[Internacional] Referendo 2025: já temos os resultados!

NOVAS SEÇÕES DA CIT E APOIO CONTÍNUO PARA NOSSOS AMIGOS DA ÁSIA

Na CIT, todas as decisões são tomadas de baixo para cima. Isso quer dizer que todas as pessoas filiadas em qualquer seção participam no processo e que os organismos formais (como os Grupos de Trabalho ou o Comitê de Relações) só tem a responsabilidade de efetivá-las. Isto se consegue mediante congressos e referendos. Estes últimos são convocados sempre que surge uma nova questão entre congressos, ou que fiquem pendentes alguns assuntos, que por alguma razão eles não puderam resolver.

Para que isto possa funcionar, se submetem uma série de questões às seções e todas as pessoas filiadas aos sindicatos locais as discutem, de modo que possam expressar sua opinião a respeito. Depois, cada seção segue seu processo interno para chegar a um acordo. O delegado ou a delegada da seção no Comitê de Relações recebe um mandato para defender esta postura. O ideal é que todos os resultados dos referendos sejam conseguidos mediante o consenso, mas se isto não é possível, há um sistema de votação (pode-se consultar nossos estatutos no seguinte link: Estatutos – ICL-CIT).

Coordenar companheiros e companheiras de tantos países diferentes pode levar tempo. O Comitê de Relações (composto por uma pessoa de cada seção e, portanto, conhecedora dos processos internos desta para chegar a uma postura comum) deve elaborar um calendário que permita a consideração de todas as questões nos níveis local e nacional. Agrada-nos dizer que isto funcionou perfeitamente e que já dispomos dos resultados deste referendo.

Nesta ocasião, se submeteram quatro questões para consideração dos filiados:

  • Adesão da IWW Wisera: Wisera participou na CIT faz bastante tempo, mas no congresso anterior ficou pendente a ratificação de sua adesão. Esta foi aprovada por unanimidade de todas as seções participantes na consulta.
  • Adesão da CNT-França: A CNT-F solicitou sua entrada em nossa internacional no final de 2024. Esta foi aceita agora de maneira formal, de novo por unanimidade. Alegra-nos dar as boas vindas a esta nova seção!
  • Apoio a FGWM de Myanmar: Uma seção votou contra a continuidade do apoio econômico à FGWM, mas todas as demais se pronunciaram a favor. Ao mesmo tempo, nosso Grupo de Trabalho da Ásia segue colaborando de forma muito estreita com nossos amigos da região.
  • Moção sobre antimilitarismo: este ponto foi transferido do congresso anterior, já que nesse momento o texto não estava finalizado. Agora, as seções o aprovaram, de novo por unanimidade.

Uma vez mais, constatamos que é possível tomar decisões de baixo para cima e que este processo funciona perfeitamente através das fronteiras, em vários continentes e países.

iclcit.org

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

peixes voadores
ao golpe do ouro solar
estala em farpas o vidro do mar

José Juan Tablada

[Holanda] Biblioteca Anarquista de Amsterdã

A Biblioteca Anarquista.

Todos os sábados, a biblioteca anarquista abre das 14h00 às 18h00 e todas as quintas-feiras das 19h00 às 22h00 no Bollox, um pequeno café situado no belo pátio do Binnenpret. Esta iniciativa está em andamento há mais de 10 anos. Temos uma extensa coleção que vai de clássicos anarquistas às últimas publicações sobre teoria econômica, perspectivas queer, arte radical, infiltração governamental e ocupação. Outros tópicos são antifascismo, libertação animal, feminismo, ecologia, história, biografias e luta prisional. Temos livros em holandês, inglês, espanhol, francês e alemão. Você pode encontrar livros sobre e por pensadores radicais, livros que você não encontrará em nenhuma outra biblioteca, livros para aguçar a mente e iniciar o pensamento e o debate. Livros que dão uma perspectiva diferente sobre o mundo como o conhecemos e nos esclarecem sobre o fato de que outro mundo é possível e necessário.

Empréstimo de livros.

Os livros podem ser emprestados gratuitamente por um período de quatro semanas, deixando um depósito de 10 euros por livro. Se um livro for danificado, o depósito não será devolvido. Você pode estender uma vez por quatro semanas extras. Se você perder o livro, você paga 20 euros para que possamos substituí-lo.

Catálogos.

Você pode ver nosso catálogo online em https://www.librarything.com/catalog/agamsterdam

O grupo anarquista de Amsterdã.

A biblioteca anarquista é uma iniciativa da AGA (Anarchistische Groep Amsterdam). A AGA é um grupo de pessoas que cooperam na criação de soluções e alternativas para problemas encontrados no trabalho e na sociedade. A AGA luta por um mundo sem hierarquia, exploração e repressão, no qual as pessoas produzem de acordo com a necessidade e não de acordo com o lucro. Se você gostaria de nos conhecer ou trocar ideias, por favor, venha à biblioteca e nós o receberemos lá.

