Hoje, dia 25/10, a polícia do estado do Rio Grande do Sul protagonizou mais um episódio da caça as bruxas contra os movimentos e organizações populares que fogem a lógica da esquerda dominante. Com o pretexto de investigar supostos “ataques anarquistas”, a polícia invadiu pelo menos dois espaços culturais da cidade, a Ocupação Cultural Pandorga e o Instituto Parrhesia Erga Omnes. A Ocupação Pandorga, vizinhos e parceiros no Bairro Azenha, desenvolve um trabalho focado nas artes cênicas e circenses, oferecendo oficinas para adultos e crianças da comunidade. Já o Instituto Parrhesia desenvolve um importante trabalho na defesa dos direitos humanos tendo recebido da Ajuris a Menção Honrosa em 2013 e 2015 Boas Práticas em Direitos Humanos.
O Instituto Parrhesia teve seus computadores e celulares apreendidos, além de terem sido expostos como terroristas, ou “grupos do mal”, nas palavras do Delegado Jardim. Já o Espaço Pandorga foi fruto de uma difamação midiática, onde expuseram em pleno jornal do almoço fotos de garrafas pet com sacolas plásticas com o argumento que seriam usadas para a fabricação de molotov’s, o que é simplesmente impossível. Nas imagens, fanzines, cartazes e livros.
O conteúdo da apreensão e o discurso do Delegado Jardim, conhecido na cidade por ter sido responsável pela liberação de neonazistas presos em flagrante com armas de fogo, deixa claro que se trata de uma perseguição a uma corrente política específica. Não se está investigando um crime, mas uma ideia, um pensamento. Nas palavras do mesmo, “são grupos do mal, agem de forma organizada para botar fogo em carros e prédios. São contra tudo, contra o sistema. Este seria o motivo deles para os ataques”. É, mais uma vez, como em 2013, o pensamento libertário que está no banco dos réus, a despeito de qualquer fato concreto. Jardim afirma ainda tratar-se de “quadrilheiros do mal, que não tem consideração nenhuma pelo ser humano”, em uma clara intenção de distorcer o anarquismo e ideologizar o processo.
Lembramos que em 2013 durante as manifestações que denunciavam a máfia do transporte público assim como os absurdos desvios de verba para a Copa do Mundo o nosso espaço também foi alvo de uma operação policial similar, onde tivemos aprendidos cartazes, livros e filmes que pertenciam a nossa biblioteca, os quais nunca tivemos retorno. Sabemos como é difícil ser alvo de uma operação desta natureza, então colocamos toda a solidariedade aos companheiros e companheiras que foram surpreendidos as seis da manhã desta forma tão violenta.
TODA SOLIDARIEDADE AOS PERSEGUIDOS E PERSEGUIDAS PELAS FORÇAS REPRESSIVAS DO ESTADO!
PROTESTO NÃO É CRIME! IDEIAS TAMBÉM NÃO!
Centro de Cultura Libertária da Azenha
25 de outubro de 2017
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eu de nenhum lugar
Stefan Theodoru
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!