A “El Enemigo Común” nos dá gosto compartilhar o livro “Agosto Negro: Presas y presos en pie de lucha”, escrito por uma colaboradora nossa, Carolina Saldaña e editado por “SubVersiones” no final de dezembro de 2016 na Cidade do México.
O texto reproduzido a seguir inclui a introdução do livro e umas linhas da seção do capítulo I intitulada “La tradición de Agosto Negro”.
Introdução
Em comemoração à tradição de Agosto Negro (Black August) que surgiu nos anos 70 para honrar a George Jackson e outros companheiros do movimento revolucionário dentro das prisões da Califórnia, nos solidarizamos com dezenas de presas e presos políticos do Movimento de Liberação Negra encarcerados nas prisões dos Estados Unidos durante décadas.
Neste livro compartilhamos o espírito revolucionário de pessoas de enorme compromisso e valor, com impressionantes histórias de luta em suas comunidades e dentro das prisões. Estes homens e mulheres se mantiveram dignos e inquebrantáveis ante todo tipo de trato cruel e degradante. Apesar da guerra desatada contra eles através do programa COINTELPRO do FBI e dos contínuos esforços da polícia organizada e dos meios de comunicação comerciais para apagá-los da história, é possível encontra r informação verídica sobre seus casos em alguns livros, documentários ou sites, mas quase tudo em inglês.
Em 2010, Carolina Saldaña, uma repórter de meios livres que colabora com o coletivo de Amigxs de Mumia no México, se dedicou a fazer chegar parte desta informação a uma população mais ampla em uma série de artigos escritos em espanhol. Em 2014, estes artigos – um trabalho de recompilação, tradução, contextualização e redação – foram reproduzidos em um fanzine, que se converteu em um livro publicado pela editora “Lxs Nadie” em agosto de 2016. Para final do ano, se apr esenta, em colaboração editorial com “SubVersiones”, a versão do livro atualizada e ampliada: “Agosto Negro: presas y presos políticos en pie de lucha”.
A partir de 2014, cinco dos presos políticos nomeados aqui foram festejados em suas comunidades ao sair da prisão. Nos alegra que depois do roubo de décadas de sua vida, Maliki Shakur Latine, Albert Woodfox, Sekou Odinga, Gary Tyler, Sekou Kambui e Marshall Eddie Conway agora estejam em liberdade. Mas também há mortes que não se perdoam. Phil África, Hugo Yogui Pinell, Mondo we Langa e Abdul Majid lutaram atrás dos muros até o final de seus dias aqui na terra contra um sistema assassino, o que assinala a urgência da pronta liberação dos demais presos e presas por lutar.
Neste momento, o racista, misógino e abertamente fascista Donald Trump promete mão dura contra as comunidades negras, latinas, imigrantes e muçulmanos. Desde cima, não podemos esperar outra coisa que um endurecimento da desastrosa política carcerária levada a sua máxima expressão pelos regimes anteriores, especialmente o de Clinton.
No entanto, desde baixo surgem movimentos que não temos visto em muitas décadas. As greves de fome organizadas a partir de 2011 nas prisões da Califórnia foram exitosas em reduzir drasticamente o castigo do confinamento em solitária, e se realizaram greves contra a escravidão por milhares de presos no país. Também vimos resistência ampla contra o terror policial, o desenvolvimento de movimentos como “Black Lives Matter”, a defesa da água iniciada pela tribo Sioux em Standing Rock e um sem fim de atos anti-Trump. Fazem falta movimentos mais radicais que também lutem pela liberdade de t odas e todos os presos políticos e o desmonte do sistema carcerário de morte e tortura, agora importado ao México e muitos outros países.
Há muito que aprender das e dos combatentes retratados neste volume, e lhes agradecemos suas palavras de inspiração. Esperamos que o material compartilhado sobre suas vidas e lutas que incentive as gerações atuais a seguir seus passos, que chame ainda mais a atenção internacional sobre seus casos e que respalde os esforços para levá-los para casa.
