[Bélgica] Ativista anarquista detido em centro prisional

20/08/2025

Anas Hmam é um ativista anarquista, engajado na luta contra o colonialismo e o racismo, em particular pela causa palestina, em Bruxelas. Ele está atualmente detido em um centro prisional para imigrantes sem documentos na Bélgica há quase um mês e meio. Ele corre o risco de ser deportado para o Marrocos, onde pode ser preso devido ao seu engajamento político anarquista. Inicialmente preso no centro de detenção de Bruges, 16 de agosto, foi transferido ao centro de detenção 127bis, para isolá-lo do movimento de revolta que ocorreu na semana passada, do qual é acusado de ser um dos ‘líderes’.

Fonte: https://secoursrouge.org/belgique-un-militant-anarchiste-detenu-en-centre-ferme/

Tradução > CF Puig

agência de notícias anarquistas-ana

Estranhos ruídos
Perturbando meus sonhos:
Cântico dos grilos.

Maria Tereza da Luz

[Grécia] Giorgos Garbis, fundador da editora anarquista “Free Press”, faleceu

O editor, livreiro e tradutor anarquista das publicações “Free Press”, Giorgos Garbis, faleceu na tarde de quarta-feira, 25 de junho.

A morte de Giorgos Garbis, fundador da editora anarquista *Free Press*, marca o fim de uma era histórica de uma geração de anarquistas gregos que tiveram uma contribuição enorme.

Nascido em 1947, Giorgos Garbis ingressou no movimento anarquista em maio de 1968, influenciado pelos acontecimentos na França.

Em novembro de 1973, participou da revolta da Universidade Politécnica, e, no meio século que se seguiu à Revolução, a partir de 1975, com a criação da editora e livraria Free Press em Exarchia, foi responsável por publicar uma enorme quantidade de livros que formaram e “criaram” gerações e gerações de anarquistas e anti-autoritários.

O primeiro livro que publicou foi A Comuna de Paris de 1871 e a Ideia de Estado, de Mikhail Bakunin, em sua própria tradução (ele costumava usar pseudônimos como tradutor).

Centenas, talvez milhares, de títulos se seguiram, nutrindo todo um movimento de pensamento libertário na Grécia, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980, quando empreendimentos similares ainda engatinhavam. Foram obras de grandes autores que dificilmente teriam sido publicadas por editoras comerciais.

Comunismo libertário, anarquismo em suas várias formas, situacionistas, autonomia, ecologia social e novos movimentos sociais encontraram ali um “lar” bibliográfico.

As publicações da Free Press foram, junto com a Biblioteca Internacional, a revista Ideodromio, as publicações de Leonidas Christakis e a breve Octopus Press de Theos Romvos, pontos de referência não apenas para todo um espaço político, mas para todo espírito inquieto.

A morte de Giorgos Garbis marca o fim da era histórica de uma geração de anarquistas gregos que contribuíram enormemente para a causa revolucionária, não apenas no âmbito doméstico, mas também com significativa influência no movimento internacional.

“Me tornei editor porque queria publicar livros que promovessem a causa da liberdade”, disse ele em entrevista ao blog eleftheriahtipota em 2013.

Uma ideia que colocou em prática logo após a mudança de regime, ao fundar a histórica livraria e editora Eleftheros Typos, uma das que literalmente “abriram os olhos” de uma nova geração sedenta por ideias que ultrapassassem tanto a “ferrugem antiga” da direita, cujo “filho espiritual” era a junta de abril recém-derrubada, quanto a rigidez dogmática da esquerda tradicional.

Foi ali, na livraria que mantinha na rua Zoodochou Pigis 17, que eu, como adolescente entusiasmado, realizei minhas primeiras leituras alternativas, com seu incentivo e orientação que me marcaram profundamente: Deus e o Estado de Bakunin, Espontaneidade e Organização de Murray Bookchin, A Sociedade do Espetáculo de Guy Debord, Homenagem à Catalunha de George Orwell, O Instinto de Morte de Jacques Mesrine estavam entre os primeiros livros que lembro de folhear. Foi a segunda “sede” da editora (antes havia funcionado na rua Kiafas) até se estabelecer na rua de pedestres Valtetsi.

Infelizmente, Giorgos Garbis já não está mais entre nós. Partiu ontem, aos 78 anos, após sofrer por muitos anos com um grave problema de saúde.

Homem de sólida formação teórica e ideológica, mas sempre flexível e de mente aberta, esteve presente nos acontecimentos do Politécnico em novembro de 1973 e se envolveu ativamente na política, especialmente nos primeiros anos pós-ditadura (mais tarde, após muitas desilusões, limitou-se ao trabalho editorial). No início da década de 1980, publicou a revista Anarchos, uma das mais importantes publicações anti-autoritárias já editadas na Grécia.

Influenciado por Maio de 68 e seus reflexos em Londres (e no mundo), onde viveu por alguns anos, ele se orgulhava de nunca ter contraído nem o “gérmen” stalinista nem o niilista. Destacava-se por sua bondade, altruísmo e ética. Nunca vendeu “fórmulas prontas”, nem desempenhou o papel de “anarcopai”. “Liberdade significa ter horizontes abertos e definir o próprio destino”, dizia, e fez disso prática e modo de vida. Além disso, ajudou pessoas e iniciativas editoriais alternativas de todas as formas possíveis, deu espaço de bom grado a novos autores, houve períodos em que distribuiu mais livros do que vendeu. Evitava a autopromoção, não gostava de redes sociais e raramente falava em público, embora tivesse muito mais e muito mais substanciais coisas a dizer do que muitos publicistas falastrões.

Boa sorte a ele em sua travessia. Sem dúvida fará falta, mas deixou um legado imenso.

G. Meriziotis

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1636926/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

No sonho do ipê
Uma flor solta esvai-se.
Só a sombra voa.

Roberto Zulai

A Indonésia mergulha no caos enquanto dezenas de milhares de pessoas se manifestam contra o governo.

Por Dario Lucisano | 29/08/2025

A Indonésia está mergulhando no caos. Após meses de protestos, as revoltas populares que começaram no início de 2025 culminaram em uma onda de protestos violentos que atingiram a maioria das cidades da ilha de Java, principalmente Jacarta. Hoje, 29 de agosto, dezenas de milhares de manifestantes inundaram as ruas das cidades, incendiando carros, sitiando lojas e entrando em confronto direto com a polícia, atirando coquetéis molotov e pedras. O estopim foi aceso pela morte de um mototaxista, que foi atropelado por uma van da polícia durante os protestos nos últimos dias. Os manifestantes acusam o governo de corrupção e denunciam as políticas econômicas do executivo e os privilégios reservados aos membros do parlamento.

A mais recente onda de protestos na Indonésia eclodiu no início da semana, na segunda-feira, 25 de agosto. Os manifestantes, inicialmente liderados por associações estudantis, estão protestando contra o aumento dos preços dos alimentos, as políticas militaristas e os altos salários dos parlamentares, além de criticar os subsídios para políticos. Alimentando as chamas estava a recente aprovação de uma lei que fornece aos parlamentares um auxílio de moradia, em meio à crescente volatilidade dos aluguéis. Os manifestantes também exigem a ratificação de uma lei sobre confidencialidade de ativos e, o mais radical, a dissolução do parlamento, por considerarem os políticos corruptos. Nos últimos dias, os protestos também atingiram os trabalhadores do transporte e se espalharam para amplos segmentos da população indonésia.

