“Viento” é o encontro entre dois lutadores libertários de épocas diferentes a partir de uma casual coincidência.
Alejandro, El Tuerto, vencido na Guerra Civil Espanhola, foragido e guerrilheiro, percorre um extenso périplo¹ vital em constante luta pela sobrevivência e a dignidade. Maquis², campos de concentração, exílio… mas também, profundas vivências marcadas pela amizade, o amor, a fraternidade, a entrega, o desengano, a traição e o isolamento.
Diego, um jovem consciente do engano que pretende o Sistema para o povo e que mostrou sua verdadeira cara nos últimos anos de crise. Contra o que lutará participando em movimentos sociais e ensaiando essas transformações desejadas em seu dia a dia, em suas relações, práticas e sonhos.
Seu encontro une a continuidade quebrada pelo franquismo e os anos seguintes de dúvida democrática e ambos lutaram juntos por dignificar a memória daqueles que deixaram suas vidas ou parte delas na luta antifascista.
“Viento” é uma novela composta por um quebra-cabeça de cenas bem encaixadas e tratadas com rigor histórico, que nos convida a puxar o fio de alguns dos momentos expostos na obra. Com um estilo próprio marcado o autor consegue elevar a emoção, a reflexão social e vital, sem abandonar certos jogos literários e uma série de realismo mágico que inunda a obra com delicada sutileza.
Completa a obra um apêndice necessário, os Contos antifascistas, concebidos por uma companheira guerrilheira, que serviam para embalar suas filhas nas noites frias, quando de sua partida pelas serras ibéricas, e que foram resgatados após mais de setenta anos de esquecimento.
Javi Caballero
Nasceu em Guadalajara há trinta e seis anos, e viveu sempre por aqui, salvo os cinco últimos anos (durante dois e meio morou em uma aldeia na Sierra Norte da província, e durante os outros dois e meio decidiu mudar para a Argentina; diferentes concepções de uma mesma aprendizagem). Cresceu silencioso e otimista, e quando caviló que a solução para certas misérias passava, certamente, pelo conhecimento e a consciência, decidiu projetar sua sombra de sensações pelos pentagramas possíveis e criar outras realidades alternativas.
Ganhou a vida como jardineiro, operário fabril, porteiro de edifício, bibliotecário, auxiliar geriátrico, educador de rua e terapeuta infatigável. Estudou psicologia, e exerce dita profissão igualmente no papel de seus cadernos e em seu entorno próximo. Tem fé no mar, nas montanhas, nas pessoas, nos bichos e nas coisinhas que brotam do barro. Faz alguns anos, quando era todavia um escritor jovem, conseguiu publicar várias obras e também ganhou alguns concursos. Na Argentina terminou sua primeira novela, “Viento”, e sem querer, através de um diário febril que escrevia sua cachorra, finalizou a segunda. Conta com alguns livros inéditos de poesia, narrativa e teatro. É um louco dos micro-relatos e da poética livre. Todos os seus escritos contêm um fundo social que vai além da simples denúncia. Crê na re-humanização através da criatividade e a igualdade como única forma de liberdade.
Viento
Javi Caballero
Volapük Ediciones, Guadalajara, maio 2016
548 páginas
18 euros
volapukediciones.blogspot.com.br
[1] Périplo: Périplo (do latim “periplus” a partir do grego antigo: περίπλους “periplous”, “circum-navegação”) na antiga navegação dos fenícios, gregos e romanos era um documento manuscrito que registrava, em uma seqüência, os portos e os pontos geográficos costeiros, com as distâncias aproximadas entre eles, que o capitão de uma embarcação poderia esperar encontrar ao navegar em volta de um mar ou ao longo das costas de um país.
[2] Guerrilheiros que lutaram contra a ditadura franquista.
agência de notícias anarquistas-ana
vento apressado
por que não senta aqui
do meu lado
Alexandre Brito
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!