[Uma manifestação em Oranienburg e um festival em Berlim recordaram o antinazista e anarquista Erich Mühsam no 80º aniversário da sua morte.]
No dia 10 de julho de 1924, após meses de abusos graves cometidos pela SS, o conhecido antinazista Erich Mühsam foi assassinado no campo de concentração de Oranienburg. Por ocasião do 80ª aniversário da sua morte, antifascistas organizaram no último sábado [12 de julho] uma manifestação em Oranienburg, e em Berlim um bem frequentado “Festival Erich Mühsam”.
Ambas as ações foram realizadas sob o lema ‘’Sich fügen heißt lügen’’ (Desistir é uma mentira). A manifestação teve início na estação de trem de Oranienburg, com aproximadamente 260 participantes, organizada por diferentes grupos antifascistas de Brandemburg e do nordeste de Berlim. ‘’Nós comemoramos não apenas Mühsam, mas também todas as pessoas que até hoje são assassinadas por nazistas’’, comentou um porta-voz da manifestação. Na ação foram lidos trechos da biografia de um judeu vítima da perseguição nazista, com relatos sobre o sofrimento de como ele havia sido deportado com outros companheiros da estação de Oranienburg para Sachsenhausen, sendo na chegada insultado, cuspido e espancado por uma multidão.
Na sequência o ato se dirigiu ao campo de concentração de Oranienburg, onde Mühsan foi assassinado. Ao contrário do campo de concentração de Sachsenhausen, o de Oranienburg, apesar de pouco conhecimento público, foi onde muitos antifascistas foram torturados nos primeiros meses do regime nazista. Na praça central de Oranienburg foram apresentados poemas e músicas de Mühsan. O percurso da manifestação foi interrompido precocemente por uma forte chuva.
Ao final, muitos participantes se dirigiram para o “Festival Erich Mühsam”, que aconteceu num terreno do cinema Zukunft, atrás da estação Ostkreuz. Na parte da tarde o local estava cheio. De início houve discussões políticas, então, Frieder Böhne e Kamil Majchrzak passaram informações sobre o campo de concentração nazista de Sonnenburg. Similar ao de Oranienburg, ele também foi um campo de tortura nos primeiros meses do regime nazista, mas quase que totalmente esquecido. Imke Müller-Hellmann, sob o titulo “Desaparecido na Alemanha”, apresentou algumas histórias de vida de vítimas nos campos de concentração.
O debate literário de Mühsam também não foi deixado de lado nesse Festival. Assim, os escritores Chris Shepherd e Conrad Piens leram trechos do diário de Erich Mühsam publicados recentemente.
Um dos destaques artísticos e políticos do Festival foi a apresentação [performance] de textos do livro de Erich Mühsam publicados pela editora Verbrecher “Das seid ihr Hunde wert” (O valor de vocês cães), como também a festa de lançamento do CD “Muhsamblues” pela mesma editora.
Os textos e músicas deram uma boa visão sobre o pensamento e as ações de Erich Mühsam. O filme “Die Münchner Räterepublik und ihre Dichter” (A República Soviética de Munique e seu Poeta) também foi exibido. Trata-se de um documentário sobre uma parte da história revolucionária na qual Mühsam esteve ativamente envolvido. O filme mostra claramente como a repressão brutal da república soviética de Munique abriu caminho para as forças nacionalistas e antissemitas, que logo organizaram na Baviera o partido nazista, e que em 1923 ensaiou a primeira tentativa fracassada de tomada do poder.
Os organizadores do Festival se mostraram muito contentes com a grande recepção do público. “Nós não queríamos fazer de Mühsam um mártir“, disseram os organizadores. “Nós queríamos muito mais, queríamos levar a sério o lema de Mühsam, que ele expressou assim em um poema: Gente, deixem os mortos descansar e realizem sua esperança!”.
Peter Nowak
Galeria de imagens
• Sören Kohlhuber:
https://www.flickr.com/photos/soerenkohlhuber/sets/72157645636605681/
• Ney Sommerfeld:
https://www.flickr.com/photos/neysommerfeld/sets/72157645236862239/
Notícia relacionada:
agência de notícias anarquistas-ana
Esqueletos de árvores,
lampiões rodando no vento,
no chão, sombras, bêbadas.
Alexei Bueno

Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?