A gota d’água que desencadeou a violência foi o assassinato de um mototaxista pela polícia. Desde então, todas as principais cidades da ilha de Java se rebelaram contra a polícia e tentaram invadir os assentos do poder administrativo, o parlamento. O novo presidente, Prabowo Subianto, que assumiu o cargo em outubro, abriu uma investigação sobre o incidente, tentando pregar a calma. Apesar disso, a raiva dos cidadãos prevaleceu. As informações sobre o que está acontecendo são escassas, e os principais jornais nacionais do país estão se limitando a fornecer atualizações sobre a morte do taxista ou, na melhor das hipóteses, fornecendo cobertura limitada. A maioria dos eventos está sendo relatada em canais privados e por fontes independentes. Estas últimas relatam que os principais jornais do país foram silenciados e ordenados de cima para não cobrir os protestos.

O centro das manifestações está concentrado em Jacarta, a maior cidade da ilha. Circulam por lá imagens de dezenas de milhares de pessoas queimando carros, saqueando lojas e atacando a polícia com coquetéis molotov e pedras. O exército foi mobilizado para reprimir os tumultos. Moradores de Jacarta tentando invadir o prédio do parlamento, quebrando os portões do prédio e incendiando uma delegacia de polícia. Protestos semelhantes eclodiram em Yogyakarta, onde um carro foi incendiado imediatamente abaixo de um prédio da polícia. Aqui, a polícia respondeu aos ataques dos manifestantes disparando gás lacrimogêneo e, de acordo com alguns meios de comunicação independentes, ordenou a evacuação de algumas áreas. Também em Yogyakarta, os hospitais estão supostamente superlotados e as ambulâncias estão com dificuldades para chegar aos confrontos; o exército também foi mobilizado.

Os protestos também chegaram a Surakarta, onde manifestantes entraram em confronto com a polícia em frente à sede da unidade antiterrorismo; gás lacrimogêneo também foi usado aqui, e um civil teria sido atingido por uma bala. Em Bandung, a polícia emitiu uma ordem para aumentar a segurança em áreas de alto risco, e manifestantes incendiaram vários carros; um incêndio também teria sido ateado em frente à casa de um funcionário do governo. Manifestantes também atearam fogo do lado de fora da estação de Tegal, e colunas de fumaça subiram das ruas de Surabaya. Os protestos também chegaram à ilha de Sulawesi, onde, na cidade de Makassar, uma câmara parlamentar foi incendiada. No total, a mídia independente relatou nove mortes, incluindo cinco policiais e quatro manifestantes, pelo menos três feridos gravemente, e 600 prisões; não é possível verificar essas informações.

Os protestos desta semana ecoam aqueles que eclodiram em fevereiro passado e continuaram intermitentemente ao longo do ano. As reivindicações dos manifestantes permanecem as mesmas desde o início de 2025; no entanto, são agravadas por crescentes preocupações com o Estado de Direito no país: o aumento dos gastos militares e o passado do novo presidente, um ex-general do exército, alimentaram temores de uma possível repressão. Em geral, os manifestantes falam de “tentativas autoritárias de silenciar as críticas e diminuir o espaço democrático”. Um caso curioso é a tentativa do governo de coibir o uso de certos símbolos adotados durante as manifestações: nas últimas semanas, tem havido uma tendência crescente de hastear a bandeira dos “Piratas do Chapéu de Palha”, retirada da famosa história em quadrinhos japonesa One Piece (a mesma bandeira foi hasteada na última Flotilha da Liberdade). Ao longo da história em quadrinhos, os personagens principais lutam contra o poder estabelecido para afirmar seus ideais de paz e liberdade; na Indonésia, a exibição da Jolly Roger tornou-se sinônimo de luta contra a opressão, e o governo tem tentado desencorajar seu uso.

Fonte: https://www.lindipendente.online/2025/08/29/lindonesia-sprofonda-nel-caos-decine-di-migliaia-in-piazza-contro-il-governo/

agência de notícias anarquistas-ana

nuvens insultam o céu,
aves urgentes riscam o espaço;
pingos começam a molhar.

Alaor Chaves

[Reino Unido] Ainda vale a pena lutar: relembrando Nicolas Walter

O grande historiador e ativista anarquista nos deixou uma mensagem para estes tempos difíceis

~ Natasha Walter ~

Como mantemos a esperança e a fé vivas? As pessoas continuam a fazer essa pergunta enquanto assistimos ao clima entrar em crise, crimes de guerra surgirem em nossas redes sociais e líderes autoritários assumirem o poder. Embora os nossos problemas possam parecer urgentes, um panfleto publicado em 1969 já discutia como é fácil, em tempos difíceis, cair num estado de protesto permanente — “a prática de muitos anarquistas ativos que mantêm as suas crenças intactas e seguem em frente como se ainda esperassem o sucesso, mas que sabem — consciente ou inconscientemente — que nunca o verão”. Deste ponto de vista, “não há esperança de mudar a sociedade… O que importa não é o futuro… mas o presente, o reconhecimento da dura realidade e a resistência constante a uma situação desagradável”.

Apesar disso, ele continua, “é tão dogmático dizer que as coisas nunca vão mudar como dizer que as coisas vão mudar, e ninguém sabe quando o protesto poderá tornar-se eficaz e o presente poderá subitamente transformar-se em futuro”. E assim, aqueles que resistem são “batedores numa luta que podemos não vencer e que pode nunca acabar, mas que ainda vale a pena lutar”.

Estas palavras vêm de “About Anarchism”, de meu pai, Nicolas Walter (1934-2000). Essa combinação de cinismo em relação ao presente, aliada a um compromisso contínuo com um futuro melhor, é característica de sua obra. Hoje, no 25º aniversário de sua partida, sinto ainda mais a ausência de sua voz.

Nas recentes audiências do inquérito policial secreto, diverti-me ao ouvir que Roger Pearce, o policial disfarçado que espionou a Freedom na década de 1980, fez esta avaliação de Nicholas Walter aos seus superiores: “um indivíduo cauteloso e alerta, cujo temperamento sarcástico é recebido com respeito ou intensa antipatia, mas nunca com indiferença”. É verdade, mas ele inspirou muito afeto e amor entre aqueles que o conheceram bem.

Pearce também compartilhou sua avaliação da obra-chave de Nicolas: “Este panfleto bem escrito, produzido provavelmente pelo mais proeminente intelectual anarquista da atualidade, é de valor inestimável para qualquer pessoa que busque um panorama abrangente e conciso do cenário anarquista. É citado repetidamente como a publicação que orientou políticos e apolíticos a adotar o anarquismo.”

Embora um policial disfarçado dificilmente possa ser considerado um crítico objetivo da filosofia anarquista, essa parece uma avaliação justa. “About Anarchism” ainda merece ser relido, assim como grande parte da produção de Nicolas sobre a história e as ideias anarquistas, que percorreu a Freedom – e publicações relacionadas, como “Anarchy”, “The Raven” e “Wildcat” – de 1959 a 2000. Embora muitos desses artigos e resenhas tenham se centrado no legado histórico do anarquismo, em vez de em sua prática contemporânea, suas próprias ideias e escritos agora ganham um foco cada vez mais nítido.

Sempre que retorno à obra de Nicolas, fico impressionada com o quão atual, inacabada e investigativa ela se mantém. Embora Nicolas tivesse um domínio profundo da história do anarquismo, sua obra surgiu tanto de seu ativismo quanto de sua pesquisa. Richard Taylor decidiu encerrar seu recente livro, “English Radicalism”, com um ensaio sobre Nicolas, a quem descreveu como “o historiador e analista anarquista mais erudito e eloquente da Grã-Bretanha pós-1945. Ele foi, além disso, um importante ativista da desobediência civil no movimento pela paz”.

Para Nicolas, não havia distinção entre teoria e prática. Foi com a ascensão do “Committee of 100”, o grupo de desarmamento nuclear dedicado à desobediência civil, que ele encontrou um meio de colocar em prática as ideias que vinha explorando no início da década de 1960, e aproveitou essa oportunidade.

