[Alemanha] Chamada para defender Sündi e Hambi

A Megamáquina estende seus espetos devastadores em todas as direções: para o fundo do oceano, outros planetas e as últimas áreas selvagens remanescentes na Terra. Há muitos lugares onde é possível resistir a uma cultura suicida que, se não for impedida, não cessará até que todas as formas de vida conhecidas sejam consumidas por uma expansão tecnológica desenfreada. Um desses lugares é a Renânia, na chamada Alemanha, coração industrial e extrativista da Europa.

Localizada entre Aachen e Colônia, a mina de carvão de Hambach é a maior da Europa, e cresce a cada dia. Operada pela mega-corporação RWE, essa cratera tóxica fornece eletricidade para fábricas de armas próximas, emite quantidades incalculáveis de dióxido de carbono e engole florestas e vilarejos inteiros. Dificilmente se encontra uma imagem mais clara da expansão da civilização.

Barrando o crescimento da mina está a “Sündi”, uma pequena área florestal ocupada no outono de 2024, desde então uma zona de resistência contra o capitalismo e o Estado. A RWE devastou a Sündi no último inverno, derrubando a maioria de suas árvores, embora a ocupação em si ainda não tenha sido desalojada.

O deserto não conseguiu se expandir como esperado desde então, mas agora não pode mais esperar. Uma tentativa de desocupação da Sündi parece provável neste outono. A temporada de cortes começa em 1º de outubro.

Saiba que nossos sinais já foram acesos. Você está convidado a vir de longe para a Sündi em setembro e outubro, e juntar-se à resistência aqui. Ou à Floresta de Hambach, nas proximidades, ocupada desde 2012 e ainda hoje uma zona autônoma. Esta região já foi um foco de lutas contra o poder em todas as suas formas. Que volte a ser assim, e que respondamos com fogo e sedição àqueles que desejam ver esses habitats obliterados.

Sem concessões à expansão industrial!

Por anarquia e alta traição!

hambacherforst.org

Tradução > Contrafatual

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agência de notícias anarquistas-ana

canta bem-te-vi
sol por todo o lado
natureza sorri

Carlos Seabra

[Rio de Janeiro-RJ] Simpósio “Anarquismo e Educação: Experiências históricas e desafios atuais”

É com grande satisfação que anunciamos o Simpósio “Anarquismo e Educação: Experiências históricas e desafios atuais”, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ (PROPED/UERJ), que acontecerá nos dias 13 e 14 de outubro de 2025, segunda e terça-feira, respectivamente, das 14h30 às 18h.

O evento busca promover um espaço de reflexão crítica e troca de experiências em torno da relação entre anarquismo e educação, destacando suas múltiplas expressões históricas e os desafios atuais que atravessam práticas pedagógicas, movimentos sociais e lutas por emancipação.

A escolha da data de encerramento – 14 de outubro – marca, simbolicamente, os 116 anos da execução de Francisco Ferrer y Guardia, educador catalão e fundador da Escola Moderna, figura central no pensamento libertário sobre a educação. Longe de ser um assunto distante para os socialistas libertários do Brasil, a sua morte foi sentida e mobilizações foram realizadas em contestação ao acontecido. O legado e as postulações formuladas por Ferrer y Guardia não cessam de inspirar e provocar reflexões em torno de uma pedagogia e de uma sociedade ancorada em princípios libertários.

Contamos com a sua presença!

>> Mais infoshttps://www.instagram.com/anarquismo_e_educacao/

Agência de notícias anarquistas-ana

Manhã de inverno,
ouço calado
o vento gelado.

Fabiano Vidal

[Chile] Santiago: Quase um ano desde que a vida nos golpeou. Texto em memória de nossxs companheirxs e no marco do Agosto Negro

Quase um ano já se passou desde que a vida nos atingiu onde mais dói. Perdemos nosso queridíssimo amigo e companheiro Luciano Balboa, também conhecido como o Lupi. O irmão deixou este mundo em um acidente de trânsito, pouco depois de que os esbirros lhe devolvessem a liberdade noturna. A notícia chegou rapidamente àqueles que amaram o Lupi, dilacerando nossos corações. Custava acreditar que uma notícia tão horrível fosse real. Mas era. Nosso companheiro havia partido rumo à memória eterna, onde descansam nossxs companheirxs que dedicaram sua vida ao enfrentamento.
 
Lembranças que carregaremos para sempre: a motivação de fazer as coisas bem, a constante disposição para o aprendizado e novos métodos de sabotagem — fosse em ações diretas ou na expropriação.
 
Poucos dias depois, também nos deixou o companheiro anarquista Luciano Pitronello, que nos ensinou o verdadeiro significado da palavra convicção. A tristeza parecia ter vindo para ficar — e como não? Apenas 13 dias após a partida do Lupi, nos deixou a companheira e amiga Belén, que desde muito jovem se posicionou como anarquista antiautoritária. Sempre com mãos solidárias e dispostas, ela apoiou diversas instâncias da luta anárquica. Muitas são as lembranças que vêm à nossa mente — dúvidas, arrependimentos, emoções diversas que nos atormentaram a nós que conhecemos de perto essxs companheirxs.
 
Alguns dxs companheirxs chegaram a se conhecer entre si, como a Belén com o Tortu, e o Lupi com a Belén. Porque a confrontação uniu nossxs caídxs. Não os esqueceremos e eles viverão para sempre na luta contra a autoridade e pela libertação total. Porque agosto é negro como nosso coração e como a pólvora.
 
Não esquecemos tampouco de Alonso Verdejo, que foi covardemente assassinado na romaria em 8 de setembro — exatamente um mês após o irmão Lupi.
 
Abraçamos a cada uma das individualidades que hoje sentem a dor e as lembranças vividas com cada um dxs nossxs irmãs que já partiram — nossxs irmãs, pessoas de coração nobre, solidárixs, que se foram sem pedir nada em troca, mas continuam vivxs em todos os corações antiautoritários, espalhando suas ideias como o fogo que atenta contra o progresso.
 
Companheirxs caídxs presentes, agora e sempre no fogo da revolta.
 
