No sábado, 22 de fevereiro, foi divulgada a ocupação de um edifício abandonado na altura do número 40 da Rua San Luis, no centro histórico de Sevilha, por “um grupo de ativistas sociais da cidade”. Nasce assim o CSOA [Centro Social Ocupado Autogestionado] Endanza, em alusão ao coletivo cultural que deu vida ao espaço até que tiveram que abandoná-lo em 2007. Desde então permanecia vazio.
A data e lugar escolhidos para o anúncio estavam tingidos de simbolismo. Ontem celebrava-se o décimo aniversário do Huerto del Rey Moro, um dos escassos espaços recuperados em Sevilha que ainda sobrevivem. E neste pulmão verde do centro histórico, apenas passadas as quatro da tarde, convidou-se as pessoas assistentes a realizar um breve itinerário para encontrar-se com o novo CSOA.
Mais de cinquenta pessoas escutaram o manifesto de fundação do espaço liberado, enquanto se abria uma faixa com seu nome, na grade que dá acesso a mais de três mil metros quadrados. Transformar este imenso lugar abandonado em “um espaço para o bairro” e “ponto de encontro para os coletivos e movimentos sociais que lutam contra as políticas de austeridade e cortes sociais” é a intenção de seus ocupantes.
Também denunciaram, neste primeiro comunicado público, que esta zona de Sevilha tem sofrido “durante os últimos 25 anos, os desmandos de uma especulação urbanística que originou tanto a Expo 92 como a última e catastrófica bolha imobiliária que nos têm conduzido à crise”. Um de seus resultados, a falta de espaços para acolher as “inúmeras propostas de atividades geradas no bairro”. O Centro Vecinal Pumajero, “autêntico e exitoso exemplo de autogestão vicinal”, transbordado. Os sucessivos CSOA Casas Viejas, La Fábrica de Sombreros e La Huelga, desalojados e convertidos, de novo, em despojos especulativos vazios. “Por que as autoridades se empenham em privar-nos de espaços resgatados do abandono para voltar a abandoná-los?” Antes desta ocupação, só resistia um CSOA na cidade, chamado “Sin Nombre”, no bairro de San Bernardo, com uma ordem de despejo assinada que ainda não se efetivou. Em abril de 2013, apenas um mês depois de tornar-se pública, a propriedade, sem ordem judicial alguma e amparada pela polícia, tapava com tapumes La Soléa, no bairro do Polígono San Pablo, o último espaço liberado em Sevilha até ontem.
O edifício ocupado na rua San Luis tem um peso histórico importante no bairro. Acolheu a primeira piscina com caráter comunitário de todo o centro de Sevilha. Logo se assentou ali a Sala Endanza, geradora de uma intensa atividade cultural, até que se fez uma imobiliária na propriedade, que os tirou do espaço. Após entrar esta empresa, em falência, a titularidade passou a Caja de Extremadura e faz poucas semanas, conta um dos membros do CSOA Endanza, pertence à Sociedade de Gestão de Ativos Procedentes da Reestruturação Bancária (Sareb), “o denominado Banco Malo, que tem injetado dinheiro público ao Banco em troca de ativos tóxicos que nenhum outro queria comprar”.
Jogando com o passado deste lugar, o manifesto concluía com uma frase dirigida ao Banco, ao Sareb, à classe política e aos especuladores, “os que têm lucrado com o sofrimento alheio, os que enriquecem com a miséria”: “Dançai, dançai malditos, dançai enquanto podes, porque vosso tempo chega ao fim!”.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Insetos que cantam
parecem adivinhar
minha solidão…
Teruko Oda
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!