Quem disse que o movimento okupa limita suas atividades apenas ao setor imobiliário? Ou em outras palavras, quem disse que só pode se apropriar de imóveis, ou seja, aqueles que estão intimamente ligados ao solo, com um local fixo e que não possa ser movido sem causar danos aos mesmos? Isto deveria se perguntar, faz alguns anos atrás, uma dezena de homens e mulheres (e um cão) quando decidiram embarcar na aventura de okupar barcos abandonados, semi-abandonados e praticamente prontos para a demolição. Não se trata de piratas ou mendigos, mas sim de pessoas que cobrem as suas necessidades básicas com uma imaginação sem limites recuperando o quê, não fosse por eles, o robin devoraria irremediavelmente.
Ancorados nas águas barrentas e malcheirosas do Itchen, onde o rio e o mar se confundem sem saber exatamente onde termina um e começa o outro, exercem seu direito à habitação. Esta peculiar pequena colônia de barcos okupados é composta, em sua maioria, por ingleses e irlandeses de meia-idade, desempregados e andarilhos (por exemplo, um deles disse ter vivido mais de um ano em uma caverna em Alicante) que foram condenados pelos truques sujos do sistema para sobreviver de uma maneira diferente do resto.
Até agora, nem a polícia nem as autoridades da cidade chamaram-lhes a prestar contas. Mas não devem baixar a guarda, pois parte do rio, do mar e das praias, além de contaminados, são propriedade privada: pertencem às indústrias de navegação que fazem fronteira ou a hotéis de luxo e, não nos enganemos, à classe de turismo de cruzeiro não agrada encontrar em águas de Southampton com esse espetáculo okupa tão distante de sua sensibilidade naif. Para eles, Southampton é apenas a famosa cidade do sul da Inglaterra, da qual zarpou em 10 de abril de 1912 o luxuoso Titanic; ou que em 1937 a cidade acolheu 4000 crianças bascas do lado republicano ou, na melhor das hipóteses, uma das primeiras cidades inglesas a ser destruída por bombardeios alemães durante a Segunda Guerra Mundial, mas nada a ver com experiências de okupação.
No entanto, embora seja apenas seis barcos de médio porte dilapidados com menos de doze pessoas no total, podem tornar-se pioneiros da okupação marítima. E na falta de bens imóveis, bem vindos sejam os móveis.
Jornal “CNT” Nº 383 – novembro de 2011
agência de notícias anarquistas-ana
Em cima do túmulo,
cai uma folha após outra.
Lágrimas também…
H. Masuda Goga
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!