Agência de Notícias Anarquistas - ANA
Browse: Home / 2017 / Março / 29 / [Reino Unido] Viva, Viva Hammnell! A “avó” do punk

[Reino Unido] Viva, Viva Hammnell! A “avó” do punk

By A.N.A. on 29 de Março de 2017

reino-unido-viva-viva-hammnell-a-avo-do-punk-1

 

Por Lady X

Agora tem 86 anos e um sorriso que parece não abandonar nunca. A vida de Viva Hamnell é uma epopeia contemporânea que começa ao finalizar a Segunda Guerra Mundial e chega até à época da primeira onda de punks ingleses. A seguir, o resto, é ainda mais assombroso. Porque houve duas Vivas: a primeira, enquanto durou um casamento que a fez infeliz (tinha se casado em 1942 sem estar apaixonada) e a segunda, quando este acabou e, contra todo o prognóstico, descobriu o que estava acontecendo em Londres e em toda Inglaterra com a febre punk.

Nasceu em Fulham Road, em Kensington, Londres, e trabalhou numa fábrica de tabaco. Mais tarde, após a sua separação, mudou-se para o campo. No meio daquele trajeto vital, ficaram dois filhos que já eram maiores e viviam as suas vidas. Estava sozinha, mas depressa passou a fazer parte de uma grande comunidade. Era o ano de 1976, soavam as primeiras bandas punks como Buzzcocks, The Damned ou Sex Pistols. Os grupos multiplicavam-se e a imprensa falava de uma verdadeira “invasão”. Viva começou a frequentar locais punks. Embora fosse mais velh a que a maioria dos punks rockers (apenas adolescentes), encaixou com todo aquele mundo, até ao ponto em que entrou numa banda, The Bricks, que tirou o seu nome de uma letra de Ian Dury e que, praticamente, foi o primeiro grupo punk de Cornwall.

A diferença de idade com respeito ao resto dos membros era enorme: Viva tinha já 45 anos e tinha vivido experiências que o resto apenas imaginava, mas não importou. Ainda assim, em um daqueles primeiros ensaios perguntou-o abertamente. Ninguém pôs objeção alguma. Chamaram-na “mamá” entre risos. Viam-na como algo estranho, mas também como um anúncio publicitário. Carecia de talento musical, como ela mesma reconheceria décadas mais tarde, mas o punk permitia isso mesmo e ela sabia-o. Tinha suficiente coragem e vontade de construir um novo mundo. Vestiu-se como um homem ou adaptou uma imagem de dançarina de cabaret.

Três anos mais tarde, em 1979, foi detida quando a polícia revistou a sua casa e encontrou no seu jardim uma grande plantação de marijuana. Viva viu-se rodeada de agentes que a interrogavam sobre o achado: “Pensei que era uma plantação de tomates”, respondeu. Foi detida e encerrada um par de dias, uma das suas piores experiências. Quando esteve perante o juiz de Plymouth Crown, livrou-se da condenação com um argumento que soava muito forçado mas no entanto funcionou: as plantas não eram suas, mas de um amigo, que tinha lhe pedido que as cuidasse. E estalou o escândalo. Os jornais publicaram a sua fotografia, apresentado-a como ” incrível mamá punk”, uma “lollipop lady” que tinha sido apanhada em flagrante e então converteu-se em alguém famosa.

Tudo isto e mais aparece num documentário onde narra a sua vida como uma sucessão de contrastes e que leva o título de “Viva. Punk, rebel. 82” e dirigido por Amanda Bluglass.

Apesar que o tempo passava, Viva seguiu sendo uma punk rocker. Embora The Bricks se tenham separado em 1982, assistiu a todos e cada um dos festivais de Glastonbury, onde os mais jovens viam-na passear vestindo trajes chamativos. A sua imagem, de forma deliberada, mostrava-a como uma espécie de “rainha do punk”, absolutamente discordante com o aspecto do resto do público e dos jovens punks. O seu apelido era “Gladys”. Não se enganavam: era e é a punk rock mais velha do mundo, algo que disputam outras e outros tantos, todos eles pioneiros de moviment os e subculturas que brilharam com força faz três ou quatro décadas e que hoje são orgulhosos avós e avôs teddies, skinheads e punkrockers.

Fonte: http://www.agenteprovocador.es/publicaciones/viva-hamnell-la-abuela-del-punk

Tradução > Joana Caetano

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2017/03/14/reino-unido-anarquia-e-paz-com-penny-rimbaud-do-crass/

agência de notícias anarquistas-ana

Em qualquer lugar
Onde se deixem as coisas,
As sombras do outono.

Kyoshi

Compartilhe:

Posted in Arte, Cultura e Literatura, Geral, Movimentos Políticos & Sociais, Mundo | Tagged Reino Unido

« Previous Next »

Sobre

Este espaço tem como objetivo divulgar informações do universo anarquista. Notícias, textos, chamadas, agendas…

Assine

Leia a A.N.A. através do feed RSS ou solicite as notícias por correio eletrônico através do endereço a_n_a[arroba]riseup.net.

O blog também possui sua versão Mastodon.

Participe

Envie notícias, textos, convocatórias, fotos, ilustrações… e colabore conosco traduzindo notícias para o português. a_n_a[arroba]riseup.net

Categorias

  • América Latina
  • Arte, Cultura e Literatura
  • Brasil
  • Discriminação
  • Economia
  • Educação
  • Espaços Autônomos
  • Espanha
  • Esportes
  • Geral
  • Grécia
  • Guerra e Militarismo
  • Meio Ambiente
  • Mídia
  • Mobilidade Urbana
  • Movimentos Políticos & Sociais
  • Mundo
  • Opinião
  • Portugal
  • Postagens Recentes
  • Religião
  • Repressão
  • Sexualidades
  • Tecnologia

Comentários recentes

  1. moésio R. em Lançamento: “Haikais Libertos”, de Liberto Herrera30 de Junho de 2025

    entra neste site: www.imprimaanarquia.com.br

  2. Suzane em Lançamento: “Haikais Libertos”, de Liberto Herrera27 de Junho de 2025

    Parabéns, camarada Liberto! O pessoal da Ana poderia informar como adquirir a obra. Obrigada!

  3. Raiano em [Espanha] Encontro do Livro Anarquista de Salamanca, 8 e 9 de agosto de 202526 de Junho de 2025

    Obrigado pela traduçao

  4. moésio R. em Mais de 60 caciques do Oiapoque repudiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas9 de Junho de 2025

    Oiapoque/AP, 28 de maio de 2025. De Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque – CCPIO CARTA DE REPÚDIO…

  5. Álvaro em Mais de 60 caciques do Oiapoque repudiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas7 de Junho de 2025

    A carta não ta disponível

Copyleft © 2025 Agência de Notícias Anarquistas - ANA. RSS: Notícias, Comentários