Foi nessa época que ele chegou à conclusão que ele próprio considerava central para sua filosofia política: a ideia de que não pode haver distinção entre meios e fins. Ele explorou isso pela primeira vez em uma discussão sobre a filosofia de Gandhi em seu panfleto de 1962 sobre desobediência civil, Resistência Não Violenta: Homens Contra a Guerra. “No dharma indiano, assim como no análogo tao chinês, o caminho e o objetivo são um só”, escreveu ele, afirmando ainda que isso leva a “uma saudável recusa em fazer qualquer distinção conveniente entre fins e meios”, em oposição às visões dos filósofos ocidentais que “tendem a acreditar que, se alguém cuidar dos fins, os meios cuidarão de si mesmos. Essa linha de raciocínio leva a Auschwitz e Hiroshima”.

Nicolas retornou com frequência à importância moral e política de lembrar que os meios e os fins são um só. Em um artigo publicado, incomum para ele, no Guardian (coletado em Damned Fools in Utopia, de David Goodway), ele expôs isso com ênfase. “Todos dizem que algo deve ser feito – nós dizemos: faça você mesmo. Os políticos dizem: Se você quer paz, prepare-se para a guerra. Nós dizemos: Se você quer paz, prepare-se para a paz. Eles dizem que o fim justifica os meios – nós dizemos que os meios são fins”.

A grande força dessa percepção ajudou Nicolas e outros a conduzir a cultura política do “Committee of 100” e de outros grupos que floresceram na época (como os “Spies for Peace” e “Solidarity”) para longe das hierarquias e da disciplina da velha esquerda e em direção ao modo anarquista de organização que busca construir a sociedade não hierárquica que desejamos, aqui e agora.

Em seu livro de 2023, “If We Burn”, um estudo sobre movimentos de resistência recentes em todo o mundo, Vincent Bevins examina essa percepção política fundamental e a culpa pela incapacidade desses movimentos de construir estruturas de poder convencionais. Ao fazê-lo, Bevins afirma que a ideia de que “meios são fins” foi enunciada pela primeira vez por David Graeber em 2002. “Na década de 1960, a Nova Esquerda insistia que os meios também importavam, além dos fins. David Graeber… foi ainda mais longe.” Em um ensaio de 2002 para a New Left Review, ele explicou que… os meios eram os fins”.

Mas Bevins e outros observadores de movimentos sociais precisam olhar bem mais para trás em busca dessa ideia — certamente 40 anos antes, para Nicolas Walter, bem como para os anarquistas e protoanarquistas que o influenciaram. Como Nicholas disse em 1962, quando percebeu, para sua irritação, que as pessoas estavam apresentando ideias anarquistas como totalmente novas: “Será que Winstanley, Rousseau, Godwin, Fourier, Owen, Proudhon, Bakunin, Morris, Kropotkin, Cole e todos os demais não passam de nomes? Será que a corrente anarquista realmente foi ocultada tão para a profundamente?”

Com muita frequência, nossas histórias radicais são ignoradas, nossas raízes pessoais e políticas são arrancadas, e é difícil ouvir o clamor desses rios subterrâneos de dissidência. Quando ouço manifestantes hoje afirmando que suas sentenças de prisão por protesto são sem precedentes, lembro-me de que, quando meus pais e seus amigos criaram o grupo “Spies for Peace” em 1963, que invadiu bunkers nucleares do governo para publicar os segredos de guerra do Estado, eles sabiam que corriam o risco de sentenças muito mais longas do que as que os manifestantes correm hoje. Em meu livro recém-lançado, “Before the Light Fades”, no qual conto a história do envolvimento dos meus pais com os “Spies for Peace”, cito minha mãe, Ruth Walter: “Sabíamos que corríamos o risco de vinte anos de prisão, e isso era assustador, mas sabíamos que era a coisa certa a fazer. Eu estava preparada para isso”.

Os “Spies for Peace” escaparam impunes de suas ações ilegais, mas Nicolas foi preso por protestar ao longo de sua vida e foi preso por importunar um político em 1968. Ele fez isso em protesto contra a Guerra do Vietnã e, em retrospectiva, nenhum comentarista sério argumentaria que os manifestantes erraram e os belicistas acertaram. Assim como poucos argumentariam que o governo britânico estava certo em manter em segredo do povo os planos para sobreviver à guerra nuclear na década de 1960. Os anarquistas frequentemente fazem o trabalho necessário para desafiar a livre atuação de governos autoritários e, no entanto, agora, assim como antes, sua recompensa é o escárnio e a prisão.

Não podemos nos dar ao luxo de continuar perdendo as histórias de nossos movimentos, quando tanto precisamos delas, não apenas para entender o passado, mas para nos ajudar a considerar as possibilidades do presente. Precisamos entender que sempre houve caminhos alternativos e que esses caminhos ainda podem ser redescobertos agora. A compreensão de Nicolas Walter sobre o passado anarquista foi fundamental para sua fé contínua no futuro. Como ele mesmo afirmou certa vez com uma confiança desarmante: “É pela desobediência que se fez progresso, pela desobediência e pela rebelião”.

Natasha Walter é autora, jornalista e fundadora da Women for Refugee Women

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/03/07/still-worth-fighting-nicolas-walter-remembered/

Tradução > Bianca Buch

agência de notícias anarquistas-ana

Uma chuva leve.
João-de-barro feliz
Quer barro fresquinho.

Eric Felipe Fabri

[Espanha] Joaquín Pérez Navarro – torturado por uma checa comunista

Em 21 de agosto de 2006, morre em Londres (Inglaterra) o militante anarquista e anarcossindicalista Joaquín Pérez Navarro. Ele havia nascido em 4 de agosto de 1907 no sítio de Los Calpes de la Puebla de Arenoso (Alto Mijares, Valência) e era o mais velho de três filhos de uma família humilde de camponeses. Em 1918, emigrou com sua mãe viúva para Barcelona, onde trabalhou como servente de pedreiro antes de se tornar garçom, profissão que exerceria definitivamente.

Em 1919, filiou-se à Confederação Nacional do Trabalho (CNT) e começou a participar ativamente do movimento anarquista. Pegou em armas durante os combates nas ruas de Barcelona em julho de 1936 contra o levante fascista e depois na frente de Aragão, integrado na Coluna Durruti. Mais tarde, trabalhou nas coletividades de Gelsa e Pina de Ebro. Com a militarização das milícias, recusou um cargo oficial. Como membro do grupo “Los Amigos de Durruti”, lutou em Barcelona contra os estalinistas durante os “Eventos de Maio” de 1937.

Em seguida, lutou no Exército republicano na formação que havia sido a Coluna de Ferro. Em novembro de 1938, foi detido por portar uma pistola por agentes comunistas, embora filiados à CNT, e, após ser torturado na checa da rua Provença de Barcelona, foi preso em Montjuïc e, submetido a um julgamento sumário, condenado à morte, pena que foi ratificada em uma revisão posterior do seu caso. Conseguiu fugir quando as tropas franquistas se aproximavam de Barcelona e conseguiu chegar à França. A partir de janeiro de 1939, passou pelos campos de concentração de Argelers e Barcarès.

Em 1940, passou a trabalhar na construção do dique de Brest, designado para as companhias de trabalho. Com a vitória alemã, fugiu para o Reino Unido. Estabelecido em Londres e trabalhando no Berkeley Hotel, no bairro londrino de Mayfair, militou no grupo anarquista espanhol da capital inglesa e, entre 1969 e 1974, chefiou a Comissão de Relações da CNT no Reino Unido e colaborou na edição de vários boletins anarquistas publicados em Londres no final do franquismo. Depois trabalhou no George & Dragon, em South Kensington, e, até a aposentadoria, no Wheeler’s Restaurant.

