[Chile] Santiago: Barricadas em memória dxs companheirxs Lupi, Tortu e Belén

“DEPOIS DA MEIA-NOITE…”
 
O Agosto Negro começa com fogo! A chuva que caía na capital não impediu que diferentes indivíduos se unissem para responder ao chamado em curso.
 
Xs companheirxs que morreram vivem em nossos corações e mãos que impulsionam a ação anárquica contra o poder.
 
Isso é apenas o começo, a expansão da palavra, traduzida em ação, é nossa prioridade.
 
Lupi, Tortu e Belén presentes!
Nada acabou, tudo continua!
 
Santiago, Chile
1° de Agosto 2025
 
Fonte: https://es-contrainfo.espiv.net/2025/08/01/santiago-chile-barricadas-en-memoria-de-lxs-companerxs-lupi-tortu-y-belen/
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/15/chile-chamado-para-um-agosto-negro-em-memoria-dxs-companheirxs-lupi-tortuga-e-belen/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Bandeira negra voa
onde o Estado não colhe
flores do caos.

Internacionalistas espanhóis na Revolução Sandinista: Histórias de vida

A Nicarágua emergeria como um regime revolucionário, entendido como uma transformação profunda das estruturas políticas, econômicas e sociais do país. Diante desse cenário, os olhos do mundo se voltariam para esse pequeno território centro-americano que, vinte anos depois de Cuba, buscaria seu próprio caminho sob três princípios: economia mista, liberdade ideológica e não alinhamento.

Entre 1978 e 1990, formou-se no Estado espanhol um importante movimento de solidariedade com a Revolução Sandinista, que, junto a outros movimentos, o inseriu em uma nova era de transformações sociais. Tentar explicar tudo isso em poucas linhas seria demasiado ousado. Aqui, serão apresentados apenas alguns apontamentos sobre os diferentes tipos de internacionalistas espanhóis que lutaram em território nicaraguense, seja contra a dinastia somocista, seja em apoio à Revolução Sandinista. Para isso, o artigo está dividido em duas partes principais: o período da luta armada contra Somoza (antes de 19 de julho de 1979) e o período do governo revolucionário da FSLN.

1. O fim da ditadura dos Somoza (1978-1979)

Grande parte da vocação religiosa católica espanhola durante a ditadura franquista foi enviada para missões na América Latina. Muitas freiras e sacerdotes, apesar de terem sido ordenados sob o Nacionalcatolicismo, adotaram posturas de denúncia social ao entrarem em contato com as privações das classes mais pobres da região. No caso da Nicarágua, Gaspar García Laviana foi enviado em 1969 para paróquias próximas à fronteira com a Costa Rica. Ele ingressou na FSLN no Natal de 1977 e foi assassinado pela Guarda Nacional em 11 de dezembro de 1978. Laviana tornou-se o principal exemplo do internacionalista para o sandinismo, tanto por sua condição religiosa quanto por sua decisão de pegar em armas.

Muitos outros sacerdotes espanhóis foram expulsos pela ditadura somocista. Alguns, como Antonio Sanjinés (de Bilbao), chegaram a ser capitães do Exército Popular Sandinista (EPS) nos anos 1980. Outros, como José Álvarez Lobo (asturiano), atuaram no apoio logístico, evacuando feridos sandinistas a partir da Costa Rica. Já Pedro María Belzunegui (navarro) foi expulso em 1978 após ser descoberto com um depósito de armas em sua paróquia.

Um caso emblemático foi o do madrilenho Ángel Barrajón, que, junto a Sanjinés, fundou o Movimento Cristão Revolucionário para mobilizar jovens contra Somoza. Expulso, ele organizou redes de solidariedade na Europa, enviando recursos cruciais para a resistência.

No Frente Sur (fronteira com a Costa Rica), onde Edén Pastora liderava a luta, chegaram espanhóis como Pedro Ariza, que, após ouvir Ernesto Cardenal na Alemanha, decidiu viajar para a Nicarágua e integrar-se ao EPS, lutando posteriormente em El Salvador com o FMLN.

Os internacionalistas espanhóis na guerrilha dividiam-se em dois grupos:

  1. Religiosos radicalizados pelo contato com a realidade nicaraguense, vistos pela FSLN como parte de sua organização.
  2. Militantes desiludidos com a Transição espanhola, que buscavam na Revolução Sandinista um novo horizonte revolucionário.

 2. A Revolução Sandinista (1979-1990)

Após a vitória sandinista, chegaram à Nicarágua espanhóis de diferentes perfis:

  • Profissionais especializados(médicos, professores, engenheiros) enviados por meio de acordos oficiais.
  • Brigadistas(como os participantes da Campanha Nacional de Alfabetização de 1980).
  • Ativistas políticosque viam na Revolução Sandinista uma alternativa ao reformismo espanhol.

Muitos desses internacionalistas permaneceram no país, integrando-se a projetos sociais e políticos. Outros, como Mertxe Brosa e Pedro Ubero, continuaram ativos em iniciativas de solidariedade mesmo após o fim da revolução.

 3. Conclusão

A participação espanhola na Revolução Sandinista pode ser dividida em três fases:

  1. Luta armada contra Somoza(sacerdotes e militantes radicais).
  2. Apoio à reconstrução pós-1979(profissionais e brigadistas).
  3. Solidariedade nos anos 1980(jovens ativistas vinculados a movimentos sociais).

Esses internacionalistas desempenharam papéis variados: combate, logística, educação, saúde e difusão de informações sobre a revolução. Sua contribuição foi parte de uma ampla rede global de apoio ao sandinismo durante a Guerra Fria.

A Revolução Sandinista terminou formalmente em 1990, com a vitória eleitoral da oposição apoiada pelos EUA. No entanto, sua memória permanece viva entre aqueles que participaram dela.

Notas:

1 – Para conhecer melhor todo o processo de luta e a evolução da Dinastia Somocista, pode-se ler o livro:
Ferrero, María Dolores, La Nicaragua de los Somoza 1936-1979*, Huelva e Managua, Instituto de História da Nicarágua e Centroamérica e Universidade de Huelva, 2010.

2 – Para ampliar essas ideias, pode-se consultar gratuitamente a produção histórica do autor do artigo através do link do ORCID ou ler sua tese de doutorado:
Ágreda Portero, José Manuel, Internacionalistas, activistas y brigadistas. La red transnacional de solidaridad con Nicaragua desde el Estado español (1978-1991), Santiago de Compostela, USC, 2022.
https://minerva.usc.es/entities/publication/ef22b979-b532-4438-a2c6-a37840d80280

3 – A figura de Gaspar García Laviana ainda hoje é visível em sua terra natal, Astúrias. Lá, o Fórum Gaspar García Laviana mantém atividades e já publicou várias biografias e memórias de seus amigos na Nicarágua. https://www.forogasparglaviana.es/sobre_gaspar.html
Além disso, Amanda Castro realizou o curta «Terra de Guerrilheiros», que busca conectar a figura de Gaspar à memória do guerrilheiro José Mata Castro.
https://amandacastro.es/tierra-de-guerrilleros.php 

4 – García, Txema, Lava e cinzas. A Revolução Sandinista e o vulcão da solidariedade basca, Donostia, Txertoa, 2019.

5 – Entrevista com José Álvarez Lobo, Oviedo, 8 de janeiro de 2015.

6 – Diário ABC, «Detidos seis líderes da oposição na Nicarágua», 5 de setembro de 1978, p. 15.

7 – Entrevista com Ángel Barrajón, via Skype, 8 de março de 2016.

8 – Entrevista com Pedro Ariza, Manágua, 2 de agosto de 2015.