A biblioteca anarquista está aberta todos os sábados das 14:00 às 18:00 e todas as quintas-feiras das 19:00 às 22:00 no café The Bollox @ De Binnenpret, Eerste Schinkelstraat 14-16 Amsterdã.

www.agamsterdam.org | aga@agamsterdam.org

agência de notícias anarquistas-ana

de tantos instantes
para mim lembrança
as flores de cerejeira.

Matsuo Bashô

Autogestão com mãos alheias

Desconfio dos anarquistas que falam bonito. Dos que desenham horizontes complexos sem nunca terem pegado a vassoura pra varrer a varanda onde sonham. Desconfio dos que não lavam a própria cueca. Que não sabem onde mora o sabão. Muito menos a cor da panela onde o arroz ferve. Fazem discursos sobre liberdade com a roupa passada por mãos alheias.

Citam Bakunin com gosto — mas pisam no chão limpinho que não foi limpado por eles. Difícil é ser justo com as formigas. Com o feijão de ontem. Com o gotejo da pia que ninguém nota. Com o mofo escondido atrás do tanque. Falam muito em transformação — mas não sabem onde mora o balde d’água.

Nunca viram o pano de chão nem o peso de uma sacola de feira. Negam o Estado sem lavar o prato que comem. Querem incendiar as ideias das pessoas sem acender o próprio fogão. Não cuidam de si, da casa, como quem cuida de um mundo. E eu — que sou pequeno, que erro, que me atraso, que não falo palavras difíceis — ainda assim acho tempo pra lavar meu prato e cozinho minha fome na panela torta.

Te digo: fica difícil acreditar em palavras que propõem autogestão quando não se consegue gerir nem a própria vida. Não fiquem irritados se depois de uma palestra complexa alguém perguntar o preço do feijão. Porque pode ser ele quem está segurando seu mundo.

* Retirado do zine Revolta, sem data, sem autoria do texto e sem localidade mencionada
 
Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/05/09/quando-o-pensamento-vira-prisao-critica-anarquista-a-academizacao-da-vida/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/05/05/onde-estao-os-anarquistas/

agência de notícias anarquistas-ana

No clarão da lua,
que pinta o lago de prata,
esse ar de mistério.

Reneu do A. Berni

Lula pacifista? Não, Lula lambe-botas de milico sanguinário!


Lula fala de “paz e amor”, mas, sorrindo e afetuosamente, aperta a mão de um “Senhor da Guerra”, amante das armas, tirano, sádico, caçador de animais, homofóbico…

 
Quando Lula aperta a mão do sanguinário Putin, ele sabe que de fevereiro de 2022 a novembro de 2024, 12.162 civis ucranianos foram mortos e 26.919 ficaram feridos, de acordo com o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos? Ele sabe que, ainda segundo a ONU, os russos mataram 209 ucranianos e feriram 1.146 civis apenas no mês passado, que dezenove crianças morreram e 78 crianças ficaram feridas nos ataques aéreos russos desses últimos dias?
 
Lula é um pacifista de araque, farsante, hipócrita, oportunista!!!
 
POR UM MUNDO SEM FRONTEIRAS, SEM EXÉRCITOS, SEM INSTALAÇÕES BÉLICAS, SEM MERCADO DA MORTE, SEM OPRESSÃO, EXPLORAÇÃO E GUERRAS!
SOMOS ANARQUISTAS, SOMOS ANTIMILITARISTAS!!!
 
Conteúdos relacionados:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/04/05/russia-como-o-governo-de-putin-lida-com-os-anarquistas-russos/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2022/03/25/espanha-documentario-gulag-o-inferno-nas-prisoes-de-putin/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/05/09/putin-o-tiraninho-queridinho-da-esquerda-da-direita-2/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Noites sem cigarras –
qualquer coisa aconteceu
ao universo.
 
Serban Codrin

[Espanha] Contra a Feira Internacional de Armas em Madrid (FEINDEF 2025)

14 de maio, 19h30. Concentração contra a Feira de Armas em Madrid (FEINDEF 2025), em frente ao Quartel General do Exército (Praça de Cibeles, Estação de Metrô Banco, Madrid).

Vocês conseguem imaginar se sentíssemos vergonha de vender livros e a feira do livro tivesse que ser chamada de “feira da inovação e do pensamento”? Pois é isso que está acontecendo com a feira de armas FEINDEF, que ocorrerá de 12 a 14 de maio em Madrid, com o nome oficial de “Feira Internacional de Defesa e Segurança”. Não é de se estranhar que seja vergonhoso vender armas, pois, por mais adornos que coloquem, as armas destroem e matam. Esse é o objetivo para o qual foram minuciosamente projetadas por militares, empresários e engenheiros de “luvas brancas”, dedicados à “inovação e segurança”, a quem nunca atingirá o sangue de meninas inocentes. Não nos deixemos enganar pelo disfarce militar. Em feiras como essa, é onde são vendidas as armas que o exército de Israel está usando para destruir Gaza, derrubar casas, escolas, hospitais, armazéns de alimentos, mesquitas e igrejas, plantações, estradas, depósitos de água… Com armas como as que serão vendidas na FEINDEF, o exército de Israel está matando seletivamente jornalistas e médicos, ativistas e defensores dos Direitos Humanos. Quando tudo for esquecido, melhorarão as armas que usaram e as venderão na próxima feira com o rótulo de “testadas em combate”.

