Na terça-feira passada (16/05), Jean-Marc Rouillan, que foi condenado a prisão perpétua em 1989 e que se encontrava em um regime de semiliberdade desde 2011, foi condenado pelo Tribunal de Apelações de Paris por apologia ao terrorismo, baseado em uma citação fora do contexto a respeito dos atentados de Paris. Um julgamento político para o ex-militante do Action Directe.
Em uma entrevista concedida a Le Ravi em 23 de fevereiro de 2016, Jean-Marc Rouillan mencionou o valor dos terroristas que perpetraram os atentados de Paris contra Charlie Hebdo e o Hyper Cacher, condenando suas ações e “suas ideias como reacionárias”: “Lutaram valentemente. Lutaram nas ruas de Paris, sabiam que havia 2.000 ou 3.000 policiais. Muitas vezes nem sequer preparam suas saídas porque pensam que serão assassinados antes que terminem a operação. Os irmãos Kouachi, quando estavam na imprensa, lutaram até a última bala. Podemos dizer que estamos contra suas ideias reacionárias, que podemos falar de muitas coisas contra eles, dizendo que foi uma besteira fazê-lo, mas não podemos dizer que são crianças ou covardes”.
Imediatamente, as autoridades, começando por Cazeneuve, responsáveis pela morte de Rémi Fraisse, se manifestaram contra o ex-membro do Action Directe, que é responsável do duplo assassinato do engenheiro geral de armamento René Audran (1985) e do CEO da Renault Georges Besse (1986). Seus comentários distorcidos serviram rapidamente de pretexto para condenar uma extrema-esquerda que não aceitou o estado de emergência imposto pelo governo, já que a repressão contra a manifestação organizada contra a COP 21 [Cúpula do Clima de Paris] se observou perfeitamente. No entanto, as observações de Rouillan são inequívocas tanto na condenação da barbaridade dos atos como na iden tificação das causas imperialistas que os produziram: “A força aérea francesa que luta no Iraque e Síria favorece o Daesh. Quando bombardeamos uma escola, levantamos 2.000 combatentes para o Daesh.”
Rouillan foi julgado em 24 de junho de 2016 e sentenciado em 7 de setembro a oito meses de prisão. Foi beneficiado por uma campanha de apoio que gerou o abandono da acusação e de um julgamento em apelação contra Jean-Marc Rouillan. Na terça-feira passada, o veredito da justiça foi ainda mais severo que na primeira instância: 18 meses de prisão (10 meses com um indulto e 8 meses de estrita liberdade condicional), junto com isto uma multa de 1.000 euros para ser paga à Associação Francesa de Vítimas do Terrorismo (AFVT) e a proibição de comentar o caso em público.
Christian Etelin, advogado de Jean-Marc Rouillan, denuncia uma “aberração jurídica” e um julgamento político. Por este motivo, o advogado que acompanhará o ex-militante do Action Directe no tribunal de cassação (Tribunal Superior), enfatiza que “Não são os fatos que se consideraram mas o indivíduo, Jean-Marc Rouillan”. Além disso, ao passar os padrões duplos dos quais Rouillan é vítima, afirma que: “Quando Éric Zemmour diz as mesmas palavras na televisão, ele não é condenado.” O julgamento tem uma clara intenção contra Jean-Marc Rouillan um ex-membro do Action Directe. Também é uma forma de silenciar a todos os oponentes do estado de emergência permanente e o imperialismo francês respons&a acute;vel pelas guerras e o terrorismo.
Foto: Remy Artiges. Jean-Marc Rouillan em 18 de junho de 2015.
Fonte: http://www.revolutionpermanente.fr/Jean-Marc-Rouillan-condamne-en-appel-pour-apologie-du-terrorisme
Tradução > Sol de Abril
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