9 – Duarte, Carlos, «Os combates da Frente Sul e a queda de Gaspar García Laviana», Correo, 46, 7 de agosto de 2016, p. 53.

10 – Rodríguez Jiménez, José Luis, «Antecedentes e primeiras missões no exterior das Forças Armadas», La Albolafia: Revista de Humanidades y Cultura, 14 (2018), pp. 134-155.

11 – Para ver o envolvimento da elite espanhola na Revolução Sandinista, pode-se ler:
Blázquez, Belén, *A projeção de um líder político: Felipe González e a Nicarágua 1978-1996*, Sevilha, Centro de Estudos Andaluzes, 2006.

12 – Entrevista com José Antonio Lobato, Manágua, 17 de agosto de 2015.

13 – Entrevista com Víctor Pozas, Bilbao, 19 de junho de 2017. Entrevista com José María Recover, Madri, 22 de setembro de 2018. Víctor Pozas realizou uma tese doutoral sobre as relações internacionais da Revolução Sandinista, intitulada: Nicarágua (1979-1990). Ator singular do pragmatismo e protagonismo da revolução sandinista no cenário internacional, Bilbao, UPV, 2000.

14 – Homenagem a Carmen e Patxi Irañeta, Iosu Irañeta, 2016. Vídeo caseiro.

15 – Cardenal, Ernesto, A Revolução Perdida, Manágua, Anamá Ediciones, 2013, p. 316.

16 – Romero, Alberto, «As brigadas de solidariedade com a Nicarágua nos anos oitenta: uma expressão do internacionalismo nos últimos anos da Guerra Fria», em:
Gascón, Jordi, O turismo na cooperação internacional: das brigadas internacionalistas ao turismo solidário, Barcelona, Icaria Antrazyt, 2009, pp. 122-137.

17 – Leguineche, Manuel, Sobre o vulcão. Uma aventura da Guatemala ao Panamá, passando por El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica, Barcelona, Plaza y Janés, 1985.

18 – Entrevista com Pilar Goicoechea, Madri, 24 de fevereiro de 2018.

19 – Entrevista com María Victoria Lamas, Elorrio, 2 de janeiro de 2019.

20 – Entrevista com Mertxe Brosa, León (Nicarágua), 8 de agosto de 2015.

21 – García Arias, Josefina, *Passagem para a Nicarágua. Minha experiência como cooperante 1986-1989*, Madri, El garaje ediciones, 2019.

Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/07/31/internacionalistas-espanoles-en-la-revolucion-sandinista-historias-de-vida/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

durmo sob uma oliveira
com o musgo
por travesseiro

Rogério Martins

[Itália] Comunicado Agripunk sob despejo

27 de julho de 2025

O Juiz Honorário Dr. Mattielli, após a audiência de discussão de 4 de julho de 2025, emitiu duas sentenças referentes às ações judiciais movidas pela propriedade contra a Agripunk Onlus [Espaço social e refúgio autogestionado antiespecista] para obter nosso despejo do refúgio.

A ação por inadimplência de 2024 foi vencida graças à mega arrecadação que nos permitiu pagar os aluguéis atrasados, algo possível pelo compromisso extraordinário de todes que nos apoiaram.

Já a ação anterior (fim do contrato de locação em novembro de 2021), vencida em primeira instância, infelizmente foi perdida após ser convertida em ação por resolução contratual por inadimplência, devido a interpretações jurídicas questionáveis.

O juiz não aceitou a interpretação de nossa defesa sobre a natureza abusiva da cláusula contratual que obrigava a Agripunk a realizar obras caras de remoção de coberturas de amianto e outras manutenções extraordinárias.

Isso porque o juiz equiparou a atividade da Agripunk a “comercial”, ignorando completamente nosso status de associação onlus e negando a qualificação de pessoa física “consumidora” – categoria para a qual, segundo jurisprudência do Supremo Tribunal de Cassação, a cláusula abusiva seria aplicável.

Além disso, não foram consideradas as causas da interrupção dos trabalhos: o primeiro processo de 2019, os lockdowns da pandemia de Covid, o processo de 2021 com vistorias técnicas e pressões que suspenderam grande parte de nossas atividades – incluindo fechamentos preventivos contra a peste suína africana (que impossibilitaram receber voluntáries) e os impactos disso em nossa saúde física e mental.

A Agripunk Onlus, por seu próprio estatuto, busca converter um modelo empresarial em social, experimentando a convivência interespécies sem fins lucrativos. E é justamente por isso que sucumbimos ao sistema industrial de exploração animal, que nos vê como “pobres iludidas que não produzem nada”.

Assim, o refúgio da Ilha está destinado a voltar a ser “produtivo” para novos negócios, agroturismos ou talvez novos criadouros?

Como anunciamos há alguns meses, a propriedade rural está à venda. Com a data limite de 31 de dezembro de 2025, a Agripunk Onlus terá de sair – e não sabemos o que acontecerá com este lugar, nem conosco.

Estamos avaliando com o advogado Paterniti (a quem agradecemos pelo trabalho até aqui) como agir e, por isso, também pedimos sua opinião.

Todas as soluções possíveis envolvem custos altos e dificuldades logísticas significativas. Não é fácil permanecer, mas também não é fácil fazer as malas e mudar – especialmente porque precisamos primeiro encontrar um local adequado e garantir o cuidado com todas as vidas que habitam o refúgio e o entorno.

Por isso, mais uma vez apelamos ao nosso Município, aos demais Municípios envolvidos e à Região da Toscana para que apoiem nossa causa: manter uma atividade reconhecidamente essencial para nossa comunidade multiespécie e, acima de tudo, impedir categoricamente a reabertura de qualquer tipo de criadouro aqui. Também pedimos ajuda e apoio:

  • Da comunidade que frequenta este espaço e nos apoia há anos;
  • Da comunidade local, associações, coletivos e pessoas que se importam com nossa existência;
  • De órgãos e instituições que confiaram em nós e usufruíram de nossa função social de acolhimento e cuidado.

Como você pode nos ajudar neste momento delicado?

  • Divulgue este comunicado em suas redes e para a mídia;
  • Organize assembleias locais para criar uma rede de apoio;
  • Promova eventos de arrecadação de fundos para manter os animais resgatados e a resistência do refúgio;
  • Contribua financeiramente (se já ajuda, continue; se não, comece agora);
  • Participe ativamente das assembleias e ações futuras que anunciaremos;
  • Escreva-nos com propostas: consultorias, serviços, colaborações, alternativas (locais gratuitos/baratos ou ajuda na mudança);
  • Fortalecer o voluntariado, especialmente com pessoas experientes no refúgio, para nos dar tempo de organizar a transição.

Quem nos conhece pessoalmente pode entrar em nosso grupo no Telegram para compartilhar ideias e ações conjuntas.

Não esperávamos chegar aqui, mas era uma possibilidade que prevíamos. Tentamos o diálogo e propostas, mas, sem o poder econômico e privilégios de quem explora, a única forma de sermos ouvides é voltar a ser “o parafuso enferrujado que trava a engrenagem”.

Contato:

agripunkonlus@gmail.com
Assunto: AGRIPUNK SOB DESPEJO

AGRIPUNK

Fonte: https://umanitanova.org/comunicato-agripunk-sotto-sfratto/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

os fantasmas de cogumelos
viraram tinta:
pés nus no frio

Rod Willmot

[São Paulo-SP] Curso: Psicanálise e Anarquismo

Freud em “Novas Conferências Introdutórias” teceu duras críticas tanto ao anarquismo quanto ao marxismo, mas consideramos sua perspectiva acerca do anarquismo muito distorcida senão equivocada.

