“O dinheiro não consegue resolver os problemas. O dinheiro cria novos problemas.”

A seguir, um pingue-pongue de perguntas e respostas rápidas com o anarquista anticivilização Janos Biro.

Agência de Notícias Anarquistas (ANA) – Licença do IBAMA para a Petrobras explorar petróleo na Foz do Amazonas…

Janos Biro – Como se não bastasse o desmatamento, querem arranjar mais coisa para destruir lá, em nome do lucro. Não faz o menor sentido.

– ‘Brasil não vai jogar fora uma riqueza’, disse Lula sobre petróleo na Foz do Amazonas…

Mas está jogando fora uma riqueza, porque ninguém aqui ganha nada com isso, é sobre interesse do capital.

– Lula, visão desenvolvimentista do século passado, associa petróleo à riqueza…

O problema é associar dinheiro à riqueza. O dinheiro não consegue resolver os problemas. O dinheiro cria novos problemas. O problema do desenvolvimentismo é esse, achar que a economia resolve tudo.

– Pesquisa do Datafolha aponta que maioria da população é contra exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Mas, “silêncio nas ruas”…

Os governantes de esquerda “salvam a democracia” ao custo da desmobilização de movimentos radicais, ou até dos que nem são tão radicais assim, mas não caberiam numa propaganda do Itaú.

– Marina Silva, ministra do Meio Ambiente…

Infelizmente ela representa a política “verde” convencional, que é liberal e não consegue superar um discurso de sustentabilidade submetido ao capital.

– COP30…

Os criminosos se reúnem para discutir como continuar roubando sem destruir a fonte de renda.

– “Jornadas Anarquistas ANTI-COP30 em Belém”

Eu estou torcendo para a realização de cada vez mais eventos anarquistas. São momentos em que se experimenta a auto-organização na teoria e na prática.

– Mineradora (Vale) e petroleira (Petrobras) inve$tido pesado em publicidade para se vender como “verde” e aparecer bem na foto na COP30…

É o que o capitalismo verde faz, vende tinta verde para conseguir incentivos fiscais e outras vantagens, e continuam fazendo o mesmo de sempre.

– Desenvolvimento sustentável, capitalismo verde, ESG (Ambiental, Social e Governança)…

Não são soluções ecológicas, são outras formas de gerir o fim das condições de vida humana no planeta. Toda forma de “desenvolvimento” capitalista é uma forma de controle sobre a natureza, e é insustentável.

– ONG´s ambientalistas corporativas…

Acreditar que os capitalistas me dariam dinheiro para lutar contra eles é ilusão. É uma forma de controlar o ativismo.

– Mercado “verde”, falsas soluções…

O eco-consumismo joga no consumidor a responsabilidade por um mundo melhor, enquanto as empresas continuam fazendo o mesmo de sempre e só adicionando um rótulo de que o produto é ecológico.

– Ecoanarquismo…

O eco-anarquismo pra mim se resume em considerar que o ecocídio não é um acidente de percurso, mas uma violência estrutural, e que a luta ecológica depende da crítica radical ao estado e ao capital para produzir uma mudança real.

– Ecologia radical…

Não espera mudanças institucionais. Propõe soluções que funcionem de baixo para cima.

– Decrescimento…

É uma pauta desconsiderada pelos dois lados do espectro político, mas que se prova cada vez mais pertinente.

– Anticivilização…

É mais desconsiderada ainda e enfrenta uma série de desafios mesmo no meio anarquista, por ser confundida com eco-fascismo.

– Anarco-indigenismo…

A tendência mais interessante do anarquismo hoje.

– Anarco-primitivismo…

O anarco-primitivismo foi um precursor importante mas limitado da crítica à civilização. Precisamos superá-lo. Infelizmente a parte interessante do anprim é jogada fora junto com a parte complicada, e o movimento foi atacado por críticas rasas, como as de Bookchin.

– “Civilização-Capitalista-Industrial-Moderna”…

Uma das encarnações mais recentes de um projeto que, desde o início, visa o controle do homem sobre a natureza, do homem sobre a mulher, do homem sobre outros homens que são tidos como inferiores, e, enfim, do antagonismo entre humano e não-humano.

– Povos originários do Brasil e do mundo, luta permanente pela vida…

Para mim, são os grandes exemplos de luta contra o estado e o capital.

– Cidades cada vez mais cheias de carros…

As cidades foram feitas para os carros e não para as pessoas. O movimento massa crítica precisa retornar como força política, não como passeio ciclístico.

– Inspiração na luta contra o colapso climático…

Fora a resistência indígena, temos poucos exemplos. Precisamos de movimentos organizados que apliquem as boas ideias de ação direta e apoio mútuo para ajudar os “refugiados climáticos”, por exemplo, ou lutar contra as “Cop City”, os grandes aparatos policiais que com certeza serão usados contra qualquer mobilização a favor de florestas, rios e outros seres.

– Destrua o capitalismo antes que ele destrua o planeta…

Mas sem esquecer que a destruição do capitalismo é só o começo. É só a eliminação de um obstáculo que nos impede de agir contra o ecocídio. Vai ser preciso muito mais para reverter o dano causado pela civilização.

– Vandalismo, sabotagem, contra-ataque, ação direta…

São o resultado da política anarquista de não recuar, de agir com o que temos, de não se entregar jamais, e transformar o podemos. São o que chamamos de “políticas pré-figurativas”, onde nossas ações comunicam nossas ideias, onde os meios são exemplos dos fins. 

– Há futuro?

O futuro não está escrito. Ele existe como potência. O que fazemos hoje é o que abre novas possibilidades de futuros que ainda mal podem ser imaginados.

– Valeu. Livres e selvagens!

Abraços, obrigado pelo que está fazendo, que nos aproxima como comunidade.

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Coral de sapos –
Na lagoa sem mestre,
Até o coaxar é livre.

Liberto Herrera

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