O fato de esse lucrativo negócio da morte ser realizado com o apoio do Estado, do Ministério da Defesa e de outros ministérios dispostos a mascarar gastos militares em seus orçamentos não diminui sua gravidade, mas a torna ainda mais grave, tornando toda a cidadania cúmplice. O fato de a Espanha estar entre os 10 maiores exportadores de armas não é motivo de orgulho, mas de vergonha. Aos senhores da guerra que organizam a FEINDEF 2025, dá vergonha chamá-la de “feira de armas”, assim como a Pedro Sánchez lhe dá vergonha que se gastem 800 bilhões de euros no rearme da Europa, além dos 10.471 milhões por iniciativa própria, o que nos empobrecerá ainda mais. Continuam nos enganando com os gastos militares reais, pois há anos já superamos 2% do PIB e, em 2024, nos aproximamos de 4%, com mais de 60 bilhões. Mudar o nome não muda a realidade; tenta apenas escondê-la.

Devemos estar atentas aos truques, jogos de palavras e disfarces do militarismo, e confrontar seus discursos com a realidade. Estamos testemunhando um processo acelerado de militarização da sociedade. A produção de armas está arrastando as universidades a uma cumplicidade crescente com a indústria da morte, com contratos vantajosos com o exército, traindo seu objetivo de colocar a ciência e o conhecimento a serviço da vida. O acordo de colaboração assinado pela UGT [sindicato majoritário espanhol] com a FEINDEF e as recentes declarações de seu secretário-geral, Pepe Álvarez, pedindo um imposto para a guerra de todos os cidadãos europeus, revelam bem a penetração do militarismo no mundo do trabalho e a traição que isso representa para as classes trabalhadoras, que serão as vítimas de nossa aclamada produção armamentista.

São muitas as implicações do militarismo em nossa vida. Destacamos uma mais, muito significativa: o mundo do jornalismo e da comunicação. Ao poderoso complexo político-militar-industrial foi inserido o poder midiático. Na Espanha, temos uma associação de jornalistas de “defesa”, bem recompensada com prêmios, reconhecimentos, condecorações e, provavelmente, salários do Ministério da Defesa, dedicados a limpar e adoçar os estragos do militarismo e a nos incentivar a sermos generosa carne de canhão na próxima guerra. O poder do complexo político-militar-industrial conseguiu, por meio de investimentos nos meios de comunicação, impregnar suas linhas editoriais para poder modelar a realidade à sua maneira e influenciar decisivamente a opinião pública, mesmo que tenham que trair sua adesão à verdade. Talvez essa implicação da indústria militar explique a postura belicista que o grupo Prisa tem adotado, agora paladino da guerra e do rearme, ataque aos pacifistas e antimilitaristas, a quem nunca convida para seus debates.

Com esse panorama e um clima crescente de belicismo, os coletivos que formam o Desarma Madrid não ficaram em silêncio. Em 24 de abril, organizamos um encontro com o lema “O que queremos defender. Alternativas frente aos Senhores da Guerra”. Denunciamos que o exército não nos dá segurança nem nos defende de nada que realmente nos importe, ao contrário, é uma ameaça. O que nos importa – os serviços públicos, a habitação, os direitos humanos, a paz, a justiça, a liberdade – é o que defendemos nas ruas e em nossas associações.

Coincidindo com a feira de armas, estão previstos vários atos: o principal é uma concentração de protesto no último dia da feira, 14 de maio, em frente ao Quartel General do Exército, na Cibeles, às 19h30.

Não se deixe arrastar para a guerra, participe, organize-se, divulgue, imagine, organize novas protestos contra o militarismo. Nossas vidas dependem disso.

alternativasnoviolentas.org

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Sobre o telhado
um gato se perfila:
lua cheia!

Maria Santamarina

[França] Ideias e lutas: Um Estado contra seu povo

Um projeto político baseado no terror

As ondas de repressão sofridas pelo povo russo de 1917 até os dias atuais são sinistras. É claro que o regime czarista realizou prisões por sua polícia política, a Okhrana, prisões, deportações e muitos revolucionários foram vítimas.