Nesse sentido, a ideia desse curso é reposicionar a questão levantada por Freud. O intuito não é considerar o anarquismo como uma visão de mundo, mas explorar as relações entre Psicanálise e Anarquismo a partir de suas construções teóricas e práticas.

Julgamos que as contribuições do anarquismo no campo político e social, deslocados para o interior da relação analítica, enriquecem e potencializam a clínica psicanalítica.

Portanto, nosso objetivo é dar início a pesquisas que visam refletir a relação entre psicanálise e anarquismo, assim como suas possíveis implicações clínico-políticas.

Quando:

23/08/2025 – 16h às 18h30
27/09/2025 – 16h às 18h30
18/10/2025 – 16h às 18h30
22/11/2025 – 16h às 18h30

Onde:

Centro de Cultura Social – rua General Jardim, 253 – sala 22 – Vila Buarque – SP

Mais infos, inscrições:

https://www.instagram.com/p/DMgBMDUPuLu/?img_index=1

agência de notícias anarquistas-ana

A panela vazia
ensina mais sobre justiça
que tribunais cheios.

Liberto Herrera

[Argentina] Lançamento: “Esquecer é impossível | Santiago, meu irmão”, de Sergio Maldonado

Esquecer é impossível é uma crônica envolvente e metódica, com a exaustividade de quem moveu céus e terras para encontrar a verdade. E aqui conta pela primeira vez, e na carne viva, sua odisseia.

Sergio Maldonado relata detalhadamente os dramáticos 78 dias em que seu irmão Santiago esteve desaparecido e sua vida mudou para sempre. A busca, as mentiras, a violência estatal, a desumanização, as operações de jornalistas cúmplices do poder, as narrativas absurdas tecidas propositalmente para dificultar o acesso à verdade, a fúria dos trolls, o descaso da Justiça, os infinitos corredores da impunidade. Mas, assim como o Caso Maldonado expõe os horrores de uma injustiça sistêmica que busca distorcer os fatos e encobrir a verdade, também deixa clara a solidariedade, as redes de apoio que se formam para acolher e acompanhar, e a grandeza da humanidade de pessoas comuns que sentem a dor alheia como própria e, no limite de suas possibilidades, ajudam. Esta é a história de Sergio. Um homem que segue clamando, onde quer que vá – para quem quer ouvir e para quem não quer – o nome de Santiago.

Mergulhar nestas páginas é abrir o coração e as entranhas.
Alejandro Bercovich

A busca infrutífera de uma família que antepôs à dor pura a pura dignidade.
Ana María Careaga

Santiago deixou outra vida para Sergio e dois mundos. Um onde está a crueldade, o pior e mais baixo dos seres humanos. E também o outro, onde surge o melhor, o sublime, o mais puro e maravilhoso das pessoas que o ajudam a seguir acreditando.
Pedro Saborido

Esquecer é impossível | Santiago, meu irmão
Sergio Maldonado
ISBN 978-987-823-086-3
248 páginas
Formato: 16 x 24 cm
$27900 (pesos argentinos)
www.editorialmarea.com.ar

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Caem no telhado
gotas de chuva ritmadas:
fresca batucada.

Ronaldo Bomfim

[Espanha] V Acampamento Libertário, 12 a 17 de agosto

[Contra a Criminalização dos Espaços Sociais e Autogestionados]

Logo acontece o acampamento deste ano do CSOA La Algarroba Negra. Um espaço onde compartilhar, se conhecer, aprofundar e seguir gerando redes…

Após a vivência dos acampamentos anteriores, queremos seguir apostando nesta ação que nos demonstrou e que demonstramos, contribui e muito.

Neste tempo tão convulso, não imaginamos melhor proposta que juntar-nos e seguir resistindo ante a criminalização dos espaços sociais e da luta desde baixo.

A autogestão no dia a dia, a construção coletiva, a aprendizagem compartilhada, a reflexão entre afins e o atuar como método, com a intenção de seguir criando o mundo que queremos viver.

Como funciona o acampamento?

Nestes 6 dias juntos, na assembleia da La Algarroba proporemos algumas atividades e quem vier, pode também propor as suas. Desde palestras, oficinas, vídeo fórum, ações… Assim iremos completando o calendário.

As questões comuns, de cuidado e manutenção (limpeza, comidas, cuidados com o tempo, apoios sociais, reciclagem, água…) que fazem com que seja possível desenvolver tudo isto, serão distribuídas e auto assumidas pelos participantes… faz parte da autogestão de nossas vidas.

Para saber mais informações sobre o acampamento libertário podes visitar a web:

https://www.algranoextremadura.org/csoalaalgarrobanegra/campamento-de-resistencia-libertaria/

Recomenda-se realizar a inscrição para facilitar a gestão de recursos e tempos:

https://cloud.coletivos.org/apps/forms/s/JSZW8GCwtpwDWY46MKq2rAAG

Para qualquer outro tipo de consulta, enviar um correio a algarrobanegra@protonmail.com

Organizemos a resistência de uma maneira vivencial!

*Brevemente atualizaremos informações sobre o que receberemos através das inscrições.

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

As nuvens douradas
Flutuam no pantanal
– florada de ipê

Goga Masuda

[Portugal] Agroecologia e uma ode à autogestão: o filme

Acaba de sair o documentário “Agroecologia em movimento”, um retrato sobre o movimento português das AMAP – Associações para a Manutenção da Agricultura de Proximidade – grupos auto-organizados de produção agrícola, que erguem uma alternativa ao mundo das cadeias globais de supermercados, dos agrotóxicos e da exploração laboral.

“Agroecologia em movimento” é um olhar íntimo sobre o caminho paciente rumo à soberania alimentar, onde ambientalismo e ecologia se constroem a partir da dignidade de quem trabalha no campo e da solidariedade das comunidades em seu redor. Ao longo deste documentário, realizado por João Garrinhas e apoiado por 117 pessoas através de crowdfunding, ouvimos as vozes de quem está na horta e quer fazer agricultura, mas não consegue sobreviver no «mercado». Ouvimos também as vozes de quem quer fugir dos supermercados e das suas cadeias, que exploram mão-de-obra, envenenam os nossos solos e os nossos corpos. As AMAPs surgem, portanto, como um elo prático de ligação entre ambas as vontades: uma forma de organização social que ultrapassa intermediários e que acolhe relações diretas entre produtoras e consumidoras, que em conjunto organizam um sistema local de produção e distribuição. Por isso mesmo, no contexto das AMAP, as consumidoras são chamadas de co-produtoras. Ao assentar num acto de militância, e numa prática radical de apoio mútuo, as AMAP são um gesto maior. Em primeiro lugar, de defesa do alimento – e de todo o ecossistema que o nutre – como um bem comum e um direito fundamental, que tem sido dominado e violentado pelo actual sistema de produção e de consumo. Em segundo lugar, de criação de comunidades autónomas, que se auto-organizam para manterem vivas as suas redes locais de abastecimento alimentar. Por isso este documentário é, nas palavras de João Garrinhas, com quem conversámos, uma «ode à autogestão».

Jornal MAPA – Fizeste este documentário enquanto membro ativo de uma AMAP. Vê-lo como uma forma de comunicar o movimento, de dentro para fora?

João Garrinhas – De alguma forma, sim. Em 2019 estava a viver na Quinta Maravilha, em Palmela, quando começámos a nossa AMAP. Porque a câmara é um objecto que utilizo há já alguns anos e o vídeo uma forma de registo e de expressão política/social, fui filmando vários momentos sem a ambição de os expor ou de criar conteúdo para outrxs… Não só do projeto AMAP, como de outros processos que passavam pela Maravilha. A AMAP surge de uma relação próxima entre membros da quinta e do Centro de Cultura Libertária, em Cacilhas, e essa proximidade era minha também, o que me deu confiança e intimidade para filmar o processo com estas pessoas. Nesse ano (2019) estivemos em vários momentos assembleários com outras AMAP mais a sul, onde também fui captando imagens, retratando pessoas e registando alguns testemunhos. E foi nestes momentos que percebi que já tinha material para contar uma história, esta nossa história enquanto movimento em torno da agroecologia, da agricultura regenerativa e da auto-organização.

