[França] Terra sem minas 2025

De 25 a 27 de julho, acontecerão 3 dias de encontros, debates e ações em torno das lutas antiextrativistas perto de Echassières e do projeto de mineração da multinacional Imerys.

O foco, é claro, estará na luta contra o projeto de extração de lítio da EMILI, cuja conclusão está prevista para 2030 em Echassières. Mas o desafio também será estabelecer conexões ou fortalecer as lutas já existentes que se opõem à retomada da indústria de mineração, tanto na França quanto internacionalmente. Questões relacionadas ao desenvolvimento da sociedade digital, à chamada “transição” energética, ao rearmamento europeu e à guerra no Congo serão abordadas, bem como à poluição e à proteção de nossos espaços de vida, tanto aqui quanto em outros lugares.

No domingo, 27 de julho, também será organizada uma manifestação para marcar nossa oposição aos projetos mortíferos da indústria de mineração. Nem aqui nem em nenhum outro lugar, em solidariedade às lutas em Portugal, Níger, Mongólia, Argentina, Sérvia, Congo, Alemanha e em todos os outros lugares, a terra deteriora-se para alimentar o apetite daqueles que defendem a exploração incessantemente dos recursos naturais e das populações que deles dependem.

A programação final está chegando, manteremos vocês informados! Um grupo de apoio também será criado algumas semanas antes do evento. Também precisaremos de ajuda com várias tarefas ao longo desses 3 dias, então contamos com vocês.

Todas as informações já estão reunidas neste site e serão atualizadas assim que estiverem disponíveis:

https://nominesland2025.wordpress.com

agência de notícias anarquistas-ana

soluços
um tronco oco
um grilo

Paladino

Ajuste Fiscal do Governo Lula: Um Ataque as Trabalhadoras e Trabalhadores

Por Coordenação Nacional

Desde o início do governo Lula a FOB tem denunciado que as regras fiscais de ajuste permanente adotadas pelo governo iriam impactar no corte de recursos para as áreas sociais. O novo ajuste fiscal levado a cabo pelo Governo Lula-Alckmin (PT-PSB) sobre a gerência de Haddad, Simone Tebet e Esther Dweck provocariam no curto e médio prazo o corte de recursos para áreas como educação e saúde, mesmo que houvesse aumento da arrecadação e crescimento econômico.

O que estão em jogo é a disputa do orçamento estatal pelas forças da classe dominante e pelo parlamento brasileiro. Isenções fiscais, dívidas de grandes empresas, pagamento da rolagem da dívida e emendas parlamentares são inegociáveis. Os tecnocratas do governo, principalmente do ministério da fazenda, gestão e inovação e do planejamento, já tem anunciado que pretendiam acabar com os pisos constitucionais das trabalhadoras e trabalhadores da Educação e Saúde como forma de adequar o orçamento ao novo teto de gastos. Depois de apresentar a proposta de aumento do IOF, o congresso através do presidente da Câmara e do Senado e  abrir negociação sobre o tema apresentaram a proposta de desvinculações dos benefícios previdenciários ao salário-mínimo e dos pisos constitucionais da saúde e educação. Essa posição tem acordo com os tecnocratas dos ministérios da Fazenda, Gestão e Inovação e Planejamento, bem como de seus ministros, aprofundando ainda mais o ajuste fiscal permanente e agradando o setor patronal, principalmente do mercado de serviços e do setor financeiro.  Isso porque como o novo teto de gasto tende a continuamente limitar investimento do estado na área social aprofunda a política de parcerias públicas privadas aumentado terceirização e privatizações, sejam permanentes ou por concessões. `Por hora está tudo parado porque o presidente da Câmara, Hugo Motta, que foi apoiado pelo governo na sua eleição, estão chantageando o executivo para pressionar o STF para combater as medidas de controle sobre as emendas parlamentares.

Essa medida, longe de ser uma “necessidade econômica”, é uma traição às demandas históricas da classe trabalhadora e uma submissão aos interesses do capital financeiro e das elites empresariais. O que não é nenhuma surpresa nós. Enquanto o governo insiste em manter privilégios para o agronegócio, o setor bancário e grandes corporações — beneficiados por isenções fiscais e generosos subsídios —, os mais pobres são penalizados com o desmonte de políticas públicas que garantem direitos básicos. O corte de verbas para programas sociais em um país marcado por desigualdades brutais não é apenas um erro: é um crime de classe.

Fica evidente o caráter de classe uma vez que por exemplo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) teve menos de 10% de contingenciamento de um orçamento de 14 bilhões enquanto o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) seu orçamento caiu de R$ 4,9 bilhões em 2023 para R$ 1,2 bilhão em 2024). Sem contar os enormes subsídios do Plano Safra e as isenções fiscais para exportadores foram mantidas.

Fica evidente o que a hegemonia da classe dominante se mantém no governo Lula. Os dados mostram que o governo prioriza o pagamento de juros aos bancos e mantém privilégios da classe dominante e suas frações, como financeira, do agro e das grandes corporações como mineração e montadoras, enquanto corta verbas vitais para o povo. A justificativa de “equilíbrio fiscal” esconde a opção política de não taxar grandes fortunas e não reduzir gastos com o capital, principalmente como o mecanismo de refinanciamento da dívida, principalmente com um banqueiro, indicado por Haddad, para comandar o Banco Central.

O sistema tributário que por si só massacra o povo é mais injusto para os trabalhadores e trabalhadoras, que pagam mais impostos proporcionalmente a sua renda dos que os membros das classes dominante e seus acionistas que lucros e dividendos isentos, assim como o agronegócio. Além disso, o mecanismo de rolagem da dívida com os juros nas alturas atende diretamente as frações do capital financeiro interno e internacional.  O que se avizinha para esse ano e 2026 é mais uma reforma administrativa e previdenciária nos marcos da hegemonia neoliberal.

Resistência popular é urgente!

A FOB denuncia veementemente essa política de austeridade, que segue os mesmos passos dos governos anteriores, inclusive o de Bolsonaro. Não há justificativa aceitável para retirar recursos da população que mais precisa enquanto o Estado continua abrindo mão de tributar lucros e dividendos, além de manter um mecanismo da dívida pública que serve apenas para enriquecer especuladores.

Exigimos a imediata revogação desses cortes e a implementação de um projeto radical de reforma tributária que taxe as grandes fortunas e o capital, além do fim dos superávits primários que asfixiam o investimento social.

A luta contra o ajuste fiscal é a luta pela sobrevivência dos trabalhadores mais empobrecidos, dos desempregados e dos explorados. A FOB convoca todos os setores organizados do movimento sindical, popular e revolucionário a ocupar as ruas, pressionar o governo e construir greves e mobilizações capazes de frear esse ataque.

A classe trabalhadora não pode pagar pela crise que não causou!

Exigimos:

Taxação de grandes fortunas e heranças;

Taxação de lucros e dividendos;

Fim das isenções para o agronegócio e exportadores.

Fora com os cortes!

Pelo fim da austeridade fiscal!

Federação das Organizações de Base (FOB)

lutafob.org

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Cinza chumbo
de cara fechada:
nuvem de inverno!

Bianca Shiguefuzi

Do Irã ao Brasil: Nem Bombas, Nem Tanques! Pela Desmilitarização e Autogestão!

Como anarquista, é impossível não ecoar e fortalecer o grito dos diversos coletivos iranianos neste momento: a guerra e o militarismo são ferramentas de dominação que esmagam os povos em benefício de Estados e capitalistas.

O recente aumento dos gastos militares do Brasil — que superou R$ 142 bilhões em 2025, enquanto serviços públicos definham — expõe a hipocrisia de um governo que prioriza tanques em vez de pão, fuzis em vez de escolas. Essa lógica perversa, igual à denunciada pelos camaradas no Irã, sacrifica vidas trabalhadoras no altar do lucro e do controle estatal.

Assim como os ataques israelenses ao Irã, o complexo industrial-militar brasileiro serve aos interesses imperialistas globais. Nosso governo financia a indústria da morte ao comprar armas dos EUA e Europa, enquanto apoia tacitamente genocídios como o de Gaza. Cada avião de caça comprado com nosso suor poderia alimentar milhões, curar enfermos ou libertar terras indígenas. A “segurança nacional” que propagandeiam é, na verdade, segurança da burguesia contra o povo explorado.

