Por Hanna Quevedo
Um museu extraordinário construído a partir de sobras e anarquia
Há muitos lugares no mundo onde a arte nos surpreende pela sua criatividade e os mundos que recria. Um desses mágicos, raros e extraordinários lugares é Slab City, também chamado “The Slabs”, um espaço que é em grande parte uma comunidade de pessoas nômades que ocupam um deserto em Sonora no chamado Condado Imperial da Califórnia, 156 milhas ao norte de San Diego. Slab City é a maior zona ocupada dos EUA e é utilizada por proprietários de “veículos recreativos” (caminhonetes, trucks, caravanas…) provenientes de toda a América do Norte.
Seu nome vem das placas de concreto que ficaram no deserto e que pertenceram aos quartéis abandonados da Segunda Guerra Mundial do Corpo de Marinha de Camp Dunlap. Vários milhares de campistas, muitos deles aposentados, usam Slabs como base durante os meses de inverno, é um deserto ocupado onde não se paga para ficar lá, mas também onde é difícil ter eletricidade e água corrente, já que nenhum desses serviços é oficial e há que se deslocar bastante para consegui-los.
O calor do verão em Slab City é muito asfixiante (chega a ter temperaturas de 50 graus centigrados) e os chamados “snowbirds” – estas pessoas que costumam migrar ao norte do país na primavera – se vão, apenas um grupo de 200 pessoas, aproximadamente, ficam e são os “residentes permanentes” desta comunidade que criou suas casas e um museu de arte ao ar livre a partir do lixo que se encontrava na região e do lixo que foi chegando nas últimas décadas.
Muitos destes slabbers chegaram a Slabs porque não queriam fazer parte de um sistema capitalista, ou simplesmente, não podiam se manter nele. Outros chegaram porque uma vez aposentados sentem que as economias rendem muito mais se se vive em um VR (veículo de recreação) sem pagar pelo espaço onde o estaciona. Seja como for, a sensação de liberdade reina em todo o lugar e quem era pobre, agora se sente rico porque tem uma casa onde viver (seja com rodas ou com paredes feitas a partir de restos de concretos e madeiras velhas), uma piscina de água quente em que nadam todos os dias (há uma lagoa natural de água muito quente cuja profundidade se desconhece e onde a maioria dos habitantes e residentes de Slab City começam ou terminam o dia), e ainda que com pouca comida, quem tem compartilha.
Slab City também tem uma livraria e alguns bares, um com um cenário onde de vez em quando tem shows grátis oferecidos por esses travellers que estão de passagem ou pelos músicos residentes do lugar. É típico para muitos passar o ano novo em Slab City, celebrá-lo por uma semana, levar enormes soundsystems e montar raves, porque não há leis que o proíbam.
Quando se chega a Slabs pela primeira vez tudo parece caótico, descontrolado e descuidado, mas não é assim. Tendo em conta que não há saneamento, eletricidade, água corrente ou serviços de coleta de lixo, o lugar está muito bom. Muitas pessoas cuidam da cidade e o que é muito importante, recolhe os restos de lixo para continuar criando uma arte incomum e de grande escala. Não há limites de espaço.
Como seus próprios habitantes ou nossos companheiros da VICE News descreveram em algum momento este lugar, Slab City é um diminuto enclave da anarquia.
Vejamos como se olha este “Museu de Arte Anarquista” cujo portão de entrada é para muitos The Salvation Mountain.
Fonte: https://www.vice.com/es_mx/article/3ka843/slab-city-asi-convierte-el-anarquismo-la-basura-en-arte
Tradução > KaliMar
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Wagner Marim
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!