
19 de novembro de 2025 | África, capitalismo
Na República Democrática do Congo, uma tragédia sucede a outra. Neste país da África Central, devastado por uma brutal guerra civil há mais de 30 anos, uma tragédia atingiu uma mina de cobalto no sul do país. Um desabamento matou 32 pessoas que ali trabalhavam.
O impacto devastador dessa catástrofe não é um acidente. É o resultado de um sistema de pilhagem orquestrado por corporações multinacionais que dependem de minerais para fabricar as baterias de nossos smartphones e carros elétricos. A situação na República Democrática do Congo simboliza o desastre causado pelo choque de impérios no continente. Um choque de imperialismos: o ocidental de um lado e o chinês do outro. Cada lado precisa satisfazer seu mercado e seus inúmeros consumidores.
É importante saber que a República Democrática do Congo (RDC) possui um subsolo rico em recursos naturais, o que tem alimentado um conflito armado desde 1994. De fato, a RDC detém quase 70% das reservas mundiais de coltan, um elemento essencial na fabricação de dispositivos eletrônicos, e de cobalto, do qual responde por quase 75% da produção global, utilizado em baterias e nas chamadas tecnologias verdes. As principais potências estrangeiras buscam obter o controle desses preciosos recursos. Para tanto, travam uma guerra geoestratégica, armando diversas facções armadas no Congo.
Entre eles, o M23 (Movimento 23 de Março), apoiado por Ruanda, tenta controlar os recursos naturais do país. A guerra travada por esses grupos paramilitares levou a uma grave e sem precedentes crise humanitária: entre 6 e 7 milhões de pessoas morreram em consequência dos combates e massacres, bem como da falta de acesso a cuidados de saúde e alimentos. Dentro das fronteiras, quase 7 milhões de pessoas foram deslocadas à força. Crianças e mulheres enfrentam abusos e violência diários: recrutamento forçado de crianças-soldado, violência sexual, tortura, mineração ilegal, prisão e destruição de infraestruturas essenciais.
É nesse contexto deplorável que mais de 200 mil trabalhadores indocumentados são explorados nas minas de cobalto e cobre do país para alimentar os instintos primitivos das empresas capitalistas de tecnologia e telecomunicações. A extração nessas minas é ilegal e acarreta sérios problemas ambientais. Abandonados à própria sorte, respirando poeira tóxica, sem qualquer proteção ou direitos, eles são forçados a cavar túneis instáveis manualmente em busca de minerais. O UNICEF relata que 35 mil deles são crianças.
Para acessar a mina de Kalando e extrair cobalto, os mineiros utilizam passarelas precárias para chegar aos túneis. O desabamento de uma dessas pontes improvisadas causou o desastre, que matou 32 pessoas no sábado, 15 de novembro de 2025.
Segundo o jornal belga Le Soir, “um relatório do Serviço de Assistência e Apoio à Mineração Artesanal e de Pequena Escala (Saemape) – um órgão governamental responsável por fornecer assistência técnica e financeira às cooperativas de mineração, consultado pela AFP no domingo” menciona um pânico causado por soldados presentes no local.
A Agência France-Presse explica que “o local de Kalando é, há vários meses, objeto de um litígio entre os garimpeiros artesanais e uma cooperativa mineira que deveria supervisioná-los, bem como os exploradores do local, apresentados como ‘parceiros chineses'”.
Enquanto as grandes corporações colhem os maiores lucros dessas explorações miseráveis, são as populações locais que pagam o preço mais alto. O neocolonialismo mata.
agência de notícias anarquistas-ana
Quanta solidão
nos olhos do velho
no choro do cão
Regina Ragazzi
compas, ollas populares se referem a panelas populares, e não a ondas populares, é o termo usado pra quando se…
Nossas armas, são letras! Gratidão liberto!
boa reflexão do que sempre fizemos no passado e devemos, urgentemente, voltar a fazer!
xiiiii...esse povo do aurora negra é mais queimado que petista!
PARABÉNS PRA FACA E PRAS CAMARADAS QUE LEVAM ADIANTE ESSE TRAMPO!