Vai um agradecimento especial pela arte do companheiro Kevin Rashid Johnson e a companheira Kiilu Nyasha, também de nosso companheiro MCXozulu, e as fotografias de Stephen Shames. Também agradecemos a todas e todos que ofereceram apoio moral e ajuda na produção e difusão deste livro.
A tradição do Agosto Negro
A tradição do Agosto Negro nasceu em 1979 para honrar a George Jackson, Jonathan Jackson, James McClain, William Christmas e Khatari Gaulden, que seguiu construindo o movimento dentro das prisões até que foi assassinado em 1978. Vários ex-presos iniciaram o Comitê Organizador do Agosto Negro, ao usar braceletes negros, fazer exercício e sustentar jejum para comemorar os dias dos assassinatos, com ênfase na resistência, na unidade, no auto-sacrifício e na renovação espiritual. Também organizaram manifestações do lado de fora da prisão de San Quintín para cha mar a atenção pública acerca do reino de terror estatal que se vivia ali.
Durante mais de três décadas, um enfoque especial foi o apoio aos presos e presas políticos que receberam sentenças em vingança por sua participação em organizações como os Panteras Negras, a República de Nova Áfrika, MOVE, o Movimento de Ação Revolucionária (RAM), e o Exército de Liberação Negra (BLA).
Agosto Negro se estendeu a outras partes do país e do mundo, com iniciativas desde Cuba por parte das exiladas Nehanda Abiodun e Assata Shakur, que fugiu de uma masmorra do estado de Nova Jersey com a ajuda de seus companheiros guerrilheiros do BLA em 2 de novembro de 1979. Também se destacam os esforços de Malcolm X “Grassroots Movement”, MXGM, (Movimento de Base Malcolm X) em conjunção com várias outras organizações, poetas e artistas. Durante anos, muitos grupos de hip hop participaram nas comemorações do Agosto Negro para arrecadar fundos e difundir os casos das e dos presos polí ticos.
O livro Agosto Negro foi apresentado no México em mais de 20 espaços comunitários, universitários ou ocupados, junto com documentários legendados sobre Mumia Abu-Jamal, Assata Shakur, Dhoruba Bin Wahad, Sekou Odinga, Mutulu Shakur, Jalil Muntaqim, Albert Nuh Washington, David Gilbert, Ashanti Alston, George Jackson, “os 3 de Angola”, “os 8 de San Francisco”, os Panteras Negras, a Organização MOVE, Malcolm X, Oscar Grant, a Rebelião de Ática, Hip Hop do Agosto Negro, e COINTELPRO, entre outros temas. O livro também foi reproduzido no Sul do Chile por “Cimarrón Edicio nes”, completo e em capítulos, com capas artesanais criativas; ademais, chegou ao Brasil, Argentina, Costa Rica e Porto Rico. Em maio passado o livro foi apresentado em Barcelona pelos coletivos “Pensaré Cart oneras”, Aderentes da Sexta e o Comitê em Solidariedade com Leonard Peltier. O Comitê Coordenador Malcolm X no Brooklyn e MOVE na Filadélfia ajudaram em fazer-lhes chegar livros a alguns presos, ex-presos e familiares de presos.
Podem baixar o livro em PDF para ler, copiar e difundir no link abaixo. Para adquirir um exemplar impresso, escrevam a contacto@subversiones.org ou diretamente com a autora, Carolina Saldaña, a espirales@riseup.net. Para manter-se a par dos desenvolvimento nos casos dos presos, consultem os enlaces a sites como o “Jericho Movement”, “Anarchist Black Cross” e “Freedom Archives” na seção de Fontes ao final do livro.
Baixe o livro aqui: https://elenemigocomun.net/wp-content/uploads/2017/05/agosto-negro.pdf
Fonte: https://elenemigocomun.net/es/2017/05/agosto-negro/
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
pássaros cantando
no escuro
chuvoso amanhecer
Jack Kerouac
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!