Durante horas, eles empurraram minha cabeça contra uma mesa de ferro. Naquele quarto, havia um barril de água pendurado no teto. Do barril pingavam pequenas gotas de água na mesa de ferro. Eu tinha que ficar em silêncio e escutar as gotas de água pingando, em agonia.
Naquela época, eu era um jovem de dezesseis anos com visões anarquistas e crenças ateístas. Eu fui torturado por causa da minha visão ateísta e do meu posicionamento antigoverno enquanto era um aluno da Shahid Chamran School, em Zarghan, no Irã.
O nome da pessoa que me torturou era Seyed Jaáfari; ou pelo menos era assim que o chamavam.
Durante o interrogatório, na maior parte do tempo, havia uma garrafa de vidro vazia em cima da mesa. Eu não tinha outra escolha a não ser aceitar tudo que me diziam, até mesmo coisas que eu nunca tinha feito. Eles me disseram que, se eu não aceitasse tudo que diziam, iriam me estuprar com aquela garrafa vazia.
Nós lutávamos por liberdade, por igualdade, e fomos torturados, estivemos sob ameaça. Aos meus dezesseis anos, eu era um preso político anarquista no Irã.
Havia muitas pessoas lá, e muitas delas eram garotas. Os oficiais da Guarda Revolucionária as estupravam todos os dias. Quando eu estava no centro de detenção, meu quarto era perto da câmara de tortura. Eu podia escutar as vozes e gemidos; minha moral estava totalmente destruída, por várias vezes eu quis cometer suicídio. Mas eu pensava que tinha que sobreviver para poder dizer o que acontecera ali. Eu tinha que sobreviver por vingança.
Agora estou na Grécia, mas eu não vou esquecer, nem perdoar.
Abtin Parsa
06 de outubro de 2018
Fonte: http://asranarshism.com/1397/07/15/anarchist-146/
Conteúdo relacionado:
Tradução > breu
agência de notícias anarquistas-ana
Pesos de papel
sobre os livros de figuras –
Vento de primavera.
Takai Kitô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!