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[Coreia do Sul] “Anarquista da Colônia”, filme baseado na vida do anarquista Park Yeol

By A.N.A. on 21 de Novembro de 2017

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Por Daniela Joo

Filme: “Anarchist from Colony” (Anarquista da Colônia)

Diretor: Lee Joon Ik

Elenco: Lee Je Hun, Choi Hee Seo, Im In Wu

Gênero: Drama

Duração: 129 minutos

País: Coreia do Sul

Data de lançamento mundial: 28 de junho de 2017

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=5z5YYLKiUIw

Argumento

Ano de 1923. Park Yeol forma em Tóquio uma organização clandestina para lutar em prol da independência da Coreia. Nesse momento, se enamora de Kaneko Fumiko, uma mulher que ainda sendo japonesa viu as injustiças cometidas por seu país e advogou pela liberdade dos coreanos. Então, se produz o grande terremoto de Kanto no Japão, onde morrem mais de 6.000 coreanos residentes nesse país em um massacre iniciado a partir de um rumor infundado de que os coreanos misturaram veneno na água. Para encobrir o massacre, o governo japonês arma um teatro anunciando que houve uma conspiração para assassinar o imperador nipônico e diz que foi planejada por Park Yeol. O que não imaginaram as autoridades de Tóquio é, no entanto, que a conduta de Park Yeol e sua então esposa Kaneko Fumiko, que faz a falsa confissão de que se tramaram a conspiração e aceitaram a pena de prisão sem protestar. Mas para quê? Pois para burlar do tribunal imperialista japonês e deixar nos registros históricos oficiais suas convicções como anarquistas…

Comentário

“Este filme se baseia em uma história real, assim como nas evidências que relatam e testemunham essa história, e todos os personagens são também reais”. Na tela grande ainda não iluminada aparece esta frase, definindo o caráter do filme a projetar-se: o “Anarquista da Colônia” do diretor Lee Joon Ik.

O personagem principal do filme é Park Yeol, um homem que durante o período de domínio colonial japonês sobre a Coreia foi ao Japão e se uniu ao movimento anarquista. E sobre esta personalidade, que foi um marco na história compartilhada por Coreia e Japão, o diretor Lee Joon Ik estudou muitíssimo. Não só ele. Também o fizeram suas pesquisas, o elenco, e inclusive a equipe de produção, para retratar da melhor maneira a esse personagem, a mulher que foi sua melhor amiga e companheira, tanto de vida como em sua luta, e a época na qual este casal viveu. Os personagens que prefere abordar o diretor Lee Joon Ik em suas obras são os rebeldes que se chocam contra o poder absoluto. Assim foi Jangsaeng do filme “O homem do rei” e também o príncipe Sado, do filme “Sado”. No entanto, Park Yeol lhe cativou já faz 20 anos e durante duas décadas o cineasta trabalhou no projeto de rodar um filme sobre dita personalidade. No entanto, o público não pode evitar sentir-se aturdido ante o longa-metragem. É que o “Anarquista da Colônia” claramente se distancia de outras produções cinematográficas que se ambientam na era colonial e refletem esses tempos pondo o Japão como malvado opressor e a Coreia como pobre oprimido. Mas isso tem que ver com o personagem central desta fita: Park Yeol, que não foi tanto um independentista, senão um anarquista.

O filme “Dongju: O retrato de um poeta” do diretor Lee Joon Ik – sobre o poeta Yoon Dong Ju, que com sua pena se rebelou ante os japoneses e lutou pela independência da Coreia – é um filme que dá asas à imaginação do público. O “Anarquista da Colônia”, por sua parte, está do princípio ao fim cheio de paixão. O filme se concentra quase inteiramente em representar a história de Park Yeol e Fumiko Kaneko da melhor maneira, enquanto mostra a audácia e a retidão desse casal.

Na realidade, Park Yeol, se bem que odeia os dirigentes políticos do Japão, sente simpatia pelo povo japonês. E a história do longa-metragem o “Anarquista da Colônia” se desenvolve, expondo que o que faz Park Yeol não é praticar atividades pela independência da pátria, senão anular o imperialismo japonês. Em uma entrevista, o diretor Lee Joon Ik disse que olhar a época colonial desde um único ponto de vista não é recomendável, mas que muita gente o faz assim porque quer crer no marco unidimensional que situa o Japão no lado mau e a Coreia no bom, e porque pensa que nesse marco tudo poderá ser retratado com muito mais drama. Se pergunta se todos os japoneses que viveram essa era foram maus e enfatiza que para corrigir a história, é necessário aceitar a verdade como ela é.

Não obstante, algo que confunde o espectador é a conversão de Park Yeol de um anarquista e rebelde empedernido em um independentista nacionalista, que se viu repetidamente em muitos outros filmes sobre o período colonial. O diretor Lee Joon Ik antecipou que tudo o que aparece ou se conta no filme se baseia em evidências históricas oficiais e dito isto, tal conversão pode ser que tenha sido real também na vida de Park Yeol. Ainda assim, a mudança pode parecer demasiado artificial ou dramática. Mas, fará esse fator mais convincente a obra? Cada espectador terá uma resposta diferente a se os fatos históricos mais a intenção do realizador do filme de apresentar a história do anarquista Park Yeol com mais drama e paixão, estragaram a textura do filme ou a melhoraram.

Fonte: http://world.kbs.co.kr/spanish/program/program_movie_detail.htm?No=3408

Tradução > Sol de Abril

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Segunda-feira:
Não era ainda a primavera,
sono de criança.

Rogério Togashi

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