JM – O documentário foi, ele mesmo, um processo colectivo – de várias AMAP, de várias mãos e de vários apoiantes. Queres falar um pouco sobre isto?

JG – Quando filmava estes processos colectivos, o pessoal perguntava-me o que pretendia fazer com todas as filmagens que fazia. Foi aí que a ideia de documentar audiovisual ou cinematograficamente os nossos projetos foi ganhando forma. Faltava tempo e financiamento mas, com a chegada da pandemia a dimensão temporal ganhou outra forma… A situação financeira ficou ainda pior, mas decidimos lançar uma campanha de crowdfunding para a qual fiz um trailer e contei com o apoio de várias companheiras da Regenerar (rede de AMAPs) para escrever os textos. O crowdfunding propunha-se a pagar as despesas mais básicas associadas à fase de rodagem e assim foi, com o apoio de 117 pessoas concretizámos essa fase de rodagem. Toda a equipa trabalhou por militância ou afinidade, por fazer parte do grupo. O envolvimento surge ao nível das relações – quem filma, quem escreve e entrevista, quem capta som… Todas estamos relacionadas com estes projectos e com estas pessoas retratadas, então essa partilha é real e profunda, de igual para igual. Nós estamos ali a fazer um filme mas as pessoas conhecem-nos das mondas, das assembleias e das colheitas. Não somos uma equipa audiovisual urbana que chega e tem um olhar exótico sobre o tema.

JM – Este documentário pretende também inspirar outres a filmar os seus próprios processos de trabalho, movimentos e comunidades?

JG – Acima de tudo, este documentário pretende que as pessoas se organizem e tomem, de alguma forma, as suas vidas pelas suas próprias mãos. Que dependamos cada vez menos de modelos de produção intensivos, que enriquecem os patrões e exploram xs trabalhadorxs e a terra; que dependamos cada vez menos de redes de energia «estatais»; que tenhamos recursos para cuidar da nossa saúde e bem estar; de nos cuidarmos umas às outras em solidariedade e apoio mútuo. Pretende mudar o paradigma da agricultura, que seja regenerativa em vez de extractivista, ou seja, que a produção de alimentos seja em cooperação com a terra, deixando-a mais rica a cada cultura em vez de explorada e destruída. O vídeo é uma ferramenta de comunicação poderosa mas banalizada, está ao dispor de toda a gente através dos smartphones. Esta pode ser utilizada para produzir conteúdos revolucionários, para inspirar e dar voz a projetos que melhoram as nossas vidas… As AMAP surgem no Japão, nos anos 50, num contexto de crise sanitária que teve origem na indústria alimentar, numa altura em que as pessoas não podiam confiar nas empresas, e se reorganizaram. E quando isso acontece, estas redes criadas potenciam o encontro de pessoas, com o alimento na base, mas com o potencial comunitário de construção de relações de entreajuda. Esta forma de organização tem tornado possível criar também modelos de economia paralelos, porque não dependemos de uma autoridade que nos carimba enquanto ecológicos ou biológicos (fuck them), nós certificamos a nossa cena de forma participativa! Somos anti-autoritárixs, se queremos plantar a semente guardada pela avó do Henrique [agricultor da Quinta Maravilha] em Miranda do Douro, pois plantamo-la. Se quisermos usar estrume das ovelhas do vizinho, ninguém nos vem dizer que as ovelhas não comem comida certificada. É de nós para nós, decidimos em assembleia, somos um grupo de pessoas e não fazemos mercados biológicos nem vendemos para lojas… Quem consome coproduz, ou seja, participa de forma activa nas decisões e nos trabalhos em torno desse alimento que consome. ‘Bora sair das teias destas máfias que promovem o nosso isolamento e precariedade. Este filme retrata projectos com convergências e divergências, que seguem os princípios básicos da Agroecologia e se organizam enquanto AMAP ou CSA (community supported agriculture), mas para mim é uma Ode à Autogestão.

Fonte: https://www.jornalmapa.pt/2025/07/31/agroecologia-e-uma-ode-a-autogestao-o-filme/

agência de notícias anarquistas-ana

Conselho de ervas daninhas –
ninguém as controla,
mas curam o solo.

Liberto Herrera

Honremos Octavio Alberola com Luta e Revolução!

Camaradas, a morte do companheiro Octavio Alberola (1928-2025) não é apenas a partida de um velho militante, mas um chamado à ação para nossa geração. Seu legado nos ensina que o anarquismo não é teoria morta, mas prática incendiária contra o Capital e o Estado. Desde as ruas de San Sebastián até as prisões da França, Alberola mostrou que a ética libertária se constrói na luta direta, sem concessões. Hoje, quando o fascismo ressurge disfarçado de democracia, quando o imperialismo esmaga Gaza, quando o Estado brasileiro massacra favelas e o capital chinês escraviza trabalhadores, só há uma resposta possível: organização, rebeldia e ação. A memória do companheiro não se honra com discursos, mas com fogo revolucionário nas veias!

Alberola nos deixou uma lição clara: o anarquismo que não confronta o poder é traição. Ele não hesitou em atacar Franco, sequestrar fascistas ou desafiar prisões, porque sabia que a liberdade não se negocia. Enquanto reformistas pedem “paciência histórica” e partidos de esquerda burocratizam a revolta, nós, anarquistas, devemos radicalizar as ruas. Seja nas ocupações gregas contra a austeridade, nos levantes populares no Brasil, nas greves selvagens na China ou na resistência palestina, nossa tarefa é desmantelar o Estado onde ele se erguer. Alberola não fugiu da luta — e nós também não podemos!

A história não perdoará os covardes. O capitalismo avança com genocídios, ecocídios e precarização global, e só a ação direta pode detê-lo. Alberola sabia que explosivos simbólicos, greves gerais e solidariedade internacional eram armas mais poderosas que votos ou petições. No Brasil, onde milícias e latifúndio reinam, na Grécia onde a polícia espanca imigrantes, na China onde sindicatos são ilegais e em Gaza onde o sionismo pratica limpeza étnica, a resposta é a mesma: autogestão, apoio mútuo e insurreição. Não há “transição pacífica” possível — só a ruptura!

O reformismo é a morte da revolução. Alberola rejeitou a “Reconciliação Nacional” espanhola porque entendia que pactos com o Estado são derrotas. Hoje, quando falsas esquerdas nos pedem para confiar em governos “progressistas”, devemos lembrar: Lula prende anarquistas, o Syriza entregou a Grécia aos bancos, e na China o PCC esmaga qualquer dissidência. Nossa luta é contra todo poder, sem ilusões. Diversos exemplos históricos mostram o caminho: autodefesa, horizontalidade e internacionalismo. Alberola vive nesses combates!

Camaradas, o século XXI será anarquista ou não será. Octavio Alberola partiu, mas seu espírito incendia cada ocupação, cada barricada, cada gesto de rebeldia. Não o honraremos com velas, mas com pólvora. Não com lamentos, mas com organização popular nos bairros, nas fábricas, nos campos. Do Brasil à Palestina, ergamos a bandeira negra e vermelha da revolução social. Como Alberola gritou até o fim: “Ni Dios, ni Patrón, ni Estado!” A luta continua — e a vitória será nossa!