Entre 1999 e 2002, colaborou na Cenit. Foi autor de Relato poético (1995), SIM (Serviço de Investigação Militar) (1998, com Francisco Piqueras) e Eu lutei pela revolução social do povo espanhol e por todos os povos do mundo. Memórias e documentos de um anarquista exilado na Grã-Bretanha (1999). Doou sua biblioteca e arquivo para a Kate Sharpley Library, um acervo anarquista de Londres.

Joaquín Pérez Navarro, o último sobrevivente de “Los Amigos de Durruti”, morreu em 21 de agosto de 2006 em Londres (Inglaterra) e foi cremado em 30 de agosto, envolto na bandeira vermelha e negra.

Fonte: https://pacosalud.blogspot.com/2025/08/joaquin-perez-navarro-torturado-por-una.html  

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Não é meia-noite
e as mariposas cansadas
já dormem nas praças.

Humberto del Maestro

[Canadá] Lançamento: Mary! Uma Biografia Gráfica

Larry Gambone (Autor); Jos­h Wapp (Iustrador)

Que época foi essa! As décadas entre o início dos anos 1960 e 1980. Direitos civis, agitação trabalhista em massa, greves gerais, a Guerra do Vietnã e sua oposição, emancipação feminina, ambientalismo, LSD e anarquismo. Todas as forças reprimidas pela conformidade e repressão dos anos 1950 explodiram em cena. A juventude radical, primeiro como beatniks, depois hippies, freaks e yippies, desafiou a autoridade de todas as formas. O mais influente de tudo foi a música. Do folk ao folk rock, blues rock, psicodélico, heavy metal e glam rock gender bending[1]. Quando o impulso dos anos 60 pareceu esfriar em meados dos anos 70, a ala mais jovem da geração Baby Boomer emergiu no movimento punk rock. Tudo isso era o mundo de Mary. 

Elogios

“Não é apenas mais uma história rebelde confessional do tipo ‘viva rápido, morra jovem’… Mary! é um comovente e sensível lamento sobre o amor e a perda nas margens contraculturais do deserto urbano… um relato em primeira mão, contado e ilustrado de forma envolvente, sobre o envolvimento emocional nas redes subterrâneas do desejo, da libertação, da raiva, do desespero e da autodestruição!”
~ Ron Sakolsky, autor de Dreams of Anarchy and the Anarchy of Dreams, Surrealist Subversions e Gone to Croatan

Mary!, de Larry Gambone, é uma ode anarquista divertida, mas terna, ao amor, à amizade e à intimidade. Direto do coração. É também um fragmento divertido e informativo da contracultura e da política da costa oeste dos anos 1960 a 1980, apresentado com humor e perspicácia por um carismático membro do movimento anarquista e autor prolífico. Parabéns ao artista gráfico Josh Wapp por sua envolvente adaptação em quadrinhos desta história comovente e poderosa.
~ Norman Nawrocki, autor de Montreal Red Squared

“Mais uma vez, Larry Gambone lança sua luz brilhante e perspicaz sobre as grandes subculturas de meados do século XX. Para cada espírito livre renomado como Allen Ginsberg ou Joe Strummer, o underground atraiu inúmeros refugiados anônimos em busca de proteção contra traumas. Agora, graças a Gambone, conhecemos um desses nomes: Mary! A autobiografia gráfica de Larry Gambone conta a história de Mary Gambone com a escrita, a arte e o amor deslumbrantes que ela merece.
~ David Spaner, autor de Keefer Street e Solidarity

Publisher: Charles H. Kerr

Editora: Charles H. Kerr
Formato: Livro, Panfleto
Encadernação: pam
Páginas: 32
Lançamento: 15 de julho de 2025
ISBN-13: 9780882860473
US$ 8,00
charleshkerr.com

[1]N.T.: “gender bending” tem a ver com transgressões de gênero na cena musical.

Tradução > transanark/acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

os fantasmas de cogumelos
viraram tinta:
pés nus no frio

Rod Willmot

[São Paulo-SP] Teatro: “Barraca de luxos comunais: uma feira com produtos da Comuna de Paris”

Sinopse:

“Barraca de luxos comunais: uma feira com produtos da Comuna de Paris” é uma peça teatral interativa: Algumas das histórias ocorridas na Comuna de Paris de 1871 são contadas por meio de objetos a ela relacionados. Uma pessoa do público escolhe um dos objetos expostos na “feira” e o entrega à atriz, que se transforma na personagem correspondente ao objeto escolhido, e relata a sua experiência durante a Comuna de Paris. As personagens são: o pintor Gustave Courbet, a anarquista Louise Michel, a cantora Rosalie Bordas, o compositor Jean Baptiste Clément, o menino Pierre e uma freira. A dona da barraca é Victorine Brocher, uma communard que foi dada como morta durante o extermínio da Comuna de Paris e escreveu o livro “Souvenir d’une morte vivante” (Lembranças de uma morta viva). É ela que conduz a ação.

Ficha técnica:


Concepção e atuação: Cibele Troyano
Interlocução: Nina Hanbury, Gabriela Rabello e Renato Mendes
Cenário: Jorge Ferreira Silva
Operação de som: Daniel Yamamoto
Programação visual: Jamile Ray.

Serviço:


Dia: 27/09 – sábado

Horário: 16h30

Local: Teatro Commune – Rua da Consolação, 1218 – São Paulo-SP

Ao lado da Estação Higienópolis-Mackenzie da Linha Amarela

Preço único: R$25,00

Ingressos à venda aqui: 

https://www.sympla.com.br/evento/barraca-de-luxos-comunais-uma-feira-de-produtos-da-comuna-de-paris/3096433

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/08/29/sao-paulo-sp-teatro-barraca-de-luxos-comunais-uma-feira-com-produtos-da-comuna-de-paris/

agência de notícias anarquistas-ana

Cicatrizes antigas –
a pele guarda revoltas
que os livros apagaram.

Liberto Herrera

Notas sobre a prisão de companheirxs anarquistas nos cárceres chilenos

Por La Zarzamora / No marco da semana de agitação internacional pelos presxs anarquistas

As lógicas carcerárias avançam sob nossos narizes, o controle “exterior”, planejado pelo poder político-econômico, justificado pela imprensa hegemônica e aceito pela cidadania adestrada, complementa-se com o controle intracarcerário, onde se expressa em toda sua intensidade. Assim, produto desse avanço, nossos companheirxs enfrentam uma constante agudização dos métodos de isolamento, próprios desse contexto repressivo.

No caso do território dominado pelo $hile, o encarceramento sobre o encarceramento já é habitual e normalizado, inclusive por nós. O isolamento parece não perturbar ninguém, e inclusive que existam condenações de um organismo militar como a promotoria militar (negada pelo poder), é aceito em cômodo silêncio.

Sob este contexto, existem questões prioritárias dentro da situação carcerária de nossos companheirxs que não podem esperar mais:

Conseguir a saída para a rua do companheiro Marcelo Villarroel, quem deveria já estar nas ruas, segundo a própria legalidade do poder.
Posicionarmo-nos e agir contra o endurecimento dos regimes de isolamento.

No que se refere ao primeiro ponto, é primordial não perder a força e solidarizar com a campanha permanente que exige a saída para a rua de Marcelo Villarroel. Permitir ou nos acostumarmos a que sejamos submetidos a uma “legalidade” militar, sustentada em vazios da legalidade civil, rígida para nós mas flexível para eles (que muda, adapta-se e manipula-se segundo seus interesses), presta um desserviço aos companheiros que entregaram sua vida à luta contra a dominação. No mínimo, devemos concordar que é abominável aceitar passivamente a aplicação de condenações emitidas pelos milicos (militares) a esta altura.