Mas com o regime que emergiu da tomada do poder pelos bolcheviques em 1917, a violência do Estado contra o povo mudou de escala e poucos oponentes sobreviveram em uma sociedade policial de brutalidade sem precedentes. Nicolas Werth, em uma edição atualizada de seu livro Um Estado contra seu Povo, de Lenin a Putin, sublinha “a centralidade da repressão em massa no exercício do poder e no funcionamento do Estado soviético durante grande parte das sete décadas de sua existência e o impasse a que essas repressões levaram“. Graças à abertura dos arquivos durante o período de relativa democracia sob Yeltsin, ele fortaleceu sua análise do uso da violência desde o início do regime. Os bolcheviques introduziram uma cultura política específica de guerra civil, marcada pela recusa de qualquer compromisso ou negociação. Por trás do pretexto real das circunstâncias militares, os líderes bolcheviques e Lenin em primeiro lugar desenvolveram “um forte projeto político baseado no terror como um instrumento primitivo, mas eficaz, de construção do Estado“. A criação da Cheka, em 7 de dezembro de 1917, formou a base dessa política. Essa ferramenta policial, política, extrajudicial e econômica organizou a prisão, deportação e eliminação dos “inimigos do povo” que eram membros de uma “classe socialmente estranha”, “inimigos do regime soviético”. As vítimas disso foram os czaristas, os mencheviques, os anarquistas, os socialistas revolucionários, os bolcheviques que se separaram, os kulaks… em suma, todos aqueles que tinham uma visão diferente dos que estavam no poder. Essa “guerra suja“, para usar a expressão de Nicolas Werth, a matriz do stalinismo, continuou até a década de 1950, quando o confronto entre os brancos e os vermelhos havia terminado há muito tempo.

A fragilidade do sistema

Por que essa política continua? É claro que os líderes estavam cientes da fragilidade do sistema diante de um corpo social difícil de controlar e de uma gestão pouco confiável. Não esqueçamos que os bolcheviques eram minoria em 1917. Para se impor, o Terror Vermelho constantemente usou e aperfeiçoou novas técnicas de repressão. A caça às tropas de Makhno na Ucrânia, o massacre de Kronstadt, duas ações lideradas por Trotsky demonstram a violência contra o povo, os oponentes. Nesta coluna, relatamos frequentemente testemunhos, notadamente dos livros Vivre ma vie de Emma Goldman, La Terreur sous Lénine de Jacques Baynac. Os fatos eram conhecidos, mas as democracias ocidentais estavam olhando para o outro lado. O leitor ficará chocado com os milhões de mortes durante as grandes fomes, a repressão dos trabalhadores em greve. Os absurdos chamados julgamentos de Moscou sublinham a espiral sem fim com um vocabulário delirante, a aplicação de uma lei penal que elimina oponentes reais ou supostos com base no famoso artigo 58 do código penal que define crimes contra-revolucionários em quatorze parágrafos.

Medo de conspiração

O medo da conspiração anima constantemente o regime. Devemos lembrar os erros, os crimes, especialmente no início da Segunda Guerra Mundial. Para cada falha ou deficiência, basta encontrar culpados até a trama dos médicos na véspera da morte de Stalin em 5 de março de 1953. No entanto, o regime está lentamente se movendo em direção à desestalinização. Muitos de seus hierarcas foram “heróis” das ondas de repressão, incluindo Khrushchev, portanto, recomenda-se cautela.

A repressão tornou-se mais sutil ou perversa. A KGB confiou em sua rede de hospitais psiquiátricos, acusou intelectuais de vandalismo e proibiu revistas dissidentes. Decididamente, o regime não sabe como se tornar uma democracia. Sabemos mais sobre os eventos mais recentes, mesmo que as greves dos trabalhadores sejam ocultadas e reprimidas. A Perestroika permite a reabilitação das vítimas. No entanto, a Rússia está voltando à violência institucional na Chechênia, ao controle da mídia e à eliminação de jornalistas como Anna Politkovskaya. Os oponentes morreram nas prisões da Sibéria. A revisão da história permite justificar a invasão da Ucrânia, um nacionalismo exacerbado, bem como a censura permanente. O direito penal justifica as violações das liberdades. A Associação Memorial foi dissolvida com argumentos e termos que lembram a época da Cheka. E “como sempre, a guerra desempenhou um papel importante na extensão e endurecimento da repressão política“. Você tem que ser corajoso para ser um oponente na Rússia, de Lenin a Putin.

Nicolas Werth
Um estado contra seu povo
De Lenin a Putin
Ed. Les Belles lettres, col. O sabor da história, 2025

Fonte: https://monde-libertaire.net/index.php?articlen=8364

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/02/02/franca-o-terror-sob-lenin/

agência de notícias anarquistas-ana

Sapato furado
em dia de chuva fria,
resfria um coitado.

Nilton Manoel

Um problema de origem capitalista não pode ter uma solução capitalista

O aquecimento global é causado principalmente por atividades humanas relacionadas ao impulso compulsivo em direção ao crescimento infinito impraticável. A necessidade de ações de mitigação é hoje um fato que o capitalismo soube aproveitar, “evangelizando” para comportamentos virtuosos que incrementem os negócios “verdes”. Basta olhar para as operações de “greenwashing” cada vez maiores promovidas pelas multinacionais e Estados.

Ações “verdes” que, por um lado, contribuem minimamente para a redução dos impactos diretos de alteração climática, mas, por outro, causam efeitos “indiretos” muito mais graves. Portanto, iniciar o decrescimento até que ele seja revertido de forma sustentável é a única solução seriamente adotável, mesmo em conjunto com transições energéticas compartilhadas.

As mudanças climáticas exigem ações claras e planos de mitigação urgentes, aumentando a dissidência em relação aos governos que viram as costas ao problema, relançando a ação autogerida e direta.

