A guerra contra as drogas nas Filipinas: quatro voluntários do Food Not Bombs assassinados, um está preso

Conforme a maioria de vocês já deve ter ouvido, o presidente das Filipinas Rodrigo Duterte, que assumiu o cargo em julho de 2016, lançou a “Guerra às Drogas Filipina”, também conhecida como “Operation Double Barrel“. A lamentável campanha tem por objetivo “a neutralização de figuras ligadas a drogas ilegais por todo o país”.

A política da campanha deu sinal verde para que a polícia rotineiramente execute suspeitos de envolvimento com drogas e depois plante armas e drogas como evidência. E mais, há indícios de que a polícia esteja usando hospitais para esconder os cadáveres. Duterte também encorajou a população das Filipinas a linchar pessoas suspeitas de serem usuárias ou de estarem envolvidas com o tráfico.

No verão de 2018, quatro voluntários do Food Not Bombs (Comida Sim, Bombas Não) foram mortos, e um foi enquadrado por posse de drogas e está na prisão aguardando julgamento. As famílias e amigos das vítimas acreditam que tanto as mortes quando a prisão são resultado da guerra às drogas de Duterte.

Os quatro ativistas assassinados são:

Chris Jose Eleazar (aka Mokiam)

Voluntário do Food Not Bombs Bukidnon/Davao

Nascimento: 17/11/1990, Assassinado: 15/09/2018

Jan Ray Patindol (aka Pating)

Voluntário do Food Not Bombs Davao

Nascimento: 02/01/1989, Assassinado: 15/09/2018

Jessie Villanueva De Guzman

Voluntário do Food Not Bombs Baliwag

Nascimento: 02/06/1990, Assassinado: 06/07/2018

Patrick Paul Pile

Voluntário do Food Not Bombs Baliwag

Nascimento: 10/12/1988, Assassinado: 23/09/2018

Chris Jose Eleazar e Jan Ray Patindol foram torturados e assassinados durante um ataque da polícia na casa de um voluntário do Food Not Bombs, em setembro de 2018. Seus corpos estavam cobertos por queimaduras de cigarro e hematomas. A polícia alega que eles “resistiram”; no entanto, os amigos das vítimas disseram que eles não resistiram, e que as feridas em seus corpos indicam que foram torturados.

Jessie Villanueva De Guzman e Patrick Paul Pile foram assassinados em incidentes separados, em julho de 2018. Eles eram membros bastante ativos do Food Not Bombs Baliwag. Ambos trabalhavam como motoristas noturnos de triciclo.

Jessie foi morto pela polícia em Baliwag, Bulacan. Uma semana após sua morte, Patrick pegou um passageiro em seu triciclo. No final da rota estabelecida, um grupo de policiais o estava esperando. Patrick foi morto por um único tiro nas costas. Ele é um dos muitos motoristas de triciclo mortos de maneira parecida.

Em todos os quatro casos, a polícia alegou que as vítimas foram mortas durante “operações legítimas” e que resistiram à prisão.

Em agosto de 2018, no município de Bantayan, Cebu, um voluntário do Food Not Bombs, Marco, foi preso, e está aguardando julgamento depois de aparentemente ter sido preso por posse de drogas. Marco é um ativista de longa data: ele iniciou o projeto do Food Not Bombs em Bantayan.

Ele está enfrentando condições infernais na prisão. Apesar da situação política no país, as pessoas que o apoiam fariam qualquer coisa para que Marco conseguisse um julgamento justo, apesar de saberem o quanto o Estado é corrupto.

Em um website de crowdfunding (financiamento coletivo) criado para ajudar Marco a lutar contra as acusações, Chris, organizador do Food Not Bombs, escreve: “Uma pessoa amável chamada Marco (Cram), a quem conheci em uma calma ilha chamada Bantayan, ao norte de Cebu, foi presa no início de agosto por supostamente usar e vender drogas. Durante o momento da prisão, um pacote foi plantado nele. Ele é inocente face às acusações. Parece que armaram para ele, e se ele for deixado desamparado, será apenas mais uma estatística penal”.

Organizações de direitos humanos estimam que, até agora, a “Operation Double Barrel” levou à morte de mais de doze mil pessoas. No primeiro ano, as vítimas incluíam 54 crianças. Advogados que defenderam suspeitos de envolvimento com drogas também viraram alvo de perseguição.

O relatório de 2017 da Anistia Internacional detalha “como a polícia tem sistematicamente perseguido os mais pobres e indefesos por todo o país, enquanto planta ‘evidências’, recruta assassinos de aluguel, rouba das pessoas que mata, e fabrica relatórios oficiais para os incidentes”. No relatório de 2017, a Anistia Internacional expressou profunda preocupação quanto ao fato de que os “assassinatos deliberados, generalizados e sistemáticos de supostos envolvidos com drogas, os quais parecem ser planejados e organizados pelas autoridades, possam constituir crimes contra a humanidade sob lei internacional”.

Você pode apoiar a campanha pelo Marco aqui: gofundme.com/8dmud-unschuldig-im-gefangnis.

zb

Fonte: https://freedomnews.org.uk/philippines-war-on-drugs-four-food-not-bombs-volunteers-murdered-one-in-jail/

Tradução > breu

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agência de notícias anarquistas-ana

A rua vazia —
Ressoa na escuridão
o cri cri do grilo

Alvaro Posselt