No que se refere ao segundo ponto, relacionado à agudização do controle e isolamento carcerário, podemos identificar uma série de situações que atacam concretamente nossos companheirxs na prisão.

Uma delas é que a Guarda (Gendarmería) conta com todas as ferramentas para sustentar o encarceramento de nossos companheirxs (e de todxs xs presxs), prolongando-o com castigos e más avaliações, que impedem constantemente a candidatura e obtenção dos agora chamados “benefícios” carcerários, que lhes permitam pisar nas ruas.

Da mesma maneira, o informe psicossocial que emana da mesma podre instituição tornou-se um obstáculo rotundo para xs companheirxs que já poderiam optar por benefícios. Estes informes são parciais e influenciados pelo poder político-judicial, sendo sempre negativos e, portanto, prejudiciais para nossos companheirxs.

As prisões perpétuas encobertas em condenações intoleravelmente excessivas (exemplo: 90 anos) vão além mesmo dos anos de vida média de qualquer ser humanx, que começa seu encarceramento sem ser um bebê. Isto assegura a extirpação social vitalícia de nossos companheirxs, a retirada dos indivíduxs que representam um perigo para a submissão generalizada que o poder busca incansavelmente.

A isso podemos agregar uma série de modificações intra-cárcere, que têm por objetivo agravar o encarceramento, castigar sobre e dentro dele, isolamentos severos que visam desvincular afetiva e socialmente xs companheirxs.

Desta maneira, as limitações no número de visitas (que hoje são apenas 10 por pessoa), as constantes restrições para a entrada (algumas são inventadas pelo ou pela agente penitenciárix de plantão na hora), as restrições para as encomendas (que mudam constantemente), são algumas das problemáticas contínuas para as redes de apoio e para xs compas na prisão. Some-se a isso os cotidianos tratos humilhantes, esperas excessivas, roubo do tempo de visita, entre outras situações que já são conhecidas por familiares, amigxs e todxs que transitam pela prisão.

Estamos falando de um contexto preocupante, para dizer o mínimo.

A intenção de falar dessas situações particulares não busca cair em reformismos, nem esquecer que a cadeia é uma mega estrutura que supera os muros das prisões, mas sim levantar a pergunta do que fazemos como anticarcerárixs para evitar que o encarceramento seja ainda mais severo, impedir a gaiola dentro da gaiola, o isolamento dentro do isolamento, impedir que carcereiros, juízes, políticos e defensores da ordem consigam o objetivo de castigar terrivelmente os nossos.

A implementação de um regime de 21 horas de encarceramento, como foi o que se aplicou por quase 5 anos ao companheiro anarquista Francisco Solar, assim como também o de 23 horas de encarceramento aplicado a outrxs presxs da causa pela liberação Mapuche, a restrição na entrada de material contrainformativo e literatura política, as condenações extensas, as tentativas constantes pela desvinculação social dxs companheirxs (em seções de alta segurança), assim como as medidas das prisões dirigidas ao “crime organizado” (com locutórios, uso de uniformes, etc.) são fatos que deixam em evidência a materialização do regime “41 bis” no $hile ou pelo menos algo muito similar a este.

Em termos gerais, os regimes de isolamento se internacionalizaram, os repressores compartilham e expandem estratégias, realizam reuniões e viagens, onde atualizam suas misérias carcerárias, planejando sua implementação a nível mundial. É assim que a severidade dos isolamentos é copiada e implementada, de país a país, de repressor a repressor, de polícia a polícia, de prisão a prisão.

O 41 bis italiano, regime de isolamento que é imposto ao companheiro anarquista Alfredo Cóspito e que causou tanta comoção na politicagem partidária chilena, na imprensa hegemônica e nos líderes carcereiros, foi incorporado passo a passo mediante as regulamentações internas das prisões, não necessitando sequer de modificações no marco legal, já pronto para este propósito.

Os regimes mais severos de isolamento sensorial e social vão tomando todas as prisões do mundo, tendo efeito concreto nas vidas de nossos companheirxs, dignxs inimigxs do poder.

Nesta semana de agitação internacional pelos prisioneirxs anarquistas e antiautoritárixs, fazemos um chamado à solidariedade ativa, à agitação permanente, ao acompanhamento e a não permitir retrocesso nos mínimos conquistados a custa de mobilizações e greves de dezenas de companheirxs.

Pela multiformidade da luta contra a prisão e a sociedade que a sustenta, não esqueçamos o confronto dentro e fora dos muros.

Pela destruição do poder, das prisões, do seu sistema de justiça, dos seus carcereiros e de toda dominação.

A quebrar o isolamento com ações.

A tirar nossos companheirxs das prisões.

Presxs anarquistas, subversivxs, antiautoritárixs, antiespecistas e mapuche para a rua agora!

Fonte: https://lazarzamora.cl/apuntes-sobre-la-prision-de-companerxs-anarquistas-en-las-carceles-chilenas/ 

Tradução > Liberto

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esnobar
é exigir café fervendo
e deixar esfriar

Millôr Fernandes

Traduções, quer ajudar (sem remuneração!) a “ANA”?

[Espanha] Lançamento: “Bakunin versus Marx”, de Carlos Taibo

Um olhar de Carlos Taibo sobre os acontecimentos da Primeira Internacional e um debate que teve enormes consequências para a unidade da esquerda.

A relação conflituosa que Bakunin e Marx mantiveram no calor do que hoje chamamos de Primeira Internacional recomenda, um século e meio depois, uma avaliação de suas consequências nos mais diversos âmbitos. Nesta obra, estudam-se as características pessoais desses dois revolucionários, os desentendimentos que protagonizaram naqueles anos e, em particular, o legado que deixaram em temas como os relacionados à centralização, à vida política convencional, ao Estado ou à transição revolucionária. A esses desentendimentos somaram-se o papel dos sábios e intelectuais, a condição dos camponeses, o desenvolvimento histórico do capital, as sociedades pré-capitalistas ou o conhecimento social. O livro incorpora também uma avaliação de algumas das sequelas que o debate em questão legou com o passar das décadas, ao mesmo tempo que aporta uma prolixa bibliografia sobre essas discussões.

Carlos Taibo foi durante três décadas professor de Ciência Política na Universidade Autônoma de Madrid. Entre seus livros, contam-se Anarquismo e revolução na Rússia, 1917-1921* (2017), Os esquecidos dos esquecidos. Século e meio de anarquismo na Espanha (2018), Anarquistas de ultramar (2018), Marx e Rússia. Um ensaio sobre o Marx tardio (2021) e Anarquismos. Ontem, hoje e amanhã (2022).

Bakunin frente a Marx

Carlos Taibo

ISBN 978-84-1067-385-4

Páginas 248

17,00 €

catarata.org

Tradução > Liberto

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No final da tarde
todos estão apressados —
Chuva se anuncia…

Fagner Roberto Sitta da Silva

[Espanha] Cerca de cinquenta pessoas se reúnem contra as guerras em Elx

Também em agosto foi realizada a manifestação mensal pela Paz.

Mais de cinquenta pessoas se reuniram mais uma vez, apesar da data de verão, na Plaça i Baix d’Elx para protestar contra a guerra na Ucrânia, o genocídio na Palestina e todas as guerras do mundo que costumam ser mencionadas na mídia.

Como de costume, entre música e poesia, e com inúmeras contribuições ao microfone aberto, refletiu-se profundamente sobre o conflito russo-ucraniano e sobre a continuidade do genocídio na Palestina, mencionando as últimas novidades e a vergonhosa inação do governo espanhol.

