, outubro de 2025.
Fonte: https://proletariosrevolucionarios.blogspot.com
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Desejo é revolta
contra a moral que acorrenta
o pulsar da vida.
Liberto Herrera
boa reflexão do que sempre fizemos no passado e devemos, urgentemente, voltar a fazer!
xiiiii...esse povo do aurora negra é mais queimado que petista!
PARABÉNS PRA FACA E PRAS CAMARADAS QUE LEVAM ADIANTE ESSE TRAMPO!
Um resgate importante e preciso. Ainda não havia pensado dessa forma. Gratidão, compas.
Um grande camarada! Xs lutadores da liberdade irão lhe esquecer. Que a terra lhe seja leve!