“A autogestão é a forma econômica revolucionária específica do anarquismo que surge da igualdade e da liberdade e não das hierarquias e da dominação. A autogestão anarquista, além da econômica, ao envolver o campo de decisões e organização, também é política e, portanto, social.”
Porque queremos aprender a viver mais livremente, e usamos a autogestão como um conceito/teoria e ferramenta/prática ao mesmo tempo, verdadeiramente útil para esse propósito.
Entendemos que a autogestão, por si só, não garante a liberdade. Exemplo é que existem empresas e cooperativas “autogeridas” com chefes e trabalhadores assalariados ou voluntários, financiados por subvenções, ou que só trabalham para instituições públicas.
Estamos conscientes de que a autogestão como uma ideia isolada é facilmente manipulada, sendo atualmente uma das novidades e variadas faces progressistas que utilizam os novos partidos políticos de esquerda.
Facilitando assim, por um lado, a imposição de um novo sistema de gestão social “mais participativo”; isto é, com os impostos nós pagamos aos políticos para administrar nossas necessidades, e se eles fizerem mal podemos responsabilizá-los. Mas agora, eles querem que continuemos a pagar seus salários, levar o mérito (colocando o logotipo ou marca da prefeitura) e dar-nos algumas migalhas dos nossos próprios impostos (para que sobre mais para eles), mas que nós administremos as nossas necessidades, e ainda, se algo der errado, a responsabilidade será nossa!
E por outro lado, abrindo o caminho para a implementação da nova forma laboral do Capitalismo, em que o trabalhador assume todos os custos e riscos envolvidos na produção: seguros, instalações, máquinas, baixas, cotizações, as perdas potenciais… com as empresas agindo como intermediárias, colocando sua marca e levando praticamente todo o benefício. Algo assim como se todos trabalhássemos de autônomos, o que seria uma competição atroz, com mais isolamento, perda total dos direitos e forças quando qualquer protesto.
Por isso, defendemos que a autogestão real é uma parte de um todo e, portanto, deve ser acompanhada por outros conceitos/ferramentas com o mesmo propósito. Tais como: ação direta, horizontalidade, honestidade, solidariedade, apoio mútuo, respeito, livre associação… conseguindo-se assim que a autogestão não seja reduzida a um mero conceito econômico, mas que se transforme em um conceito moral que visa a liberdade, o bem-estar individual e coletivo e o interesse das pessoas, e não o benefício.
Praticamos a autogestão porque nos permite tomar conta de nossos próprios assuntos, isto é, amadurecer e assumir responsabilidade; quer sejam de natureza política (como organizar), econômicos (obtenção de recursos e meios de produção), sociais (cultura, saúde, aprendizagem…) e/ou humanas (relações…). Permitindo-nos ter uma visão mais abrangente, compreensível e completa de nossas vidas, recuperando assim o controle sobre as mesmas.
Como seres vivos teremos necessidades básicas que, ou as cobrimos nós ou quem seja responsável pela gestão delas terá a capacidade de submeter-nos aos seus interesses, terá a força para impor suas regras (patriarcado, o trabalho assalariado, de propriedade privada, o dinheiro , etc.). Enquanto que a autogestão nos oferece a possibilidade de romper essa dependência/obediência que sofremos do Estado e do Capitalismo. Porque ao afrontar, decidimos assumir a responsabilidade diretamente de nossos problemas e necessidades de forma coletiva, demonstramos que somos capazes e que não precisamos para viver, nem a sua intermediação (de gestão) ou permissão (leis), nem seus subornos na forma subsídios.
Porque ao praticar a autogestão estamos aprendendo e experimentando o que significa a autonomia, ser independentes, desfrutar de nossos esforços, não precisar de ninguém para nos dirigir nem ninguém que nos obedeça. Criando, assim, relações mais livres, diferentes das que nos inculcam o sistema democrático, com base unicamente em isolamento e interesse individual e do lucro a todo custo. Criando relações tanto sociais e pessoais onde mudamos as dependências, inseguranças e propriedades por apoio mútuo, confiança e solidariedade.
Porque se pode autogerir o que se quiser e, na verdade, já se leva tempo praticando-a; desde ligas basquete e futebol, a bibliotecas, ginásios… passando por cooperativas de trabalho, associações culturais e centros sociais alugados e okupados, parques, praças e hortas… casas, comunidades, cidades… até autogerir as nossas vidas inteiras .
A autogestão é a solução!
Fonte: jornal Aquí y Ahora # 2, Madrid, 2018.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Margeando riacho
Tenras folhinhas brotam
No campo queimado.
Mary Leiko Fukai Terada

Perfeito....
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!