O ato terminou com um minuto de silêncio em solidariedade com todas as vítimas.

Grupo Antimilitarista Tortuga.

Fonte: https://www.grupotortuga.com/Medio-centenar-de-personas-se-34180

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Vento nas árvores
As bolhas de sabão
Foram com as folhas.

Estrela Ruiz Leminski

[Espanha] 98º aniversário do assassinato de Sacco e Vanzetti na cadeira elétrica

No dia 23 de agosto de 1927, foram executados na cadeira elétrica no “país da liberdade” – o mesmo país que lançou duas bombas atômicas, o mesmo que mantém um campo de concentração na ilha de Guantánamo, diante do silêncio de todos os países do mundo. É lógico: o Estado sempre defende o mais poderoso. Ou será que acreditamos que os exércitos e os serviços policiais existem para proteger a cidadania? Eu nunca vi um empresário levar uma bastonada por enganar trabalhadores, deixar de pagá-los ou enviar dinheiro fraudulento, como certos familiares da nobreza – que não sei por que são chamados de nobres –, ou por matar elefantes escondido. Mas já vi pedirem documentação de trabalhadores e cidadãos que protestam pacificamente ou simplesmente por se aproximarem de uma propriedade ocupada na Andaluzia.


A situação é muito similar à que dois imigrantes enfrentaram nos Estados Unidos há quase um século: Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, que não entendiam por que o mundo funcionava tão mal e por que havia pessoas tão cruéis governando os países. Foram objetores de consciência porque não acreditaram que a guerra servisse para algo que não fosse matar irmãos que não conheciam, simplesmente por problemas às vezes alheios à própria população, mas não às multinacionais que governam os países. No dia 23 de agosto, apagaram-se as luzes dos holofotes que iluminavam aqueles milhares de cidadãos – da prisão, operários, artesãos, emigrantes e naturalizados –, que pediram até o último segundo que fossem libertos, porque todo o julgamento havia sido uma farsa, como outros julgamentos feitos a anarquistas, que ocorreram em tantos outros países, como na Espanha, o caso Scala, ou perseguições contra anarquistas no caso Savota.

Nicola Sacco, sapateiro, italiano, militante anarquista e pai de família, foi injustamente acusado junto com Bartolomeo Vanzetti de um crime que nunca cometeram e pelo qual foram executados na cadeira elétrica em 1927. Desde então, seus nomes permanecem indissociavelmente unidos na memória coletiva como expressão de indignação perante a injustiça.

Milhares se manifestaram, marcharam, protestaram, não apenas em Nova York, Boston, Chicago, San Francisco, mas também em Londres, Paris, Buenos Aires ou África do Sul. Não foi suficiente. Na noite de sua execução, milhares se manifestaram em Charlestown, mas foram mantidos longe da prisão por uma multidão de policiais. Manifestantes foram presos. Havia metralhadoras nos telhados e grandes holofotes varrendo a cena. Uma grande multidão se reuniu na Union Square em 23 de agosto de 1927. Depois da meia-noite, as luzes da prisão se apagaram e os dois homens foram eletrocutados. Quiseram dar um escarmento para que os emigrantes, cidadãos, homens e mulheres que lutavam pela dignidade, humildade e liberdade calassem suas ideias para sempre.

O GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS SE DESCULPA

Cinquenta anos após a execução, o Estado da União pediu desculpas publicamente pelas graves falhas cometidas durante o processo de Sacco e Vanzetti, proclamou sua total e absoluta inocência e pediu desculpas históricas, salvando o bom nome e a honra dos mártires. Não era necessário: Sacco e Vanzetti habitam a memória dos povos como símbolo e bandeira de todo movimento de emancipação operária.

DISCURSO DE BARTOLOMEO VANZETTI NO TRIBUNAL ANTES DE SER EXECUTADO

Tenho falado muito de mim mesmo e nem sequer mencionei Sacco. Sacco também é um trabalhador, um trabalhador competente desde a infância, amante do trabalho, com um bom emprego e salário, uma conta no banco, uma esposa encantadora e boa, dois filhos lindos e uma casinha bem arrumada na beira da floresta, junto a um riacho.

Sacco é todo coração, toda fé, todo caráter, todo um homem; um homem amante da Natureza e da Humanidade; um homem que deu tudo, sacrificou tudo pela causa da liberdade e seu amor aos homens; dinheiro, tranquilidade, ambição mundana, sua esposa, seus filhos, sua pessoa e sua vida.

Sacco nunca pensou em roubar, nunca em matar ninguém. Ele e eu jamais levamos um pedaço de pão à boca, desde que somos crianças até agora, que não tenhamos ganho com o suor de nosso rosto. Nunca…

Ah, sim, posso ser mais esperto, como alguém disse; tenho mais lábia que ele, mas muitas, muitas vezes, ouvindo sua voz sincera na qual ressoa uma fé sublime, considerando seu sacrifício perpétuo, recordando seu heroísmo, eu me senti pequeno diante de sua grandeza e me vi obrigado a conter as lágrimas nos olhos e apertar o coração que se apertava, para não chorar diante dele: este homem a quem chamaram de ladrão e assassino e condenaram à morte.

Mas o nome de Sacco viverá nos corações do povo e em sua gratidão quando os ossos de Katzmann e os de todos vocês tiverem sido dispersos pelo tempo; quando seu nome, o dele, suas leis, instituições e seus falsos deuses não forem mais que uma lembrança difusa de um passado amaldiçoado em que o homem era lobo do homem…

Se não fosse por isso, eu poderia ter vivido minha vida conversando nas esquinas e zombando das pessoas.

Teria morrido esquecido, desconhecido, fracassado. Esta tem sido nossa carreira e nosso triunfo. Nunca em toda nossa vida teríamos podido fazer tanto pela tolerância, pela justiça, para que o homem entendesse o homem, como agora estamos fazendo por acidente.

Nossas palavras, nossas vidas, nossas dores – nada!

A perda de nossas vidas – a vida de um sapateiro e de um pobre vendedor de peixe – tudo! Esse momento final é nosso, a agonia de nosso triunfo.

Uma sociedade fundada sobre o privilégio econômico que reporta a propriedade privada capitalista dos meios de produção e sobre o poder político centralizado que implica uma ordem distinta de privilégios, conta com um conjunto de normas e organizações destinadas a preservá-la. Um aparato ideológico, com seus poderosos meios de comunicação de massa, envolve e sustenta toda essa estrutura de dominação. O Estado, através de seus mecanismos legislativos, consagra um corpo jurídico que referenda o sistema.

Contrariamente ao que nos informa a ideologia liberal, o Poder Judiciário não é independente do poder político, mas um mecanismo privilegiado de preservação do sistema de dominação. E eis o que os anarquistas veem no Poder Judiciário e sua relação com o Estado.

BREVE ANÁLISE DO CASO

Sacco e Vanzetti foram dois homens italianos que foram julgados e condenados em 1921 por um duplo assassinato ocorrido em 1920. Posteriormente, as evidências sugeriram que os homens foram na realidade falsamente acusados, e o caso atraiu grande atenção na década de 1920. Infelizmente, os dois homens foram executados antes de poderem ser exonerados, apesar dos amplos protestos públicos. O caso de Sacco e Vanzetti foi historicamente importante nos Estados Unidos por uma série de razões e continua a ser amplamente discutido e citado hoje em dia.