A classe trabalhadora brasileira, tal como a iraniana, é duplamente vitimizada: pela repressão interna e pela cumplicidade de nosso Estado com guerras externas. Enquanto o orçamento militar cresce, assistimos à criminalização de movimentos sociais, à violência policial nas periferias e ao desmonte da previdência social. Os R$ 20 bilhões destinados a novos blindados em 2025 são um roubo descarado — poderiam erradicar a fome que atinge 33 milhões de brasileiros.

Rejeitamos a ilusão de que governos ou instituições internacionais trarão paz. A ONU acoberta massacres, e o Estado brasileiro, seja sob qual bandeira for, mantém uma máquina de opressão. Nossa luta é pela autogestão popular, pela solidariedade direta entre explorados, como nas ocupações de terra e nas greves selvagens. O exemplo das mobilizações “Mulher, Vida, Liberdade” no Irã nos inspira: só a ação direta desarma os poderosos.

Exigimos o fim imediato dos investimentos bélicos e a redistribuição desses recursos às comunidades. Que os quartéis virem cooperativas; as fábricas de armas, escolas livres. Nossa paz não virá de generais ou diplomatas, mas da organização horizontal, do apoio mútuo e da insurreição permanente contra este sistema que nos mata por lucro. Nem Irã, nem Israel, nem Brasil: nenhuma pátria vale um só trabalhador morto!

Pela desmilitarização do mundo!
Pela revolução social!

Liberto Herrera.

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agência de notícias anarquistas-ana

Jardim de inverno —
Pousada na vidraça
frágil borboleta.

Hazel de S.Francisco

[Espanha] Encontro do Livro Anarquista de Salamanca, 8 e 9 de agosto de 2025

Continua o Encontro do Livro Anarquista de Salamanca, com este já será a décima sétima edição, desde seu início em 2008. Permanecemos com a ideia de construir um espaço de ação e teoria que, pouco a pouco, foi se consolidando dentro da rede anual de feiras do livro que se organizam em diferentes lugares.

Os dias programados para esta edição: sexta-feira, 8, e sábado, 9 de agosto. 

Agradecemos resposta se tens intenção de participar, tanto para poder calcular as mesas para montar, assim como calcular os almoços e jantares e inclusive possível lugar de alojamento.

Sexta-feira, 8 de agosto: Passeio Libertário às 19h30 em Zamora.

Será um percurso ameno, por lugares emblemáticos do movimento libertário histórico zamorano.

Confirma tua participação mandando um correio a: encuentrosalamanca@gmail.com

Sábado, 9 de agosto: Plaza de Barcelona (frente à estação de trem) – Salamanca

Às 11h00 início da feira de livros, fanzines, jornais, revistas…

Programação ainda por fechar. No momento, podemos informar que será um ano carregado de mobilizações e experiências de auto-organização relacionadas com a moradia. Enfrentamos um momento incerto e emocionante, onde a ideia da greve de aluguéis irrompeu com força entre os coletivos de inquilinas .

Mas, o que é uma greve de aluguéis e como se faz? Quem faz uma greve de aluguéis e com que objetivo? Que outras greves acompanham as inquilinas?

Devemos abrir o debate e para isso é fundamental atualizar experiências como a greve de aluguéis de 1931 que, apesar das diferenças de contexto e momento histórico, podem nos ajudar a pensar as lutas do sindicalismo social e revolucionário no presente.

Manel Aisa, autor de “La huelga de alquileres y el comité de defensa econômica”, nos contará o que nos distancia e o que nos aproxima daquelas lutas.

Também, no norte de Portugal, especificamente em Covas do Barroso (Boticas), existe uma forte resistência contra a mineração de lítio, em relação com o projeto da mina de Barroso de Savannah Resources Plc, que poderia ser a maior mina de lítio da Europa ocidental. A população local se organizou através de reuniões, manifestações e ações diretas como bloqueios para opor-se à mineração, apesar das promessas da empresa de criar empregos. A situação se estende a mais entornos e contaremos com pessoas do norte de Portugal, que nos exporão esta situação e o dia a dia.

Em breve, mais detalhes.

Para mais informação: www.encuentrosalamanca.blogspot.com

Todas as atividades serão na Plaza de Barcelona, realizando-se todas ao ar livre e com sombra.

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Um alegre toque
na fria tarde do bosque —
Flores de ipê roxo.

Alberto Murata

Comunicado dos Coletivos Independentes Iranianos Contra a Guerra e as Políticas Militaristas

Diante da situação instável e perigosa que atualmente existe no Irã e na região, os coletivos abaixo-assinados consideram seu dever assumir uma posição unificada.

As classes trabalhadoras do Irã – trabalhadorxs, professorxs, enfermeirxs, aposentadxs e outrxs assalariadxs – nunca se beneficiaram da guerra, nem jamais se beneficiarão da crescente militarização, dos bombardeios ao país ou das políticas de exploração dominantes.

Os ataques militares por parte de Israel e o bombardeio de centenas de alvos em várias regiões do Irã – incluindo infraestruturas, locais de trabalho, refinarias e áreas residenciais – fazem parte de um projeto militar cujo custo é suportado pelas pessoas comuns, especialmente a classe trabalhadora, em termos de vidas, bens e segurança perdidos.

A afirmação do Estado de Israel de que não é hostil ao povo iraniano nada mais é do que mentira e propaganda política. Apenas ontem, o ministro da defesa israelense ameaçou “reduzir Teerã a cinzas”. As constantes ameaças de Trump e outros líderes estadunidenses, juntamente com o apoio total dos governos ocidentais a tais ações, só têm exacerbado as tensões, a insegurança e a devastação na região.

Os governos de Israel e dos Estados Unidos são diretamente responsáveis pelo genocídio em curso em Gaza e por muitos outros crimes cometidos na região e no mundo. As Nações Unidas e outras instituições internacionais, que hipocritamente se apresentam como defensoras da paz enquanto permanecem em silêncio diante desses crimes, são elas mesmas parte dessa estrutura de domínio. O sistema capitalista global, com sua lógica movida pelo lucro e seus poderes imperialistas, é uma causa das guerras, das catástrofes humanitárias e da destruição ambiental.

A classe trabalhadora iraniana não apenas nada ganha com a guerra, como é diretamente visada. A continuação das sanções econômicas, os enormes gastos militares e as restrições às liberdades só causam mais pobreza, repressão, fome, morte e deslocamento para milhões de pessoas.

Nós, ativistas populares e sindicais independentes, e coletivos do Irã, não nos iludimos que os Estados Unidos ou Israel nos trarão liberdade, igualdade ou justiça – assim como não temos ilusões sobre a natureza repressiva, intervencionista, aventureira e anti-trabalhadora da República Islâmica.

Há anos, xs trabalhadorxs iranianxs lutam pelos direitos e condições de vida mais básicos pagando preços extremamente altos: detenção, tortura, execuções, demissões, ameaças e agressões físicas. Ainda somos privadxs do direito de nos organizar, fazer assembleias e nos expressar livremente. Trabalhadorxs em todo o país têm todos os motivos para estar indignadxs e cansadxs da República Islâmica e dos capitalistas que, por mais de quatro décadas, acumularam riquezas imensas às custas de nossa precariedade e falta de direitos. Todas as autoridades e instituições responsáveis pela repressão e assassinato de trabalhadorxs, mulheres, jovens e outras pessoas oprimidas no Irã devem ser responsabilizadas e julgadas pelo próprio povo.

Nossa luta como classe trabalhadora é uma luta social e de classe. Ela continuará contando com nossa força, impulsionada pelos movimentos populares recentes – como Pão, Trabalho, Liberdade e Mulher, Vida, Liberdade – e com a solidariedade da classe trabalhadora internacional e de todas as forças humanistas, libertárias e igualitárias.

