A obra de teatro ‘Morte acidental de uma okupa’ é organizada pelo coletivo teatral universitário Res Non Verba, vinculado à Faculdade de Educação da Universidade Complutense de Madrid. A direção, montagem, texto original e cenografia foi realizado pela companheira Alma Lerma.
Sinopse: Um grupo de jovens okupas tenta preparar uma obra teatral de Darío Fo no centro social de um bairro popular, enquanto se vêem continuamente imersos/as em problemas cotidianos: as dinâmicas das assembleias, as relações sociais e amorosas, a acolhida de desalojadas… e, inclusive, deverão resistir a tentativa de desalojo por parte da polícia antidistúrbios.
A obra pretende render uma homenagem ao dramaturgo italiano Darío Fo, falecido em 2016, através de sua obra teatral ‘Morte acidental de um anarquista’, montada na Itália em 1970. Segundo o próprio autor, os fatos narrados na obra se baseiam em um acontecimento real ocorrido nos Estados Unidos em 1921. Igualmente se encontrou inspiração nas circunstâncias que rodearam o falecimento do ferroviário anarquista Giuseppe Pinelli em Milão, um ano antes da estreia da obra, depois que a polícia afirmara que caiu acidentalmente de um quarto andar da delegacia enquanto se encontrava em um interrogatório.
Esta obra se inspira especialmente na situação que padecem há tempos os conhecidos Centros Sociais Okupados Autogestionados (C.S.O.A.) com a nova estratégia repressiva imposta pelo governo da Municipalidade da legenda política Agora Madrid. Uma estratégia consistente em propor a legalização às assembleias dos centros okupados; no caso de que as assembleias se neguem a regularizar a situação de seus respectivos centros sociais, a Municipalidade de Madrid recorre à violência para executar o desalojo.
Este tem sido já o caso das ameaças de desalojo notificadas ao E.S.O.A. La Dragona em La Elipa, o C.S.O. La Enredadera de Tetuán, ou o C.S. La Ingobernable. Os diversos coletivos que gestionam o uso e as atividades destes espaços populares entendem que legalizar a okupação significa claudicar ante um sistema que quer individualizar-nos e estrangular os espaços comunitários, razão pela qual resistem até as últimas consequências. O conceito de okupação é eminentemente político e está ligado inevitavelmente ao mesmo, trata-se, definitivamente, de reconquistar parcelas e ferramentas roubadas pelo sistema econômico capitalista e o Estado.
Além disso, a Rosa Negra Ediciones apresenta escrita [em formato de livro, lançado recentemente] esta peça teatral pertencente não só ao gênero literário crítico, senão mais concretamente ao gênero literário de temática libertária. Neste sentido, “Muerte accidental de una okupa”, de Alma Lerma, é uma denúncia libertária da situação repressiva que durante os últimos anos está padecendo o coletivo okupa em geral e o madrilenho em particular. Entre suas páginas, existe também uma crítica construtiva dirigida às pessoas que integram o mencionado coletivo.
A estréia desta obra aconteceu em 27 de abril passado no Centro Cultural El Pozo, no bairro de Vallekas. Quase um mês mais tarde teve uma segunda apresentação no salão nobre da faculdade de Filosofia da UCM, onde nós que assistimos pudemos ver uma apresentação de pouco mais de uma hora continuamente cômica de verdadeiro entretenimento. Temáticas tratadas desde o afeto social, combinando situações cotidianas das relações entre pessoas com pequenas doses de esperpecto teatral [desmistificação da realidade, do presente]. As atuações do elenco eram decididas, com algumas improvisações perfeitamente alinhavadas e que provocavam mais de uma gargalhada entre o público. Sobretudo conseguem, em geral, que te apegues com os personagens porque realmente creem em seu personagem.Os adereços eram totalmente caseiros ou cotidianos, fazendo de quatro cadeiras escolares e um pano, um perfeito sofá, a decoração também era tipo ‘Faça Você Mesmo’, encaixando estupendamente com o valor autogestionado que está implícito na apresentação.
É certo que realizarão novas apresentações em Madrid, e, inclusive, há a possibilidade de irem a outras cidades (Burgos, Valência…), pelo que aconselhamos que se mantenham bem atentas/os a futuras notícias.
Fonte: https://www.regeneracionlibertaria.org/critica-teatral-muerte-accidental-de-una-okupa
Tradução > Sol de Abril
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Parece viva.
Paulo Franchetti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!