ANTICOP30 Belém-Brasil
Contra o mundo do petróleo!
Rebele-se!!

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/05/09/comunicado-1a-jornada-internacional-anarquista-da-amazonia-brasil-jornadas-anti-cop/

agência de notícias anarquistas-ana

Um grande silêncio —
Nuvens escuras se acumulam
Sobre a terra seca.


Paulo Franchetti

[Itália]: Fechemos as fábricas da morte.

Turim, 12 de maio

Diversas realidades que se opõem abertamente à militarização da sociedade e à opressão do regime autoritário de Erdogan na Turquia, animaram com intervenções, cantos e danças um barulhento protesto em frente ao Palácio Ceriana Mayneri, sede onde está sendo realizado o Fórum de Negócios Turquia.

O evento – organizado pela Região Piemonte, pela Câmara de Comércio de Turim e pelo Consulado Geral da Turquia em Milão – tem como principal objetivo fortalecer as relações econômicas entre as indústrias piemontesas e turcas em diversos setores. Um dos focos mais importantes é, obviamente, o setor aeroespacial militar, onde a cidade de Turim se destaca. Não é por acaso a participação da TUSAŞ, principal indústria militar da Turquia.

Armamentos, caças, drones de combate, são produzidos a poucos passos de nossas casas e revendidos para países em guerra. Populações como a do Rojava sofrem bombardeios, mortes e devastação ambiental perpetrados justamente graças a armas fabricadas na Itália. A União Europeia paga à Turquia para que bloqueie os refugiados de guerra.

Combater a legitimação dos poderes políticos e econômicos que estão permitindo a continuidade dos conflitos é possível, e começa justamente daqui, dos nossos territórios.

Jogamos areia nos mecanismos do militarismo.

Fechemos as fábricas da morte.

Contra todas as pátrias, por um mundo sem fronteiras!

Assembleia Antimilitarista – Turim

Federação Anarquista Torinese

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Está chovendo? Não
bichos-da-seda comendo
as folhas, tão ávidos.

Masuda Goga

[Alemanha] Lokal Aberto da FAU em Berlim– Um espaço social para todos!

O Lokal Aberto é um espaço social para membros e curiosos se encontrarem, trocarem ideias e fazerem redes de contatos. Todas as sextas-feiras a partir das 18h. até às 21h. abrimos nossas portas na Grüntaler Str. 24 (Berlim- Wedding) – sinta-se à vontade para trazer amigos e colegas!

  • Comida quente e bebidas geladas
  • Espaço para discussões, trocas e organização conjunta
  • Jogos, biblioteca e material informativo

Você já é membro e quer se tornar mais ativo? Ou você quer apenas dar uma olhada e ver o que a FAU Berlin está fazendo? Não importa se você está procurando uma conversa informal sobre condições de trabalho, perguntas sobre organização sindical ou simplesmente passar uma noite relaxante, você veio ao lugar certo. Às vezes há reuniões de grupo ou eventos, às vezes apenas saímos juntos.

Um lugar para comunidade, ideias e solidariedade. Venha e junte-se a nós!

berlin.fau.org

agência de notícias anarquistas-ana

sinto um agudo frio:
no embarcadouro ainda resta
um filete de lua

Buson

Ato de dignificação da tumba de Joan García Oliver em Guadalajara – México

Ontem, 11 de maio, no Panteão Colônias do cemitério de Guadalajara, no estado mexicano de Jalisco, se dignificou a tumba do destacado anarcossindicalista Joan García Oliver nascido em Reus em 1902 e falecido no México em 1980. Ao ato foram David Blanco, Secretário de Relações Internacionais e Carmen Arnáiz, Secretária de Ação Social, ambos em representação de toda a CGT. Umas vinte pessoas solidárias e afins ao movimento libertário da zona também estiveram presentes. 45 anos depois de sua morte, a tumba sem nome onde jazia o corpo de uma das mais destacadas figuras do anarcossindicalismo foi restaurada e significada a partir de um processo de busca e localização iniciada pelo companheiro de Memória Libertária da CGT Joan Pinyana em 2010. O ato foi carregado de emotividade e afeto. No encontro foi feita uma revisão sobre sua figura e contou nos momentos finais com a surpreendente presença de seu afilhado Rene Rivial, que falou com emoção das recordações compartilhadas com seu padrinho e sua companheira Pilar, aos quais a família Rivial ofereceu desinteressadamente alojamento durante seu exílio mexicano.