LBDL
 
Fonte: https://es-contrainfo.espiv.net/2025/08/04/santiago-chile-a-casi-un-ano-que-nos-golpeo-la-vida-texto-en-memoria-de-nuestrxs-companerxs-y-en-el-marco-del-agosto-negro/
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Sertão nordestino —
mandacaru solitário
enfeita a paisagem.
 
Renata Paccola

Parte 1 | Sangue como Cimento: O Terror de Estado na Forja do Brasil Colonial

O Brasil não nasceu — foi esquartejado à força. Desde os primeiros golpes do machado colonizador, o Estado revelou sua verdadeira face: um monstro devorador de povos, erguido sobre ossadas. Os massacres que mancharam este solo, e aqui, nesta primeira parte, nos limitaremos até por volta do ano de 1700, não foram “excessos” da colonização, mas seu método fundamental. Cada chacina foi um ato político: o Estado colonial, braço armado da Coroa e da Igreja, demonstrava aos explorados que a resistência seria afogada em sangue. O terror não era falha do sistema; era o sistema funcionando.

Vejam o genocídio indígena! Os Caetés trucidados em 1556 por “vingar” a morte de um bispo canibal — hipocrisia sagrada! — foram apenas o ensaio. A “guerra justa”, doutrina perversa abençoada por teólogos e reis, transformou o extermínio em política de Estado. Tupinambás, Guaianases, milhares de povos livres: caíam sob o fogo cruzado dos canhões e das cruzes. Entre 1500 e 1700, mais de mil povos foram reduzidos a 260. Isto não é tragédia; é projeto. O Estado, com sua máquina de moer corpos, limpou o terreno, como até hoje o faz, para o saque.

E os negros escravizados? Palmares grita a resposta. Quando Zumbi ergueu a liberdade nas serras, o Estado contratou bandidos — os bandeirantes — para esmagar o quilombo em 1694. O massacre foi meticuloso: crianças, velhos, guerreiros, todos convertidos em “lição” para quem ousasse sonhar com autonomia. Nas senzalas, a violência era rotina: revolta no Engenho Santana? 40 corpos pendurados como bandeiras do terror. O Estado não “combatia o crime”; fabricava o medo para manter a engrenagem da exploração.

Até os colonos pobres sentiram o punho de ferro. Cunhaú e Uruaçu (1645) provam: quando camponeses e indígenas se misturavam sob o mesmo teto de resistência, o Estado agiu com ferocidade calculada. 150 mortos em igrejas — degolados como animais — por suspeita de solidariedade aos holandeses. Não importava a bandeira: importava esmagar qualquer núcleo de autonomia popular. O poder, seja português ou flamengo, sempre escolheu o massacre como pedagogia.

Este pequeno recorte histórico lança luz para desnudar a mentira fundacional do Brasil: o Estado nunca foi “protetor”. Foi e é um carcereiro, um algoz, um incendiário de esperanças. Sua “ordem” nasceu do genocídio indígena, da tortura africana, do terror aplicado como agente de amálgama social. Enquanto os poderosos erguiam igrejas com o ouro roubado, o sangue dos massacres secava no chão como cimento. Reconhecer esta história não é nostalgia — é armar o espírito. A única resposta à violência de Estado, ontem e hoje, é a organização horizontal, a desobediência radical e a luta por um território sem amos, sem massacres, sem o espectro do Leviatã colonial que ainda nos assombra.

Liberto Herrera.

agência de notícias anarquistas-ana

O vaga-lume à noite
acende sua luz.
Pisca-pisca.

Aprendiz

[Rússia] Arrecadação de Fundos para o Trabalho Jurídico do Caso Tyumen contra anarquistas e antifascistas em setembro

Por mais de um ano, o julgamento do caso Tyumen vem sendo conduzido pelo Tribunal Militar do Distrito Central em Yekaterinburg. Os réus — anarquistas e antifascistas — foram detidos em 2022 e submetidos a torturas brutais. Desde então, houve 30 audiências judiciais. Cada uma delas é um passo numa longa batalha para proteger as vidas e os futuros das pessoas que ousaram resistir.

Em junho, conseguimos arrecadar 48.000 rublos (cerca de 500 euros). Agradecemos a todos que contribuíram — sua solidariedade mantém isso funcionando.

Por que Estamos Pedindo Ajuda Agora

Neste momento, nossas fontes de arrecadação de fundos estão vazias. Não temos como pagar os advogados em setembro ou nos meses seguintes.

Precisamos arrecadar 450.000 rublos (cerca de 4.700 euros) até o final de agosto. Esse valor cobrirá o trabalho de cinco advogados durante um mês — comparecimentos ao tribunal, viagens a centros de detenção, hospedagem e tudo o mais que envolve a defesa de pessoas em um caso tão sério.

O dinheiro será destinado diretamente à defesa de Danil Chertykov, Nikita Oleynik, Deniz Aydin, Yuri Neznamov e Roman Paklin. Sem advogados, eles ficam sozinhos para enfrentar um dos sistemas judiciais mais severos da Europa.

O Que Aconteceu

Entre 30 de agosto e 1º de setembro de 2022, seis pessoas foram presas em Surgut, Yekaterinburg e Tyumen. Durante a detenção, elas foram torturadas com choques elétricos, afogamento simulado, espancamentos e ameaças de violência sexual.

Confissões foram obtidas sob tortura e usadas como base para acusações de terrorismo. Depois, as penas ficaram ainda mais severas.

Apesar da documentação médica comprovando a tortura, nenhuma investigação foi aberta. Um dos réus, Kirill Brik, concordou em cooperar com os investigadores e foi condenado a oito anos de prisão. Os outros continuam a sustentar sua inocência.

O caso de Roman Paklin foi separado do grupo principal e reaberto. Ele e os outros enfrentam penas de 15 a 30 anos. Nikita Oleynik, considerado o “organizador” do grupo, pode ser condenado à prisão perpétua.

Pelo Que Estamos Pagando

Nossa equipe jurídica é composta por cinco advogados experientes, todos vindos de diferentes cidades. Seu trabalho é exigente — eles comparecem a todas as audiências, se reúnem com os réus detidos e preparam estratégias jurídicas detalhadas sob pressão constante. Eles estão fazendo todo o possível para proteger nossos amigos. Mas não podem continuar sem apoio.

