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[França] Convite para publicação de textos sobre o anarquista peruano Manuel González Prada

By A.N.A. on 20 de Julho de 2017

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Revista Amerika, Universidade de Rennes 2

A revista Amerika, da Universidade de Renes 2 – ERIMIT (Équipe de Recherches Interlangues, Mémories Identités, Territoires), dedica a sua próxima edição ao tema “Em torno de Manuel González Prada: o pensamento radical como fermento literário e social”.

No dia 22 de julho de 2018 será comemorado o centenário da morte do escritor peruano Manuel González Prada (1844-1918). Poeta, ensaísta e publicitário comprometido, desde a época da Guerra do Pacífico, evoluiu do liberalismo radical ao anarco-comunismo. Em 1885 fundou um Círculo Literário onde nasce, em 1891, um novo partido político anti-oligárquico, a União Nacional, de que se separou a partir de 1902, para se dedicar à difusão do anarquismo na imprensa obreira. Percursor do modernismo em verso, inovador também na sua prosa e introdutor no Peru da filosofia social europeia, González Prada definiu o seu trabalho em duas palavras, “propaganda e ataque” (Páginas Livres, 1894), oferecendo um modelo na sua coleção de ensaios intitulada “Horas de Luta” (1908).

Assim começava o ensaio de M. González Prada “Notas sobre o idioma” (Páginas livres, 1894):

“Os leitores de novelas, dramas, poesias, etc… pertencem à classe medianamente ilustrada, e pedem uma linguagem fácil, natural, compreensível sem necessidade de recorrer constantemente ao dicionário. […] Aquele que subscreve o diário e compra a novela ou o drama, está em posição de exigir que falem compreensível e claramente. A leitura deve proporcionar o gozo de entender, não o suplício de adivinhar. […] Para exercer ação eficaz no humor dos seus contemporâneos, o escritor deve fundir a imaculada transparência da linguagem e a substância medular do pensamento. […] Ali os grandes agitadores das almas nos séculos XVI e XVIII; ali Lutero, tão demolidor de Papas como regenerador do idioma alemão; ali particularmente Voltaire com a sua prosa, natural como um movimento respiratório, clara como um álcool retificado”.

E concluía com estas frases:

“Aqui na América e no nosso século, precisamos de uma língua condensada, suculenta e alimentar, como estrato de carne; uma língua fecunda como irrigação em terra de trabalho; uma língua que desenvolva períodos como o estrondo e valentia das ondas na praia; uma língua democrática que não se detenha com nomes próprios nem com frases cruas como juramento de soldado; uma língua, enfim, onde se perceba o golpe do martelo na bigorna, o ruído da locomotiva no trilho, a intensidade da luz no foco elétrico e até o cheiro do ácido fênico, a fumaça da chaminé ou o barulho da roldana no eixo.”

Cumpriram-se os desejos de M. González Prada? Em que medida conseguiram os escritores americanos conjugar a renovação estética e a renovação social destas opções ideológicas radicais? Como influenciou a crítica política na maneira de conceber a escritura? Houve, ao contrário, um movimento dialéctico a partir da revolta estética até à tomada de consciência da necessidade de transformar a sociedade em seu conjunto? Pode-se levar a cabo ao mesmo tempo um compromisso literário e político revolucionário, sem sacrificar um pelo outro? É possível uma osmose perfeita entre o fundo e a forma, o pensamento e a língua, para ser revolucionário em um dos aspectos é necessário ser conservador em outro? Conseguiu a escritura literária e política no Novo Mundo, se não de transformar, pelo menos de promover eficazmente a transformação da ordem dominante?

A revista Amerika quer prestar homenagem a Manuel González Prada, dedicando um número temático ao radicalismo ideológico como fator determinante na criação literária e de crítica sociopolítica; como dinâmica destrutiva do velho e promotora de novas perspectivas para as Américas. Interessa especialmente a disjuntiva entre a atitude do intelectual vanguardista que, desde a sua torre de marfim, elabora utopias observando a certa distância o que sucede no mundo inferior, e a atitude dos homens e mulheres que lado a lado confraternizam com os oprimidos e desde o chão abrem à machadada a trajetória para uma sociedade mais justa.

Serão aceitos trabalhos sobre M. González Prada e sobre outros escritores, desde a época colonial até à atualidade, sempre que estejam reunidas as dimensões estéticas e políticas.

As propostas de artigos devem ter no máximo 500 palavras. Podem ser apresentadas em espanhol, português, francês ou inglês. Enviar as propostas com um breve curriculum a: amerika@revues.org – nestorponce35@yahoo.fr – joel.delhom@univ-ubs.fr

Após a previa aceitação das propostas pelo Comitê editorial, os autores apresentarão os seus artigos segundo as normas da revista Amerika (amerika.revues.org/749), com um máximo de 40.000 caracteres (bibliografia e notas de rodapé, páginas incluídas). Os artigos recebidos serão submetidos a um processo de avaliação anônima.

Cronograma (data limite)

– 30 de junho de 2017: recepção das propostas

– 20 de julho: aceitação pela equipe coordenadora

– 1º de outubro: recepção dos artigos e início do processo de avaliação/intercâmbios com os autores

– 5 de novembro: entrega dos artigos definitivos para publicação

– 1º de janeiro de 2018: saída do número da revista

PS: Os autores dos artigos comprometem-se a ceder a sua exclusividade à revista e autorizar a sua publicação online. Em caso de não respeito das normas de publicação o artigo será reenviado ao autor para realizar as mudanças obrigatórias e necessárias. Em caso de plágio, os autores serão considerados os únicos responsáveis. Em relação à integração de fotos e imagens, para cumprir as leis de autor, requere-se a autorização do beneficiário.

Tradução > Rosa e Canela

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Alice Ruiz

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