Ferdinando Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti eram dois operários envolvidos na comunidade anarquista da década de 1920. Críticos do caso sugeriram que os homens provavelmente foram incriminados devido à sua associação com proeminentes anarquistas italianos da época. Na década de 1920, muitos estadunidenses estavam preocupados, influenciados pela teoria do medo e do inimigo único propiciada pelo Estado, em relação aos anarquistas italianos, e esse medo foi usado com grande vantagem pela acusação no julgamento de Sacco e Vanzetti. O júri deliberou por apenas três horas, apesar de as evidências estarem longe de serem perfeitas.

O crime do qual os dois homens foram acusados foi um assalto à mão armada. Em 15 de abril de 1920, dois funcionários da Slater-Morrill Shoe Company transportavam cerca de 17.000 dólares estadunidenses em South Braintree, Massachusetts. Os dois homens foram surpreendidos por ladrões armados em seu caminho; os ladrões atiraram neles, roubaram o dinheiro e fugiram com outros três homens em um carro que se acredita ter sido roubado. As duas vítimas do ataque morreram posteriormente, e testemunhas indicaram que os ladrões eram italianos. Sacco e Vanzetti tiveram o infortúnio de cair em uma batida policial que os implicou no crime.

Os dois homens foram julgados pelo assassinato em 1921, depois que Vanzetti foi julgado e condenado por um roubo em 1920. Ao longo do processo, muitos estadunidenses proeminentes falaram sobre o que viram como uma armação, e quando o júri emitiu um veredito de culpabilidade, distúrbios e manifestações a favor da causa foram realizados em todo o mundo. Depois de uma série de recursos malsucedidos, os homens foram executados por eletrocussão em 1927; grandes protestos públicos também acompanharam sua execução.

Historiadores jurídicos acreditam amplamente que o sistema de justiça falhou com Sacco e Vanzetti e que o caso ilustra os preconceitos contra membros da comunidade anarquista. Para os historiadores anarquistas, Sacco e Vanzetti são muito importantes historicamente porque muitos estadunidenses reagiram com incredulidade ao caso e seus resultados, sugerindo que a causa anarquista pode ter tido simpatia em lugares surpreendentes durante a década de 1920. O caso continua a ser explorado e recuperado em filmes e livros, muitos deles de proeminentes historiadores, escritores e cineastas, o que levou o governo americano a reconhecer as irregularidades cometidas na realização do julgamento, que levou dois lutadores inocentes à cadeira elétrica.

Fonte: https://pacosalud.blogspot.com/2025/08/98-aniversario-del-asesinato-en-la.html#more

Tradução > Liberto

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tal nuvem no céu
em tarde de vento forte:
lembranças se vão!

Tânia Diniz

[Alemanha] Göttingen: 1º de setembro – vá às ruas no Dia Anti-Guerra!

Há guerra em todo o mundo, no Sudão, no Congo, no Curdistão, na Ucrânia… e o genocídio em curso em Gaza.

Vivemos em um mundo onde a riqueza de algumas pessoas é garantida à custa de grande parte da população, especialmente aquelas no Sul Global.

No dia 1º de setembro, Dia Internacional Contra a Guerra, combateremos a militarização desenfreada da nossa sociedade e a crescente ameaça de guerra com uma postura claramente antimilitarista. Levaremos nosso protesto às ruas, ao centro da cidade e, em seguida, a um concerto de solidariedade – por um mundo sem fronteiras, guerra e exploração.

Convidamos você cordialmente a celebrar o Dia Anti-Guerra conosco:

17h Manifestação pelo Dia Anti-Guerra, Gänseliesel (do Fórum da Paz de Göttingen)
19h Concerto de solidariedade com Krafetzka, em frente ao OM10
 (bandeiras de partidos não são permitidas!)

KRIEGE BLOCKIEREN!

omzehn.noblogs.org

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Uma árvore nua
aponta o céu. Numa ponta
brota um fruto. A lua?

Guilherme de Almeida

Sobre o Comunitarismo Ácrata 5 (Final)

Já quanto à segunda questão, sobre a relação das redes comunitaristas ácratas com os tipos de regimes e/ou sistemas políticos e/ou econômicos, a história dos movimentos anarquistas demonstra que, independentemente de se inseridos em sociedades ditas ‘democráticas’ ou ‘ditatoriais’, em economias ditas de mercado ou ‘estatizadas’, a violência da/os de cima contra a/os libertária/os é sempre dura, variando apenas o nível de sofisticação com que é aplicada, sendo que, normalmente, instituições repressoras ditatoriais são mais ‘rudes’ em suas práticas de violência (recorrendo comumente ao puro uso da força bruta), enquanto que instituições repressoras ditas ‘democráticas’ são mais sofisticadas (recorrendo não só ao uso da força bruta, mas também a expedientes de ‘torturas burocráticas’ e técnicas de manipulação moral e social). Isso significa que, conforme sempre foi a marca inequívoca dos movimentos anarquistas coerentes ao longo da sua história, as redes, em sua idoneidade, não podem tomar partido por uma ou outra destas falaciosas ‘alternativas’, sob o risco de perderem a credibilidade quanto à sua postura de rejeição ao princípio hierárquico. Sobre o argumento de que pode ser melhor enfrentar os aparatos repressores em uma ‘democracia’ do que em uma ditadura, algumas vezes defendido por certa/os militantes talvez pouco conhecedora/es das ‘profundidades’ da história do movimento a que se reivindicam pertencentes, é preciso lembrar que, frequentemente, organizações anarquistas foram e são esmagadas em regimes ‘democráticos’ das maneiras mais pérfidas que se possa imaginar (exemplos não faltam), pois estes regimes só toleram a ‘diversidade’ até o ponto em que esta não coloque em xeque o princípio do ‘mando/obediência’ (e só tolera organizações que questionam este princípio até o ponto em que elas não venham a ter força suficiente para desempenharem algum papel social realmente importante em seu território). Em contrapartida, há também mais de um exemplo da capacidade de sobrevivência de expressões anarquistas mesmo sob o açoite aberto de ditaduras. 
 
Uma lição que se pode depreender de trajetórias dos movimentos ácratas atuando tanto em ‘democracias’ quanto em ditaduras é a de que, no fundo, o que faz a diferença no que concerne à capacidade de sobrevivência coletiva e/ou individual das expressões libertárias, para além e para aquém do regime e/ou sistema político e/ou econômico em que estão inseridas, é o nível e consistência da articulação social que elas desenvolvem, tanto em nível nacional quanto internacional, que podem atuar como “guardas chuvas” e/ou “redes de proteção”, nos momentos dos ‘choques’ repressivos da/os de cima. Diante disto, seria recomendável que as redes comunitaristas ácratas desenvolvessem relações de parceria com organizações afins das sociedades civis nacional e internacional (além de se associarem com as próprias organizações anarquistas ‘de origem’ e coerentes, claro), tais como redes de expressões culturais descentralizadas e apartidárias, organizações sociais cooperativas auto gestionárias sem fins lucrativos e nem vínculos políticos e/ou partidários, organizações de trabalhadora/es autônomas e rebeldes com relação às estruturas partidárias e sindicais hierárquicas e burocráticas dominantes atualmente no cenário trabalhista etc., para assim poder contar talvez com uma possível “rede de proteção” em momentos de ataques ‘físicos’ por parte das instituições repressoras; bem como (seria recomendável que as redes comunitaristas) desenvolvessem também práticas de intervenções em discussões públicas pertinentes aos meios sociais mais envolvidos com processos de formação e informação das populações, especialmente meios onde se desenvolve a educação formal em vários níveis (uma boa linha de ação a ser desenvolvida para esta modalidade de intervenções seria a elaboração de séries de materiais ‘didáticos’ de fácil manuseio e compreensão – tais como fanzines, H.Q’s, opúsculos, panfletos etc. – contendo histórias e análises de experiências concretas ‘clássicas’ e contemporâneas de vivências coletivas e/ou individuais de sociabilidades libertárias), com a finalidade de criar alguma condição mínima para tentar romper ao menos um pouco o bloqueio ideológico vigente nas sociedades hierarquizadas com relação à possibilidade  – por parte das populações em geral – de acesso a uma compreensão fidedigna do caráter legítimo e da viabilidade das visões ácratas de mundo, e desse modo poder contar talvez com algum “guarda chuvas” mínimo de opinião pública, em momentos de ataques ‘ideológicos’ por parte dos órgãos a serviço da repressão.        
                              
Ainda de forma oportuna, sobre o conjunto destes questionamentos há pouco desenvolvidos e encerrados logo acima, nunca é demais lembrar: assim como é para toda expressão anarquista coerente, a finalidade maior da tática do comunitarismo ácrata é tornar desnecessário todo e qualquer poder e/ou hierarquia econômica e/ou política, ao invés de legitimar qualquer que seja das suas formas.
 
