Há 100 anos, em todo o Brasil, a nascente classe operária promoveria uma de suas maiores experiências históricas de luta e resistência com a greve geral que agitou e parou completamente diversas cidades em todo país, em especial aquelas com presença importante da indústria. A greve geral de 1917 foi a expressão de uma longa e persistente jornada que levaram inúmeros trabalhadores para organizar a nascente classe operária brasileira ainda no decorrer de meados do século XIX.
Enfrentando diversas perseguições, prisões e demissões, os trabalhadores foram construindo uma forte organização, a Confederação Operária Brasileira e suas respectivas Federações Operárias estaduais. Essa organização foi responsável por promover inúmeras greves e atos de sabotagem contra as patronais herdeiras do escravismo, que edificavam sua riqueza no sangue e suor de jornadas exaustivas de trabalho que passavam das 12 horas diárias, castigos físicos e morais, trabalho infantil e de mulheres gestantes, enfim, da ausência completa de direitos trabalhistas.
A greve geral de 1917 foi o auge das lutas que iam se gestando pelo sindicalismo revolucionário, animado fundamentalmente por militantes de ideologia anarquista em um contexto histórico onde, por um lado, a guerra imperialista levava trabalhadores de distintos países a promoverem uma tremenda carnificina, mas por outro, vinham ventos revolucionários da distante Rússia, onde transcorria um dinâmico e criativo processo revolucionário acompanhado com grande entusiasmo pela imprensa operária e militante local.
No Brasil, os trabalhadores e suas organizações buscaram com a greve geral garantir os básicos direitos trabalhistas que ainda gozamos atualmente, tais como: descanso dominical, férias e redução da jornada de trabalho. Mas não paravam por ai! Também estava no horizonte do sindicalismo revolucionário medir as reais forças da classe trabalhadora e a possibilidade de desatar um verdadeiro processo revolucionário que reorganizasse a sociedade através das mãos da classe trabalhadora e de suas organizações, sem patrões e sem Estado.
Foi sem dúvida com o suor das lutas operárias de finais do século XIX e começo do XX que foram lançadas as condições básicas para que mais adiante a classe trabalhadora pudesse ter acesso a direitos básicos como os mencionados acima. A legislação trabalhista não é, nunca foi e nunca será um presente de patrões e governos, muito pelo contrário, é um trago amargo que essa claque se vê obrigada a engolir mediante o poder dos de baixo.
A reforma trabalhista e previdenciária que retira os nossos direitos não passa de uma vingança que as elites brasileiras desejavam ao longo desses longos anos. Hoje, mediante longos reveses na organização e luta dos de baixo, os de cima passaram a uma posição privilegiada para avançar na almejada vingança. Em medidas relâmpago, estão desmoronando por completo os poucos direitos que conquistamos com muitas lutas e sacrifícios.
Mas essa mesma ofensiva dos de cima não tem passado sem sinais de resistência. Em todos os locais de trabalho, tal como nas periferias, sentimos um grande mal estar, um sentimento de revolta e disposição de luta que muitas vezes tem sido sufocado pelas burocracias que desmobilizam a luta através de grandes aparelhos sindicais e partidários, canalizando os anseios da classe aos trâmites viciados da justiça burguesa e das eleições, enfim, na arena de nosso inimigo.
Atualmente muito se tem falado na greve geral como instrumento capaz fazer frente a voracidade dos patrões e do Estado, mas ainda esbarramos em uma série de dificuldades para levar a cabo tal iniciativa. Trabalhar para reverter essas dificuldades e colocar os de baixo no centro dos acontecimentos capazes de definir os rumos da sociedade é um esforço que marca o cotidiano. É por isso que nesse momento delicado para os de baixo em nosso país tomamos a iniciativa de fazer memória e justiça as companheiras e aos companheiros que escreveram essa página de resistência e dignidade dos oprimidos. São por essas razões, que saudamos o centenário da épica greve geral de 1917.
Federação Anarquista Gaúcha – FAG
Julho de 2017
> Participe do ato da FAG em memória ao centenário da Greve Geral de 1917
FB: https://www.facebook.com/events/737095569795220
28 de Julho, Sexta-feira, às 18h30
No Teatro da Cia de Arte
Rua dos Andradas, 1780, Porto Alegre-RS
federacaoanarquistagaucha.wordpress.com
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agência de notícias anarquistas-ana
No terreno baldio
Ainda cheias de orvalho,
Campânulas!
Paulo Franchetti
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…