Como Doar

Online através da plataforma Zaodno (doações em rublos):

https://storage.googleapis.com/kldscp/zaodno.org/r?id=recMU32x6hl3BcS7M

Cartões bancários:

Sberbank: 2202 2053 4798 5951 — Anastasia Tinkoff: 2200 7004 6271 3131 — Matvey Inclua “assistência jurídica” como descrição do pagamento.

Transferências internacionais:

Visa/Mastercard: 4714 2400 6071 9631
Número da conta: 1242080003805236
BIC: 124012
Titular do cartão: Nikita Vorozhko

Dados bancários completos:

Banco intermediário: The Bank of New York Mellon, SWIFT: IRVTUS3N
Banco correspondente: Kookmin Bank, Seul, SWIFT: CZNBKRSE
Banco beneficiário: BAKAI BANK, Bishkek, SWIFT: BAKAKG22
Número da conta no Kookmin Bank: 8B28USD01421:09

Doações em criptomoedas:

BTC: bc1qqdwjqd4umnc74e95hgek85aj55wws3c4wrwa33
ETH: 0xF9EB840b76786C783c515dc8EBe3071Dc937D8f7
USDT (Tether): TRWZm6iBMdD4epTnLquvYmTQeyRXsX8q9R

Compartilhe e Apoie

Agradecemos por estar conosco. Com a sua ajuda, foi possível apoiar essas defesas legais por quase três anos. Ainda acreditamos que é possível mostrar a verdade no tribunal. Mas sem advogados, sem recursos, não podemos fazer isso.

A solidariedade é a nossa arma!

Fonte: https://avtonom.org/en/news/fundraising-lawyers-work-tyumen-case-against-anarchists-and-anti-fascists-september  

Tradução > transanark/acervo trans-anarquista

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agência de notícias anarquistas-ana

Conselho de ervas daninhas –
ninguém as controla,
mas curam o solo.

Liberto Herrera

Indústria da Morte-Repressão | Presidente Lula e presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, concordaram em aumentar a cooperação em vários setores, incluindo defesa e indústria de defesa


• Recentemente em visita ao Brasil, o presidente Prabowo Subianto declarou que ele e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva concordaram que os dois países colaborariam no desenvolvimento de tecnologia relacionada a mísseis e sistemas submarinos.
 
• Em uma reunião bilateral entre os governos indonésio e brasileiro, liderada pelo presidente Prabowo e pelo presidente Lula, os dois países concordaram em aumentar a cooperação em vários setores, incluindo economia, comércio, agricultura, educação, defesa e indústria de defesa.
 
Sistemas de mísseis e submarino
 
“Nossas Forças Armadas têm utilizado extensivamente os equipamentos e produtos de defesa do seu país, e queremos continuar essa cooperação por meio da produção conjunta e da transferência de tecnologia. Também queremos aumentar os exercícios militares conjuntos e a colaboração tecnológica em sistemas de mísseis e submarinos”, disse o presidente Prabowo durante um pronunciamento conjunto com o presidente Lula no Palácio do Planalto, em Brasília, na quarta-feira (9 de julho).
 
A coletiva de imprensa conjunta encerrou a visita de Estado do presidente Prabowo ao Palácio do Planalto, resumindo os resultados do encontro bilateral entre o presidente Prabowo e o presidente Lula.
 
Na declaração conjunta, o presidente Prabowo também enfatizou que a Indonésia implementará imediatamente o Acordo de Cooperação de Defesa (DCA) entre a Indonésia e o Brasil, que foi ratificado em lei em 30 de setembro de 2024.
 
Alguns dos equipamentos de defesa fabricados no Brasil atualmente utilizados pela Indonésia incluem o caça tático EMB-314 Super Tucano e o veículo lançador de foguetes Astros II MK6.
 
Quem é Prabowo Subianto?
 
Prabowo Subianto, 72 anos, assumiu a presidência da Indonésia em outubro de 2024. Ex-general das Forças Armadas, Prabowo é conhecido por seu perfil nacionalista e por adotar uma linha política conservadora. Desde que tomou posse, ele vem defendendo medidas que fortalecem a presença dos militares no governo. Passado sinistro: O ex-general militar foi acusado de abusos de direitos humanos e crimes de guerra durante os dias sombrios do regime de Suharto, general do exército que governou a Indonésia com mão de ferro durante mais de três décadas. Em um dos eventos mais marcantes de sua ditadura, Suharto ordenou a brutal invasão do Timor-Leste, em 1975, na qual morreram, segundo grupos de direitos humanos, cerca de 200 mil timorenses. Na década de 1980, Prabowo participou de várias missões com uma unidade de forças especiais combatendo separatistas em Timor-Leste. Testemunhas o acusam de cometer atrocidades tanto lá quanto em Papua.
 
Fonte: agências de notícias
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Desobediência civil –
formigas carregam folhas
maiores que seus corpos.
 
Liberto Herrera

[EUA] Two Cheers For Anarchism (Dois Vivas para o Anarquismo):  Seis Textos Fáceis sobre Autonomia, Dignidade e Trabalho Significativo e Lazer 

James C. Scott (Autor); Tun Myint (Prefácio) 

James Scott nos ensinou o que há de errado em ter uma visão estatal. Agora, em seu livro mais acessível e pessoal, o aclamado cientista social defende a visão anarquista. Inspirado pela crença anarquista fundamental nas possibilidades da cooperação voluntária sem hierarquia, Two Cheers for Anarchism (Dois Vivas para o Anarquismo) é uma defesa envolvente, animada e muitas vezes muito engraçada da visão anarquista — que oferece uma perspectiva única e poderosa sobre tudo, desde as interações sociais e políticas cotidianas até protestos em massa e revoluções. Com uma variedade de histórias e exemplos marcantes, o livro fala sobre uma visão anarquista que valoriza o conhecimento local, o bom senso e a criatividade das pessoas comuns. Isso resulta em uma espécie de manual sobre o anarquismo construtivo, que nos desafia a repensar o valor da hierarquia na vida pública e privada, desde escolas e locais de trabalho até casas de repouso e o próprio governo.