A continuação do atual caminho de guerra não trará nada além de mais destruição, danos ambientais irreversíveis e a repetição de tragédias humanas. A classe trabalhadora iraniana e as pessoas oprimidas – como os povos oprimidos de outros países da região – estão entre as principais vítimas desta situação.

Nós, os coletivos abaixo-assinados, convocamos todas as organizações trabalhistas, grupos de direitos humanos, movimentos de paz, ativistas ambientais e forças anti-guerra em todo o mundo a erguer uma voz unida exigindo o fim imediato da guerra, dos bombardeios, dos massacres de pessoas inocentes e da destruição ambiental – e a apoiar as lutas do povo do Irã e da região pelo fim da guerra.

Os povos do Oriente Médio precisam que as tensões devastadoras entre potências regionais e globais cessem e que seja estabelecida uma paz duradoura – uma paz em que as pessoas possam determinar seus próprios destinos através da organização de base, do protesto de massa e da participação coletiva direta.

Não à guerra – Não ao militarismo!
Um cessar-fogo imediato é nossa exigência urgente.

Assinado por:

Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Ônibus de Teerã e Subúrbios
Sindicato dos Trabalhadores da Companhia de Cana-de-Açúcar Haft Tappeh
Trabalhadores Aposentados do Khuzestan
União dos Aposentados
Comitê de Coordenação para Ajudar a Formar Organizações dos Trabalhadores
Grupo Sindical de Aposentados

17 de junho de 2025

Fonte: https://umanitanova.org/comunicato-dai-collettivi-indipendenti-iraniani-contrari-alla-guerra-e-alle-politiche-militariste

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Beira da lagoa.
Só, borboleta de inverno
e o meu pensamento.

Zuleika dos Reis

[Itália] “Enquanto existir o Estado, não haverá paz”. Declaração da assembleia “Sabotemos a Guerra” sobre a guerra entre Israel e Irã

O ataque lançado por Israel contra o Irã na noite de 12 para 13 de junho representa um ponto de virada dramático rumo à globalização da guerra. Após mais de três anos de guerra entre a OTAN e a Federação Russa na Ucrânia, e dois anos de genocídio em curso em Gaza, as fortes tensões na Ásia Ocidental estão dando origem a uma nova guerra entre potências regionais – ambas possuidoras de armas de alta tecnologia e indústria nuclear –, desencadeada imediatamente por um ataque criminoso e sem escrúpulos contra instalações nucleares iranianas. De um lado, está o Irã, que não possui armas nucleares nem há provas de que esteja construindo-as, e que se submete aos controles das agências internacionais. De outro, Israel, que possui armas nucleares sem declará-las, não respeita tratados nem aceita controles, e habitualmente realiza ataques militares sem limites éticos.

Embora o direito internacional e as organizações que o representam tenham tido a função de garantir a ordem mundial – isto é, as relações precisas de poder e dominação entre os Estados –, o fato de que hoje sejam questionados, principalmente por Israel e Estados Unidos, é um sinal claro da crise global, da ruptura dos equilíbrios anteriores e do retorno à guerra como meio de resolver rivalidades interestatais.

O Irã foi atacado pouco após submeter-se a controles em suas instalações nucleares e durante negociações com os EUA sobre enriquecimento de urânio. A intenção de Israel de descarrilar as negociações e qualquer hipótese de resolução política dos desacordos é evidente.

Os países aliados agiram imediatamente para repelir o contra-ataque iraniano, derrubando dezenas de foguetes e drones, enquanto existe grave risco de participação direta de países ocidentais (começando pelos EUA) nos bombardeios. Isso representaria um agravamento ainda mais drástico da crise.

Os EUA travaram a chamada “guerra infinita” nos últimos trinta anos – uma série ininterrupta de guerras, ataques militares e operações de desestabilização (do ataque ao Iraque à mudança de regime na Síria). Seus objetivos agora se expandem em várias frentes: a russa, toda a Ásia Ocidental e, em perspectiva, o Indo-Pacífico. Os conflitos em curso se ampliam e outros surgem, numa tendência rumo a uma guerra mundial que, diante da situação atual, parece imparável. No pano de fundo, pairam tensões políticas e militares entre EUA e China.

Enquanto isso, nos países ocidentais, especialmente na potência dominante norte-americana, ocorrem crises sociais gravíssimas que, por vezes, parecem assumir características de guerra civil. Sabemos que, historicamente, os Estados resolvem suas crises internas mais graves com a guerra.

Voltando aos acontecimentos recentes, a responsabilidade por esta nova e gravíssima escalada recai sobre a iniciativa criminosa do Estado de Israel. Uma entidade fundada no colonialismo de assentamento, na supremacia racista, no fanatismo religioso, na militarização da sociedade, e vanguarda em tecnologias de controle testadas na população palestina colonizada, deportada e exterminada. A ação de 7 de outubro de 2023, entre as diversas contradições que abriu, inclui sem dúvida a de ter desmascarado a verdadeira face dessa entidade. Israel comete um genocídio, mas não consegue derrotar a resistência de um povo – contradição que tenta sublimar relançando-se em novas aventuras: da invasão do Líbano às inúmeras provocações (inclusive terroristas) e aos eventos de sexta-feira à noite. Portanto, devemos reafirmar com firmeza: um genocídio está sendo cometido em Gaza. Precisamos garantir que esta nova guerra não sirva para ocultar sua consumação.

Israel é, por um lado, a ponta de lança do imperialismo ocidental e o ator que por décadas fez o trabalho sujo em nome de EUA e Europa; por outro, sua liderança política descontrolada pode influenciar as políticas das potências ocidentais em seu benefício. Nossos líderes são plenamente corresponsáveis pelas atrocidades de Israel; sem o apoio dessas potências, Israel não poderia realizar suas aventuras militares e talvez nem sobreviver.


Nossa oposição inflexível ao projeto sionista não nos leva a apoiar a República Islâmica do Irã – uma potência regional com uma oligarquia petrolífera e indústria altamente desenvolvida (incluindo a militar). Não se trata apenas de uma teocracia odiosa que tortura e enforca opositores e oprime especialmente as mulheres (elemento que a propaganda liberal ocidental se deleita em enfatizar). Trata-se de um regime que coloca seu poder obscurantista a serviço de sua própria burguesia para reprimir trabalhadorxs pelo terror. Consideremos, entre muitos, o caso da sindicalista Sharifeh Mohammadi, condenada à morte por coordenar greves radicais que abalaram o país nos últimos anos.

Desde 2005, mais de 500 sindicalistas foram presxs, encarceradxs ou, em alguns casos, condenadxs à morte e expulsxs por criar organizações sindicais independentes e realizar atividades sindicais dentro de acordos e normas trabalhistas internacionais.


Numa guerra entre regimes tão odiosos, os únicos heróis são os desertores. Como anarquistas e revolucionárixs, desejamos a queda do governo teocrático do Irã – regime opressor que surgiu ao asfixiar sangrentamente uma geração de companheirxs revolucionárixs. Ao mesmo tempo, sabemos que um regime deve cair sob os golpes de um levante genuinamente popular, enquanto mudanças de regime planejadas por capitalistas ocidentais (como ensina a história recente) apenas substituem um opressor por outro ainda mais feroz, subordinado a potências estrangeiras, transformando países inteiros em infernos. Com isso em mente, convidamos todxs xs revolucionárixs e pessoas de boa vontade a estarem atentxs a uma possível convulsão no Irã (atual principal alvo estratégico de Israel), distinguindo com cuidado o joio do trigo e evitando cair em false flags – armas preferenciais do poder brando ocidental há mais de uma década para corromper e cooptar dissidências, levando-as ao terreno altamente compatível dos “direitos” liberais. Mesmo que surja um autêntico movimento de classe (nada impossível num país onde aiatolás chegaram ao poder encarcerando e enforcando revolucionárixs), isso não deve abalar em um milímetro nossa oposição intransigente ao sistema de Israel e a todo o imperialismo ocidental que o alimenta.