Durante o ato na tumba se colocou uma bandeira da CGT, um lenço em memória das vítimas do nazismo mortas nos campos de concentração e extermínio (algumas delas companheiros libertários de García Oliver), uma bandeira solidária das represaliadas da CNT de “las 6 de la Suiza”, um postal com a imagem histórica da Federação Anarquista Ibérica (FAI) com o lema de “Llibertat” e uma kufiya palestina, para denunciar o atual genocídio em Gaza. Também houve uma coroa de flores enviada pela Generalitat de Catalunya. David Blanco narrou o processo de restauração da tumba empreendida por Memória Libertária e como, por fim, esse processo chegava a seu final, também assinalou a importância que dava a organização anarcossindicalista CGT a não esquecer o passado para construir o futuro. De sua parte, Carmen Arnáiz enfatizou que o ato não era só para recordar a figura de um revolucionário como Joan García Oliver, mas também e com igual de importância a de milhões de pessoas que acreditaram no ideal anarquista e deram a vida para acabar com todo tipo de exploração. Nesse sentido, fez uma menção muito especial ao papel que jogaram as Mujeres Libres nesse processo de mudança revolucionária e estendeu a homenagem ao conjunto do movimento libertário e todas as organizações anarcossindicalistas atuais. O ato terminou com as pessoas participantes cantando “¡A las barricadas!”

cgt.org.es

Tradução > Sol de Abril

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/03/25/espanha-anuncio-do-projeto-documental-sobre-joan-garcia-oliver/

agência de notícias anarquistas-ana

o jornaleiro espantado
que eu queira comprar
o jornal de ontem

André Duhaime

[Canadá] Dia da vingança trans: quebecor destruído, cybertruck destroçado

No espírito do Dia da Vingança Trans e do Dia da Mentira, um grupo de anarquistas trans fez um estardalhaço, tendo como alvo a mídia transfóbica e o carro transfóbico. Por volta das 4h30 da manhã, com raiva da violência policial na manifestação da vingança trans, pessoas trans armadas e mascaradas levaram sua vingança ao Quebecor, empresa controladora do Journal de Montreal, TVA e outros. Esses veículos de mídia têm constantemente vomitado papo-furado transfóbico, intolerante e fascista no fluxo de notícias. Cerca de 5 janelas de sua sede na Square Victoria foram quebradas, tinta rosa clara foi lançada nas janelas e no interior da entrada, e fogos de artifício foram atirados.

Quando estavam se dispersando, o grupo se deparou com um belo cybertruck estacionado. Indignades com a onda transfóbica e fascista de Elon Musk, as bonekas aproveitaram essa oportunidade de ouro. A frase “Fuck Nazis” (Fodam-se os nazistas) foi gravada na traseira em rosa brilhante, a tinta vermelha cobriu as laterais e as janelas dianteiras e os para-brisas foram quebrados em pedacinhos.

Feliz dia da mentira, Elon, vá chupar uma piroca trans

E feliz dia da “visibilidade” trans para todes. Que nossa raiva e vingança sejam visíveis para todos que nos querem mal <3

Fonte: https://mtlcounterinfo.org/trans-day-of-vengeance-w-quebecor-trashed-cybertruck-wrekt/

Tradução > acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

o bambual se encantava
parecia alheio
uma pessoa

Guimarães Rosa

Unidos pela ganância: o petróleo vale mais que a vida?

[Itália] Na morte do papa rei. A máscara populista de um monarca

Roma blindada. Ruas fechadas, praças militarizadas, atiradores de elite nos telhados, sistemas anti-drone ativados, contratorpedeiros posicionados no rio Tibre. Para homenagear um soberano estrangeiro, Jorge Mario Bergoglio, conhecido como “Papa Francisco”, a cidade foi transformada em um teatro de guerra. Os alertas saltavam nos celulares dos cidadãos como uma nova liturgia da ansiedade, enquanto a população inteira, alheia e impotente, se via sequestrada dentro de sua própria cidade. E, claro, como sempre, quem pagou a conta foram os próprios cidadãos italianos — os mesmos que fornecem água de graça ao Vaticano e agora tiveram que bancar também a encenação fúnebre do mais recente monarca de Além-Tevere.

Não apenas repressão física, mas também cultural e simbólica: o governo de Meloni proclamou cinco dias de luto nacional, mascarando sob o luto religioso uma vontade política clara: reduzir, ofuscar e apagar o 25 de abril, Dia da Libertação, data do antifascismo que o governo neofascista nunca engoliu. Na Itália, o morto certo ainda pode ser mais útil do que o vivo que luta.

Diante desse cenário, o desfile hipócrita dos poderosos se completou em todo seu esplendor miserável. Políticos de direita e de “esquerda” compareceram ao funeral, ajoelhando-se diante daquele símbolo de poder. Os ausentes, se é que houve algum, faltaram apenas por oportunismo, não por convicção.

Lembram dele como “o papa dos pobres”, mas Francisco, como destacado na última edição por Daniele Ratti, nunca teve coragem — nem vontade — de apoiar a Teologia da Libertação, aquela que, na América Latina, buscava unir cristianismo e luta contra a opressão. Na verdade, a história nos mostra o oposto: Jorge Bergoglio, na Argentina, sempre se manteve distante — ou mesmo hostil — a essas experiências. Condenou abertamente seus irmãos jesuítas que aderiram aos ideais de Gustavo Gutiérrez, Helder Câmara e Leonardo Boff. Sua visão de “caridade” sempre foi paternalista, longe de ser revolucionária!