Começando com o que Scott chama de “a lei da calistenia anarquista”, um argumento a favor da violação da lei inspirado em uma faixa de pedestres da Alemanha Oriental, cada capítulo se inicia com uma história que captura uma verdade anarquista essencial. Ao contar essas histórias, Scott enfoca uma ampla variedade de assuntos: desordem pública e tumultos, deserção, caça ilegal, sabedoria popular, produção em linha de montagem, globalização, pequena burguesia, testes escolares, áreas de lazer e a prática da explicação histórica.

Longe de ser um manifesto dogmático, Two Cheers for Anarchism celebra a confiança anarquista na criatividade e no discernimento das pessoas que são livres para exercer suas capacidades criativas e morais.

“Um dos cientistas sociais mais lidos do mundo” (New York Times) oferece seu livro mais pessoal e acessível — uma celebração de como pessoas comuns podem resistir à opressão e à injustiça.

Editora: Princeton University Press
Formato: Livro
Encadernação: brochura
Páginas: 208
Lançamento: 10 de junho de 2025
ISBN-13: 9780691271781
US$ 17,95
press.princeton.edu

Tradução > acervo trans-anarquista

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agência de notícias anarquistas-ana

Uma quaresmeira
roxeia o cerrado.
Dói um coração.

Onofra

[Espanha] Falemos sobre ditaduras

Pois é, temos que falar sobre ditaduras, já que a confusão atual (não sei se chamar de “pós-moderna”) chega a limites que beiram a falta de oxigenação cerebral. Como é possível que a facistada, com total desfaçatez, tenha agora púlpitos de audiência notável (temo que por um público de natureza acrítica e pouco ou nada dotado intelectualmente) onde afirmam que o militar golpista genocida Franco não foi uma ditadura? Onde garantem que o que houve na verdade foi algo como um “regime de autoridade” – como diz então um ácrata de tendência niilista, verdadeiro amante da liberdade: maldita seja a autoridade!

Como parece que voltamos à idade pré-escolar, façamos uma definição rápida de regime ditatorial: aquele em que o poder se concentra em um único sujeito ou grupo reduzido (ou seja, uma centralização exacerbada), onde as liberdades elementais (expressão, associação, política em geral…) não existem e onde, consequentemente, a dissidência é reprimida e não há pluralidade. Haverá ditaduras mais ou menos cruéis – embora todas o sejam já só por arrebatar das pessoas sua capacidade de escolha em todos os níveis da vida –, e haverá idiotas que gostem de ditaduras ou as considerem necessárias, mas concordaremos pelo menos nessa explicação superficial.

Antes de continuar, esclarecerei duas coisas.

Primeiro: mesmo à margem da minha lúcida condição libertária, considero evidente que de um regime autoritário não pode derivar nada novo, como sempre insistiram anarquistas e como creio que a história demonstrou – só da liberdade pode surgir a liberdade (creio que a bom entendedor, meia palavra basta; e para uma concepção complexa de liberdade, ligada ao social, já ocupamos outros espaços).

Segundo: denunciar com força todas e cada uma das ditaduras, não importa o disfarce que tenham, não me converte em defensor de um Estado democrático (talvez um oximoro), nem da democracia representativa, nem dessa fantasia teórica da “separação de poderes”, nem de nenhuma dessas características que frequentemente se apresentam como se fossem um fim em si mesmo de um sistema altamente benevolente (que, obviamente, não desfrutamos). Denunciar todas as ditaduras – que não queremos sofrer – me converte simplesmente em defensor desses mínimos mencionados: liberdades elementais e pluralidade (isso, claro, com todas as dificuldades de exercê-las num sistema de aparência democrática, mas onde o poder político e econômico segue estando em poucas mãos).

Portanto – e que valha também este esclarecimento para aqueles imbecis que nos acusam, os que não votamos, de pouco menos que favorecer uma ditadura –, votar ou não votar (dois atos que podem ser lúcidos ou idiotas, e não entraremos em detalhes) corresponde precisamente à livre decisão das pessoas nesse sistema de mínimos.

Voltemos à facistada antes de abordar outros tipos de ditaduras. A direita (e não só a chamada ultradireita, se é que há diferença), e não temo generalizar, por mais que agora se rotule de liberal, jamais condenou com força a ditadura franquista. Repulsivos ex-dirigentes, com cargos políticos de alta relevância como Aznar ou Esperanza Aguirre, apresentam-na hoje como não tão autoritária e repressiva, e até com elementos positivos.

Mais ainda: com total iniquidade e sem vergonha (nada novo, pois há outros com esse discurso há tempos), esses elementos de direita afirmam que há um domínio historiográfico “progre” ou diretamente socialcomunista, de modo que sua narrativa dos fatos constitui não só a verdade, mas a “autêntica rebeldia” ante o autoritarismo que a esquerda representa. Claro, são falsidades repetidas que apresentam supostos fatos de forma extremamente simplista, dirigidas a mentes pouco dotadas intelectualmente – às quais não se pode pedir grandes complicações –, sem relação alguma com metodologia historiográfica. Isto é, deixemos claro, grande parte do problema neste país indescritível.

Entretanto, o gosto por ditaduras não corresponde só ao campo conservador ou reacionário. Na verdade, seguir mantendo certos mitos sobre regimes inequivocamente autoritários, construídos em torno desse “bem para a humanidade” que é o socialismo, tem uma dupla faceta perversa.

Primeiro: perpetua a ilusão sobre vias estatais (vias autoritárias, que justificam meios em nome de um fim benevolente) para transformações sociais que nunca chegaram (se por mudança social entendemos, claro, bem-estar econômico e maior capacidade de escolha das pessoas em todos os âmbitos da vida).

Segundo: o evidente fracasso desses regimes socialistas – cuja fase intermediária era uma ditadura – alimenta o campo direitista e nos obriga a um processo histórico de estúpida comparação entre regimes autoritários (com nuances sobre seu grau totalitário, também expresso de forma simplista e muitas vezes falsa), na qual não precisamos entrar.