Por isto, visto que o comunitarismo ácrata seria a tática mais característica e destacada da concepção anarquista ácrata, e compreendendo-se que a grande aposta desta tática reside no investimento em processos de transformação cultural e de geração de novas sociabilidades humanas libertárias, a bandeira do anarquismo ácrata deverá ser símile ao estandarte ácrata mais popular, sendo que com o painel de fundo em azul – simbolizando companheirismo, fidelidade e idealismo -, e no centro o arroba espelhado ladeado pelos dois traços verticais do A de anarquismo (o símbolo do anarquismo ácrata) grafado em cor púrpura – símbolo da transformação espiritual em algumas culturas místicas, sendo aqui compreendida, por extensão, como uma referência à dimensão subjetiva – ‘espiritual’, ‘cultural’, neste sentido (no conjunto, surge um céu de ocaso e/ou aurora, a ação/transformação numa era terminal/inaugural). E, como sinônimo de ‘companheira/o’, ‘camarada’, sua/eus adepta/os se tratarão pelo termo de ‘conviva’ (‘minha/meu conviva’), significando ‘aquela/e com quem se partilha a própria vida’.  
 
Se ‘uma jornada de mil léguas se inicia com um primeiro passo’, e se a ousadia poderá ser recompensadora, iniciemos a jornada, com a coragem e disposição necessárias para as ousadias que ela exige, e sabendo que o fato de ver o movimento vencer a inércia, por si só, já poderá ser recompensa suficiente. 
 
Semeemos as RECAS!
Multipliquemos a/os convivas!
Nós, passarinha/os!
 
Natal, fins do inverno/início da Primavera de 2020.
 
Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira.
 
Trecho do “Manifesto Anarquista Ácrata”, de autoria de Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira.
 
(siga nosso perfil de Instagram: @movimento_anarquista_acrata e acompanhe nossas lives pelo canal de YouTube: anarcrata)
 
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À luz da manhã
cigarras cantam uníssonas:
homenagem ao sol.
 
Ronaldo Bomfim

3 anos de FACA: Memória, Revolta e Cinema na Quebrada!

Em 2025, completamos 3 anos de organização e luta anarquista no Espírito Santo. E pra celebrar nossa resistência, nada melhor que resgatar a história daqueles que ousaram sonhar com liberdade antes de nós.

FACA – Federação Anarquista Capixaba convida para o Cineclube FACA, com a exibição do documentário:

“COLÔNIA CECÍLIA: UM SONHO ANARQUISTA”

Um filme que revive uma das experiências anarquistas mais radicais do Brasil — a colônia libertária que desafiou o poder, a propriedade e a moral no século XIX. Uma história de sonho, rebeldia e utopia concreta que ecoa até hoje.

Vamos exibir, debater e refletir junto com as quebradas do estado:

• CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
25/08 (segunda) – 19h

• LARANJA DA TERRA
26/08 (terça) – 19h

• MUNIZ FREIRE
01/09 (segunda) – 19h

Essa atividade integra o calendário de lutas dos nossos 3 anos. É cultura, é formação, é luta!


Leve sua ideia, seu povo e sua revolta.

– Informações e inscrições: fedca@riseup.net

Vamos ocupar as telas e as ruas. Por um cinema que educa, e uma educação que liberta!

Federação Anarquista Capixaba – FACA

federacaocapixaba.noblogs.org

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Rosa branca se diverte
Pétalas no vento
Imitam a neve.

Vinícius C. Rodrigues

[Alemanha] Acampamento antimilitarista seguirá adiante “com ou sem permissão”

Apesar da proibição policial, os preparativos continuam para o acampamento de protesto contra a Rheinmetall em Colônia no final de agosto
 
Por Cristina Sykes
 
O acampamento, que acontecerá entre 26-31 de agosto, combina oficinas, discussões e eventos culturais com protestos direcionados a empresas de armamentos em toda a região Reno-Ruhr. A aliança Rheinmetall Entwaffnen (“Desarmar a Rheinmetall”), formada em 2018, está organizando o encontro de uma semana para se opor ao principal fabricante de armas da Alemanha e ao impulso de militarização mais amplo.
 
A polícia de Colônia proibiu tanto o acampamento quanto um “desfile” planejado para o quartel Konrad-Adenauer nas proximidades, citando riscos de “radicalização”. Um tribunal manteve a proibição em 15 de agosto, chegando a apontar o slogan antiguerra centenário Krieg dem Krieg (“guerra à guerra”) como suposta evidência de intenção violenta. Os organizadores rejeitam o argumento como repressão política. “O acampamento acontecerá – estamos muito otimistas”, disse Mila, porta-voz da aliança. “Vamos resistir à proibição legal e politicamente. As autoridades podem querer silenciar o movimento antimilitarista, mas seguiremos adiante”.
 
O acampamento deve atrair centenas de participantes da Alemanha e do exterior, incluindo coletivos anarquistas, grupos feministas, antifascistas e redes internacionalistas. Um bairro anarquista dedicado foi anunciado, com os organizadores relatando crescente mobilização desde que a proibição foi declarada.
 
As oficinas cobrirão tópicos como a reintrodução do serviço militar obrigatório, exportações de armas, o impacto da militarização nas mulheres e novas tecnologias como IA na guerra. Convidados internacionais também são convidados a compartilhar suas lutas. “Queremos construir uma rede global contra a guerra e a militarização”, disse Mila. “As pessoas vêm compartilhar experiências para que possamos agir juntos”.
 
O estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, sede da matriz da Rheinmetall em Düsseldorf, tornou-se um ponto focal para a oposição à indústria de armamentos. Instalações em Colônia-Mülheim, Neuss e Weeze estão todas ligadas à produção de tanques, artilharia e caças. Nos últimos dias, ativistas marcaram um local da Siemens em Munique com grafites e faixas denunciando seu papel na automação da Bundeswehr. Outra aliança, Rheinmetall Enteignen, convocou uma manifestação em frente à vila do CEO da Rheinmetall, Armin Papperger, perto de Düsseldorf.
 
Embora a polícia e a mídia apontem para confrontos em acampamentos anteriores, os organizadores sustentam que a própria repressão alimenta o confronto. A deputada do Die Linke, Lea Reisner, também criticou a proibição de Colônia como “uma interferência massiva e inaceitável no direito constitucional de reunião”.
 
Para os organizadores, o resultado é claro. “Faremos o acampamento acontecer, com ou sem permissão”, disse Mila. “A repressão apenas mostra por que nossa luta contra a militarização é necessária”.
 
Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/08/18/germany-anti-militarist-camp-will-go-ahead-with-or-without-permission/
 
Tradução > Contrafatual
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
se andava no jardim
que cheiro de jasmim
tão branca do luar
 
Camilo Pessanha