Liberto Herrera.
federacaocapixaba.noblogs.org

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agência de notícias anarquistas-ana

nadam no vento
como carpas douradas
folhas de bambu

Akatonbo

[Grécia] Assumindo a responsabilidade – ALF

Na terça-feira, 29 de julho, à meia-noite, atacamos a conhecida empresa de fast food Goody’s, escrevendo frases com tinta spray nas vidraças e paredes da loja localizada no cruzamento das ruas Maria Kalas e Antheon, no leste de Tessalônica.

Inúmeras pesquisas e estudos científicos chegaram mais ou menos à mesma conclusão, de que a junk food oferecida nessas lojas é prejudicial à saúde, além de ser viciante. Durante todos esses anos, essas empresas têm promovido o consumo de carne, ao mesmo tempo em que recentemente incluíram refeições vegetarianas em seus cardápios, já que no capitalismo da inclusão “ninguém se encaixa”, desde que haja lucro. Mas, para nós, o veganismo não é apenas um hábito alimentar, mas uma postura política. Dessa forma, o capital também está maquiando o crime que comete todos os dias, em que, de acordo com uma estatística de 2021, 900.000 vacas, 1,4 milhão de cabras, 1,7 milhão de ovelhas, 3,8 milhões de porcos, 11,8 milhões de patos, 202 milhões de galinhas e centenas de milhões de peixes são abatidos para a produção de carne todos os dias em todo o mundo, com bilhões de animais sendo abatidos anualmente. Estamos falando de um verdadeiro genocídio.

Portanto, pelos motivos explicados acima, essas empresas de fast food e outras estarão em nossa mira na luta pela libertação total dos animais e da terra.

ATAQUEM OS ALVOS, LIBERTEM OS ANIMAIS!

ALF – Célula Anarquista de Ação Direta

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1637266/

agência de notícias anarquistas-ana

Caminho noturno
para o entregador de flores
mas a lua basta!

Kikaku Takarai

[Espanha] Era de se esperar!

Apenas haviam se passado algumas poucas horas desde o último suspiro de Octavio, e já um primeiro foguete estourou no firmamento, anunciando e comentando o triste evento.

A partir daquele momento, dezenas e dezenas de foguetes se seguiram, iluminando o céu como um enorme e colorido espetáculo de fogos de artifício. Isso, de fato, era de se esperar, e ninguém pode se surpreender, pois tão profunda e extensa era a marca que Octavio deixou.

Os textos que relatam o apreço, as lembranças e os sentimentos despertados por Octavio são tantos, tão belos e tão emocionantes que nos parece supérfluo acrescentar mais um agora.

Por isso, em vez de reiterar as conhecidas qualidades de Octavio, e sabendo do enorme valor que ele atribuía ao coletivo, nos pareceu — a Floreal e René Álvarez, a Tomás Ibañez e a Juanito Marcos, ou seja, a alguns dos pouquíssimos companheiros ainda vivos que fomos cúmplices do intenso processo de luta no qual Octavio se envolveu desde 1962 até o final daquela década — que a melhor homenagem que poderíamos prestar a ele consistia em evocar o tecido coletivo que tornou possível a gesta dos anos sessenta e inserir firmemente Octavio entre seus companheiros de luta. Neste momento, queremos envolvê-lo na calorosa rede de cumplicidades, de sustos e alegrias, de sonhos compartilhados, e também de desavenças ocasionais, mas sempre com um grande afeto mútuo.

Aqui, apenas mencionaremos alguns nomes, dentre os militantes mais destacados daqueles anos, limitando-nos àqueles que já faleceram.

E podemos começar por Floreal Ocaña, o outro jovem libertário que, junto com Octavio, deixou o México em 1962 para entrar na clandestinidade, mergulhando de corpo e alma na luta anarquista contra o franquismo e ousando penetrar nas terras da Ditadura.
Seguimos com Salvador Gurucharri, Antonio Ros, Agustín Sánchez, Luis Andrés Edo, Martín Bellido, militantes comprometidos que também não hesitaram em adentrar os domínios do ogro.
Continuamos com Luis Sos, Vicente Martí, Paco Abarca, Enric Melich, José Morato, Monserrat Turtós, Jordi Gonzalbo, Jeaninne Lalet, sem esquecer as vítimas do garrote vil, Joaquín Delgado e Francisco Granados.
Da mesma forma, seria imperdoável não mencionar valiosos veteranos, como Cipriano Mera, José Pascual Palacios, Pedro Moñino e Marcelino Boticario.
E, finalmente, lá estavam também os italianos Franco Leggio, Amedeo Bertolo, Eliane Vincileone, o escocês Stuart Christie e o francês Alain Pecunia.

Certamente, ainda poderíamos ter citado muitos outros nomes, mas acreditamos que estes são suficientes para dar uma ideia da densa trama coletiva na qual Octavio Alberola estava inserido.

Conhecendo o grande valor que Octavio atribuía à solidariedade e ao coletivo, estamos firmemente convencidos de que ele teria gostado muito mais de ser lembrado e evocado como um destacado integrante de uma entusiasta fraternidade de lutadores e lutadoras, do que como uma estrela singular brilhando no firmamento libertário.

Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/07/30/era-de-esperar/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

rua de folhas secas
sob os meus passos sem pressa
uma borboleta

Ricardo Akira Kokado

[Reino Unido] Não Queremos Reforma, Queremos Anarquia!: A Arte da Black Lodge Press

Uma revista (ou mega-zine??) colorida de tamanho A4 com 50 páginas que compila 4 anos de cartazes anarquistas queer criados por CJ Reay, que dirige a Black Lodge Press.
 
We Don’t Want Reform We Want Anarchy!: The Art of Black Lodge Press
Editora: Black Lodge Press
ISBN: nope
Páginas: 50
Formato: Panfleto A4 encadernado com grampo, colorido
Autor/Artista: CJ Reay
$17.00
blacklodgepress.bigcartel.com
 
Black Lodge Press é um projeto de impressão em andamento de CJ, cujo trabalho belamente ousado é inspirado na cultura DIY (“faça você mesme”) queer, na história da classe trabalhadora e na política anarquista.
 
Tradução > transanark/acervo trans-anarquista
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Caminho noturno
para o entregador de flores
mas a lua basta!
 
Kikaku Takarai

[Espanha] Arquivos sem dono: Contribuições para piratear em tempos de streaming e controle digital

O que aconteceu com a pirataria?

Piratear é uma prática, uma ferramenta e uma resposta. Durante anos, foi a única maneira de acessar música, livros, filmes ou programas que, por preço ou disponibilidade, estavam fora do nosso alcance. Piratear foi — e ainda é — uma forma de libertar o acesso à informação. Quem tem o direito de se apropriar da “cultura”? Por que a música, o cinema ou os livros precisam ser monopolizados por empresas pagas, com licenças restritivas ou limitados a “certas regiões” ou classes sociais? Nem tudo o que é pirateado está disponível legalmente. Muitas vezes, nem sequer há como comprá-lo. Está esgotado, censurado, restrito a certas plataformas ou simplesmente esquecido pelas próprias empresas.

Este fanzine romantiza a pirataria como uma forma de roubo, sim, mas também reivindica a arte de compartilhar. Do “faça você mesmo”. Este não é um manual técnico, mas uma ajuda para se mover com certa autonomia, saber buscar, compartilhar e entender quais ferramentas existem para recuperar esse velho gesto de passar para alguém um filme, um disco ou um livro. Para que continue circulando. Piratear é não aceitar que só se possa acessar o que se paga ou o que um algoritmo permite. A pirataria, em seu conceito mais puro, deixa de lado o interesse econômico para se tornar uma instância libertadora das lógicas capitalistas. Uma fuga, um refúgio…

Há algum tempo, piratear era quase parte do cotidiano digital. eMule, Ares, fóruns com mil mirrors no MegaUpload, Rapidshare, trackers privados, álbuns ripados com cuidado, filmes legendados por “fãs” apenas pelo amor de compartilhar, sem qualquer tipo de ganho econômico.