Condenar ditaduras socialistas não supõe alimentar as de caráter direitista; muito pelo contrário: nos fazem aprender com a história, olhar adiante e, a partir de um contexto aceitavelmente livre, aprofundar a liberdade e tentar superar um sistema onde poucos acaparram os recursos (outra forma de dominação). Ninguém disse que seria fácil.

Juan Cáspar

Fonte: https://acracia.org/hablemos-de-dictaduras/ 

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Com jeito voyeur
da soleira da janela
um pombo me espia.

Anibal Beça

Grande dia de solidariedade ao povo resistente da Palestina, com ações em toda a geografia grega

No domingo, 10 de agosto, milhares de pessoas foram às ruas, em ilhas e destinos turísticos, realizando todos os tipos de ações em portos, praias, praças, com concentrações, marchas e bandeiras palestinas e faixas de solidariedade ao povo palestino.

Com vigor, energia e participação em massa dos cidadãos nos chamados da Marcha para Gaza e de muitos coletivos, palavras de ordem foram gritadas e ouvidas contra o genocídio do povo palestino em Gaza, a ocupação e a exclusão pelo Estado assassino de Israel. É por isso que muitos slogans de boicote a Israel e a turistas israelenses indesejados. Assim como contra o governo e o Estado gregos, entre aqueles mais dispostos a cooperar com um Estado genocida, bem como com os EUA e a OTAN, e, portanto, cúmplices dos crimes em massa cometidos na Palestina.

Após o dia 10 de agosto, o movimento de solidariedade na Palestina e as guerras dos governantes emerge ainda mais forte e mostra que, além de Estados, governos e instituições autoritárias, os cidadãos de baixo podem se mobilizar e se mobilizam, e além da solidariedade, eles estão praticamente mostrando o caminho da resistência às guerras dos governantes.

agência de notícias anarquistas-ana

Escudo de papel:
as leis são frágeis diante
de um poema em brasa.

Liberto Herrera

[EUA] A primeira edição da Foghorn Mag está no ar!

A primeira edição da Foghorn Mag está no ar! É uma bela e envolvente coleção de 16 páginas com tutoriais, reflexões, histórias, arte, crime, conselhos, perguntas, conexões. Custa US$ 6 + envio. Toda a arrecadação cobre os custos de impressão. Escreva para foghornmag@riseup.net para adquirir um exemplar, saber sobre preços por atacado, sugerir espaços radicais que possam querer distribuir a revista ou enviar contribuições para a próxima edição. Do nosso casebre para o seu.

FOGHORN MAG

Um registro anarquista da vida marginal, publicado exclusivamente em versão impressa, duas vezes por ano, nos solstícios.

Uma revista impressa semestral sobre o habitar anarquista. Um lar & jardim rebelde. Um sopro ardente de vida, animando a bela ideia do anarquismo em nossas vidas domésticas cotidianas.

Para os ocupas, ermitões fora da rede, defensores da terra, habitantes das florestas, andarilhos, esquisitos comunitários e todos que vivem fora dos limites, além do alcance dos proprietários, do condado, do Estado.

Queremos suas reflexões amorosas e analíticas sobre a labuta rural; tutoriais práticos de construção e sistemas para modos de vida não normativos; fotografias; entrevistas; devaneios; narrativas; e mais.

Compartilhe as lágrimas que você chora pelo que deseja e pelo que poderia ser: uma vida que valha a pena cultivar entre as ervas daninhas e os escombros.

Fonte: https://kolektiva.social/@FoghornMag

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Vento gélido
E o cachorro se enrosca
A cada sopro.

Moduan Matus

[Espanha] Notícias catastróficas para os macacos de cauda longa e para o fim da experimentação animal

Os macacos de cauda longa são os primatas mais “utilizados” nos laboratórios de todo o mundo (mais de 100.000 por ano). A grande maioria deles não é “criada”, mas sim sequestrada em suas casas no Vietnã, Camboja ou Maurício e enviada para esse destino cruel.

Este “comércio” atroz é uma das principais razões pelas quais os macacos de cauda longa foram declarados em perigo de extinção em 2022. Apesar disso e das inúmeras evidências do tráfico ilegal desses animais, as maiores empresas de experimentação animal continuam aumentando seus lucros e o massacre dos macacos de cauda longa.

Uma das principais empresas envolvidas nesse negócio cruel é a Charles River Laboratories, a maior empresa de experimentação animal do mundo, que anunciou ontem (05/08) que, nos últimos três meses, lucrou mais de US$ 1 bilhão com a tortura e o massacre de milhões de animais.

De passagem, aproveitaram para anunciar que foi encerrada a investigação sobre o seu papel no tráfico ilegal de macacos de cauda longa e que as autoridades lhes vão “devolver” os mil macacos que tinham importado ilegalmente em 2023 para que também os possam massacrar¹.

Na Espanha, a Charles River Laboratories recebe anualmente centenas de milhões de dinheiro público de instituições como o CSIC para perpetuar seu negócio inútil e atroz.

Além disso, também são proprietários do maior centro de distribuição e experimentação de primatas da Europa, Camarney SL. Um lugar miserável que, graças à permissividade da Gencat, Agriculturacat e Mitecogob, já é responsável pela tortura e assassinato de mais de 40.000 macacos de cauda longa.

A experimentação animal não é ciência nem salva vidas, é um negócio inútil, atroz e devastador que não pode continuar existindo.

www.abolicion-viviseccion.org

[1] https://peta.org/action/action-alerts/1000-endangered-monkeys/

agência de notícias anarquistas-ana

a chuva cai forte
e os ruídos que sobem
corroem meus olvidos

Thiago de Melo Barbosa

“Apesar das críticas de Lula, o Brasil nunca interrompeu formalmente relações comerciais ou de qualquer outra natureza com Israel”

• Um relatório da ONG Oil Change International chegou a apontar que o Brasil era responsável pelo fornecimento de 9% de todo petróleo exportado para Israel durante os primeiros nove meses do conflito Israel-Hamas, deflagrado em outubro de 2023.
 
• Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços apontam, inclusive, que o Brasil aumentou suas exportações para Israel durante a guerra. Em 2023, primeiro ano do governo Lula, haviam sido enviados 661 milhões de dólares em produtos. Em 2024, foram 725 milhões de dólares – quase 10% a mais.
 
• Grande parte do que o Brasil vende a Israel é justamente petróleo, seguido de carnes, soja, café e outros produtos.
 
>> Leia mais aqui:
 
Empresa brasileira vende aço para indústria de armas de Israel durante guerra em Gaza
 
https://www.intercept.com.br/2025/05/29/empresa-brasileira-aco-industria-armas-israel/
 
Brasil critica guerra, mas vende petróleo a Israel
 
https://www.oc.eco.br/brasil-critica-guerra-mas-vende-petroleo-para-israel/
 
Apesar de críticas de Brasil a guerra em Gaza, país mantém laços com Israel em nível federal e estadual
 
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/08/04/mesmo-diante-de-pressoes-por-rompimento-brasil-tem-relacao-comercial-intensa-com-israel.ghtml
 
‘Economia do genocídio’: mesmo com freio de Lula, Brasil tem recorde de importação de armas de Israel em 2024
 
https://www.brasildefato.com.br/2025/08/04/genocidio-lula-brasil-recorde-armas-israel/
 
Conteúdos relacionados:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/09/petrobras-o-combustivel-do-genocidio/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/08/08/o-estado-de-israel-comete-assassinatos-a-petrobras-e-cumplice-e-lula-3-e-um-hipocrita-contra-o-genocidio-na-palestina/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
No fim do poema,
uma pergunta sem donos:
“Quem precisa de amos?”
 
Liberto Herrera

[Rio de Janeiro-RJ] Lançamento da UPEL (Universidade Popular do Ensino Livre)

A UPEL (Universidade Popular do Ensino Livre) é um movimento de encontros voltados para o ensino livre e a troca de saberes sobre temas libertários, com professores e facilitadores convidados. Idealizada pelo CCS Movimento em parceria com a ATB (Associação de Trabalhadores de Base), a UPEL nasce para promover formação crítica e acesso aberto ao conhecimento.

O lançamento acontece na quarta-feira, 13/08, às 18h na biblioteca do CCS Movimento. O primeiro encontro será uma formação sobre a experiência da Universidade Popular do Ensino Livre do Rio de Janeiro, criada em 1904, com Eduardo Lamela, doutor em História pela Universidade Federal.

CCS Movimento

Avenida Mem de Sá 215 A, Lapa, Rio de Janeiro (RJ)

agência de notícias anarquistas-ana

Noite fria, escura,
no asfalto negro da rua
late o cão vadio.

Fanny Dupré

Navio BYD Explorer trouxe da China para o Brasil mais de 5 mil carros em uma só viagem! Ou matamos o capitalismo, ou ele mata tudo. Pela Terra Livre e Selvagem!!!

The Sparrows Nest: Preservando a História Anarquista em Nottingham – O Maior Arquivo Anarquista do Reino Unido e seu Impacto no Ativismo Local e nos Movimentos Políticos

Em um lugar tranquilo de St Ann’s, uma região movimentada e multicultural de Nottingham, um arquivo oculto preserva a rica história do movimento anarquista. Ao contrário dos grandes salões das bibliotecas universitárias ou das prateleiras bem organizadas dos arquivos de museus, o The Sparrows Nest [Ninho de Pardais] está escondido na sala de estar de uma casa, um espaço que reflete a natureza popular do projeto. Conhecido como o maior arquivo anarquista do Reino Unido, ele abriga milhares de materiais que documentam a história de movimentos políticos radicais, protestos e esforços contraculturais nos últimos cinquenta anos.

O The Sparrows Nest não é um lugar que os turistas ou pesquisadores possam encontrar facilmente. Trata-se de um projeto comunitário conduzido por indivíduos apaixonados que acreditam que a preservação da literatura ativista e dos registros históricos é essencial para entender o desenvolvimento dos movimentos políticos modernos. Nesta humilde sala de estar – repleta de pilhas de folhetos, crachás, jornais e outras lembranças anarquistas – a coleção de artefatos representa não apenas a história do anarquismo no Reino Unido, mas também seu alcance global.

As Origens do Arquivo do The Sparrows Nest

A criação do The Sparrows Nest remonta a 2008, quando um grupo de ex-ativistas e historiadores se reuniu para documentar, preservar e digitalizar a literatura anarquista que corria o risco de se perder com o tempo. Liderado por Claire Taylor, uma historiadora aposentada de Keyworth, o projeto tinha como objetivo evitar a destruição de materiais críticos relacionados a movimentos políticos radicais, especialmente aqueles nos círculos anarquistas e de esquerda.

Como Taylor ressalta, “se você estivesse na América do Sul ou na Europa, encontraria um lugar como esse em cada cidade, mas no Reino Unido isso simplesmente não existe”. A necessidade de um arquivo como esse era clara: não havia nenhuma instituição importante no Reino Unido dedicada a preservar os materiais do movimento anarquista, e grande parte da literatura e dos artefatos corria o risco de se perder, seja por negligência ou por deterioração natural.

Trabalhando em uma sala de estar em Nottingham, Taylor e sua equipe iniciaram a árdua tarefa de catalogar milhares de panfletos anarquistas, jornais e materiais de propaganda, alguns dos quais datam do início do século XX. Eles coletaram tudo, desde literatura do Greenpeace e panfletos de campanhas contra o desarmamento nuclear até jornais de ativistas locais e lembranças de eventos de protesto. Ao longo dos anos, esses materiais foram cuidadosamente preservados e digitalizados, garantindo que a história do anarquismo permaneça acessível para as gerações futuras.

O Nome: The Sparrows Nest

O nome Sparrows Nest vem de uma publicação de esquerda que antecedeu o projeto de arquivo: The Nottingham Sparrow (O pardal de Nottingham). O jornal, uma publicação radical local, era um confronto direto contra o Nottingham Arrow, orientado para os interesses do establishment, o jornal oficial do conselho municipal. Ao adotar esse nome, o arquivo homenageia tanto o espírito radical de seus fundadores quanto a continuidade histórica do movimento anarquista na região.