Em geral, numa guerra entre Estados – especialmente entre potências regionais com aliados internacionais importantes –, xs oprimidxs não têm aliadxs nem amigxs entre governos, sendo apenas carne para canhão em suas guerras sujas. Convencidxs de que “enquanto existir o Estado, nunca haverá paz”, nossa postura permanece internacionalista: contra todo Estado, começando pelo nosso. Portanto, da nossa posição, não podemos ignorar as responsabilidades do governo italiano nem de seus patrões, que têm as mãos manchadas de sangue palestino. Não esqueçamos que a marinha italiana lidera a Operação Aspides, coordenando uma coalizão de sete países da UE: o objetivo é combater a ação iemenita que, ao atacar navios, bloqueou por longo tempo uma rota comercial vital e causou enormes danos à economia mundial – implementando uma das formas mais efetivas de apoio e solidariedade ao povo de Gaza.

O governo italiano oferece a Israel apoio político incondicional. Os exércitos italiano e israelense estão cada vez mais integrados, militares treinam-se mutuamente, a indústria bélica italiana é a terceira maior exportadora para Israel (após EUA e Alemanha), enquanto a Itália compra sistemas de armas de alta tecnologia de seu aliado sionista. Até instalações do “Bel Paese” são escolhidas por Israel para “descompressão” de soldados após combates.

Os serviços secretos italianos compartilham informações e tecnologias com o aparato israelense, como recentemente demonstrou o caso Paragon. Não esqueçamos como o poder judiciário italiano está alinhado com a repressão israelense – como mostra o escandaloso julgamento em curso em Áquila contra Annan Yaeesh, que tenta apresentar a resistência armada palestina (legítima até pelo direito internacional) como terrorismo. A Itália apoia a logística militar israelense (como o desembarque em portos italianos de navios da ZIM) e a pesquisa tecnológica para supremacia militar (em inúmeras universidades).

Hoje, na mídia italiana, é quase impossível obter informações que não sejam propaganda de guerra descarada. Esses veículos são parte integral da máquina de guerra – afirmação reforçada ao considerarmos que, na atual estratégia bélica ocidental, o espetáculo determina cada vez mais as decisões no campo de batalha.


Apesar da propaganda incessante, xs exploradxs em geral se opõem à guerra; em particular, o genocídio em Gaza chocou profundamente a opinião pública. Mas a rebelião das consciências não basta. Além disso, as classes mais pobres das sociedades ocidentais já pagam caro o custo da guerra: da inflação à repressão. Recentemente, o chefe da OTAN, Rutte, declarou que se xs europeus não quiserem cortar gastos com saúde em favor de gastos militares (a meta declarada é 5% do PIB!), “terão que aprender russo”. Por outro lado, as políticas repressivas cada vez mais brutais de nossos governos – das quais o pacote de segurança recém-aprovado (que reprime bloqueios de estradas, piquetes sindicais, protestos em prisões – mesmo pacíficos – e introduz o chamado “terrorismo do mundo”) é apenas o resultado mais recente – devem ser interpretadas em todos os aspectos como verdadeiras políticas de guerra, também à luz das tensões sociais mencionadas.

Nos próximos meses, será crucial que anarquistas e simpatizantes conectem a resistência contra essa ofensiva (bem como a solidariedade com nossos companheirxs perseguidxs) à luta geral contra a guerra, da qual essas operações são a manifestação na frente interna.

A propaganda cada vez mais parcial e onipresente, o cerceamento tecnológico das faculdades críticas, as derrotas históricas do movimento operário e certo autoisolamento de minorias ativas pesam sobre a sensação de impotência e resignação. O próprio nível tecnológico da guerra travada – da confrontação aérea e balística entre Israel e Irã às tecnologias da OTAN e Rússia na Ucrânia – induz à sensação de inevitabilidade, dada a aparente impossibilidade de forças humanas dos exploradxs detê-las. No entanto, a variante humana e de classe é decisiva:

São as ferramentas dos estivadores que carregam armas em navios rumo a Israel – e essas armas, como nos mostraram no Marrocos, Marselha e Gênova, podem decidir parar. São os corpos de proletárixs russxs e ucranianxs que são jogadxs nas trincheiras para se massacrarem mutuamente pelos interesses das classes dominantes russa e estadunidense (enquanto Putin e Trump conversam amigavelmente ao telefone) – mas esses corpos podem desertar, e o fazem aos milhares.

A resistência armada do povo palestino – sem aliados entre grandes potências – consegue com sua vontade e ação opor-se a uma das máquinas de guerra mais terríveis e avançadas do planeta. Israel possui domínio tecnológico exorbitante, mas vemos combatentes palestinos reciclarem bombas não detonadas do inimigo para fabricar artefatos caseiros. A imaginação dxs oprimidxs não tem limites. E xs oprimidxs, como disse Errico Malatesta, estão sempre em legítima defesa; os meios a usar, desde que coerentes com os objetivos de igualdade e liberdade para todxs xs seres humanos, são apenas questão de oportunidade.

Do nosso lado, nas múltiplas frentes, lutamos pela derrota de nosso próprio campo: pela derrota da OTAN, pela destruição do sionismo. Transformemos a guerra dos senhores em guerra contra os senhores!

Assembleia “Sabotemos a Guerra”

Fonte: https://informativoanarquista.noblogs.org/post/2025/06/24/italia-mientras-exista-el-estado-no-habra-paz-declaracion-de-la-asamblea-sabotear-la-guerra-sobre-la-guerra-entre-israel-e-iran/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Papagaio danado!
Canta, assobia e xinga o cão
e solta gargalhadas

Kingo Yamazaki

Meu caminho é a ANARQUIA, meu destino a REVOLUÇÃO

Tenho nojo do jogo podre do poder.

.

Desprezo os demagogos,

populistas de direita e esquerda,

comunistas, liberais, fascistas e

reformistas.

.

Todos falam a linguagem do Estado,

perpetuam hierarquias e desigualdades

em nome de um povo que falta.

.

Tenho gosto em lutar, questionar,

em ousar querer um mundo novo

contra toda forma de conformismo, servidão e opressão.

.

Afirmo aos quatro ventos o princípio da autogestão,

da autonomia e do apoio mútuo.

.

Defendo o direito a rebelião,

nossa vocação é a revolta,

a insurreição.

.

Meu caminho é a anarquia,

meu destino a revolução.

Carlos Pereira Junior

agência de notícias anarquistas-ana

Manhã gelada —
Duas borboletas azuis
voam pelo jardim.

Guin Ga Eden

[Alemanha] Antimilitaristas reivindicam incêndio de veículos da Amazon e da Deutsche Telekom

Amazon é alvo por cumplicidade no genocídio em Gaza; Telekom, por cooperação com os militares alemães e com a Starlink de Elon Musk, comunicado

Juju Alerta

Um grupo antimilitarista reivindicou a responsabilidade por incendiar um total de 35 veículos comerciais da Amazon e da Deutsche Telekom em Berlim, nas primeiras horas da terça-feira. As vans da Amazon foram incendiadas em um terreno na Koppelweg, no sul da capital alemã, enquanto os veículos da Telekom estavam estacionados em Lichtenberg, no leste da cidade, segundo a imprensa alemã. Ninguém ficou ferido.

Em um comunicado, o grupo, não identificado, afirmou estar “celebrando” a inauguração da nova Torre da Amazon em Berlim, expressando repulsa pelo envolvimento da empresa no fornecimento de poder computacional ao exército israelense (juntamente com Google e Microsoft). “A destruição e o extermínio em Gaza que se desenrolam diante de nossos olhos, a planejada remoção completa da população e o massacre e mutilação baseados em inteligência artificial de centenas de milhares de pessoas, incluindo muitas crianças, estão sendo calculados e armazenados nos servidores da Amazon Web Services”, afirmou o grupo. A Amazon também foi nomeada como contratante chave das forças armadas dos EUA e como “generosa patrocinadora do desfile militar do Rei Trump… Estado e capital marchando juntos rumo ao fascismo”.