Com o tempo, parece que tudo isso desapareceu. Uma parte importante disso se deve aos serviços de streaming. Spotify, Netflix, YouTube. Por alguns poucos dólares — ou às vezes até de graça com anúncios —, oferecem acesso imediato, ilimitado, limpo, sem aparentes complicações. Para que baixar um filme se ele está na Netflix? Para que procurar um torrent se tudo pode ser ouvido no Spotify? Muita gente parou de piratear não por convicção, mas porque não precisou mais.

Mas essa conveniência tem um custo. Com a morte dos formatos físicos, o que vemos ou ouvimos não nos pertence mais materialmente. Não pode ser guardado, modificado ou compartilhado. Se for removido do catálogo, desaparece. Isso traz problemas de fragmentação, controle, censura e perda de autonomia. Hoje, para ver “tudo”, são necessárias cinco assinaturas diferentes. E isso sem contar os algoritmos que decidem o que recomendam e o que não. Essa conveniência adquirida ao longo dos anos, por contraste, faz a pirataria parecer “inacessível” ou tecnicamente difícil.

Enquanto isso, os espaços para piratear foram diminuindo. Sites fechados, fóruns abandonados, redes P2P com poucos usuários. Alguns morreram, outros se tornaram mais difíceis de encontrar.

Piratear hoje não é tão fácil quanto antes, mas ainda é necessário. Para muitos, ainda é a única forma de acessar cultura, conhecimento ou história. Não é apenas uma prática técnica, mas também uma forma de resistência; de não precisar de permissão para acessar o que deveria estar ao alcance de todos. Piratear é compartilhar e manter vivo o que está sendo esquecido. Estes parágrafos são uma homenagem àqueles que compartilharam e compartilham desinteressadamente. Mas também são um convite para que não deixemos de fazer isso.

O que é piratear?

Para muitos, a pirataria é um gesto político; para outros, é a única opção. Enquanto em algumas regiões o acesso a plataformas digitais é amplo, diverso e legal, em outras nem sequer é possível pagar por elas. Seja por falta de infraestrutura e acesso a bens materiais de conectividade, meios de pagamento compatíveis com empresas internacionais ou preços abusivos quando uma assinatura em dólares ou euros deve ser paga com salários locais em moedas desvalorizadas. Ou simplesmente porque o serviço não é oferecido na região. A pirataria é uma resposta que surge da desigualdade.

A isso se soma a censura: conteúdos bloqueados por decisão estatal, empresarial ou pela combinação de ambas. Em muitos lugares, o que não é pirateado não é conhecido.

A pirataria surge como um acesso paralelo, como uma via informal. É a forma como alguém pode assistir a um filme que não foi lançado em sua área, ler um livro que não foi traduzido ou ouvir um disco que nunca chegou à sua região. É a circulação fora do mapa. Não há horizontalidade sem acesso.

O que não circula, desaparece

Em sua página de “Ajuda”, o Netflix pergunta a si mesmo por que filmes desaparecem de seu catálogo. E responde sem conflito que uma das causas é a “popularidade na região e o custo da licença”. Lembrando-nos — mesmo que indiretamente — que é, acima de tudo, uma empresa lucrativa. De nada adianta ter um catálogo que poucas pessoas queiram ver ou que seja muito caro em relação às assinaturas que consomem esse conteúdo. Então, pode ser removido, suprimido, apagado. Netflix, Mubi e similares não são arquivos: são catálogos projetados para rentabilizar a moda. O capitalismo cultural não arquiva; descarta. O que não rende, o que não monetiza, o que não entra em seu catálogo, é deletado.

A pirataria resgata o que fica fora do catálogo. Preserva o que foi censurado, o artista independente que ninguém colocou no Spotify ou no YouTube. O que desaparece do acesso também desaparece da conversa, dos debates, da memória. É apagado não apenas do catálogo, mas do imaginário e das possibilidades. Um filme legendado por fãs, uma pasta com livros escaneados à mão: isso é arquivo. Um arquivo sujo, incompleto, imperfeito, mas vivo. Porque existe e circula.

Quando pirateamos, também restauramos. Ao recuperar um filme para alguém que nunca o viu, reeditar um livro que não foi reimpresso… mantemos isso vivo.

A propriedade intelectual como ideologia

Todo conhecimento, toda arte, todo saber é fruto da experiência humana compartilhada. Ninguém inventa a partir do nada. O novo é sempre um eco, uma mutação do que nos precede. Toda propriedade intelectual é um roubo intelectual. A propriedade intelectual é uma construção ideológica útil ao capital. Uma ferramenta projetada para proteger interesses empresariais sob o disfarce de “defender os autores”. Mas, na prática, raramente beneficia quem cria. Beneficia quem comercializa. Quem tem o poder legal para explorar, distribuir, bloquear ou destruir uma obra, sem nunca tê-la criado.

Impõe-se escassez artificial a coisas que, por sua natureza, poderiam ser infinitas. Um arquivo não se esgota se for copiado, nem um livro se quebra se for baixado. Mas todo o sistema é organizado como se essas perdas fossem reais e tangíveis.

A propriedade intelectual não “protege” a cultura: a privatiza. A transforma em mercadoria. E, como toda mercadoria, a subordina às regras do mercado. O que não vende, não é editado, e o que não dá lucro, é apagado. É a possibilidade de copiar — e de impedir que outros copiem — que define o poder e a autoridade cultural.

O compartilhamento comunitário

Piratear não é um ato solitário. Por trás de cada torrent, cada legenda embutida ou cada pasta de livros, há uma expressão do “comunitário”. Não uma empresa, nem um algoritmo, nem uma plataforma: pessoas. Indivíduos que dedicam tempo, conhecimento e cuidado para que outros acessem algo que, de outra forma, seria inacessível.

A pirataria também é uma prática de compartilhamento. Dos fóruns antigos aos canais do Telegram ou repositórios colaborativos, o que há em comum é o desejo de colocar em circulação. E, na maioria das vezes, de fazê-lo sem pedir nada em troca. Essa generosidade sem mercado é um dos gestos mais desafiadores que ainda sobrevivem na internet.

Quem compartilha um arquivo está defendendo outra forma de relação digital. Um compromisso com o meio, não apenas com o consumo. Faz parte de um tecido sólido que contradiz o modelo de usuário passivo que as plataformas propõem.

Pirataria hierárquica

Nem tudo o que é baixado é compartilhado, nem tudo o que é compartilhado é feito com um espírito coletivo. Embora a pirataria seja reivindicada como uma prática coletiva, também pode reproduzir lógicas individualistas: competição, exclusão, acumulação sem sentido. É comum encontrar arquivos cheios de livros que ninguém leu, pastas repletas de coisas que só servem para acumular. Como se a pirataria fosse uma versão paralela do consumo ansioso, mas sem pagar.

Há também uma hierarquia silenciosa. Quem sabe ripear, automatizar downloads, modificar scripts ou remover DRM tem, querendo ou não, mais poder do que quem está apenas começando. Às vezes, um link é compartilhado, mas não o caminho para chegar a ele por meios próprios. Espera-se que os outros já saibam. Responde-se com soberba técnica, como se o saber fosse algo que se conquista e não uma construção comum.