O nome também fala das origens humildes do projeto. Assim como os pardais são pássaros pequenos, mas determinados, o The Sparrows Nest representa a persistência silenciosa dos fundadores do projeto em preservar e compartilhar ideias políticas radicais. Ao contrário das instituições tradicionais, que geralmente priorizam arquivos comerciais ou patrocinados pelo governo, o Sparrows Nest é movido pela paixão, pela comunidade e pela crença na importância da preservação de histórias alternativas.

O Papel do Arquivo: Preservando a História Anarquista

O principal objetivo do arquivo do The Sparrows Nest é digitalizar e preservar materiais que, de outra forma, seriam perdidos ao longo da história. Ao catalogar e disponibilizar esses materiais on-line, o arquivo garante que ativistas, pesquisadores e historiadores tenham acesso a uma grande quantidade de recursos que registram a evolução do anarquismo e dos movimentos políticos radicais ao longo das décadas.

O que diferencia o The Sparrows Nest de outros arquivos é seu foco nas lutas locais. Como explica Taylor, “As pessoas estavam realmente entusiasmadas com o projeto e estavam ansiosas para que cuidássemos de suas coisas se as preservássemos adequadamente”. Esse entusiasmo fez com que o arquivo recebesse materiais que refletem as lutas locais e os movimentos políticos singulares do Reino Unido, além de eventos e campanhas globais. Seja um folheto de um protesto contra armas nucleares, manifestações contra a austeridade ou campanhas pelos direitos dos trabalhadores, esses registros oferecem um quadro detalhado da história política e social do Reino Unido no último meio século.

Uma Coleção Abrangente

O arquivo inclui uma variedade impressionante de documentos e artefatos, muitos dos quais são únicos. Os visitantes do The Sparrows Nest encontrarão itens que vão desde folhetos e crachás de ativistas de campanhas locais e nacionais até livros que registram a ascensão e queda de grupos anarquistas no Reino Unido e no exterior. Há até mesmo lembranças de protestos históricos, como o motim do queijo em Nottingham, o que proporciona uma conexão tangível com o ativismo de base que moldou o cenário político ao longo dos anos.

Para muitos dos ativistas que contribuíram com materiais para o arquivo, o objetivo não era apenas preservar a história, mas criar um recurso para ações políticas futuras. Nesse sentido, o The Sparrows Nest não é apenas um museu – é um arquivo que visa a inspirar as futuras gerações de ativistas e organizadores.

Acesso Limitado, Mas Alcance Amplo

Embora o The Sparrows Nest esteja localizado em uma residência em Nottingham, tem atraído constantemente a atenção de pesquisadores, historiadores e estudantes que desejam explorar seus acervos. Embora o arquivo não esteja aberto ao público regularmente, os pesquisadores podem solicitar acesso aos materiais mediante agendamento. Devido à natureza da localização do arquivo e à privacidade de seus proprietários, o acesso é limitado, mas a coleção digitalizada está disponível on-line para aqueles que desejam explorá-la remotamente.

Essa abordagem híbrida, que combina acesso físico com arquivos digitais, permite que o The Sparrows Nest mantenha seu foco na preservação da literatura radical e, ao mesmo tempo, garanta que ela permaneça relevante e acessível aos atuais usuários. A disponibilidade on-line da coleção garante que mesmo aqueles que não podem visitar Nottingham fisicamente ainda possam se envolver com os materiais e usá-los para fins educacionais ou de pesquisa.

Sustentabilidade e o Futuro do Arquivo

Um dos principais desafios enfrentados pelo arquivo The Sparrows Nest é manter sua sustentabilidade à medida que ele cresce. Embora o arquivo tenha se beneficiado de doações e trabalho voluntário, a digitalização e a catalogação contínuas dos materiais exigem financiamento e recursos. A equipe do The Sparrows Nest tem trabalhado arduamente para equilibrar as crescentes demandas de digitalização com a necessidade de preservar a integridade dos materiais originais, e isso requer uma combinação de apoio financeiro e envolvimento da comunidade.

Para atender a essas necessidades, o arquivo tem contado com uma variedade de subsídios, financiamento coletivo e doações de apoiadores do movimento anarquista e daqueles que acreditam no valor da preservação da história radical. O crescimento contínuo dos arquivos depende da manutenção dessas fontes de renda e, ao mesmo tempo, do gerenciamento dos desafios logísticos associados à manutenção de um acervo tão grande e diversificado.

Impacto Local e Envolvimento Comunitário

Embora o The Sparrows Nest possa ser um projeto relativamente pequeno no contexto dos arquivos nacionais, ele desempenha um papel importante na comunidade local. O arquivo oferece um espaço para diálogo e reflexão sobre os movimentos políticos que marcaram Nottingham e o Reino Unido em geral. Ao oferecer uma visão da história do ativismo local e da resistência política, ele promove uma maior compreensão da estrutura sociopolítica da cidade.

Claire Taylor e sua equipe sempre deram grande ênfase ao envolvimento comunitário. Eles trabalharam com escolas, universidades e grupos de ativistas locais para levar os materiais do arquivo a um público mais amplo. Essa colaboração ajuda o projeto a permanecer enraizado na comunidade e, ao mesmo tempo, incentiva um envolvimento público maior com os materiais.

O arquivo também organiza eventos públicos e workshops, oferecendo oportunidades para que as pessoas aprendam mais sobre anarquismo e história política de forma interativa. Esses eventos ajudam a gerar interesse no arquivo e garantem que seu trabalho seja apreciado por um público mais amplo.

O Papel do The Sparrows Nest na História Anarquista

O The Sparrows Nest desempenha um papel importante na preservação da história do movimento anarquista no Reino Unido e em outros países. Ao se concentrar na literatura política radical, o arquivo cria um espaço onde as pessoas podem se envolver com uma ampla gama de ideias políticas de esquerda. Os materiais armazenados no arquivo representam não apenas a história do anarquismo, mas também a história mais vasta dos movimentos sociais e suas lutas por liberdade, igualdade e justiça.