A Telekom foi alvo por seu “apoio à Bundeswehr” (forças armadas alemãs) e por ser “fornecedora de TI para autoridades de fronteira, polícia e serviços de inteligência”, segundo o comunicado. Os ativistas também citaram a T-Systems, que colabora com a rede de satélites Starlink de Elon Musk. Mencionando o projeto concorrente da Amazon, o Project Kuiper, o texto afirmou que “Musk e Bezos, com suas redes corporativas, são tecnocratas que não apenas lucram com guerras, mas agora podem influenciar seu curso”.

“Exigir a vida contra o militarismo e as tecnologias da morte é justo, assim como é justo reivindicar e defender o antimilitarismo contra o nacionalismo”, conclui o comunicado. “É justo libertar a vida de todo o militarismo e da guerra, do Estado e do patriarcado.”

A Amazon condenou o ato, informou um porta-voz à Reuters, enquanto a Deutsche Telekom afirmou que não poderia comentar devido às investigações em andamento. Esses ataques não são incomuns, observaram analistas. Em 2020 e 2021, mais de 400 carros foram incendiados em Berlim. Em 2021, o número total de carros incendiados, incluindo os atingidos por fogo em veículos próximos, ultrapassou 700.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/06/18/anti-militarists-claim-arson-of-amazon-and-deutsche-telekom-vehicles/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Mosca de inverno
O papel muito branco
Ela muito negra.

Teruo Hamada

[Espanha] Quarta-feira, 25 de junho – Marcha pela Paz – Não à OTAN – Não ao Rearmamento

Saída às 19:00 HORAS da Glorieta de Santa Barbara, (Esquina ruas Severo Ochoa e Santa Barbara na Barriada Juan XXIII (Gamonal). Desde ali nos dirigiremos à entrada do complexo de Atapuerca.

Faz pouco mais de um mês nos manifestamos contra o Plano de Rearmamento Europeu, pela pretensão de destinar 800.00 milhões de € ao mesmo. Esta proposta suporia aceitar que nosso país dedicará mais de 3% de seu PIB a Gastos Militares.

Na próxima cúpula da OTAN, que acontecerá em Haia nos próximos 24 e 25 de junho, esta organização vai propor que os gastos militares de cada um dos países membros se incrementem até alcançar 5% de seus respectivos PIBs. O impacto que semelhante aumento poderia ter em gastos sociais essenciais poderia ser devastador.

Profundamente preocupados por estes anúncios e considerando, também, que a Aliança Atlântica faz parte de um sistema de segurança que transgrediu de forma reiterada a Carta das Nações Unidas gerando mais insegurança em diversas zonas geográficas do mundo, manifestamos que:

– Nos opomos ao atual destacamento militar estadunidense de 750 bases militares em mais de 80 países, com ao menos 275 bases e localizações em solo europeu.

– Consideramos totalmente inaceitável a existência de um arsenal de armas de destruição massiva, especialmente as armas nucleares, que põe em risco a existência da humanidade e da vida no planeta.

– Nos rebelamos ante as guerras comerciais impostas pelas elites econômicas em benefício próprio e contra os interesses das maiorias sociais em escala global.

– Continuamos insistindo na imperiosa necessidade de pôr fim à guerra da Ucrânia desde o respeito pelos Direitos Humanos e sobre a base da aplicação do Direito Internacional Humanitário em geral, como eixos articuladores de uma solução justa e advogamos por um cessar fogo imediato e negociações de paz entre todas as partes implicadas.

– Nos move a indignação ante a impassibilidade da comunidade internacional frente ao genocídio que perpetra o Governo de Israel contra o povo palestino.

Consideramos urgente, portanto, avançar para um sistema de segurança baseado no fomento da confiança e da cooperação entre países que se centre em dar resposta às ameaças globais: a fome, a desnutrição, a pobreza, a desigualdade, a enfermidade, o desemprego, a emergência climática, as armas de destruição em massa, a falta de respeito para os direitos humanos e o descumprimento sistemático do Direito Internacional.

Por todo isso, queremos construir coletivamente uma alternativa à segurança militarizada e para isso, convocamos os cidadãos e todas as organizações sociais, políticas e sindicais a manifestar seu rechaço ao incremento dos gastos militares, participando na Marcha e Concentração que acontecerão em Burgos na próxima quarta-feira, 25 de junho e em qualquer das ações que com este mesmo propósito se realizem no futuro. Vá vestido com roupas brancas.

Fonte: https://cgtburgos.org/2025/06/24/miercoles-25-de-junio-marcha-por-la-paz-no-a-la-otan-no-al-rearme/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Imersa em neblina
a cidade se reveste
de um tom de nostalgia…

Delores Pires

“Mulheres, Vida, Liberdade” contra a guerra

Uma declaração de um coletivo composto por feministas internacionalistas iranianas, curdas e afegãs que defende que devemos opor-nos ao ataque assassino que as forças armadas de Israel e dos Estados Unidos estão a levar a cabo contra as pessoas no Iran, recusando-nos ao mesmo tempo a tolerar a opressão perpetrada pelo governo iraniano.
 
“Mulheres, Vida, Liberdade” contra a guerra
 
Estamos contra as duas potências coloniais, patriarcais e belicistas. Mas isto não é passividade. É o ponto de partida da nossa luta ativa pela vida.
 
Se Israel conduz as crianças de Gaza para a matança com uma bandeira queer do arco-íris, a República Islâmica do Iran encharca a Síria de sangue sob um pretexto anti-imperialista. Um comete genocídio contra os árabes na Palestina, o outro subjuga as etnias não persas dentro das suas fronteiras. Netanyahu procura usurpar o significado de “Mulheres, Vida, Liberdade” para vestir o seu expansionismo colonial e a sua agressão militar com roupas de “liberdade”, enquanto Khamenei investiu todos os recursos na construção de um império xiita, supostamente para combater o ISIS e defender a Palestina.
 
De fato, estes dois inimigos de longa data espelham-se um no outro em termos de matança e malevolência. Não devemos equiparar estes dois regimes capitalistas em termos das suas posições na ordem mundial: a capacidade de agressão militar da República Islâmica é, sem dúvida, muito inferior à capacidade de Israel e do seu apoiante imperialista ocidental. No entanto, o sofrimento que infligiu é tão absoluto como a violência do fascismo sionista. Qualquer tentativa de relativizar esse sofrimento, quantitativa ou qualitativamente, é redutora e enganadora. Esse sofrimento abrange múltiplas formas de opressão, incluindo os custos exorbitantes do seu projeto nuclear e a tomada da dignidade humana como refém.
 
>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:
 
https://www.jornalmapa.pt/2025/06/24/mulheres-vida-liberdade-contra-a-guerra/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Surge da neblina
fatasmagoricamente
uma vela acesa.
 
Roberto Saito

Teerã sob as bombas: relato de um companheiro anarquista

14/06/2025

[Desde Teerã, um militante anarquista testemunha os ataques israelenses, o caos cotidiano e o papel que os anarquistas tentam desempenhar entre a guerra, a repressão e a sobrevivência. Um relato comovente que traduzi com lágrimas nos olhos. Meus pensamentos estão com todos que, em ambos os lados, lutam pela paz e liberdade! Desertores: os únicos heróis das guerras!]

Uma noite de fogo e confusão

Ontem à noite, enquanto dormíamos, Israel atacou o Irã. Os ataques atingiram Teerã e outras cidades. Ouvi estrondos, vi relâmpagos… Pensei que fosse uma tempestade. Nada anunciava guerra, ainda mais com as conversas entre Irã e Estados Unidos.

Só soubemos da verdade pela manhã, através de nosso sindicato anarquista (a Frente Anarquista): múltiplos ataques, mortes de civis. Saí para investigar. A cidade estava cercada. O exército e a polícia bloqueavam o acesso às áreas atingidas. Ainda havia bombas não detonadas nos prédios. No hospital, barraram minha entrada e a polícia apagou todas as fotos do meu celular. Segundo um jornalista presente, pelo menos sete crianças morreram.

Alguns choravam. Outros, como era de se esperar, celebravam a morte de figuras do regime.

O dia seguinte: um inferno sem alarme

Nas horas seguintes, vi cenas apocalípticas. O céu era riscado por mísseis. Fogo caía sobre as estradas. Pessoas fugiam de Teerã: famílias inteiras, jovens trabalhadores, idosos. Esperavam ajuda nas calçadas. Feridos, queimados, dois mortos diante dos meus olhos. Sem alarme. Sem abrigo. Nada.

