[Já está circulando a edição 30 do jornal “El Aguijón”. Neste número o jornal traz matérias sobre “Minga agrária campesina, étnica e popular no oriente antioqueño”, “As comunidades frente ao desenvolvimento: lutas pela autonomia”, “Contra as reformas educativas neoliberais”, e muito ma is. Reproduzimos, abaixo, o editorial desta edição.]
Esse editorial é um desfazer, uma autocrítica dentro do processo do “El Aguijón”, mas também uma celebração, um reconhecimento da construção da memória coletiva própria das práticas anarquistas. Foram trinta edições propondo discussões críticas de nossa realidade em distintas escalas e na diversidade dos acontecimentos, tentando construir uma perspectiva própria, um lugar desde on de olhar/agir que nos permita problematizar o existente e conjeturar sobre o instável. Seis anos de mudanças no ritmo de trabalho, intensidades e compromissos para construir cada nova edição. Não em termos produtivistas ou de limitação da liberdade, mas, em essência, um jornal anarquista necessita de conspiradores comprometidos e com a obstinação de desobedecer. Desobedecer em termos comunicativos desde nossa perspectiva é uma das pedras angulares que caracteriza a imprensa anarquista, que vê na contrainformação autônoma, anti-autoritária e anticapitalista uma arma, uma de nossas trincheiras de luta.
De 2009 para cá transcorreram infinitas histórias pelas quais vale a pena realizar uma pausa para ampliar o sucedido, mas para não fazer desse editorial um extenso texto, iremos contar um pouco ao leitor dessa história do Jornal “El Aguijón”.
Para além da universidade, há uns sete anos, confluíram desejos, objetivos e vontade de fazer de três personagens, todos anarquistas e que se diziam com energia suficiente e potente para como em um estalar destruir tudo o que impede a liberdade. Não se quer dizer que “El Aguijón”abandonou sua crítica radical hoje, mas que pelo processo que passaram temporalmente outras pessoas, estão amadurecendo as sementes de rebeldia em aç&oti lde;es e compromissos com a luta para modificar o mundo. Primeiro foi uma colagem em um mural, com poucas reproduções, logo depois foi um impresso em formato menor. “Dos muros para suas mãos, dizíamos”, para explicar a mudança e objetivarmos alcançar mais pessoas para além da universidade.
Não acreditávamos sermos portadores de nenhuma ideologia em particular, nem em alcançar todos os rincões e nos autoglorificar por ser a verdade do anarquismo nessas latitudes. Tão pouco copiamos ao pé da letra a agenda comunicativa produzida pelas empresas de comunicação e muito menos da imprensa alternativa. Propusemos temas não conjunturais, discussões fora da tendência e feitos de moda. Com o intento de dar interpretação própria dos fenômenos e temas dominantes nas notí cias e conteúdos da imprensa tradicional e oficial, discutimos sobre o próprio anarquismo, criticamos radicalmente a realidade na qual padecemos, destruímos e construímos os nossos inimigos (a autoridade e o capital), recordamos e compartilhamos informação sobre o movimento anarquista do qual fazemos parte.
“El Aguijón” nunca deixou de ferroar; mudamos constantemente o número de edições por ano, nos movemos em uma espécie de periodiocidade própria, dada por nossas conjunturas vitais e apostas rebeldes. Em várias oportunidades criar confluência na organização do jornal foi difícil, já que os indivíduos que somos também estão sob o domínio do capital e da autoridade. Ainda que sejamos também escravos, o desejo de libertação das correntes que nos aprisionam nos impulsiona a tentativa e erro, e fomos caminhando com nossas próprias energias, acordos, projetos e propósitos. Obstinados como sempre nos negamos a desaparecer, pois queremos seguir acendendo a chama da rebeldia.
Nesse caminhar, os círculos locais foram nosso primeiro espaço de circulação. Por universidades, grupos de estudos, coletivos de trabalho, malabaristas, organizações estudantis, estudantes, sindicalistas, organizações comunitárias, espaços de contracultura… punks, entre outros grupos sociais do Vale do Aburrá, começamos a envenenar as mentes com “El Aguijón”. A continuidade e o crescimento qualitativo de seu conteúdo e desenho, misturada com a pequena dose de experiência e autocrítica, por meio da internet e da circulação física por encomenda ou por viajantes e viagens de amigos, hoje podemos dialogar e chegar a diversos locais da América Latina, Europa e América do Norte.
Nesse sentido, sempre mantivemos o presente debate: Quem nos lê? Para quem escrever e contrainformar? Escrevemos para pessoas rebeldes, dispostos a se deixar envenenar, não para cair em um efeito permanente e adormecedor de somente considerar válidas as nossas interpretações, mas para despertar todos os sentidos que propicie a revolta, estimulando outras percepções, perspectivas, e começar a viver a vida por nossos próprios projetos, contrários aos valores vigentes da sociedade atual.
Apesar de seguirmos repetindo as mesmas críticas que autoavaliamos como freios do processo. Apesar de às vezes parecer perdida a luta que estamos travando frente o papel da comunicação na alienação do indivíduo. Mas valoramos o esforço autônomo que nos permitiu saber que o caminhar nem sempre é no mesmo ritmo, e que nos trechos perigosos e dificultosos temos que aprender a transitar com firmeza e bom cálculo. Estamos orgulhosos de apresentar a trigésima edição do jornal “El Aguijón&rdq uo;; insistimos sempre em uma leitura crítica do conteúdo e sem duvidar e desobedecer.
“El Aguijón”, Abril/Agosto de 2016.
Clique no link abaixo para ler e imprimir:
https://issuu.com/elaguijon-klavandoladuda/docs/separata_para_web
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Vejo um brilho
Nos olhos do menino
Que vê a fogueira.
Bruno Sales – 13 anos
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!