Fóruns onde ninguém responde se você não tem reputação, se é “novato”. Sites onde compartilhar é obrigatório, mas explicar não. Em vez de horizontalidade, muitas vezes há competição, ciúmes, códigos fechados. Como se piratear fosse apenas para quem sabe, e os outros tivessem que agradecer em silêncio. Também há espaços fechados, restritivos, cheios de regras e punições, onde se compartilha muito, mas se cuida pouco. Fóruns onde você precisa de um certo “ratio” para continuar baixando. Uma lógica meritocrática disfarçada de comunidade. Um clube onde não se entra para piratear, mas para provar que já se sabe.

A pirataria se torna elitista quando deixa de se preocupar com o acesso real e comum. Quando o conhecimento técnico se torna uma barreira. Quando compartilhar significa apenas “enviar o arquivo”, mas não implica em dedicar tempo para ensinar a escanear, ripear, comprimir, legendar, montar, distribuir. Nesse ponto, piratear se assemelha mais ao ego de quem sabe do que à comunidade que queremos construir.

Nos primeiros tempos da internet, baixar um filme não era apenas para assistir sozinho; era para levá-lo a um centro cultural, projetá-lo em uma praça, passá-lo em um DVD para quem não podia acessá-lo. O mesmo com livros, música, software. O digital permitia que o escasso se tornasse comum. Mas a prática foi mudando. Cada vez mais, piratear se tornou um ato solitário, de acumulação pessoal e consumo isolado. Como um colecionismo digital, mas sem circulação.

Essa lógica individualista transforma a pirataria em um gesto vazio. Baixar por baixar ou acumular por acumular é como construir uma biblioteca e nunca abrir suas portas. A pirataria faz sentido quando é coletivizada, quando se torna um ato de resistência comum. Quando um arquivo não é apenas um objeto de consumo, mas um meio para conectar, aprender em conjunto, projetar em um bairro ou para um círculo de leitura. A verdadeira potência da pirataria não está no download, mas na circulação e nos vínculos que se criam a partir dela. Não se trata apenas de acumular coisas, mas de pensar como compartilhá-las e libertá-las das limitações do mercado.

Todas essas contradições não deslegitimam a pirataria: a complexificam. Acrescentam questionamentos. Queremos piratear para ter mais coisas ou para que mais pessoas tenham acesso? Queremos saber mais para mostrar ou para compartilhar? Compartilhamos ferramentas ou apenas resultados? Nos importamos que alguém aprenda a ripear ou preferimos continuar sendo os que “sabem”? Não há necessariamente respostas únicas. Mas se os arquivos circulam e o saber não, não há liberdade nem horizontalidade. Então, talvez não estejamos pirateando, apenas acumulando. Para aprofundar teoricamente, recomendamos “A pirataria des-comunal: as origens da acumulação capitalista de conhecimentos”.

Piratear é aprender

A pirataria, como toda prática que escapa dos canais legais e comerciais, requer tempo, tentativa, erro e, acima de tudo, vontade. Não se trata apenas de baixar um arquivo, mas de entender como ele funciona, como é compartilhado, como é mantido disponível.

Isso não significa que seja preciso ser “especialista”. Pelo contrário: piratear também é uma forma de alfabetização digital coletiva. Sempre há uma primeira vez para ripear um DVD, usar torrents ou navegar em sites bloqueados. Tudo se aprende. E se aprende fazendo, perguntando, testando, errando, compartilhando o que se sabe.

Este fanzine existe para isso. Para que essa curva de aprendizagem seja menos solitária, menos técnica, menos elitista. Para que o saber pirata não fique trancado em um punhado de fóruns fechados ou em tutoriais dispersos. Para que a autonomia digital não dependa de especialistas ou influencers, mas de redes horizontais que passam ferramentas, experiências, erros e soluções. Por isso também requer vontade, não podemos em poucas páginas compartilhar experiências ou formas completas ou complexas, será necessário também muito interesse.

Para aprender a piratear, não há uma única forma, nem uma ferramenta mágica: há vários caminhos, e cada um traça sua rota. Que este fanzine sirva como bússola… com muito amor e carinho.

Para baixar o fanzine completo: http://pirata.ftp.sh

Pirata

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

jardim sem flor
entre as páginas do livro
a rosa e sua cor

Alice Ruiz

[França] 30 de julho: Cerimônia de despedida de Octavio Alberola em Perpignan

Por Àngel Bosqued
 
Após o falecimento do nosso companheiro Octavio Alberola Suriñach em 23 de julho, a cerimônia de despedida foi realizada na manhã de quarta-feira, dia 30, no Crematório de Perpignan. Enquanto a música “Libre te quiero” e outras canções do gosto de Octavio eram tocadas, as 50 pessoas presentes na cerimônia entravam. Ao mesmo tempo, uma compilação de fotos de sua longa vida foi projetada em um telão. Seu filho Octavio abriu os discursos, seguido por sua neta Zoe.
 
Logo após, um texto coletivo foi lido por pessoas que conviveram com ele na década de 70 – repleta de lutas, sonhos e ativismo – e que mantêm fortes laços pessoais desde então. No ato, foi lida a mensagem da CNT-SO de Perpignan e foram mencionadas as pessoas e/ou organizações da Espanha, Suécia ou México que enviaram algumas palavras sobre Octavio, entre elas as de Memoria Libertaria CGT e do restante da Confederação: “Enviamos nossa mensagem de dignidade e lembrança a Octavio, que sempre permanecerá em nossa memória”.
 
A despedida final foi feita após o canto de “A las barricadas”.
 
memorialibertaria.org
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Selva de concreto:
as raízes quebram tijolos
para ver a lua.
 
Liberto Herrera

[Itália] Bakunin 1 – O diabo no rádio. Notas banidas

O nome de Bakunin, assim como outros como Proudhon e Kropotkin, está indelevelmente ligado à anarquia e vice-versa.

De origens nobres, desafiou imperadores e burgueses de meia Europa, temperando suas ideias revolucionárias entre prisões e insurreições. A presença de Mikhail Bakunin na Itália na segunda metade do século XIX impulsionou a formação de toda uma geração de militantes revolucionários, incluindo – pela estatura moral e intelectual – Cafiero, Malatesta e Costa.

Filippo Turati, em nota biográfica da primeira edição italiana de “Deus e o Estado” (1893), o descreve assim: “russo cosmopolita, pensador soldado e idealista sedento de ação”.

Sobre as canções: geralmente celebram revoltas, eventos sangrentos e mártires (Bresci e Caserio mais que outros), raramente dedicando espaço a pensadores. Com Bakunin não é diferente – canções dedicadas a ele surgiram principalmente mais de um século após sua morte. Existe uma compilação pelo seu bicentenário, organizada pelo Circolo Carlo Vanza (Suíça): um CD totalmente DIY, em embalagem de papel reciclado vermelho e cinza, com citação de John Cage sobre a necessidade de uma “música anárquica” onde “sons sejam apenas sons e pessoas apenas pessoas”. Entre faixas punk de bandas como Against All Authority e RAdadub, a capa traz apenas a assinatura de Bakunin – edição limitada de 200 cópias. Uma raridade.

Em italiano, existem registros musicais sobre Bakunin e seu contexto revolucionário na Itália:

1. Rankore – Bakunin
2. Enzo Del Re – Cômico
3. Benito Merlino – Carta ao Ministro

1. Rankore – Bakunin

Punk de Turim com influências ska e folk. Sua música homônima celebra o expoente anarquista: “Como fez Bakunin / continuarei a gritar / que Igreja e Estado / devem ser eliminados!”. As letras citam obras como “Deus e o Estado” e “Estado e Anarquia”“O Estado é uma maquinação, um complô, uma ditadura / Um presidente, um czar, um padre: contra a natureza!”. Menção à fundação da Internacional Antiautoritária (1872), contra Marx/Engels, e sua defesa dos camponeses como “detonador social revolucionário”“…não somos bestas de carga / somos seres humanos!”.