Em 2004, definiu como “fascismo” a introdução da educação sexual nas escolas de Buenos Aires. Em 2010, falou em “guerra de Deus” contra o casamento igualitário. Abertura e modernidade? Bergoglio representava a ala mais conservadora da Igreja argentina, aquela que, como destacou o intelectual uruguaio Alberto Methol Ferré, deixou morrer o impulso dos pobres pela libertação por medo de se comprometer politicamente.

Durante a ditadura militar de Videla, como denuncia o jornalista Horacio Verbitsky em seu livro El Silencio, a biografia de Bergoglio esteve ligada à página sombria da “Guarda de Ferro” e ao desaparecimento dos dois jesuítas Orlando Yorio e Francisco Jalics. “Papa dos desaparecidos”? Seu silêncio ensurdecedor diante de um regime sanguinário ecoa bem mais alto.

Ratti teve a coragem de dizer sem hipocrisia: um papa continua sendo um papa, ou seja, um reacionário. A mídia ocidental, em seu frenesi por encontrar sempre um “papa bom”, varreu para debaixo do tapete as posições reais de Bergoglio.

Feminismo? Para ele, é “machismo de saia”. Homossexualidade? Algo a “ser tratado pela psiquiatria” se manifestado cedo demais. Já os “lobbies gay” eram uma obsessão a combater, inclusive dentro da Igreja. Mulheres sacerdotes? Um “não” claro e irrevogável. Padres casados? Talvez só em “lugares remotos” como a Amazônia. Aborto? Crime pior que terrorismo: médicos que o praticam são “assassinos de aluguel”.

Sobre a pedofilia clerical, Francisco não foi o purificador que pintaram: protegeu figuras-chave da hierarquia envolvidas em escândalos. Na Argentina, tentou abafar o caso do padre pedófilo Julio César Grassi; como papa, nunca encontrou tempo para se reunir com Jean-Marc Sauvé, autor do relatório sobre abusos na França.

Quando o Charlie Hebdo foi alvo do terrorismo islamista em 2015 (ataque que matou 17 pessoas), Francisco “condenou” o atentado… mas logo completou: “Quem insulta a fé alheia deve esperar um soco”. Um jeito elegante de dizer que a liberdade de expressão pode ser sacrificada em nome da religião.

Resumindo: Jorge Bergoglio não mudou a Igreja. Apenas atualizou o marketing. Um iPad na mão, gestos populistas, milhões de seguidores no X (ex-Twitter, agora controlado por Elon Musk) e toneladas de retórica sobre os pobres — retórica nunca traduzida em ações reais contra a opressão sistêmica que a própria Igreja historicamente sustentou.

Francisco não foi um “progressista”. Foi um conservador sorridente, o rosto humano de uma instituição podre, que só se salva graças a truques de comunicação. Lutou contra todas as formas reais de libertação, da América Latina à Europa, e defendeu até o fim o sistema patriarcal, autoritário e violento chamado Igreja Católica.

Por isso, hoje, enquanto os poderosos se curvam diante de seu caixão, nós seguimos nos curvando apenas diante de quem luta para libertar o mundo.

‘gnazio Fatina

Fonte: https://umanitanova.org/in-morte-del-papa-re-la-maschera-populista-di-un-monarca/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Um sol transparente
e um mar azulão
brilhando na areia quente

Winston

[Espanha] A menor biblioteca do mundo

Michel Ende, em seu romance MOMO, nos convida a dar uma olhada em um mundo onde é impossível “perder tempo”. Onde o bar de sempre vira um fast food e o simples contato humano de uma interação é anulado. Parecia loucura, mas nesta Barcelona gentrificada, o pesadelo virou rotina.

A grande conquista da compra d’EL LOKAL, graças ao APOIO MÚTUO, à SOLIDARIEDADE e à AÇÃO DIRETA, é um freio nas lógicas extrativistas da cultura. EL LOKAL, como espaço de encontro, permite conversas intermináveis que tentam mudar o mundo, mas, acima de tudo, convida a brincar, a imaginar. Essa qualidade exclusiva da humanidade que, nestes tempos de IA, parece que estamos entregando às máquinas. Como bons CRONÓPIOS que somos nós, os “lokaleros”, você sempre vai encontrar coisas espalhadas por aí — um martelo (da vez que consertaram aquela prateleira) ou uma camiseta que alguém experimentou e esquecemos de devolver ao lugar.

Talvez seja por isso que não suportamos espaços livres ou vazios desperdiçados. Então imagina a nossa surpresa ao puxar um cartaz velho e encontrar um cubo de dez centímetros de lado na parede — cheio de NADA. Isso não podia ficar assim e, como uma travessura a mais, criamos a menor biblioteca do mundo. Você pode se perguntar: “Mas os livros são funcionais?” E é aí que respondemos: sim e não. Dá pra abri-los, e mesmo que as páginas estejam em branco, isso é só uma pequena armadilha que preparamos pra você exercitar sua imaginação.

