Coletivo de Geografia Crítica
18 de dezembro de 2016
A investida que vive na atualidade a nacionalidade Shuar em seu território conta com poucos precedentes em sua história. Os Shuar foram o único povo que resistiu à colonização espanhola nos séculos XVI e XVII através de uma luta conjunta entre seus clãs para queimar os povoados de expansão da colônia e expulsar de seus territórios aos que só buscavam ouro. A existência de recursos minerais despertou desde faz décadas um novo ciclo de tentativa de despojo do território Shuar.
O projeto Mirador é o primeiro projeto de mineração a céu aberto de grande escala que se põe em marcha no país, se localiza ao sul do território Shuar, em Tundayme. Se trata de um projeto de concessão à empresa chinesa Ecuacorriente, que teve com a Revolução Cidadã o período de maior avanço em sua implementação territorial. Na atualidade se está levando a cabo a fase de construção da mina, fruto do êxito de uma variedade de estratégia s violentas desatadas sobre as pessoas que vivem ali.
No mapa seguinte pode se observar como, dos 25 casos levantados em 2015 pelo Coletivo sobre conflitos territoriais nos quais se disputa a entrada dos projetos do capital, o caso da mineração em Tundayme é o que registra mais violência em todo o país, concentrada entre os anos 2013 e 2015. Destacam também as ações de violência direta sobre a população que resiste à implantação deste megaprojeto mineiro. Medidas como a destruição de lugares emblemáticos da comunidade de San Marcos como a igreja e a escola, a destruição e expulsão das moradias às famílias moradoras de todo o setor ou o assassinato do líder Shuar José Tendentza fazem parte das estratégias de violência e desterritorialização levadas a cabo sobre os habitantes desta zona.
Por outro lado, pode observar-se como os casos com mais violência se encontram em maior medida ao redor, longe dos principais centros urbanos e vias do país, o que mostra uma administração da violência nas áreas mais distantes dos principais lugares de decisão do Equador. Em resumo, a violência se administra ali onde a opinião pública tem mais dificuldade de seguir o que está sucedendo.
Em 2013 elaboramos este outro mapa junto a Acción Ecológica e à Comisión Ecuménica de Derechos Humanos. Este mapa sintetiza o processo contraditório e violento através do qual se produz o território. Por um lado, podem apreciar-se em cores os distintos centros e comunidades que compõem a nacionalidade Shuar no sul da província de Morona-Santiago e o norte de Zamora-Chinchipe. Superpostos, se encontram ademais, os grandes projetos mineiros decretados pelo Estado equatoriano e as concessões mineiras em marcha nesse momento (na atualidade o número de concessões e sua extensão cresceu).
Em 2013 Panantza-San Carlos era um dos megaprojetos mineiros situados em território Shuar. A nacionalidade Shuar enfatizou sua oposição à mineração durante os últimos anos, insistindo em que a designação destas concessões e megaprojetos mineiros se realizam sem consulta prévia, violando-lhes o direito amparado pelo Convênio 169 da OIT, subscrito pelo governo equatoriano. A forma violenta na qual se tem desenvolvido o primeiro dos grandes projetos mineiros em Mirador, não fez mais do que aumentar a negativa. O desalojo violento levado a cabo com os corpos de repressão do Estado em Panantza em agosto de 2016, supôs outra escalada da violência do Estado equatoriano contra a nacionalidade Shuar. A te ntativa das empresas chinesas de que seja o segundo megaprojeto em marcha sobre território Shuar só é mais um passo na construção de um grande distrito mineiro em toda a zona, que afetaria à totalidade do território Shuar.
O Estado equatoriano gerou violência com o fim de entregar o território ao capital, pretendendo despojar do espaço de vida e de reprodução da cultura a uma nacionalidade que enfrentou historicamente a colonização para o saque de seus minerais. Em novembro de 2016, o povo Shuar deu uma chamada de atenção à sociedade equatoriana tomando o acampamento mineiro da empresa chinesa em Panantza. O Estado gerou mais militarização do território com contingentes de centenas de militares e policiais vindos de todo o país. O enfrentamento que atualmente está vivendo a nacionalidade Shuar e os corpos de repressão do Estado deve cessar para dar passagem a uma paz com direitos. Enquanto nos mapas da nacionalid ade Shuar continuem superpostos megaprojetos e concessões mineiras que pretendem colonizar, saquear e destruir os espaços de vida; enquanto a implementação sobre o espaço da militarização e a violência seja a única resposta do Estado ante a oposição a estes projetos do capital, a nacionalidade Shuar não estará em paz.
Fonte: http://geografiacriticaecuador.org/2016/12/18/manifiesto-en-defensa-del-territorio-shuar
Tradução > Sol de Abril
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tentando catar folhinhas
caídas no chão.
Lena Jesus Ponte



Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?