Ao preservar a literatura e os arquivos do anarquismo e de outros movimentos radicais, o The Sparrows Nest garante que as gerações futuras tenham acesso às ideias, campanhas e esforços que moldaram o mundo em que vivem. Esta obra é vital para qualquer pessoa que queira entender a história da resistência política e a luta contínua por mudanças sociais no mundo moderno.

A Importância de se Preservar Movimentos Políticos Radicais

No clima político cada vez mais polarizado de hoje, é essencial entender o contexto histórico dos movimentos radicais e seu papel na formação do futuro. O The Sparrows Nest ajuda a preservar essas histórias, garantindo que as contribuições dos movimentos políticos radicais não sejam esquecidas.

Ao tornar esses materiais acessíveis, o arquivo permite que as gerações futuras se envolvam com as ideias do anarquismo e de outros movimentos, compreendendo tanto suas conquistas quanto seus fracassos. Essa compreensão é vital para qualquer pessoa que esteja buscando aprender com o passado e construir um futuro melhor e mais justo.

Um Arquivo Vivo para Gerações Futuras

O The Sparrows Nest representa a essência do ativismo de base. Nascido do compromisso de preservar o pensamento político radical e a história, ele continua a crescer e evoluir. Sendo um arquivo vivo, ele serve como um lembrete de que a luta pela mudança social é contínua e que as lições do passado podem orientar o caminho a seguir. Ao digitalizar materiais e torná-los acessíveis ao mundo, o The Sparrows Nest garante que a história do anarquismo e de outros movimentos políticos não se perca no tempo, mas seja preservada para o futuro. O sucesso contínuo do arquivo dependerá do envolvimento de sua comunidade e de seus apoiadores, bem como de sua capacidade de se adaptar às necessidades da pesquisa, da educação e do ativismo modernos.

Fonte: https://www.travelandtourworld.com/news/article/the-sparrows-nest-preserving-anarchist-history-in-nottingham-the-uks-largest-anarchist-archive-and-its-impact-on-local-activism-and-political-movements/

Tradução > transanark / acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Arame farpado
engasga com hera verde –
a cerca sorri.

Liberto Herrera

[Espanha] Mortes evitáveis, vidas insubstituíveis

Não passa um dia sem que tomemos conhecimento da morte de alguma pessoa enquanto trabalhava. Quedas, choques, efeitos do calor agora em pleno verão, esmagamentos, infartos, acidentes no trajeto de casa para o trabalho ou vice-versa, estresse, etc., fazem parte do dia a dia de milhares de trabalhadores e trabalhadoras no Estado espanhol.
 
Segundo dados provisórios fornecidos periodicamente pelo governo, no primeiro trimestre de 2025 (janeiro a março) morreram 131 pessoas em seus locais de trabalho e 31 “in itinere” (no trajeto). Até abril, esse número já havia chegado a 236, e ao final da primavera e início do verão a cifra já se aproximava de 300.
 
Os “acidentes” de trabalho são causados por diversos fatores que convergem e resultam em desfechos fatais para muitas pessoas que precisam ganhar a vida todos os dias em condições cada vez mais difíceis e em um mercado de trabalho com cada vez menos direitos sociais. Nos últimos anos, temos visto como vêm sendo criadas condições (políticas, econômicas, sociais) que fazem com que direitos básicos, conquistados com muito esforço pela classe trabalhadora ao longo dos anos, estejam sendo perdidos ou limitados. A CGT, que há muito tempo denuncia a precariedade e a crescente instabilidade da classe trabalhadora, iniciou uma campanha concreta contra o terrorismo patronal há alguns anos. Com ela, nossa organização anarcossindicalista exige maior controle das inspeções do trabalho com o objetivo de que as empresas cumpram com as normas de saúde e segurança, sanções mais severas, maior controle por parte dos próprios trabalhadores através de um sindicalismo ativo, combativo, de classe e solidário, e melhorias nas normas já existentes para proteger os trabalhadores e trabalhadoras em seus locais de trabalho.
 
Nas últimas semanas, temos presenciado um aumento dos acidentes de trabalho com resultado fatal em diferentes regiões do Estado espanhol. Especificamente em Aragão, os dados são contundentes e os números causam grande preocupação. Até o momento, já são 23 os trabalhadores que perderam a vida na comunidade aragonesa. O último caso ocorreu em uma fábrica em El Burgo de Ebro, onde um homem de 40 anos sofreu ferimentos que posteriormente causaram sua morte. Os acontecimentos foram tão rápidos que os serviços de emergência não conseguiram fazer absolutamente nada para estabilizá-lo e mantê-lo com vida. Do lado de fora da fábrica, o impacto emocional era evidente entre os colegas que até instantes antes estavam trabalhando com o falecido.
 
A CGT também relembra as nefastas Reformas Trabalhistas que vêm sendo impostas no Estado espanhol. Essas leis, longe de resolver o problema, apenas o mantiveram e, em alguns casos, até maquiaram causas e consequências. Além disso, como já vem sendo apontado há anos, quem mais está exposto a sofrer esse tipo de acidente são as pessoas que trabalham em condições mais precárias. São as mais vulneráveis, as que prestam serviços em empresas terceirizadas onde a legislação nunca é cumprida, e que, devido à sua instabilidade no emprego, nunca reclamam das próprias condições — ainda que saibam que isso pode lhes custar caro e, no pior dos casos, a própria vida. Vidas que parecem não importar ao empresariado, cada vez mais blindado, com maior capacidade de submeter os trabalhadores, com normas que limitam os movimentos dos que produzem. Vidas que tampouco parecem relevantes para a classe política, que esquece suas promessas assim que seus diferentes “representantes” conquistam alguma parcela de poder — por menor que seja.
 
Não somos números. Não somos substituíveis. Somos classe trabalhadora e nos negamos a continuar sendo os mortos nesta sangria que só serve para sustentar este sistema injusto e desigual.
 
Secretariado Permanente do Comitê Confederal da CGT
cgt.es
 
Tradução > Liberto
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/29/espanha-29-a-nao-somos-numeros-nem-mais-uma-morte-paremos-as-mortes-no-trabalho/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Borboleta!
Pousou na minha mão
me viu e voou.
 
Renata