2. Enzo Del Re – Cômico

Artista performático de Mola di Bari. Percutia objetos cotidianos (como cadeiras) em protesto contra a cadeira elétrica que executou Sacco e Vanzetti. Seu disco traz “Cômico”“Rir / gosto de rir / enquanto explode / a revolução”, originalmente com refrão “Giap, Ho Chi Minh / 24 horas”. Na versão alternativa de 2011 (pouco antes de morrer), substituiu por: *”Viva Bakunin / com bom humor / Bakunin / 24 horas!”.

3. Benito Merlino – Carta ao Ministro

Cantor-compositor siciliano. Em “Carta ao Ministro” (1976), adapta texto de Andrea Costa (1877) ao ministro do Interior após a repressão ao levante do Matese: “Sigam seu caminho, ministro / nós seguimos o nosso: o internacionalista! / Não é a revolução osso pra seus dentes / com perseguições não chegarão a nada!”. Parafraseia o final icônico: “Se antes tentamos dialogar / com vocês não dá mais: é melhor surrar. / Durmam tranquilos, barões. / Até o dia da revolução!”.

Em.Ri-ot

Fonte: https://umanitanova.org/bakunin-1-il-diavolo-alla-console-note-bandite/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

passos de pássaro
no telhado lá de casa
embalam sonhos

Marland

[Espanha] Querem demolir LA LECHUZA! Nós queremos ela de pé!

SOS CSO LA LECHUZA

Após 12 anos de autogestão do centro social ocupado no bairro de Monte, o plano urbanístico da Prefeitura de Santander, somado aos objetivos da empresa Robera 2000 e da imobiliária Navarra S.L., pretende acabar com esta experiência de resistência às lógicas capitalistas e ao modelo de sociedade de consumo. 12 anos construindo redes de apoio mútuo, soberania popular e alimentar, escolinha e transmissão de saberes, assembleísmo, antiautoritarismo, desobediências e dissidências, ação direta, crítica ao lazer administrado, alternativa habitacional e espaço de encontro e acolhida. 12 anos lutando contra o capitalismo e defendendo o território. Semeando arte combativa e criatividade. Em suma, um viveiro de movimentos sociais envolvido no tecido social da Cantábria.

Embora esta possível demolição iminente responda mais ao mero lucro especulativo da prefeitura e construtoras do que a uma indicação concreta deste espaço, a situação do centro social ocupado La Lechuza NÃO É UM CASO ISOLADO. Ele é afetado por uma ofensiva generalizada contra centros sociais e por uma campanha contra a ocupação que, há mais de uma década, foca na mídia em gerar um imaginário de inimigo baseado em boatos e fakes, o que permitiu a vitimização de rentistas e especuladores, a criminalização da pobreza e da dissidência, além da entrada e naturalização do fascismo, encarnado em empresas de desocupação, assédio à população migrante, etc. Como ápice desta campanha, centenas de despejos vêm ocorrendo nos últimos anos por todo o território, sejam casas, centros sociais ou espaços ocupados dedicados a outras utilidades.

A Cantábria adere cada vez mais e em velocidade vertiginosa a um modelo econômico baseado na especulação do solo e da moradia, turismo voraz e urbanismo predatório, que expulsa seus habitantes e destrói o território, nossa saúde mental, identidade e cultura, para o benefício de uma minoria rica. Os mesmos que geram e financiam guerras e genocídios.

Seus privilégios, nossa miséria! La Lechuza e o bairro onde está inserida representam uma ilha de resistência a este modelo de cidade. Representam quebrar os limites entre o rural e o urbano. O campo dentro da cidade. Permitem a soberania energética e alimentar e colocam a vida no centro.

As demolições já começaram! Além de La Lechuza, há outras casas habitadas que não aceitam a expulsão!

Você, sua vizinha e o vizinho do lado, além de vocês, podem apoiar a assembleia deste centro social ocupado que existe há mais de uma década em uma cidade como Santander, ajudando-nos a divulgar esta campanha em defesa dos centros sociais ocupados. Conheçam ou não o espaço, precisamos do seu apoio, precisamos do apoio de vocês, então não hesitem em torná-lo nosso e divulgar por toda parte.

Defendamos La Lechuza e os centros sociais ocupados!

Vamos barrar a demolição do Bairro La Torre! Existir é Resistir!

E resistir merece alegria!

La Lechu Vive, a luta continua!

Fonte: https://lalechuzacso.wixsite.com/santander/single-post/quieren-demoler-la-lechuza-nosotres-la-queremos-en-pie  

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Nesse café,
até o silêncio
tem sotaque

Pedalante

[Grécia] Aqui afogados, ali bombardeados – os migrantes são os miseráveis da Terra

Em um momento em que bombas estão caindo na Síria, na Líbia, na Palestina e, de forma mais ampla, no norte da África e no Oriente Médio, quando a fome, a miséria, o tráfico de pessoas, o genocídio e a guerra continuam, tudo com o financiamento, o envolvimento militar e o apoio da UE, as pessoas que tentam escapar são rotuladas pelo Estado grego como “invasores”, uma “ameaça híbrida”, um “perigo”.

Esses rótulos servem mais uma vez para endurecer as leis (como a suspensão dos procedimentos de asilo, a prisão de pessoas sem documentos), a escalada da repressão e a construção de novos campos de concentração.

Os migrantes que tentam buscar um futuro melhor dentro da Fortaleza Europa são assassinados no mar pela guarda costeira grega e pela Frontex, seja por meio de empurrões ou afundando deliberadamente seus barcos, como aconteceu ao largo de Pylos. Ao mesmo tempo, a marinha está posicionada em águas internacionais perto da fronteira com a Líbia.

Para aqueles que chegam ao território grego, o que os aguarda são campos de concentração, assassinatos em delegacias de polícia, deportações e torturas, tudo para “mostrar” as políticas antimigratórias do Estado grego.

Ao mesmo tempo, o Estado grego assinou acordos interestaduais para importar trabalhadores migrantes, que são forçados a trabalhar como escravos na agricultura e no turismo, para depois serem enviados de volta aos seus países de origem. Assim, chegamos à conclusão de que os verdadeiros traficantes não estão nos barcos com os destituídos, mas nos escritórios do governo.

Nessa realidade sombria, a retórica racista transborda do pântano da grande mídia, inundando a vida cotidiana com seu veneno em meio ao alto custo de vida, ao empobrecimento, à miséria e à desvalorização de nossos salários e de nossas vidas, todos causados pelos mesmos sistemas responsáveis pelas condições que forçam milhões de pessoas a seguir o caminho do exílio.

Os responsáveis pela pobreza, exploração, opressão, morte e guerra são os Estados e o capital, não os pobres e perseguidos que fogem das terras saqueadas pelo “Ocidente”.

Não temos nada que nos separe dos oprimidos do outro lado das fronteiras. Estamos unidos por um destino compartilhado e, juntos, lado a lado, devemos construir solidariedade, organizar e lutar contra nossos inimigos comuns: nossos exploradores e opressores.

Devemos nos posicionar contra o racismo e o canibalismo social e construir comunidades de resistência para um mundo de liberdade, igualdade e solidariedade, um mundo que não conhece fronteiras.

As fronteiras são cicatrizes no corpo do planeta.

Contra o genocídio cometido pelo Estado israelense, com o apoio da UE e da OTAN. Força para os oprimidos na Palestina.

Solidariedade com todos os migrantes. A solidariedade é a arma do povo. Guerra contra a guerra dos patrões!

Coletivo Anarquista Acte

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agência de notícias anarquistas-ana

entre os vinte cimos nevados
nada movia a não ser
o olho do pássaro preto

Wallace Stevens