Telões espalhavam a versão oficial: “A República Islâmica atacou Tel Aviv, Israel promete retaliar”. Tenho companheiros lá. Anarquistas, pacifistas, insubmissos. Não queremos esta guerra.

Uma população em modo de sobrevivência

O ar está contaminado: instalações nucleares foram atingidas. As pessoas fazem conservas, estocam comida, fogem das grandes cidades… e depois voltam, por falta de alternativas. As estradas estão congestionadas. A mídia estatal entoa hinos e espalha mentiras. A única fonte confiável: Telegram e canais de satélite.

Os protestos ainda são raros. Polícia demais, medo demais. Ontem, em frente aos hospitais, famílias procuravam desaparecidos. Gritavam. Choravam. Resistiam.

Sem abrigo, sem evacuação

As instituições funcionam como se nada tivesse acontecido. Não há orientações de segurança, nem sirenes, nem centros de acolhimento. Vazamentos químicos são prováveis, mas não há protocolo.

Então as pessoas fogem por conta própria: comércios fecham, estudantes boicotam provas, funcionários públicos ficam em casa. Só os serviços de emergência seguem operando.

Às vezes sinto que ainda estou vivo só porque Israel (ainda) não ataca áreas residenciais. Mas incêndios, chuva radioativa e tiros perdidos matam mesmo assim.

E não há ajuda. Nada. Nem ajuda humanitária, nem organizações externas, nem remédios… e as sanções já matam há anos.

Quatro “Irãs”, uma mesma terra sob bombas

É preciso entender: o povo iraniano está fragmentado:

  1. Uma maioria silenciosa, que odeia o regime mas rejeita a guerra. Sobrevive, foge, chora os mortos e amaldiçoa os líderes.
  2. Os islamistas, fiéis ao poder, que falam em martírio e querem retaliar.
  3. Monarquistas e liberais, muitas vezes pró-Israel, que aplaudem ataques contra os Guardiães da Revolução.
  4. Anarquistas e militantes de esquerda, como nós: contra a República Islâmica, mas também contra Israel, contra todos os Estados. Pela sobrevivência, ajuda mútua, autonomia.

O lugar dos anarquistas nesta guerra

Não estamos armados. Não participamos dos combates. Nossa tarefa é outra: informar, socorrer, criar laços, combater a propaganda. Ajudamos como podemos: primeiros socorros, transmissão de informações, alertas sobre riscos químicos. Cuidamos dos nossos e de quem não tem ninguém.

Rejeitamos discursos simplistas. Nem “todos os israelenses devem morrer”, nem “os sionistas são nossos salvadores”. Estamos entre dois fogos: fundamentalismo religioso de um lado, militarismo sionista do outro.

Nosso papel é ser pontes. Transmissores de ideias. Abrir fendas no fatalismo. Manter a firmeza, mesmo sem armas, mesmo com medo.

O luto do movimento pela paz


Admito: estou triste. Profundamente triste. Dez anos atrás, conversava com pacifistas israelenses. Recusavam-se a servir. Curdos, árabes, armênios, anarquistas. Sonhávamos juntos com um Oriente Médio livre, sem exércitos, sem Estado.

Mas perdemos. Não fomos fortes o suficiente para impedir a guerra. Não tivemos apoio suficiente. Hoje, as pessoas têm medo de falar em paz. Acham que seria traição. Que pedir o fim dos ataques é render-se ao inimigo.

E, no entanto, todos querem paz. Mas ninguém ousa pedi-la.

Uma voz no meio do tumulto

Não sei quanto tempo aguentaremos. Ontem à noite, aviões rugiam no céu como uma rodovia. Mas sei uma coisa: enquanto houver gente cuidando, resistindo e se organizando sem esperar pelo Estado, haverá sementes de anarquia, mesmo entre os escombros.

Conclusão: não normalizemos o insuportável

Antes de tudo, agradeço sinceramente a todos os companheiros que nos ouviram. Num mundo em que forças políticas, econômicas e policiais nos esmagam constantemente, é raro termos espaço para falar. Mesmo sem bombas, a violência nos cerca: aluguéis impagáveis, burocracia sem fim, discriminação, cansaço, isolamento. Uma violência surda, apresentada como “normal”, à qual não deveríamos nos acostumar.

Mas quando a guerra explode, essa violência irrompe à luz do dia. O que era tolerado torna-se insuportável. E então, paradoxalmente, podemos falar. Pude escrever a vocês porque tudo desmoronou. Porque, no caos, as verdades mais simples voltam a ser audíveis.

O que quero dizer é isto: não deixem estas palavras caírem no silêncio. Não deixem nossa dor, aqui no Irã como em outros lugares, ser marginalizada como algo “local”, “específico”, “cultural” ou “excepcional”.

Na realidade, compartilhamos a mesma guerra: a que os Estados travam contra nossas vidas. Então lhes imploro, companheiros: não aceitem a violência cotidiana como natural. Rejeitem a ideia de que só misseis nos fazem reagir. Não esperem que nosso sofrimento vire espetáculo para merecer sua atenção.

Falemos agora. Nos organizemos. Criemos espaços reais de ação e ajuda mútua. Para que a guerra aqui não vire ruído de fundo. Para que não sejam “salvadores” diante de nosso sofrimento, mas cúmplices na luta.

Apelo à solidariedade internacional

Hoje a situação é instável, crítica, talvez à beira de uma catástrofe humanitária. Se o Irã está isolado do mundo, seja por bombas ou pela censura da República Islâmica, divulguem nossa mensagem. Contem o que acontece. Dêem voz a quem não a tem.

Não temos proteção internacional. ONGs praticamente não existem aqui. Sanções agravam nosso sofrimento.

Se tiverem contatos, influência, canais em coletivos, sindicatos, associações ou redes de saúde: mobilizem-nos. Peçam ajuda médica urgente, monitoramento de violações, mediação internacional fora da lógica estatal.

Mas acima de tudo, rejeitem narrativas simplistas. Não somos peões de Israel nem do regime islâmico. Não acreditamos em bombas “libertadoras” nem em mulás “de resistência”. Estamos presos entre duas máquinas de morte, e seguimos tentando, sempre, construir outra coisa.

Ainda não há êxodo em massa. Mas se a guerra se alastrar, as consequências serão terríveis. Então, camaradas, levantemo-nos juntos. Não para apoiar um lado contra outro, mas para fazer ouvir outra voz: a da vida, da liberdade, da solidariedade, contra todos os Estados, todas as fronteiras, todas as guerras.

Fonte: https://panfletossubversivos.blogspot.com/2025/06/teheran-bajo-las-bombas-testimonio-de.html

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Noite já bem alta —
Piscam estrelas de inverno
na lagoa mansa.

Estela Bonini

Feministas iranianas se manifestam

20 de junho de 2025


Publicado originalmente no Anarchist Communist Group

Publicamos abaixo declarações de feministas iranianas. A primeira é do Grupo de Libertação Feminista do Irã.

