IX Congresso da Associação de Estudos Bolivianos
No marco de nosso evento, a realizar-se na cidade de Sucre, de 24 a 28 de julho de 2017, acontecerá o Simpósio “Anarquismo, autonomia e comunitarismo na Abya Yala-Nossa América”, cuja coordenação acontece a cargo de: Ivanna Margarucci, PUICS, UMSS, CONICET, (ivanita77@hotmail.com) e Marcelo Maldonado Rocha, PUICS, UMSS, (chinomagot@hotmail.com); como moderadora da Mesa, estará: Sílvia Rivera Cusicanqui, Coletivo Chixi.
A mobilização política dos setores subalternos foi uma constante na história contemporânea e recente de vários países de Aya Yala. O anarquismo, considerado como ideologia e movimento, se inscreve dentro desta tradição de mobilização política e, ao mesmo tempo, foi um de seus gestores. Ademais da trajetória percorrida na história da Bolívia pelo anarquismo ou os “anarquismos” – se entendemos a suas diferentes variantes – na realidade é possível encontrar expe riência sociais e políticas vinculadas a partir de sua pegada antiestatal e autônoma, com os postulados ou a prática libertária.
Pese ao anterior, o “anarquismo” enquanto área e objeto de estudo e investigação não tem sido tratado de acordo com a importância que teve e tem no processo histórico e político-social regional. A historiografia “oficial” do movimento operário, não apenas na Bolívia, mas em outros países do continente, tem trabalhado essa problemática de forma parcial, incompleta e mal-intencionada, incorrendo constantemente em deliberadas distorções, intencionados encobrimentos e fun estas amnesias, motivadas pela afinidade político-ideológica dos autores que representam dita corrente.
No caso boliviano, na década de 1980, este olhar começou a ser revertido por uma série de investigações pioneiras – da mão do Curso de História Oral (THO) e o Curso de História e Participação da Mulher (TAHIPAMU) – que, junto a outros trabalhos contemporâneos, conseguiram reconstruir com maior grau de precisão, a complexa e rica história do anarquismo. As linhas de investigação abertas por essas produções são múltiplas e estão longe de terem sido esg otadas. Do mesmo modo, os acontecimentos sociais e políticos mais recentes influenciados ou com direta inserção anarquista, tem sido abordadas pelas ciências sociais, restando não obstante por aprofundar neles, de acordo ao próprio desenvolvimento de sua dinâmica e influência nos processos sociais contemporâneos.
Nesta oportunidade, a mesa “Autonomia, comunitarismo e anarquismo em Abya-Yala-Nossa América” amplia e reatualiza a experiência do simpósio Anarquismo na Bolívia ontem e hoje”, desenvolvido em 2015 na VIII edição do Congresso da Associação de Estudos Bolivianos, com sede em Sucre. Nesse sentido, aspiramos a reunir no marco do simpósio o resultado de investigações, trabalhos e reflexões elaboradas desde diferentes disciplinas, como as ciências sociais, a filosofia, a literatura e as artes, assim como desde o ativismo ácrata, comunitarista e autonomista vincula das todas elas ao passado, presente e futuro das lutas sociais no continente. Sob essa perspectiva, convocamos à apresentação de estudos sobre experiências comunitárias, autonomistas e libertárias, com o fim de construir memórias compartilhadas sobre a vocação antiestatal de muitas mobilizações atualmente vigentes, desde o âmbito das lutas pelos bens comuns, a autogestão e autonomia organizativa, e suas possíveis conexões com as experiências históricas das correntes libertárias. A intenção é reunir as memórias dos setores subalternos que recorreram e recorrem a práticas por fora do Estado e do mercado, assim como as redes que vão surgindo destes intercâmbios. Esta mesa pretende ser um espaço de discussão com iniciativas diversas e plurais, que sob a luz dos princípios libertários de apoio mútuo, auto-organização e ação direta, tem permitido manter viva a chama da rebeldia e questionar desde baixo os movimentos intelectuais e políticos que buscam silenciá-las e cooptá-las.
Com tudo isso, o simpósio se propõe a visibilizar e fortalecer a reflexão sobre experiências comunitárias e autônomas, com ou sem vínculos explícitos de caráter doutrinário com os princípios libertários, ao mesmo tempo que promove o intercâmbio e debate entre esses diferentes olhares e perspectivas que abriram um espaço nos cenários micropolíticos de Nossa América. Desse modo, se poderá lançar uma luz sobre a vertente libertária existente na mobilização política dos “desobedientes” setores subalternos ur banos e agrários, e recuperar a ideologia e a organização promovidas pelo anarquismo, como fonte enriquecedora e de instrumentos teóricos e práticos para dar batalha contra toda forma de opressão e totalitarismo.
Mais infos: https://lasa-4.lasa.pitt.edu/members/conferences/bolivia_030317.pdf
Tradução > KaliMar
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!