Pense nas crianças que ainda não sabem ler, mas abrem um livro ao acaso e contam a melhor das histórias. E é aí que a gente fala sobre brincar. Nem tudo precisa ter uma finalidade ou ser feito na correria, como dizia Michel Ende no seu romance. E você, já veio conhecer a menor biblioteca do mundo?

ellokal.org

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/10/29/espanha-comunicado-final-da-campanha-o-el-lokal-vai-ficar-em-raval/

agência de notícias anarquistas-ana

Crisântemos brancos –
Tudo ao redor também
É graça e beleza.

Chora

Nenhum governo nos representa. Nunca representou.

De Vargas a Bolsonaro, de Lula a FHC, de Dilma a Temer, a história do Brasil é uma sequência coreografada de promessas quebradas, palanques ensaiados e a mesma engrenagem moendo o povo, só mudam os nomes na placa da máquina.

Lula? Ascensão operária transformada em braço político da conciliação com os donos de tudo. Fez aliança com banqueiro, empreiteiro, latifundiário e ainda vendeu isso como avanço social. Colocou pobre no avião, mas deixou elite no comando da torre. E quem ousou lutar fora da institucionalidade foi espionado, preso ou silenciado. O PAC asfaltou não só estrada, mas também a passagem da polícia sobre comunidades inteiras.

Bolsonaro? O oposto igual. Prometeu “libertar” o povo, mas entregou armas aos ricos e grilagem aos latifundiários. Transformou o autoritarismo em fetiche e o ódio em programa de governo. Serviu ao mercado com a mesma disciplina de quem sempre foi escravo do capital. Ajudou banqueiro, agronegócio, militar e ainda teve a ousadia de chamar isso de liberdade.

Antes disso? Collor, o caçador de marajás que confiscou a poupança do povo. FHC, o intelectual das privatizações, que vendeu patrimônio público a preço de banana enquanto escrevia crônicas sobre democracia. Sarney, símbolo da transição que manteve tudo igual. Todos com a mesma missão: manter a ordem e o progresso, ou seja, a desigualdade com selo institucional.

Mas nós, os de baixo, sempre soubemos: não há salvação no voto, nem libertação por decreto.

Bakunin já avisava: “a liberdade não se conquista através do Estado, porque o Estado existe para negar a liberdade“.

Emma Goldman dizia que “se votar mudasse alguma coisa, já seria proibido“.

Errico Malatesta lembrava que “a revolução não se faz no papel, mas na prática do dia a dia, nas ruas, nas relações.

E no Brasil, o que chamam de democracia é um balcão de negócios onde o povo entra como moeda e sai como estatística. A esquerda institucional acredita que o problema é o modelo; a direita, que o problema é a gestão. Mas o anarquismo responde: o problema é o poder.

Por isso, não queremos reformar a prisão, queremos derrubá-la.

Não nos basta escolher o capataz, queremos o fim da senzala.

Não nos iludimos com PEC, CPI ou STF, porque quem julga a opressão de dentro da engrenagem é só mais um parafuso.

Se a história do Brasil foi escrita por governos, talvez esteja na hora de escrevermos outra, sem governo nenhum.

O ser humano sente-se atacado por mil males que o escravizam e o tornam miserável, o que impede seu desdobramento natural e livre; ele folheia a história e está convencido de que nenhum governo fez a felicidade do povo.  Reis, imperadores, presidentes, todos foram maus, todos pesaram sobre os ombros do povo como uma laje sepulcral; nenhum governante tem sido o abrigo dos fracos e do flagelo dos fortes; todos os governos têm sido uma mãe carinhosa e amorosa dos poderosos e uma madrasta cruel e arrogante dos humildes. Nenhum homem pode fazer a felicidade do povo quando ele já está à frente do governo.” – Ricardo Flores Magón, 1917

Anarquismo – Liberdade

agência de notícias anarquistas-ana

outrarte
o ouro esboço
do crepúsculo

Guimarães Rosa

[Uruguai] Juan Pardo, desenhista, gravurista, escultor e oleiro anarquista

No dia 6 de fevereiro de 1969, com 76 anos, morre em Montevidéu o anarquista Juan Pardo. Totalmente desconhecido atualmente, Pardo fez uma propaganda anarquista constante e tenaz, sendo parte dessa rede solidária e anônima da qual fazem parte dezenas e centenas de lutadores sociais. Destacou-se como artista, realizando numerosas xilografias que retratavam os rostos das principais figuras do anarquismo local e internacional nas páginas de diferentes jornais anarquistas, como: Inquietud (1944-1950), Voluntad (1956-1965) ou Solidaridad, órgão da Federação Operária Regional Uruguaia. Seu companheiro e amigo Vladimir Muñoz dizia que “com suas madeiras gravadas, abria sulcos nas mentes dos leitores rumo às concepções libertárias.”

Ele combinava sua arte com a redação de textos de estilo gauchesco, assinados com o pseudônimo “El Jinete L’Azulejo”. Sua extensa produção pode ser facilmente encontrada ao percorrer as páginas da imprensa anarquista local nas décadas intermediárias do século XX.

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

probleminhas terrenos:
quem vive mais
morre menos?

Millôr Fernandes