7 lembretes cruciais para nossos aliados internacionais sobre o conflito no Irã

  1. Priorize a desescalada
    Evite contas ou narrativas que comecem com slogans como “O Irã tem direito à legítima defesa” (muitas vezes propaganda estatal) ou “Israel libertará o Irã e não atacará civis” (muitas vezes propaganda sionista). Tais declarações frequentemente encobrem ou justificam a violência estatal. Em vez disso, devemos sempre nos concentrar nos civis, não nos Estados.
  2. Verifique novamente suas fontes
    Há uma quantidade avassaladora de desinformação online. Antes de compartilhar algo, verifique com veículos de mídia confiáveis ou jornalistas de credibilidade. Publicações virais nem sempre são precisas, mesmo que sejam emocionalmente convincentes. Algumas contas para seguir: @middleeastmatters e @centerforhumanrights.
  3. Não se esqueça dos presos políticos
    À medida que os ciclos de notícias evoluem, muitas pessoas são esquecidas. No Irã, inúmeros presos políticos, incluindo condenados à morte, correm grave perigo diariamente. Durante a guerra Irã-Iraque, milhares foram executados em 1988 sob o pretexto do conflito. Não permitamos que a história se repita.
  4. Evitemos idealizar qualquer forma de poder estatal
    A oposição a um regime opressor não implica apoio a outro. Todos os governos devem prestar contas, seja Israel, EUA, Irã ou qualquer outro Estado. O verdadeiro anti-imperialismo exige questionar constantemente todas as formas de opressão.
  5. Foque nas vozes dos diretamente afetados
    Dê poder a quem está na linha de frente, não a influencers que se apropriam da narrativa. Encontre e apoie ativistas de base, jornalistas independentes e pessoas que falam a partir de suas próprias experiências.
  6. As mulheres e os homens iranianos estão presos entre duas formas de violência
    Muitas pessoas no Irã se opõem ao regime islâmico e, ao mesmo tempo, temem a intervenção militar estrangeira. Elas não querem ser usadas como peões em jogos geopolíticos. A verdadeira solidariedade significa apoiar suas demandas por liberdade, sem intervenção militar.
  7. Não ignoremos as outras lutas em curso, especialmente contra o genocídio na Palestina


Em solidariedade às mulheres e homens iranianos, continuem a levantar suas vozes contra as atrocidades na Palestina, Sudão, Ucrânia e injustiças globais. Essas lutas não competem entre si, mas estão entrelaçadas por sistemas comuns de opressão, militarismo e violência estatal. A solidariedade deve ser interseccional.

A segunda e a terceira declarações vêm de mulheres na terrível prisão de Evin. Ambas exigem o fim da guerra, condenam o ataque do Estado de Israel contra o Irã e, ao mesmo tempo, rejeitam o regime teocrático e autoritário do Irã, responsável pela morte de milhares de dissidentes. Ambas enfatizam a necessidade de uma luta popular para derrubar o regime, enquanto rejeitam a intervenção estrangeira. Embora possamos criticar o uso de certos termos como “democracia”, apoiamos o antimilitarismo e o internacionalismo dessas mulheres corajosas.

Em uma dessas declarações, quatro presas políticas — Reyhanna Ansari, Sakineh Parvaneh, Verisheh Moradi e Golrokh Irai — afirmaram que a verdadeira liberdade do Irã só será alcançada através da resistência generalizada e do poder dos movimentos sociais. Elas rejeitaram firmemente qualquer esperança de depender de governos estrangeiros para trazer liberdade ou democracia ao povo iraniano e condenaram vigorosamente os recentes ataques israelenses em solo iraniano, que resultaram na morte de civis e destruição de infraestrutura. Escreveram:

“Nossa libertação, a libertação do povo do Irã da ditadura que governa o país, só é possível através da luta das massas e recorrendo às forças sociais, não se agarrando a potências estrangeiras nem depositando esperanças nelas… As potências que sempre trouxeram destruição aos países da região através da explotação e da colonização, incitando guerras e assassinatos em busca de maiores benefícios, não terão outro resultado para nós senão nova destruição e explotação.”

Em uma mensagem separada, as presas políticas Anisha Asadollahi, Nahid Khodabakhashi e Nasrin Javadi escreveram uma carta diretamente ao povo do Irã. Começaram sua carta saudando o povo oprimido e justo e declararam: “As guerras nunca beneficiarão o povo.”

É o povo, que não teve nenhum papel no início dessas guerras, quem sempre paga o preço.

Essas presas políticas se autodenominam “reféns do governo”, mantidas indefesas atrás de portas de ferro. No entanto, mesmo de dentro da prisão, expressaram profunda preocupação com as pessoas que estão fora, convocando para a resistência coletiva contra a guerra.

Fonte: https://panfletossubversivos.blogspot.com/2025/06/las-feministas-iranies-se-pronuncian.html

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Na banca da feira
Tudo a preço de banana:
morangos maduros.

Alberto Murata

[Reino Unido] De Ryan Roberts para o 11 de junho, dia internacional de solidariedade com prisioneiras/os Anarquistas em regime de longa duração.

O dia 11 de junho é o dia Internacional de solidariedade com presas/os Anarquistas em regime de longa duração. Neste dia, fazemos um apelo à solidariedade e que se mantenha viva a chama da revolução. O apoio mútuo, o cuidado e a unidade são as nossas forças para derrubar o capitalismo e manter as nossas comunidades organizadas. A solidariedade com as presas/os não é apenas um dia ou uma semana no calendário, é todos os dias, todas as horas, e todos os minutos importam.
 
Torne a solidariedade para com as pessoas presas parte da sua vida cotidiana. Escreva cartas para suas amigas e amigos que estão na prisão. Não conhece ninguém? Escolha alguns nomes locais e internacionais e comece a escrever para eles. As prisões são construídas para isolar as pessoas, quebre essa barreira e não deixe ninguém ser esquecido.
 
Estamos juntas e juntos nessa luta contra o mesmo sistema injusto e podre. Ninguém fica para trás. Ninguém é livre até que todas e todos sejamos livres. (A)
 
———–
 
Escreva para Ryan neste endereço:
 
Ryan Roberts
A5155EM
HMP Lowdham Grange,
Old Epperstone Road,
Lowdham,
Nottingham,
NG14 7DA
Reino Unido
 
Fonte: https://actforfree.noblogs.org/2025/06/15/uk-from-ryan-roberts-for-the-the-11th-of-june-international-day-of-solidarity-with-long-term-anarchist-prisoners/
 
Tradução > acervo trans-anarquista
 
Conteúdos relacionados:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/06/04/eua-dia-11-de-junho-de-2025-a-paisagem-se-transforma-dia-internacional-de-solidariedade-a-marius-mason-e-aos-prisioneiros-anarquistas-de-longa-duracao/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/06/06/eua-declaracao-de-marius-mason-para-11-de-junho-de-2025/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
A solitária
mosca de inverno
voa sobre haicais.
 
Tânia Alves

[Holanda] Encontro Internacional de Libertação Animal em Appelscha

O QUÊ: Encontro Internacional de Libertação Animal
QUANDO: De 7 a 10 de agosto
ONDE: Camping tot Vrijheidsbezinning, Appelscha, Países Baixos

A BiteBack NL está organizando um encontro pela libertação animal no terreno de acampamento anarquista de Appelscha.

Em sua segunda edição, o evento internacional contará com oficinas, palestras, comida vegana, comunidade, descanso, filmes, bandas e barracas. Todo o evento será realizado em inglês.

Curiosamente, o local do evento tem grande importância histórica para o anarquismo. O camping “Tot Vrijheidsbezinning” era originalmente um campo de batatas, comprado por anarquistas em 1933 e transformado em um espaço de encontros e acampamentos, onde desde então diversos eventos ativistas vêm sendo organizados. O local possui vários espaços, além de alguns banheiros e chuveiros, mas é necessário levar sua própria barraca para dormir!

A comida será fornecida pelo Le Sabot, uma cozinha política ativista administrada por anarquistas. Toda a alimentação é vegana e orgânica. A organização sugere uma doação de 8,50 euros por dia para a alimentação, que inclui café da manhã, almoço e jantar. No entanto, se você não puder pagar esse valor, doe menos, e, se puder doar mais, isso ajudará a cobrir os custos de quem não pode contribuir.

O evento pede que as pessoas se inscrevam com antecedência, para que possam estimar o número de participantes, e solicita uma contribuição de 30 euros para os três dias. Se você não puder pagar, entre em contato com a organização, ninguém será impedido de participar por falta de dinheiro.

Eles também estão em busca de colaboradores! Você tem algo a compartilhar? Alguma oficina, filme ou barraca para montar? Escreva para eles por e-mail, ainda há vagas!

Mais informações sobre o evento: www.animalliberationgathering.org

Tradução > Contrafatual

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/06/03/encontro-de-libertacao-animal-na-holanda/

agência de notícias anarquistas-ana

Ah, lua de outono –
Caminhei a noite inteira
Em torno do lago.

Bashô

[Itália] Santa Anarquia? Não, obrigada!

