[Portugal] Saiu o jornal MAPA Nº 4. Um ano de informação crítica

capa_mapan4Comunicado:

E com este novo número o jornal MAPA faz um ano! Como refere o seu editorial este projeto “tenta concretizar o objetivo que há um ano se propunha: a possibilidade de comunicação que surge do balancear entre o que denunciamos e o que potenciamos.”

Algumas chamadas de atenção nesta edição de Dez’13/Jan’14: os planos para a extração de gás de xisto por meio da fratura hidráulica em Portugal que pretendem agora assolar aqui a Sul o distrito de Setúbal e a Costa Vicentina; o que está por detrás do percurso da Energias de Portugal (EDP), ou “como na questão energética anterior, [qual é] o preço cobrado que nos é apresentado em nome do nosso “bem-estar”. E por fim a memória de um indomável: António Ferreira de Jesus, em que algo mais se revela sobre as prisões alentejanas como Pinheiro da Cruz. E muito mais matérias a ler…

E d i t o r i a l

O jornal MAPA encerra este primeiro ano da sua vida com a 4ª edição e coloca já os olhos nas próximas do ano que se avizinha. Daqui para a frente continuar-se-á a empenhar, afincadamente, no desígnio de mapear o terreno em busca de resistências às nocividades do dia-a-dia, no objetivo de desenvolver um projeto de informação crítica e na arte do pensamento livre.

Ao longo deste ano deparámo-nos, com agrado, com inúmeros cruzamentos e pontos de encontro com leitores que nos deram a melhor resposta possível: a proposta de colaborações e a partilha de opiniões e análises sobre o que por aqui se vai fazendo e acontecendo. O presente número é um bom exemplo disso.

O MAPA, por ser um projeto assumidamente em construção, tem no seu coletivo redatorial o maior dos desafios e, ao abrir espaço às colaborações, tenta concretizar o objetivo que há um ano se propunha: a possibilidade de comunicação que surge do balancear entre o que denunciamos e o que potenciamos. Assim, são de notar os desafios lançados ao pensamento crítico e à ação quotidiana pelos artigos que nos chegam à “redação”, mesmo que estes possam, por vezes, não ser um reflexo das posturas coletivas ou individuais no seio do projeto.

Posto isto existem algumas notas que requerem atenção prévia em relação a estas 24 páginas. A primeira nota a dar conta são os planos para a extração de gás de xisto e petróleo por meio da fractura hidráulica em Portugal. Este processo, altamente nocivo para a Terra e os seus habitantes, iniciado na região Oeste, prossegue agora a sua fase exploratória na Margem Sul do Tejo. Esta história junta-se ao percurso da Energias de Portugal (EDP), a quem todos pagamos a conta da eletricidade, sem questionar, tal como na questão energética anterior, o preço cobrado que nos é apresentado em nome do nosso “bem-estar”. Olhando para a forma como a EDP agiu com os habitantes do bairro do Lagarteiro, no Porto, tudo nos leva a pensar que têm uma esquadra de polícia nos seus balcões.

Enquanto decorre este triste filme, na sala do lado descobre se que para além da ascensão da extrema-direita na Europa, uma forma requintada de fascismo reside na instalação de lâminas, altamente cortantes, nas vedações que cercam a cidade norte africana de Melilla, com o objetivo declarado de cortar os braços, as pernas e ceifar a vida dos aventurados que ousem atravessar a fronteira ilegalmente para o território espanhol. Surge então a pergunta sobre se a Europa é um espaço livre e democrático apenas para os Europeus brancos nascidos dentro das suas fronteiras?

Nesta edição trazemos ainda uma contribuição que nos chegou sobre a vida, o percurso e as ideias do recém falecido António Ferreira de Jesus. Desconhecido para muitos nesta grande prisão ao ar livre que é a sociedade em que vivemos, era, no entanto, bem conhecido em diversos Estabelecimentos Prisionais portugueses onde esteve preso 52 anos. Durante esse tempo, aí resistiu e denunciou o sistema prisional português e os seus abusos. E, nesse sentido, esta história de vida, contada na terceira pessoa, ganha hoje uma pertinência cada vez mais mais actual. Destacam-se estes três apontamentos que se tornam em razões, não só para mapear pontos críticos, mas para continuar a querer construir, já hoje, outros mapas onde seja possível desenhar outros caminhos que subvertam aqueles apontados pelo sistema.

http://www.jornalmapa.pt/

agência de notícias anarquistas-ana

Porque não sabemos o nome
Tenho de exclamar apenas:
“Quantas flores amarelas!”

Paulo Franchetti