Com aqueles que não participaram do chamado oficial da CUT e que, por outro lado, sentem o compromisso de classe e a necessidade de se manifestar nosso desacordo com a institucionalidade, nos reunimos na segunda-feira do 1º de Maio na esquina da Alameda com a Av. Brasil por volta das 10 da manhã. Enquanto os companheiros e companheiras se reuniam no dito lugar, diversas agrupações participantes difundiam suas manifestações através de faixas e folhetos autogeridos, que passando de mão em mão transmitem ideias libertárias que nos motivam a seguir lutando e que, nessa data particular, destacam a comemoração dos trabalhadores anarquistas mortos em maio de 1886 em Chicago, em razão de uma manifestação na qual reivindicavam a jornada de 8 horas de trabalho, ocasião em que foram submetidos a um julgamento ilegítimo que culminou com a condenação a morte de cinco deles, na chamada tragédia de Haymarket.
Uma vez reunidas todas as agrupações participantes, começamos a marcha vociferando consignas antiestatistas antipatriarcais e anarcossindicalistas, rodeados de participantes e simpatizantes das luta classicista, que de maneira independente se integraram a esta manifestação popular que circulou pela principal artéria da cidade em direção a Estação Central.
Durante o percurso, ficou manifesto que nem todos os participantes concordam com os princípios que nos mobilizam, dado que uns participantes foram acusados de machistas e se armou uma pequena confusão e discussão, que nos deixou claro que o dispositivo heterosexista ainda permeia até mesmo algumas agrupações que se autodefinem como libertárias e revolucionárias.
Não havendo ainda de terminar o percurso, a força policial se fez presente de forma violenta e arbitrária como é de costume, rodeando aos participantes com seus carros com gases tóxicos, disparando contra jovens, meninos e meninas, mães e todos os que participavam pacificamente de um ato legítimo, tendo que fugir para protegerem-se. Dessa maneira a polícia alcança seu objetivo repressivo, dissipando a força da marcha, como na metáfora de uma velha prática política de dividir para enfraquecer, mecanismo este utilizado d esde tempos remotos para atenuar o poder de uma organização popular. Ao mesmo tempo os meios de comunicação “informam” sobre os distúrbios ocorridos e sobre a “violência” dos manifestantes. Outra vez, o poderoso tem em suas mãos a verdade oficial, o discurso bem-pensante e normalizador que apazígua o terror dos espectadores que desde suas casas franzem a sobrancelha ante a violência dos “ressentidos” que destroem o patrimônio nacional.
Finalmente, a marcha durou muito pouco, restando um sentimento de insatisfação, em razão do pouco tempo de sua duração e, principalmente, porque a luta segue sendo desigual. O aparato técnico e repressivo da força policial é de longe superior a dos manifestantes, existindo momentos em que parece um jogo de crianças, com algumas pedradas e pichações diante das armas desenhadas para reprimir utilizadas pelos uniformizados. Um percurso pequeno, por um setor popular, muito distante dos bairros elegantes, onde o impacto da manifesta&cced il;ão talvez tivesse obtido algo além de uma inesquecível algazarra no marco de uma forma de participação cidadã hegemonizada pelo discurso institucional.
Continua, pois, a luta autônoma para gerar união, apoio mútuo, autogestão com intenção de melhorar as condições de trabalho e a vida em geral das classes trabalhadoras e de todos.as que sentem a opressão do poder heteropatriarcal sobre seus ombros.
Por fim, e uma vez finalizada a marcha, convidamos a todos os companheiros e companheiras a participar de uma tarde de cultura, conversação e encontro na Casa do Comunismo Libertário, onde se desenvolveram uma série de atividades como conversas, se ofertou um almoço comunitário e finalmente apresentou-se a obra “Os Grilhões”, que narra a história de um grupo de trabalhadores anarquistas subjugados pela lei em inícios do século XX.
Sindicato de Ofícios Vários Santiago
Tradução > Liberto
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