Intrigada pelo título — Santa Anarquia! Demolir o domínio, dar corpo à comunidade, amar o estrangeiro — comprei e li o livro de Graham Adams (Bologna, EDB, 2025). Sinto-me no dever de desaconselhá-lo veementemente e alertar companheirxs para que não cometam o mesmo erro duplo que eu cometi. Ou, pelo menos, que o façam com plena consciência.

O livro revelou-se uma leitura objetivamente cansativa, sobrecarregada por reflexões desconexas, fragmentadas, pouco sistemáticas e, ao mesmo tempo, redundantes. Cada capítulo — oito no total — abre com uma passagem bíblica (às vezes duas, para não deixar faltar nada). Mas é todo o texto que transborda de linguagem bíblica, referências escriturais e imagens de catecismo ilustrado. Este é o mundo conceitual monocórdico em que o autor se move, pensa e se expressa: um universo teológico onde a “anarquia” prometida no título se dissolve entre salmos e invocações. Para piorar, há 17 hinos intercalados — sim, hinos mesmo: orações, cânticos de louvor, súplicas — todos rigorosamente compostos pelo autor. O resultado? Um livro profundamente religioso, teológico e bíblico. Mas pouquíssimo anarquista.

O que falta? Toda a tradição anarquista!

Nenhum dos clássicos teóricos do anarquismo é citado: nada de Bakunin, Proudhon, Malatesta, Goldman, Kropotkin, Reclus. Ninguém. Nem Tolstói! Zero. O único que faz uma aparição fugaz — relegado a quatro notas de rodapé — é Jacques Ellul. Os verdadeiros referenciais teóricos do autor? Dois teólogos contemporâneos: seu mentor direto, o anglicano britânico Andrew Shanks, e John Caputo, estadunidense de formação católica e fundador da chamada “teologia fraca”. Em suma, falta qualquer diálogo com a tradição filosófica anarquista. Durante a leitura cansativa, tive a impressão de ter sido enganada e sequestrada, obrigada a assistir a contragosto a um seminário de teologia pós-moderna. Nas quase trezentas páginas, não há o mínimo esforço de engajamento com o pensamento libertário. Só o título é, infelizmente, uma isca eficaz. Aliás, a expressão “Santa Anarquia!” — com seu ponto de exclamação específico — é inspirada, como o autor declara abertamente, no Robin, o ajudante do Batman (p. 19 do livro). Esses são os “sólidos referenciais teóricos” do autor.

Rebranding teológico, não anarquismo

O autor faz um makeover teológico, apropriando-se do termo “anarquia” para renovar a expressão “Reino de Deus”. Evidentemente, termos como “rei” e “reino”, com conotações hierárquicas e patriarcais, não têm muito apelo hoje, então parte-se em busca de sinônimos mais atraentes. Afinal, “a linguagem da soberania, do controle e do governo é completamente inadequada”, escreve Adams (p. 32).

O cerne da proposta é, basicamente, um rebranding: fora “Reino de Deus”, entrem “Santa Anarquia!” — porque até a proposta anterior de substituí-lo por “família de Deus” já soa ultrapassada, coisa de boletim paroquial. O importante é atualizar a embalagem. Mas a substância permanece a mesma: fala-se ainda de adesão e obediência a Deus. Nada de anarquia. (Veja-se: “Seja sagrada ou santa, o ponto é que a verdadeira anarquia é divina: é uma condição, um estado de coisas onde se cumpre a vontade de Deus”, p. 32). Em certo momento, o autor chega a identificar a “Santa Anarquia” com a ressurreição de Jesus (pp. 257-258).

Um Deus “fracote” e uma anarquia sem luta

Adams tenta reformular até a imagem de Deus, descrevendo-o como uma divindade que age por meio de uma “extraordinária fraqueza” (Capítulo IV). Ele também busca conciliar essa visão com o evolucionismo darwinista, apresentando Deus como um ser inacabado, em constante devir. Paralelamente, esforça-se para lidar com o histórico do cristianismo como cúmplice ativo de estruturas de poder, dominação e opressão (como no colonialismo).

Mas o pior é que, no livro, “anarquia” frequentemente vira sinônimo de desordem, incompletude, confusão e até impureza (p. 25). Ignora-se totalmente que, para Proudhon, “a anarquia é a ordem sem poder”, e para Reclus, “a ausência de governo é a mais alta expressão da ordem”. Suspeito fortemente que o autor nem conheça essas formulações — que são o ABC do pensamento anarquista.

Solidariedade sem confronto: a armadilha

Adams, pastor de uma igreja congregacionalista inglesa, fala de solidariedade, hospitalidade mútua, “infância espiritual” e empatia. Defende um “espaço onde se possam ouvir os lamentos das pessoas” (p. 182). Tudo muito bonito. O problema é que ele evita totalmente abordar questões práticas como propriedade, gestão de recursos ou meios de produção. Propõe vagamente conceitos como “a mão aberta”, “a verdade em devir”, “a escolha da fraqueza”, mas nunca defende a luta ou o conflito. Pelo contrário, prega o “amor aos inimigos” (p. 242). Não surpreende que, de modo coerente (mas pouco eficaz), ele recorra à preghiera (oração), esperando que seus desejos para o mundo se realizem por milagre (p. 208).

FT.

Fonte: https://umanitanova.org/santa-anarchia-no-grazie

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Tão pequena
E desbotada de chuva
A casa da infância!…

Paulo Franchetti

[Espanha] Luciano Allende. Há que cultivar nosso jardim

O homem que carrega em suas costas com um companheiro exausto se chama Luciano Allende (foto) e nasceu faz 120 anos em Santander. O chamavam Toto. Teve uma infância pobre e complicada, e com 15 anos emigrou à Lyon, na França, para trabalhar de vidreiro. Um ofício fodido o de vidreiro. O fogo te queima os olhos e a mistura de certos minerais empregados como corantes te queima os pulmões. Ainda assim nunca baixou os olhos nem deixou de aspirar a vida a baforadas.
 
Vidreiro também nas cercanias de Paris, travou amizade com o insubmisso Gaston Rolland, a quem condenaram a trabalhos forçados por condenar as guerras; e com Charles Louis Anderson, libertário que na guerra espanhola moveria céus e terra apesar de não acreditar no primeiro para evacuar meninos e meninas a zona segura e condições dignas. Também fez boa amizade com dois exilados espanhóis que iam avisando do fascismo que viria, Buenaventura Durruti e Francisco Ascaso.
 
Após o golpe fascista de julho de 36, Allende regressou à Espanha para engajar-se no Exército Popular. Foi sugado pela guerra até cruzar à pé a fronteira para ser jogado em Argelès e Saint Cyprien. Sua única saída foi engajar-se em uma companhia de trabalhadores estrangeiros. Não teve vontade de render-se após a ocupação alemã e se integrou na Resistência.
 
Luciano Allende participou em diversas ações armadas contra as tropas alemãs até ser detido pela Gestapo em março de 1944. Não puderam tirar-lhe nada e o deportaram a Neuengamme, uma antiga fábrica de ladrilho utilizada como fábrica de horror pela SS. 106 mil pessoas, homens e mulheres, passaram por ali. Pereceram mais da metade. Luciano sobreviveu. Em 4 de maio de 1945 é esse homem que olha a câmera carregando um companheiro em suas costas, porque sempre arcou com sua responsabilidade em um mundo que sem tipos como ele seria pior, nos faria piores.
 
Militante até o final da CNT e da Federação Espanhola dos Deportados e Internados Políticos (FEDIP), Luciano Allende foi com sua companheira Mariette trabalhar de apicultor perto do Mediterrâneo, esse vidro azul no qual podia perder o olhar e recordar essas vidas que lhe davam sentido a tudo. Luciano Allende morreu em 23 de janeiro de 1983, na paz de um zumbido de abelha, espalhando suas cinzas no jardim de um bom amigo, o libertário Paul Ferrare. Há que cultivar nosso jardim.

Tradução > Sol de Abril
 
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No lago, um círculo vago.
No rosto, uma ruga.
 
Guilherme de Almeida