Apresentação:
“Assim expresso minha solidariedade Com um passo firme que não retrocede diante de nada e um sorriso grande como claro. Com um coração amoroso que se desnuda diante dx camarada. Com uma mão terna e a outra armada. Assim, expresso minha solidariedade ganhando em cada batalha uma soma de preciosa liberdade.”
Gabriel Pombo Da Silva
A Cruz Negra Anarquista (CNA) de Porto Alegre surge a partir das motivações e ânsias de um grupo de individualidades, que, a partir de suas próprias afinidades, passa a se reunir mais periodicamente no intuito de alimentar e fortalecer a solidariedade com xs companheirxs presxs e perseguidxs pelo poder, dentro do atual contexto que estamos vivendo, onde ao mesmo tempo em que a revolta e a insubmissão se afiam, a repressão engrossa. Partimos da ideia que é somente a partir de um fortalecimento das próprias relações que podemos atravessar as grades e expandir a nossa solidariedade e força as/aos guerreirxs presxs. Com a chegada do ano de 2014 vemos como se intensificam os projetos de expansão do Capital que encontram na Copa do Mundo um momento de auge, as justificativas para acelerarem todo tipo de violação e destruição da vida, percebemos também a força construtiva que surge a partir da explosão de revolta que começou em junho do ano passado. Dentro desta maré agitada são cada vez mais xs piratas que se dispõem a navegar no rumo da reapropriação de suas vidas e a assumir as possíveis consequências de estar em meio a esta tempestade.
A Cruz Negra Anarquista nasce no fim do século XIX na Rússia, em meio a um momento de intensa luta e agitação, com o intuito de prestar um apoio direto as/aos prisioneirxs anarquistas, juntar dinheiro para as famílias e para a propaganda anarquista e anti-carcerária. Ao longo do século renasce em diferentes partes e momentos, sempre mantendo esse caráter, mas nunca se tratando de uma organização, mas sim de uma coordenação de diferentes e multiformes grupos e individualidades. Quando decidimos por utilizar este nome é por nos encontrarmos e identificarmos nesta história, dando continuidade e mantendo esta luta viva. Como coletivo buscamos fortalecer as redes de comunicações com xs presxs, dentro do território controlado pelo estado brasileiro e fora dele; também sentimos a vital importância de gerar e propagar uma cultura de memória, onde nenhuma/um guerreirx jamais seja esquecido, que nenhum golpe do poder passe em branco, que xs presxs não se sintam sós e xs mortxs sejam sempre lembradxs.
Hoje nos sentimos a continuação de uma luta ancestral, que neste território se levanta a 514 anos contra a ordem imposta e que seguirá enfrentando esta lógica carcerária enquanto ela se perpetue. Vemos a luta contra as prisões como o seguimento da luta pela Terra em si, contra as fronteiras e pela recuperação das nossas vidas. Se bem sabemos que não existe nada mais anti-natural que trancar corpos em espaços delimitados, enclausuradxs pela manutenção da “paz democratica”; não esquecemos que a prisão não é nada mais que uma extensão da sociedade na qual vivemos, onde a terra se voltou objeto de disputa do agro-negócio e da exploração do mercado energético, onde o que chamam de Vida acabou se reduzindo a processos meramente mecânicos e repetitivos de relações sociais fomentadas por interesses e alimentadas pela hipocrisia diária. Assim, lutar contra as prisões é sobretudo, lutar pelas nossas Vidas e a dxs nossxs afins, é decidir alimentar nosso sangue no olho e apagar o medo que o poder quer nos fazer incorporar diariamente, e, com o punho fechado a/ao inimigx e a mão estendida a/ao companheirx, criar novas formas de rebeldia nutrindo-nos das lutas presentes e passadas…
É assim que pretendemos expandir o propósito da CNA, vendo nela uma iniciativa, um convite para refletir sobre as estratégias e práticas, afiando nossas ideias, com a ânsia de intensificar, dinamizar e diversificar ao máximo os ataques contra o sistema carcerário, dentro e fora das prisões. Criar laços, multiplicar a propaganda, contribuir a que surjam mais atividades, conversar para expandirmos nossas ideias, encarando nossas vidas como trincheiras andantes em caminhos de uma busca incansável por viver a anarquia.
Saúde, solidariedade e tormenta!
Mais info: http://cnapoa.noblogs.org
Contato: cnapoa@riseup.net
agência de notícias anarquistas-ana
Porque não sabemos o nome
Tenho de exclamar apenas:
“Quantas flores amarelas!”
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!