
14 a 16 de novembro de 2025 em Hamburgo, Alemanha.
Assistindo os debates sobre prontidão militar e recrutamento, em andamento, fica claro como a política e a mídia preparam o terreno para o rearmamento incondicional das forças armadas alemãs. Isso vem acontecendo há muito tempo na produção e exportação de armas e máquinas de guerra, mas, agora, o impulso também é recrutar mais pessoal. As narrativas dominantes retratam isso como necessidade inevitável, restringindo a discussão pública a questões de “como” e “quando”, sem nunca questionar a própria guerra.
A “paz”, nesses debates, sempre se baseia na ideia de Estados-nação e de forma alguma garante vida segura ou livre para todos. Essa paz capitalista significa principalmente o bom funcionamento da exploração e da opressão. A guerra social continua. Queremos uma paz que signifique vida boa para todos; sem lógicas capitalistas, nem racistas e nem patriarcais.
A guerra já está aqui. A ameaça de novos conflitos militares na Europa aumentou, sobre isso, não há dúvida. Desde o início da guerra na Ucrânia, uma mentalidade de amigo ou inimigo foi cultivada estrategicamente: só aqueles dispostos a lutar e, se necessário, morrer pela defesa da integridade territorial, pela democracia, pela Europa, pela Alemanha, são considerados como “nós”.
Por que, então, deveria fazer sentido rejeitar o serviço militar à luz da suposta ameaça? Por que recusar as chamadas “novas realidades” tão veementemente invocadas por todos os lados? As posições que expressem qualquer crítica fundamental à militarização e ao rearmamento sempre foram marginalizadas. Mais uma razão para tomarmos posição e fazermos perguntas difíceis.
Um dos principais aspectos do avanço da militarização é o cerrar fileiras: um juramento de lealdade à comunidade nacional. Essa mudança anda de mãos dadas com um processo constante de fascistização, fortificação de fronteiras, agitação racista e fobia a queer. Nada disso é acidental. Em tal clima social, a decisão de recusar o serviço militar obrigatório é construída como uma falha moral: os afetados são acusados de falta de consciência.
Ao lado de ameaças abertas de isolamento social e repressão, há também uma promessa: uma oferta – especialmente aos excluídos e precários – para finalmente serem aceitos e tratados como iguais, para serem necessários e, portanto, incluídos na comunidade nacional (uma comunidade que se define principalmente através da construção de uma ameaça externa). Isso vem com um salário (soldo) que promete estabilidade econômica. Aqueles que não forem persuadidos, uma opção discutida abertamente, serão simplesmente forçados.
Embora a Alemanha atualmente não tenha serviço militar obrigatório, nem com armas e nem em um dos inúmeros setores “civis”, mas relevantes para a guerra, qualquer um pode ser convocado rapidamente em uma crise. O passo político em direção a tais obrigações parece quase tão pequeno quanto o obstáculo parlamentar para reativar um projeto de lei “adiado”.
Queremos unir forças com aqueles que escolhem um caminho diferente para a paz e a liberdade, um caminho que não dependa da identidade coletiva de “defesa da nação”. Conversas e práticas compartilhadas em torno da desconstrução do militarismo, em todas as fronteiras e linhas de frente, podem nos ajudar a confrontar as ideologias do Estado e do poder com solidariedade internacional.
A troca de experiências de recusa e subversão do militarismo em todos os níveis nos dá força e inspiração. Queremos fortalecer a posição de resistência à lógica do rearmamento e à militarização da vida cotidiana. Queremos ouvir e aprender com diferentes perspectivas que rompam com essa suposta normalidade, seja por meio de atos de recusa, seja por outras formas de resistência.
Em novembro de 2024, nos reunimos em Hamburgo para trocar ideias sobre como as pessoas em outros contextos estão resistindo ao recrutamento, como são as suas realidades e quais consequências sociais enfrentam. Aprendemos que a existência do recrutamento é um mecanismo que doutrina geração após geração na lógica militarista. É um aparato enraizado em estratégias seculares de dominação e opressão, mantidas unidas pelo racismo e pelo patriarcado. Isso contradiz fundamentalmente qualquer projeto de libertação social.
De uma perspectiva anarquista, a resistência contra a reintrodução do recrutamento e contra a militarização não é somente sobre defender o direito duramente conquistado à autodeterminação. É também sobre como podemos nos opor à reversão nacionalista com uma perspectiva internacionalista e combativa. Não aceitaremos posições autoritárias ou que justifiquem a guerra, vamos confrontá-las com práticas subversivas e solidárias.
É por isso que estamos mais uma vez ansiosos para fazer do fim de semana de 14 a 16 de novembro de 2025 um momento de intercâmbio coletivo, camaradas de diferentes partes do mundo apresentarão os seus projetos e compartilharão as suas experiências e análises conosco.
Mais uma vez, também convidamos você a enviar contribuições por escrito, que publicaremos em uma brochura após o evento!
keinwehrdienst.noblogs.org
Tradução > CF Puig
agência de notícias anarquistas-ana
Chuva batendo
No batente
Som dormente
Ângelo Amarante
Nossas armas, são letras! Gratidão liberto!
boa reflexão do que sempre fizemos no passado e devemos, urgentemente, voltar a fazer!
xiiiii...esse povo do aurora negra é mais queimado que petista!
PARABÉNS PRA FACA E PRAS CAMARADAS QUE LEVAM ADIANTE ESSE TRAMPO!
Um resgate importante e preciso. Ainda não havia pensado dessa forma. Gratidão, compas.