[Estreou nos Estados Unidos neste último fim de semana o musical “Beautiful Radiant Things”, que fala sobre a anarquista Emma Goldman. A peça centra-se no 50º aniversário de Emma, quando ela se encontrava detida numa penitenciária do Missouri. A seguir uma reportagem com Marty Durlin, autora do musical.]
A grande tarefa de colocar a vida e filosofia de Emma Goldman na música
O nome de Emma Goldman foi outrora sinônimo de anarquia, amor livre e violência. Nas primeiras décadas do século XX, ela fez discursos para multidões de mais de 25 mil pessoas com títulos como “Monogamia ou variedade, o quê?”. Em uma de suas falas supostamente inspirou o assassinato do Presidente William McKinley.
Que melhor assunto para um musical?
Este é o pensamento da residente de Paonia [Colorado], Marty Durlin, e seu trabalho, “Beautiful Radiant Things”, que virá para Boulder no dia 28 de abril, e Denver no dia 29. É um musical baseado na vida anarquista, que se passa em um período de dois anos numa prisão de Missouri onde Goldman esteve após se opor ao recrutamento para a Primeira Guerra Mundial. Durlin admite que a maior parte das pessoas vê o teatro musical como algo leve e descontraído, o que faz com que a opção por escrever um musical sobre Goldman se torne algo estranho.
“É verdade”, ela diz, mas complementa: “As pessoas têm escrito musicais sobre tudo neste momento. Não é tão estranho quanto parece, mas foi um pouco estranho. Nós pensamos em musicais como sendo algo como South Pacific ou My Fair Lady ou algum tipo de clássico, mas realmente, qualquer coisa funciona. Esta é a maior diversão que eu tinha em fazer qualquer coisa assim.
Esta não é a primeira tentativa de Durlin, a ex-gerente da KGNU. Ela tem escrito musicais e peças desde os anos 70, e escreveu o livro, a música e as letras para este trabalho. É uma produção teatral comunitária com um elenco todo de mulheres, com a diretora da KVNF (uma estação de rádio comunitária no oeste do Colorado), Sally Kane, no papel de Goldman.
Goldman é uma figura polarizadora na história americana. Ela deixou a Rússia para os Estados Unidos ainda adolescente, e se envolveu no movimento anarquista após mudar-se de Rochester, NY, para a cidade de Nova Iorque. Para alguns, ela foi uma heroína, para outros, uma vilã perigosa. Ela foi uma anarquista, é claro, mas ela foi algo de anarquista dentro do próprio movimento. Há um escrito de Goldman em uma de suas memórias sobre ser advertida por se divertir em uma festa, tendo dito que “não convém a um agitador dançar”.
“Eu não acredito que uma Causa que se baseia em um belo ideal, em anarquismo, por libertação e liberdade das convenções e preconceitos, deva exigir a negação da vida e alegria”, escreveu Goldman. “Eu insisto que nossa Causa não poderia esperar que eu me tornasse uma freira e que o movimento não pode ser tornado um claustro. Se significa isso, eu não o quero”.
Este sentimento foi depois parafraseado em algo como “Se não posso dançar, não quero ser parte de sua revolução”. Este sentimento foi a primeira exposição de Durlin para Goldman, e após pesquisá-la de forma mais completa, admirou a coragem e ousadia que permitiu que ela fizesse tal afirmação.
“Ela foi incrivelmente corajosa por toda a sua vida, e realmente iria pisar onde outros temem ir”, diz Durlin. “E ela dizia coisas que não estavam sendo ditas publicamente”.
“A sociedade realmente não a compreendeu. Ela estava falando sobre os direitos dos trabalhadores, amor livre e contracepção, e isto está realmente vindo à tona novamente. Incrível. Alguém da época disse que ela estava uns 8 mil anos à frente de seu tempo”.
Durlin diz que se focou no tempo de Goldman na prisão por uma espécie de capricho. Ela tinha uma ideia anterior focada na prisão que desistiu, mas enquanto ela lia sobre seu período no Missouri, a inspiração a atingiu.
“Conforme pesquisei mais, era um rico tesouro, historicamente”, diz Durlin. “Quando fui a Penitenciária do Estado de Missouri, tive os registros históricos e os nomes de outros prisioneiros, isto excitou minha imaginação, como Lulu lbbs e Lottie Funk. Eles apenas apareceram diante de mim como pessoas, foi inspirador, e eu fui embora”.
Por David Accomazzo
Tradução > Marina Knup
agência de notícias anarquistas-ana
Boneca se aquece
com o meu chapéu de lã.
Eu visto saudades.
Teruko Oda
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!